IMAGENS MARCANTES DE ONTEM PARA HOJE
Na segunda,
vinha descendo de carro pela Nações e ao passar pela Marcondes Salgado, fazendo
a curva numa espécie de pequena rotatória, aguardando o sinal abrir para
adentrar a Julio Prestes, eis que me deparo com uma dessas cenas que me
entristecem sobremaneira por esses dias. Um senhor, aparentando meia idade, sentado
no meio feio, no meio da balbúrdia, pernas já no meio fio e cabeças baixas,
pouco esperava das próximas horas, a noite de 24 para 25 de dezembro. O que faz
uma pessoa escolher um lugar desses, bem no meio daquele mar de veículos e ali
ficar prostrado, resignado e sem esperanças? Esse é só mais um deles, um que
pode estar ali por “n” motivos e não tenho capacidade alguma para enumerar um
que seja, mas o que me fica é a força da imagem. Enquanto corria tanto por
tantas coisas naquele momento, ele ali não corria mais. Cliquei-o numa foto e a
repasso para, tentando mostrar a todos como me sinto na maioria dos momentos
nesses dias, quando me volto os olhos para fora dos vidros do meu carro.
Na terceira, essa de Ricardo Bizarra, jornalista de uma rádio da cidade e gileteada no facebook. Foi feita por ele no início da tarde de ontem e registra um dos locais mais aterrorizantes para todos, principalmente no horário do registro, representando a grande concentração humana que deve ter lotado supermercados e shoppings país afora, em busca das últimas compras. Na legenda estava algo mais ou menos assim: "A visão do inferno no dia de hoje, o saguão do mercado...". Quem passou por isso sabe o que isso representa. Nela, em toda sua essência, está concentrada toda a gana de consumismo que a maioria das pessoas tem concentrada dentro de si por esses dias, mais ou menos canalizada na ida em busca das últimas compras, do objeto esquecido e ali se deparando com tantos outros na mesma situação. É algo que todos querem fugir, dizem detestar, mas repetem ano após ano, desde que foi introduzido dentro da rotina do ser humano, ter que comprar mais e mais, dar presentes e mais presentes, encher sua mesa de guloseimas mil, tudo como justificativa para glorificar e exaltar o nascimento de um ser humano a milênios atrás. O comer, comer tem como resultado algo repetido na maioria dos lares mundo afora, todos desmaiados, cansados de tanto mastigar e engolir.
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