UMA CARTA (64)
ODE AOS 20 ANOS DA RÁDIO UNESP FM - carta publicada hoje, 17/05, na Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade de Bauru SP
Voltando de uma longa e desgastante viagem rodoviária, véspera da Páscoa, a distração encontrada pelos ocupantes do carro, diante de um interminável engarrafamento foi ir mudando o dial do rádio, alternando as estações. Cidade por cidade, pouquíssima coisa de qualidade foi encontrada. Predominância por algo de gosto mais do que discutível e além de uma programação religiosa em profusão (até teatrinho tendo o diabo como protagonista ouvimos), a constatação de hoje prevalecer o incentivo a um gosto mais do que duvidoso, predominância de um cadinho de tudo o que existe de péssimo nesse país. Músicas com letras de duplo sentido, um mela-cueca deslavado, falas preconceituosas, piadinhas de gosto duvidoso, narrações esportivas apelativas e resenhas dominadas por deslavadas cópias de textos chupados via internet. Uma regreção a olhos vistos e tudo sendo despejado intermitentemente nos ouvidos de todos. Lavagem cerebral contínua e massacrante.
Cansados de tanto mudar de estação e pouco encontrar, desfiro a frase logo aceita por todos:
- Que saudade da nossa, a bauruense rádio Unesp FM. Somos privilegiados. Ela é uma espécie de oásis dentro de uma imensidão de algo ininteligível e degradante.
Tudo bem que nem tudo é perfeito na sua programação, mas são 20 anos comemorados semana passada, com um saldo altamente positivo. Ali, ouvinte assíduo desde sua abertura, ouço o que de melhor existe no segmento da MPB. São ótimos nisso, antenados com as novidades e não saberia citar outra do interior paulista onde pudesse ouvir o que ouço ali. O ecletismo da rádio tem seus limites. Muito pouca coisa de gosto discutível. Acertam em cheio na programação musical, sem se deixar levar por modismos. Possuem uma espécie de Selo de Qualidade e dele se afastam minimamente.
Esse o ponto forte dessa FM, seu maior diferencial. Padece um pouco nos noticiários, alguns ainda com uma oculta reverência ao patrão maior, o detentor do Governo Estadual. Mas percebo profissionais direcionando-a para o caminho da isenção, alvo maior a ser buscado num jornalismo livre e soberano, tão em falta nos nossos dias. Não sinto necessidade de programação esportiva numa FM, mas confesso, ouço-os de vez em quando. Enalteço os acertos e ironizo alguns errinhos, como o locutor que anuncia músicas em inglês sem nada saber desse idioma. E morro de saudades de programas extintos, como o Rádio Saudade, com o José Esmeraldi, cuja lacuna não conseguiram substituir, pois é único no que faz. Vejo algumas outras com opções boas, como a Veritas FM, que fez algo na mesma linha, mas não está mais resistindo e hoje, revertendo sua programação, se alinha ao batidão geral.
Sim, ainda na viagem feita, aceleramos para chegar logo num local onde pudéssemos sintonizar a Unesp FM. Foi um alívio geral, deixando imediatamente a brincadeira de busca por rádio palatável. Adentramos Bauru discutindo esse assunto, relembrando seus bons momentos e todos concordando, dando razão ao dito anteriormente:
- Somos mesmo privilegiados.
E demos um efusivo VIVA pela sua prolongada existência, afinal, ela fez e deverá continuar fazendo parte do dia-a-dia de todos ali naquele carro.
terça-feira, 17 de maio de 2011
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2 comentários:
Querido Henrique,
Concordo com tudo o que você enfoca neste brilhante texto, obviamente excluindo as bondosas palavras referentes à este seu amigo e admirador... Afinal, como amigos, somos suspeitos. À propósito, em meu site - http://www.slfm.webnode.com.br - estarei relatando um pouco dessa minha história de amor e ódio que mantive durante 20 anos com ess fantáastico veículo de comunicação chamado rádio...
Um forte abraço e grato pelas palavras carinhosas a meu respeito.
José Esmeraldi
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