sexta-feira, 3 de maio de 2013

AMIGOS DO PEITO (79)

NU E COM A MÃO NO BOLSO – A SITUAÇÃO DE AMADJA E DO SEU HELENO
Uma mudança está em curso no quesito registro de direitos das empregadas domésticas no Brasil. Elas estão saindo de um sistema secular de grilhões, alcançando o mesmo patamar de todo trabalhador brasileiro. Algo mais do que justo. Aplausos efusivos para tudo. Conto o meu caso particular, vivenciado aqui em casa. Amadja é funcionária do meu pai, seu Heleno e devidamente registrada em carteira, trabalha suas oito horas diárias e as 44 semanais. Um exemplo de dedicação para um senhor de 84 anos, quando além dos trabalhos domésticos, cuida exemplarmente dele, com um carinho a encantar os olhos de todos os filhos.

Quem lhe paga o soldo mensal é seu Heleno e Amadja, uma pernambucana, recifense de quatro costados, vivendo há mais de doze anos em Bauru é um primor. Comida de primeira linha, casa impecável, pai sempre nos trinques, tudo a fina flor do refinamento. Desde que saiu a notícia das alterações da legislação, todas imediatamente aceitas por nós todos, ambas as partes em comum acordo, tenho que confessar, começou um martírio em nossas vidas.
A televisão, o rádio e os jornais alteraram nossas vidas, pois descarregaram uma enxurrada de informações alarmantes, todas muito desencontradas, fazendo com que ficássemos como baratas tontas diante de, a cada dia uma nova informação. Algo novo a todo instante, como se o final do mundo estivesse muito próximo, uma batelada de prováveis consequências, que se não tomadas imediatamente, poderiam acarretar perdas irreparáveis para o empregado e empregador. Ficamos por quase um mês envolvido num clima de extremada atenção, olhos e ouvidos voltados para tudo o que chegava. Confesso, permanecemos todos mais perdidos que cegos em tiroteio. Comprei livro caixa, não gostamos dele e criamos um nosso, com horas trabalhadas assinadas diariamente, como se fosse um livro ponto. Ela agora registra todos seus horários na nova geringonça, mas sente-se orgulhosa disso e seu Heleno idem, pois a vê feliz da vida.

Contadores apareciam no vídeo, gráficos demonstravam perdas e ganhos, falava-se em desemprego em massa e Amadja se mostrava assustada indagando a nós: “Vocês não vão mais querer os meus serviços?”. Meu pai acuado num canto tomou a medida mais salutar e sensata no momento. Levantou-se da sua reclinável poltrona e desligou a TV. A partir daí a normalidade foi restabelecida  Tuim e Eurico, nossos contadores de plantão foram acionados e nos deram a notícia salvadora e cheia de alento: “Calma, que o santo não é de barro. Continuem recolhendo tudo como dantes, pois tudo ainda está em transformação. Não se precipitem e o tal aumento de recolhimento não passará de uns R$ 100 reais mês”. Fiquei incrédulo: “Esse o motivo de tamanha confusão, R$ 100 reais a mais por mês para ter Amadja junto do meu pai”.

Tudo continua como dantes por aqui. Amadja continua firme e forte no seu posto ao lado do meu pai e vê-los num bate papo no meio da tarde é a certeza de que ela vai conviver entre nós por bons e duradouros tempos. Aguardamos os valores novos, com o pai já empunhando o cheque, pronto para valorizar o passe de tão valorosa pessoa ao seu lado. A TV permanece desligada quando Ana Maria Braga ameaça falar sobre o assunto, pois de sustos estamos no limite. Meu pai agora é um empregador pronto para recolher o FGTS para Amadja e essa continua cuidando dele como sempre o fez. A paz reina no lar dos Aquino, mas em permanente alerta contra ataques de gente pregando a desestabilização, como difíceis os novos tempos. Difíceis seriam nossos dias sem Amadja, tudo compensa vê-la igualada aos demais trabalhadores com o devido registro legalizado em carteira. Ela feliz, meu pai idem, seus filhos mais ainda.

4 comentários:

Anônimo disse...

pra quem contrata este serviço, é fundamental ficar atendo ao que foi e ao que não foi regulamentado. tudo parece direito.... mas há que se considerar deveres tbm. tudo a partir da confiança estabelecida neste "negócio". beijos da ana bia

Anônimo disse...

Um grande beijo para essa carinhosa mulher de nome diferente: Amadja. Sou testemunha de tudo o que disseste, meu amigo Henrique. Além da atenção, do carinho, da simpatia, ela é responsável pelos pesinhos a mais quando estou aí, pois sua comida é inigualável! Não dá vontade de sair da mesa, sem antes se empanturrar. Beijos a todos.
Duílio Duka, agora em Botucatu

Anônimo disse...

Linda Amadja ...... agora posso ficar tranquila, pois sei que ela realmente cuida bem de meu pai, sem desmerecê-lo ..... obrigada por td querida ......Helena Aquino

Sara disse...

É bom ser capaz de fazer coisas como que eu acho que nós temos que considerar que em algum ponto temos que fazer coisas manuais como este ou cozinhar eu também não cozinho muito bem, então eu sempre pedir a entrega em Delivery Itaim