ARRUMAÇÃO,
UM ACHADO PRECIOSO E A PROMESSA PARA 2014 - FAZER COMO ISAÍAS DAIBEM
Penúltimo
dia do ano, eu permaneci quase o dia todo enfurnado aqui pelos lados do mafuá e
atarefado com uma arrumação. Caixas e caixas de papéis postadas em cima de um
velho sofá e papéis sendo descartados, muita coisa de trabalhos antigos,
extratos de bancos, contas pagas e recortes de jornais, isso aos montes. Cada
um possui um significado, um motivo mais do que especial para ter sido
recortado e guardado. Cada um possui uma história só dele. A parte mais difícil
é essa, a de recordar o motivo pelo qual foi guardado e se é merecedor, diante
dessa minha nova avaliação, a graça de permanecer mais um tempo guardado (sic) aqui no
recinto onde tudo está encerrado, que carinhosamente dei o nome de mafuá. Nada
melhor do que fazer esse tipo de rescaldo há cada final de ano. Eu me perco
nesses detalhes. Se fosse pela Ana jogaria muita coisa fora sem muito
procedimento, mas isso me dói. Outra que está doidinha para fazer a mesma coisa
é Amadja, que faz a faxina aqui em casa e quando se depara com o estado do
mafuá, sempre se oferece para resolver tudo: “Posso dar um jeito, nisso tudo,
seu Henrique?”. Eu não deixo, mas ela no seu ímpeto de arrumar e deixar tudo
mais apresentável, tira tudo do lugar e peno para encontrar alguns papeizinhos. Da minha dessarumação entendo eu.
Fiz essa
introdução para descrever algo que encontrei hoje no meio disso tudo. Uma
dessas coisas que não vou jogar de jeito nenhum. Para muitos não tem
importância nenhuma, mas para mim tem todas. Uma pessoa que passava
regularmente aqui pelo meu portão era o professor Isaías Daibem. Ele lia muito
e de vez em sempre, além de ler distribuía o que lia entre alguns diletos
amigos. Era metódico, primeiro um envelope onde fazia o endereçamento à pessoa
agraciada com o mimo, dentro um bilhete de próprio pulso e junto o texto, o
artigo, o recorte, o jornal, o livro, a peça, enfim, o motivo que o fazia ir
até a casa dos amigos. Até acho que ele queria mais do entregar papéis aos
amigos, queria papear , jogar conversa fora, ver como estávamos, propor a tal da revolução e insistir para que não desistíssimos da empreitada de modificar esse mundo. Deve ter me
deixado uns cinco ou seis aqui e quando
não me encontrava, ou colocava na caixinha do correio ou entregava diretamente
ao meu pai. Depois ligava para confirmar o recebimento.
Ainda vou juntar todos espalhados por aqui, pois acredito não ter tido coragem de jogar nenhum fora. O que achei hoje é datado de 05/03/2013. Olhem só o texto do bilhete: “Caro Henrique. Bom Dia! Tomo a liberdade de enviar-lhe este exemplar do Brasil de Fato, uma vanguarda de Nuestra América. Nele tem matérias que você, com muita propriedade vem abordando em seu mafuá! Um big abraço! Isaías”. Não houve jeito, eu peguei o jornal comecei a reler tudo, marquei alguns textos pelos quais quero escrever em breve e estou ainda pensando em onde vou guardar essa preciosidade.Só nesse perdi (ou ganhei, sei lá) quase uma hora de arrumação. E por fim, penso em fazer em 2014 o mesmo que ele e com maior intensidade. Quero ir distribuindo um pouco do que leio, do que ouço, do que junto e compartilhar com diletos amigos. Essa uma promessa para o ano novo. Aguardem-me, portanto, vou iniciar uma distribuição do bocadinho que tanto gosto, mas só para alguns (algumas também) que também gosto muito. Vamos ver como vai ser a receptividade disso. Eu brigo com muitos, mas com outro tanto eu tento continuar muito próximo. É o meu jeito de viver.
Em tempo: Isaías não é o único dentre meus amigos que fazem isso, mas a maioria, confesso, faz isso via e-mail ou facebook. Poucos batem no meu portão, mas alguns o fazem. Hoje mesmo, conto algo, foi engraçado, um amigo parou no portão e apertou a campainha. Passando do outro lado da rua um viu a gente, deu a volta e veio conversar. Não é que outro, passava casualmente de carro pelo portão e vendo três parou também. Ficamos em quatro ali num inesperado e irradiante ato.
2 comentários:
Meu amigo HPA, o Jornalista que manda ver... Quero que neste ano novo, meu velho amigo, você possa dar todas as resposta possíveis aos ignorantes da vida... No entanto, é preciso dinheiro! Sem ele não fazemos nada. Um grande abraço cheio de saúde e vida longa a vc e todos os seus...
Ademar Aleixo
Por isso que era só vc que poderia fazer essa limpeza meu irmão .....são coisas suas ...somente vc sabe o que quer guardar ...
Helena Aquino
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