Mafuá do HPA

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (04)

TRÊS TEXTOS DE 'ADEMAR ALEIXO CAMILO', PATETA COMO EU E SERVIDOR ESTADUAL DA SAÚDE *
(* Ademar trata de temas polêmicos. A Saúde hoje é o epicentro da polêmica. Ele escreve sobre isso, coloca o dedo na ferida e algo com muita pimenta: Faz a defesa do Secretário Municipal da Saúde, enquanto servidores municipais o criticam. Entendam e opinem...)

1.) QUEREM A CABEÇA DO SECRETÁRIO DE SAÚDE
O tempo que um médico leva para atender um determinado grupo de pacientes, não pode e nem deve ser determinado por nenhuma entidade de classe e/ou órgão público, seja qual for o regime de contratação do profissional, mas sim pelas circunstâncias que cada caso clínico requerer. O diretor do Setor de Urgência e Emergência informou via jornal dia desses, que são quatro médicos pediatras trabalhando há cada turno de 12 horas. A Organização Mundial da Saúde – OMS recomenda que o tempo ideal para a realização de uma consulta médica seria entre 15 e 30 minutos. Tomando como base as recomendações da OMS e as informações do Diretor do Setor de Urgência e Emergência, os quatro médicos do P. A. Infantil, trabalhando durante um período de 12 horas, atenderiam 192 crianças. Como o PAI funciona 24 horas por dia, logo teríamos 384 crianças consultadas. Com esse cálculo matemático, provamos que não há falta de médicos pediátras. Perguntamos então!... É uma questão salarial? A princípio acreditou-se. Porém, depois que um servidor municipal interado dos porquês ocorridos no P. A. Infantil, indignado diz: Dos 100% dos médicos do Pronto Socorro Central e do Pronto Atendimento Infantil, 75% ganham acima R$:5.000,00. Desses 75% que recebem a cima de 5 mil, um percentual de 25%, ganham mais de R$:6.000,00. Dos 50% que sobraram, 30% ganham entre 7 e 8 mil reais e os 20% restante, ganham entre 9 e 11 mil reais. Como fica claro, não é a falta de profissionais e nem os baixos salários. É a tal “operação padrão” que deve ser entendida como “operação tartaruga”. Outro fato é que médicos estão se demitindo. Essas demissões podem complicar o atendimento de forma geral no município, colocando em xeque a capacidade de quem está na gestão. A operação padrão implementada pelos médicos + as demissões que estão acontecendo é uma aliança de retaliação contra o Secretário de Saúde, que ao visitar de surpresa os Postos de Saúde, Pronto Socorro Central e Pronto Atendimento Infantil, flagrou alguns médicos do PAI dormindo. Foram advertidos e punidos. O que se percebe é que há um braço de ferro entre os Médicos e o Secretário Municipal de Saúde, cujo derrotado, não serão os Médicos nem o Secretário de Saúde, mas a população usuária que há anos está refém. Concluindo, ao Secretário Municipal de Saúde nossos cumprimentos pela ousadia em punir os infratores, porém o preço dessa atitude corajosa poderá custar-lhe cabeça.

2.) AOS PEDIATRAS DO PS, PROPONHO: NOVE LUAS COMO PACIENTES
Assim como o provérbio indígena diz, a filosofia popular também diz: “para conhecer a pessoa com quem vai se casar é preciso consumir junto dela uma saca de sal de 60 kg”. Caros Pediatras! Consumir uma saca de sal de 60 kg não é brincadeira; vai além das nove luas do provérbio indígena. Mesmo com todo esse tempo, detalhes importantíssimos passam despercebidos pelos cônjuges. Filosofias e Provérbios a parte, o assunto requer uma discussão séria. Para responder ao manifesto dos nobres Pediatras, relato um fato corriqueiro no dia-a-dia do PS: “Dia desses um amigo levou seu filho ao PAI. Quando lá chegou, dizia ele, aguardei aproximadamente duas horas. Passei pela médica fulana de tal e dois minutos depois sai com a receita. Dois dias após retornei com meu filho, pois o quadro clínico piorara. Foram três longas horas de espera no período da manhã. Quando fui encaminhado para a consulta, coincidentemente era a mesma médica fulana de tal. Apressada como da primeira vez, foi logo avaliando meu filho e quando fui relatar os fatos para ajudá-la no diagnóstico, já havia receitado a medicação. Nesse dia, fato engraçado chamou-me a atenção. Depois de aguardar aproximadamente três horas, enquanto meu filho era atendido, um dos pediatras vagou. Foi quando aconteceu o fato, que se não fosse trágico, seria cômico. O médico pediatra grita para a auxiliar e diz: Pó! Cadê o próximo paciente, p...! Você quer que eu fique esperando amanhã toda. Vamos, mande entrar logo o próximo paciente.” Veja caros pediatras! Depois de ter que aguardá-los por quase três horas sem direito a reclamar, um dos seus pares, esbravejou com a auxiliar porque teve que esperar por mais ou menos um minuto pelo próximo paciente. Isso é uma piada! Não estou colocando vocês como “bodes espiatórios” e nem retalhando. Apenas constatando o obvio. Sabemos da importância do médico e que ele é a solução. No entanto, outros profissionais contribuem para essa solução. Enfermeiros, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem, Biólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos e outros profissionais da área, são tão importantes quanto vocês e o complemento da solução. Sem eles, as soluções, seriam pela metade. Encerrando faço uma contra proposta: Vocês, Pediatras, serão por nove luas os pacientes; e os pacientes, serão por nove luas os médicos. Depois vocês nos relatam como foi a experiência. Saudações democráticas!...

3.) OS ALIENÍGENAS ESTÃO CHEGANDO
Para muitos o termo QI ou se preferirem QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA é usado para medir o nível de habilidade de uma pessoa. No Estado de São Paulo, por exemplo, desde que foi aprovada a Lei das Organizações Sociais, para contratar novos Servidores estão lançando mão do termo qi. Gozação! Explico: O qi ao qual me refiro, não é o QI – QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA, mas o qi do “quem indica”, ou seja, o do jeitinho brasileiro, utilizado por autoridades com poder de influência para quebrar galhos de apadrinhados. Bom pessoal! Brincadeiras a parte, mas o assunto é sério e requer profunda discussão entre nós Servidores. Posto isto, quero explicar aos colegas do DRS-VI que a figura do Servidor Público, está com os dias contados. Não sei se os colegas estão percebendo que contratações estranhas estão acontecendo em nosso espaço de trabalho. Há alienígenas andando pelos corredores e trabalhando em algumas salas, executando tarefas exclusivas de servidores concursados. O mês que passou, houve uma contratação clandestina nos moldes do qi - quem indica. A candidata teve a honra de ser entrevistada pela Diretora do DRS-VI. A contratação se deu via Hospital Estadual com salário 50% menor dos Servidores contratados. Daqui para frente, muitos desses estrangeiros estarão presentes no nosso dia-a-dia. Ocuparão as vagas deixadas por Servidores que se aposentarão e/ou se transferirão para outras Secretarias. A presença desses estranhos é o início da derrocada do funcionalismo, em especial, os da Área da Saúde. Essa contratação é um balão de ensaio. A diretora do DRS-VI, não realizaria tal ato de livre e espontânea vontade. Foi ordenada a fazer esta contratação por ordem superior. Para melhor compreensão da situação, exemplifico: O AE – Ambulatório de Especialidades foi desmantelado pelo Governo do Estado e em seu lugar surgiu o AME – Ambulatório Médico de Especialidades. Sem que houvesse processo de licitação, o AME foi entregue para a FAMESP. O legal de tudo isso é que os Servidores do AE não foram aceitos. Foram colocados à disposição do DRS-VI. Não sei se os colegas perceberam, mas toda a estrutura do Estado de Bauru e região, inclusive contratação de trabalhadores, estão sendo transferidas para as mãos da FAMESP. Como podem ver o processo de privatização está em curso. Os Hospitais: Estadual, Manoel de Abreu e o Ambulatório de Especialidades, já foram. Os Hospitais: Maternidade Santa Isabel e Base, logo-logo completarão o ciclo de privatizações do Governador Geraldo Alckmin. Assim como o AE, que propositalmente foi sucateado, o DRS-VI também, está passando pelo mesmo processo. Ontem, foi um. Amanhã, serão dois. Depois, três. Quando abrirmos os olhos, a marolinha, até então ignorada, tornar-se-á um tsuname, varrendo todos nós concursados legalmente concursados. Não somos contrata às pessoas que querem trabalhar no Estado. Somos contra a patifaria do “quem indica”. Fiquemos espertos, caros colegas, com os qi’s à solta, indicando filhos de diretores, dentro de pouco tempo, haverá uma legião de alienígenas trabalhando de forma ilegal no Estado. Denunciem!... Concurso já!...

Ademar Aleixo Camilo - Delegado Sindical de Base - SindSaúde Bauru e Região