UMA CARTA (75)
OS JOVENS E A USP OCUPADA - publicado na Tribuna do Leitor JC, edição de hoje
Vi as cenas da ocupação e desocupação, li os jornais e, excessos à parte, de ambos os lados, continuo acreditando que a presença da polícia dentro de um câmpus universitário é algo que não combina. Não tem liga. Prefiro continuar pensando que, como ouvi por aí, se a Polícia Militar quer entrar na USP, precisa prestar vestibular. Jovens são assim mesmo e sempre o serão, livres e rebeldes, inconsequentes e enfrentando tudo e todos com uma lança afiada, a la a dos moinhos de Cervantes. Ninguém os mudará, todos os erros possíveis e imaginários, inclusive alguns impossíveis, impensáveis e improváveis, acontecem nesse período de nossas vidas.
Depois, passados os anos, deixamos de fazer tudo aquilo, não agimos mais daquela forma abrupta e tresloucada. Dizem que isso se chama amadurecimento, mas no meu caso e no de muitos, morremos de saudade de tudo o que foi feito. Nada como ser jovem e poder fazer tudo isso. Tem uma frase dita pelo marginal Lúcio Flávio apregoando que “bandido é bandido, polícia é polícia”. A repito nesse momento com uma pequena alteração: “Polícia é polícia, estudante é estudante”.
MAIS DOIS POSICIONAMENTOS SOBRE O ASSUNTO:
1.) "No jornal da Band desta terça-feira foi mostrado porque os estudantes querem a saída do reitor Rodas. Vamos lá : A USP teve sétimo orçamento da União, neste ano, no valor de R$3.600.000.000,00, (Tres bilhões & seicentos milhões de reais). O Ministério Público está investigando o reitor atual, o Rodas e anteriores, pelo desvio da soma, pasmem, de R$ 2.700.000.000,00. Muitos imóveis de altíssimos padrões foram adquiridos na cidade de São Paulo, terreno carissimo na Rua da Consolação, em nome de quem será...hein? pela reitoria da USP, e os investimentos efetuados na cidade Universitária, deixaram muito à desejar, onde até os salários dos funcionários foram massacrados pela reitoria. No meio dos estudantes, estavam tambem muitos funcionários participando dos protestos contra a gestão atual da USP. Sobre a PM, digo que ela está querendo simplesmente se tornar uma empresa estatal de segurança, atuando junto aos municipios que não possuem a sua guarda municipal, no caso de nossa cidade. Não concordo de jeito nenhum". (Aldo Wellichan)
2.) "Henrique, sabe qual é o grande problema disso tudo?? O fato de estar tudo errado e sem causa, polícia sabemos ser o braço de defesa do estado capitalista e essa juventude a decadência. Eu já frequentei muito campus por aí e sinceramente essa juventude não tem nada de idealista e que agrade, eles gritam quando olham ao proprio umbigo, vejo muita gente dizendo estar ao lado deles até os chamando de "idealistas" só porque protestam no campus, mas o ideal se manifesta no como, e isso nem passa perto, aquela resistência ficou décadas atrás, hoje o cara acha que ser rebelde é apenas encher a cara, e arrumar confusão no campus aí vai e ouve sertanejo universitário, são os tempos" (Marcos Paulo - Movimento Comunismo em Ação).
E A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: E a USP Bauru como se posiciona a respeito disso?
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
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Um comentário:
Henrique, sobre esse assunto achei interessante o texto do André Barcinski em seu blog:
"Tucanos talibãs vs. petistas xiitas: quem ainda agüenta essa briga?
O Brasil está ficando insuportável. A gente não consegue mais discutir nada sem que o assunto não enverede pelo sectarismo partidário.
Nesse lugar cada vez mais burro e intolerante, qualquer opinião é desprezada a priori e enterrada num fosso ideológico.
O negócio é escolher o lado, juntar-se aos amigos, e apedrejar quem não concorda com você.
Dois assuntos importantes dos últimos dias – a doença de Lula e a ocupação da reitoria da USP – provaram, mais uma vez, que a maioria prefere matar o mensageiro a discutir a mensagem.
O câncer de Lula virou uma batalha de mau gosto nas redes sociais, com manifestações preconceituosas e elitistas.
Uma pena. Porque o caso, se discutido com a razão e não com a jugular, poderia servir de exemplo da necessidade de melhoria de nosso sistema de saúde.
Que mal há em sugerir aos servidores públicos que utilizem os serviços pelos quais são responsáveis?
O problema, no caso de Lula, foi não estender a sugestão a todos os políticos, independentemente de partidos.
Eu adoraria ver o ex-presidente se tratando no SUS, assim como o Alckmin indo para o palácio espremido num vagão de metrô ou parado no trânsito da mesma Marginal que ele prometeu que nunca mais alagaria.
Eu poderia morrer feliz depois de ver o Kassab entrando na prefeitura de peruca, boné e óculos escuros, pedindo um alvará para uma loja, e depois acompanhá-lo sendo achacado por uma romaria de fiscais.
Sobre a invasão a USP, falta bom senso aos dois lados.
Acho que é possível ser a favor de um maior policiamento no campus - que há muito sofre com roubos e crimes - sem ser um reaça da Opus Dei.
Acho que é possível ser contra prender pessoas – qualquer pessoa, não só alunos da USP – por fumar maconha, sem ser um anarquista doidão.
Acho possível concordar com Gilberto Dimenstein, que classificou os invasores da reitoria de “delinqüentes mimados”:
“O que estamos vendo na USP não tem nada de político ou ideológico. É apenas delinquência. Não existe nenhuma causa. Não representa nem remotamente aquela comunidade universitária.”
E acho que é possível concordar com meu amigo André Forastieri, que escreveu sobre a crescente militarização de São Paulo pelo governo tucano e o assustador apoio de parte da população:
“Existem muitos paulistas que têm algo a perder e, inseguros, anseiam pela tutela de um pai rigoroso, que dite as regras, contenha miseráveis e pardos à distância, e nos puna exemplarmente em caso de mínima infração.”
Só não tenho mais paciência para discutir, porque cansei de ser reduzido a um estereótipo por revoltadinhos do Twitter.
E tome opinião pronta, soberba, arrogância, mentiras e boatos transformados em fato.
Hoje mesmo, recebi e-mails de pessoas GARANTINDO que o DCE está ligado a um grupo de traficantes de uma favela próxima a USP, e outro e-mail GARANTINDO que a reitoria está fazendo uma lista de alunos que são reconhecidos nas manifestações, para expulsá-los depois.
É muita verdade absoluta para o meu gosto."
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