ABDIAS SE FOI, BOB DYLAN RESISTE E PÁGINA 12, UM JORNAL COMO POUCOS
Esse meu texto de hoje é mais para demonstrar como vejo alguns dos grandes (sic) jornalões latino-americanos e algumas homenagens que fazem entre si, mas antes disso algumas palavrinhas, breves e sucintas sobre duas pessoas. A primeira é uma que se foi e vai fazer uma bruta de uma falta, ABDIAS DO NASCIMENTO, aos 94 anos, um grande ativista na luta contra o racismo e as igualdades raciais mundo afora. Paulista de Franca, constituinte de 1946, quando propõe a definição de crime de lesa pátria para a discriminação racial. Daí para frente não parou e de 
suas ações destaco uma, a de ter estado sempre ao lado de Leonel Brizola, ambos da mesma cepa. Para algo mais cliquem em www.abdias.com.br . O segundo é um dos poucos que sobraram nesse mundo atual, um aniversariante da semana passada, 70 anos, BOB DYLAN, um verdadeiro revolucionário na música mundial e em plena atividade.Quando ouvi “Hurricane” pela primeira vez levei a letra para um amigo traduzi-la, pois vi naquilo algo a me 
transformar. Cida Moreira tem uma versão dela maravilhosa. Esse merece um texto dos grandões (faço qualquer dia desses), mas ressalto aqui e agora não me esquecer do filme “Pat Garret Billy the Kid” (1973), um faroeste onde foi ator e compositor da trilha sonora.Agora vamos a minha homenagem do mês, um jornal DOS QUE SOBRARAM, o PÁGINA 12, que infelizmente é argentino e não brasileiro. Digo infelizmente, porque não entendo como não conseguimos ter um jornal verdadeiramente de esquerda a nível nacional. Público leitor ainda existe, mas nenhum criado por aqui emplacou por muito tempo. Lá, já são 24 anos de algo único. E faço questão de enaltecer a luta do PÁGINA 12, pois acabo de ler
 algo do qual tenho muito vergonha. O jornal diário, também argentino, CLARÍN, recebeu em Brasília o prêmio ANJ (Associação Nacional de Jornais) por causa de sua luta pela liberdade de imprensa (sic). Chega a ser ridícula a homenagem, sob a alegação de enfrentar ataques de setores ligados ao governo da presidente Cristina Kirchner. “Aliás, só não é mais ridícula porque a gente já viu como é o comportamento da imprensa brasileira diante de um governo progressista. O senhor Ricaro Kirshbaum diz que o governo considera a imprensa “um inimigo a combater”. Talvez, mas o Clarín é uma parte da imprensa que considera governos eleitos pelo voto popular um inimigo a combater. E diz 
que o governo criou um exército de jornalistas militantes, “um conglomerado(?) de mídia pública e oficial” a seu favor. Ou algo como os “blogueiros sujos daqui”. Relações limpas devem ser – será, sr. Khirshbaum? – as que o grupo Clarín manteve com a ditadura do general Jorge Videla, naquele país, que envolveram não só o apoio político como, até, a suspeita, fundada, de que os filhos adotivos da dona do jornal, Ernestina Herrera de Noble, sejam filhos de assassinados políticos do regime, entregues a ela, o 
que está sendo objeto de ação judicial e exames de DNA?”, indaga sobre o prêmio e o jornalão o deputado federal Brizola Neto (www.tijolaco.com ). Infelizmente, a ANJ (que considero como uma entidade patronal a defender o lado do patrão e nadica de nada de “liberdade de expressão e de imprensa”) defende tudo o que repudio, pois liberdade de imprensa, para os donos dos grandes jornais e para a camada de jornalistas que se torna incondicional às suas vontades, é só para eles. Estamos muito mal de imprensa livre, mas enquanto existir algo como um PÁGINA 12, uma esperança nesse velho e rabugento mafuento escrevinhador. É isso que leio e assim sobrevivo. Querem uma simples comparação entre os ditos grandes, os daqui do Brasil e os de lá da Argentina e o Página 12? Dou uma, fatal, os brindes encartados ao jornal são livros e títulos nunca vistos por aqui. Sem comparação.














