Mafuá do HPA

OS QUE SOBRARAM e OS QUE FAZEM FALTA (46)


TRABALHADORES – OS QUE RALAM DE VERDADE

Todo dia é dia de trabalho e trabalhador, mas a data de hoje foi a escolhida para comemorar o Dia do Trabalho. Feriado quase mundial, comemorado em Bauru com um show no parque Vitória Régia, show bancado pela Central Sindical CUT, com a comunista Leci Brandão (ótima escolha). No dia de hoje, lembro aqui de alguns trabalhadores que ralam de sol a sol, sem pedir licença, labutando e muito pelo seu sustento e na maioria dos casos, sem carteira de trabalho assinada, sem garantia de direitos reconhecidos e tirando o leite de cada dia com um incessante suor.

HILDA é papeleira. Sua área de atuação é o centro da cidade de Bauru. Faz o serviço de recolher papelões, que revende para empresas, quase todas possuidoras de balanças que a enganam no quilo do produto. Chega com um carrinho puxado à mão e sai de lá com uns caraminguás, a lhe garantirem o sustento. Ela é o esteio de sua família, cuidando de filha, genro e um filho excepcional. Vê-la nas ruas e não sentir um nó por dentro é impossível, pois na cena a certeza de que muita coisa ainda precisa ser feita.

TONINHO já foi sem-terra, hoje possuía a sua, mas continua na mesma luta de sempre, pela conquista da terra aos que ainda estão na fila. Fez de sua vida uma trincheira pela conquista da reforma agrária e não esmorece, nem se amedronta ou aquieta. Enxada na mão, faz do seu cantinho um mundo novo, cheio de esperança de melhorar o mundo com o que faz. Luta não só pelo que já é seu, mas por todos, pela coletividade e esse é o seu maior diferencial. Pensa nos seus, nos iguais a ele conquistando cada vez o que lhe é de direito.

SEVERINO é padre e escolheu o ser junto aos trabalhadores do campo. Vive enfurnado num mundo cheio de muita resistência, luta contínua, esclarecendo uns, labutando com outros, cavando espaço e conquistando no dia a dia um cadinho novo. Sua igreja não tem templo estabelecido, pois é a do chão batido e suas homílias são construídas no sentido de abrir mentes, construir caminhos e não o faz somente no discurso, pois vai á luta, praticando o que diz.

MARIA é vendedora de laranja nas feiras da cidade. Grita alto atrás da banca, tudo para conquistar uma venda melhorada. Rala com o sol sob seus ombros e não reclama, sorri e luta, enfrenta tudo com galhardia, pois foi a atividade que lhe restou, o que encontrou de bom para fazer e daí extrai seu sustento. Compra laranjas e as revende em bancas, sem a garantia de muitos direitos, pois com produto bom, vende mais, em dias de chuva, vende menos, mas suas contas continuam todas batendo à porta, em dias bons ou ruins.

Cito na data empresas que desrespeitam os direitos dos trabalhadores. Nada melhor do que relembrar três, as permissionárias do transporte ônibus urbano em Bauru, verdadeiras JUDAS, malhados mês passado. Sou multado em cada esquina se pego falando ao celular, tomando um guaraná dirigindo e elas obrigam seus motoristas a cobrarem, receberem e darem troco enquanto dirigem. Praticamente extinguiram a função do cobrador, Insensíveis e só pensando no lucro, em si próprias e que se dane os trabalhadores e seus direitos. A luta travada nesse momento na cidade pelo não aumento da tarifa é algo que diz respeito a todos, pois atinge muito mais o bolso de quem comemora seu dia hoje, o TRABALHADOR.