UMA SEMANA COM ALGO A SER RESSALTADO: CHUVA, BAR E ESTRADA...UFA!
1.)Tudo começa no domingo passado (01/05) quando presenciei algo mais do que diferente. Uma chuva torrencial, daquelas a devastar quarteirão em plena manhã, quando fervilhava a Feira do Rolo aqui em Bauru. Um corre-corre generalizado, num turbilhão de gente a tentar se proteger nos poucos lugares existentes no meio de uma feira popular. Barracas de lona e plástico sendo desmontadas. Ajudei muita gente e fiquei ao lado do amigo Carioca, tentando proteger algo totalmente incompatível com chuva forte, livros, o seu ganha pão. Cobrimos tudo, ficamos a trocar de lugar, fugindo de enxurradas, mas "sem nunca perder a ternura, jamais", ou seja, dançamos na chuva, tomamos uma cachacinha e descemos goela abaixo algumas loiras geladas, misturadas à agua que caia do céu. Se querem saber, mesmo no apuro, foi uma manhã das mais agradáveis e assim como ela veio, a distinta se foi, deixando algo meio devastado lá no largo da Rua Julio Prestes, chegando logo a seguir um sol a ferver os miolos de todos antes do almoço. Domingo próximo (08/05) lá voltarei para dar continuidade a algo iniciado e não terminado, o processo da busca incessante pela felicidade junto às coisas mais simples.
2.) Na terça à noite (03/05), o processo teve solução de continuidade, ou seja, quem chega de Sampa é meu amigo Fausto Bergocce, meu companheiro numa empreitada reginopolitana. Tínhamos algo de muito sério a conversar e necessitávamos de um local onde isso pudesse ocorrer sem interrupções. Escolhemos um que caiu como uma luva, o salão do bar Saudosa Maloca, lá na Rua Quintino Bocaiuva. Sentamos às 16h e colocamos todas as conversas possíveis e imagináveis em dia. Acertamos os ponteiros de nossos relógios, definimos prioridades nos próximos passos de um trabalho em conjunto e como já estávamos por ali mesmo, não deu outra, o espírito da coisa foi se enfronhando junto a nós e acabamos juntando o dia com a noite, ou seja, ali pelas 19h30 chega o Neto, tecladista de mão cheia, após encerrar seu expediente como gerente da CEF, monta apetrechos musicais no meio do salão, chama pela sua parceira, a vocalista Liz e clareiam (ou seria botam fogo?) na noite. Foi uma cantoria de endoidecer gente sã. Quem juntou-se a nós foi um arretado nordestino, boa praça elevado à quinta potência, o jornalista esportivo Leonardo de Brito. Um papo futebolístico, sobre amores por cidades (Recife), lugares inusitados e um iluminado sambista (Zeca Pagodinho). Fausto estava tão irradiante que bebericou num copo de pimenta achando ser de cevada. Cantamos, entornamos copos e garrafas (algumas no chão) e extraímos daquelas horas o que elas tinham de melhor, algo muito simples que qualquer mortal pode buscar sem ter que prejudicar o seu semelhante. Uma cambada de gente exercendo o direito de ser feliz, sem traumas. No final um vídeo gravado e repassado a todos.
3.) Dia seguinte teve mais, Fausto é reginopolense, mas queria desvendar algo mais sobre seu pai (já falecido), nascido em Dois Córregos (que ele ainda não conhecia), com passagens familiares em Mineiros do Tietê. Como tinha que exercitar meu ganha pão por lá nesse dia, juntei minha pasta de caixeiro-viajante e caímos na estrada logo cedo. Fiz meu percurso natural e espontâneo, via vicinais, cheia de atalhos e desvios, escapulindo de rodovias pedagiadas. Resolvemos algo no Cartório de Mineiros, almoçamos num restaurante em Dois Córregos cheio de poemas de Thiago de Mello nas paredes, ele acabou ganhando um livro contando a história da cidade (presente da Câmara de Vereadores local), visitamos os escombros da estação ferroviária da cidade (local do Filme que leva o nome da cidade), conhecemos um batedor profissional (desses que são pagos para dar um sova nos outros por meros R$ 100 a R$ 500, dependendo da necessidade), chupamos sorvete de macadâmia, vendi alguns badulaques de minha subsistência, ele conseguiu uma segunda vida da Certidão de Nascimento do pai, seu Antonio Bergocce, visitamos os vitrais da igreja católica, estivemos numa exposição sobre times de futebol do mundo na Galeria Municipal e voltamos a estrada roendo macadâmia tresloucadamente. Não foi um bom negócio, pois o estomago rejeitou a coisa e ocorreram perturbações estomacais de grande monta. Paramos num botequim de estrada entre Barra Bonita e Macatuba, peixe na cumbuca e chegamos em Bauru mais moídos que vivos. Declinei de exercitar escapadelas noturnicas, pois o corpo encontrava-se um tanto dolorido.
PS.: Os relatos poderiam continuar, mas o restante da semana passei em Reginópolis, finalizando a escrevinhação de algo que tem me dado grande prazer: conhecer gente nova, principalmente as mais simples, com histórias mil a contar. Nos próximos dias um Memória Oral com algo sobre isso e um pedreiro cantor, que me fez beijar na sua mão na despedida. Depois tem mais... Para finalizar uma foto de um dos calçamentos públicos que mais gosto, o de paralelepípedos, tão em moda em cidades vizinhas de Bauru, mas aqui, cada vez mais na berlinda, infelizmente.
Um comentário:
Henrique
Suas histórias são iluminadas, pois possuem sempre um fundo onde privilegia os mesnos favorecido. E deixa a vida lhe levar.
Um abraço do amigo
Daniel Carbone
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