Mafuá do HPA

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FRANCISCO BONADIO E ALGO COM TITO MADI: UMA HOMENAGEM ARGENTINA, MAS CADÊ A BRASILEIRA?
Amigos, reproduzo abaixo a crônica de Ruy Castro publicada na Folha de São Paulo de duas semanas atrás, a respeito da homenagem ao cantor e compositor Tito Madi, realizada em 21.04.2011 no Rio de Janeiro. Foi uma noite muito bonita e emocionante proporcionada pelo arquiteto e radialista José Luis Ajsenmesser e pelo pianista, maestro e arranjador Haroldo Goldfarb. Tive o privilégio e a alegria de estar presente ao evento e testemunhar o carinho e a reverência prestada ao artista nascido em Pirajuí. Tito arrisca cantar algumas músicas. O fato repercute no Youtube (http://youtu.be/j8QDC088Ag4 ). Amigo de José Luis Ajsenmesser, conheço de perto seu fantástico trabalho em prol da boa música e da MPB em especial. Há vinte anos no ar com seu programa LA GUAGUA (atualmente na Rádio FM Urquiza de Buenos Aires), José Luis é um incansável batalhador pela divulgação da música de qualidade, com destaque para a música popular brasileira, viajando a diversos países onde defende tais valores. Embora de maneira mais modesta, dou minha contribuição nos dois programas que produzo para a Rádio Jornal FM- Pirajuí, CANÇÕES ETERNAS (2ª a 6ª às 11 horas) e O MELHOR DA MÚSICA INSTRUMENTAL (sábados ao meio-dia), onde, além de reservar espaço a músicas e músicos ignorados pela grande mídia, sempre encerro a audição com Tito Madi, seja ele cantando suas próprias composições ou a de outros compositores ou com outros intérpretes da música do pirajuiense, valorizando assim o artista na sua própria terra que ele tanto ama.
Um abraço do Francisco Bonadio Costa, pirajuiense, bancário aposentado, paulistano por adoção e adorador da obra de Tito Madi.

RUY CASTRO - Música romântica – Folha SP, 02/05/2011
RIO DE JANEIRO - Não era aniversário, nem data redonda. Apenas a vontade de homenagear um músico que tantos amam e admiram. Foi o que fez, na semana passada, um radialista de passagem pelo Rio. Convidou amigos a ir a um piano-bar carioca para abraçar e beijar este músico e, quem sabe, cantar para ele. Aproveitou e gravou o evento (de quase três horas) para transmiti-lo em seu programa de rádio.

O artista era o cantor e compositor Tito Madi, 82 anos em julho próximo e se recuperando de um AVC que afetou seu canto e violão. O radialista, o portenho Jose Luis Ajzenmesser, que, em seu programa de rádio em Buenos Aires, faz mais pela música brasileira que a maioria de seus colegas daqui -toca nossos discos, entrevista nossos artistas, mergulha em nosso passado. No Brasil, só os músicos o conhecem e lhe são gratos.

A geração de Tito Madi, nascida c. 1930, foi abençoada. Produziu Lucio Alves, Tom Jobim, Luiz Bonfá, Dolores Duran, Maysa, Johnny Alf, Nora Ney, Doris Monteiro, Luiz Reis, Agostinho dos Santos, Ismael Neto, Sylvia Telles, o próprio João Gilberto. Todos se formaram na escola rigorosa do samba-canção e atuaram na transição deste para a bossa nova. Dos citados, só Tito, Doris e João Gilberto estão vivos.

Em certo momento, a música que eles faziam foi depreciativamente rotulada de "fossa". Mas, quando predominava nas boates dos anos 40 e 50, ela era somente grande música romântica, com um repertório à altura de seu equivalente nos EUA e na Europa. Tito contribuiu para esse repertório com gemas como "Chove Lá Fora", "Cansei de Ilusões", "Carinho e Amor", "Não Diga Não", "Canção dos Olhos Tristes" e muitas mais. Um dia, quis compor uma bossa nova. Compôs "Balanço Zona Sul".

O Brasil deveria homenagear Tito Madi todos os dias, tocando seus discos. Mas, se não tocam aqui, tocam numa rádio da Argentina.