segunda-feira, 31 de maio de 2021

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (144)


MISTURA DESAGRADÁVEL: PODER PÚBLICO E PODER IGREJEIRO
Aqui em Bauru, desde a eleição no último pleito da novíssima imperfeita (sic) Suéllen Rosim como alcaide municipal, as coisas andam bem turvas e confusas. Guardião, o super-herói bauruense, sempre atento nas transformações ocorridas nas hostes intestinas desta cidade, até para não confundir ainda mais as mentes dos bauruenses, cita somente um recente exemplo de como tudo anda no desvario, diria mesmo, desvios inenarráveis e fora da legalidade.

"Desde que assumiu o desGoverno municipal, Suéllen tem nos proporcionado fortes emoções, pois além de fugir da real administração da cidade, passa boa parte do dia tuitando pelas redes sociais, toda maquiada e fugindo dos reais problemas de qualquer administração. Vive no mundo da lua e neste momento, meio da tarde de segunda, prefere gravar um áudio na inauguração de lanchonete franquia do Burguer King's do que, se mostrar presente sobre a falta de leitos hospitalares para os coronados. Enquanto Ribeirão Preto fecha tudo e por lá, cidade tão neoliberal como aqui, a decisão foi por trancar tudo, mas aqui é como se nada estivesse acontecendo, perdição total e descalabro administrativo de grande monta".

Guardião faz essa pequena introdução para adentrar o tema que hoje o traz aqui para junto de seus admiradores: "Algo mais do que estranho ocorre em Bauru e mais do que perigoso. O anúncio pelas redes sociais de uma igreja neopentecostal da cidade, a Rasgando os Céus, diz que está em plena campanha arrecadatória para reformar a UPA - Unidade de Pronto Atendimento do jardim Ipiranga, informa desde o PIX e conta corrente para fiéis e populares fazerem contribuições, que segundo o anúncio seriam todas revertidas para a reforma. E daí, sentei, pesquisei, fui olhar a legislação existente e pergunto: Mas isso tudo não é obrigação do poder público, no caso a Prefeitura Municipal?".

O incauto, gaiato e bem intencionado cidadão poderia perguntar assim como quem não quer nada: "Mas isso não é bom? A iniciativa privada ajudar o poder público?". Guardião responde: "Em primeiro lugar não se trata de poder público e sim de poder religioso, algo pelo que se vê, totalmente sem controle e fiscalização, ou seja, tudo feito pelos administradores da igreja, que receberiam as importâncias e contrataria ou repassaria valor para empresa ou Prefeitura. Ou seja, algo de muito estranho e totalmente fora dos parâmetros legais ainda vigentes. A gente sabe que, bolsonarista e fundamentalista gosta de inovar, sair pela tangente e agir ao seu modo e jeito, mas precisam entender que no país existem leis e elas devem ser seguidas. Uma igreja arrecadar, usar o nome do poder público para tanto e depois, repassar valor ou mesmo dizer que conseguiu pouco e daí, desiste no meio da obra, deixando a batata quente pra Prefeitura. E quem vai controlar o que entrou de grana na conta deles? E eles poderia utilizar para outra finalidade? Pelo sim, pelo não, creio que estão tratando as contas públicas como algo onde podem fazer o que quiserem e se nada for feito, muito mais virá pela frente". Segundo Guardião, esses todos devem mil explicações para Bauru, que não pode aceitar tudo como algo vindo dos céus...

NA PRIMEIRA PÁGINA DOS DOIS JORNALÕES BRASILEIROS, EDIÇÃO DOMINICAL, NADA SOBRE O POVO NAS RUAS PELO "FORA BOLSONARO", ASSIM COMO NO JORNAL DA CIDADE, AQUI DE BAURU
Para estes, ou não existe isso de povo nas ruas lutando para sacar do poder os malversadores, ou eles estão do lado do opressor e com essas capas não conseguem esconder onde se encontram. Ou seja, não dá para contar com a mídia hegemônica/massiva, pois sempre jogaram contra os interesses populares. Seja aqui em Bauru, em SP, RJ ou qualquer outra capital, não fosse os meios alternativos, a informação estaria truncada e nos sendo passada da forma como eles querem. A verdade dos fatos só sai publicada pelos nossos meios e a divulgada pelos deles é sempre contra o povo e seus interesses.
HPA - Bauru SP, começando a segunda indignado, 31 de maio de 2021.

domingo, 30 de maio de 2021

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (102)


HOJE TEM TANTA COISA PRA FALAR E ESCREVER, QUE NEM SEI POR ONDE COMEÇAR...
1.) UM SALVE PARA OS FOTÓGRAFOS BRASILEIROS E PRINCIPALMENTE PARA OS BAURUENSES
Aqui em Bauru eu hoje ficarei copiando todas as fotos que encontrar da manifestação e protesto de ontem nas ruas centrais da cidade, no FORA BOLSONARO, de gente que corajosamente foi para as ruas. Viva para Mauro Landolffi, Pedro Romualdo e Tauan Mateus, pois o trabalhos realizado ontem foi maravilhoso. Estarei juntando tudo num álbum de figurinhas, desses que dá orgulho de ser bauruense. Vocês são DEZ e mais um pouco. Entre na página destes três e leve um susto, pelo maravilhamento possibilitado. Eu queria juntar fotos do Brasil inteiro, como essa aqui compartilhada, mas me reservo as de Bauru, onde esses três profissionais são mais do que valorosos. Rua é tudo, rua é luta e dela não podemos mais sair até vergar, vencer e botar pra correr o inimigo a destruir o país.

HPA, amanhecendo no domingo com mais garra e disposição para os enfrentamentos todos que teremos pela frente.

2.) BOLSUELLEN PARECE QUERER REAGIR, MAS CONTINUA INERTE, FAZENDO NADA E JOGANDO PRA GALERA...
A querida mana Helena Aquino posta ontem algo sobre a reação da novíssima (sic) prefeita Suéllen Rosim pelas redes sociais, após constatar do sucesso da manifestação pró FORA BOLSONARO ontem nas ruas de Bauru: “Trabalha ??? Será que a aglomeração é do bem ??? Me poupe.... A nossa aglomeração ñ é do bem ??? A dela pode ???”. 

Ao lado printado como foi o post da imperfeita prefeita, mas o mais interessante foi a repercussão com outros comentários no post da Helena. Juntei alguns:

- “Bauru tem pressa ..ela parece uma tartaruga”, Adilson Chamorro.
- “Pergunta se na cidade natal dela seria eleita, acho que nem para síndica de prédio”, Regina Célia Perseguim Tavares.
- “A prefeita bolsonarista Suéllen Rosim (Patriota) caiu de algum caminhão de mudança pois não sabe distinguir "PT" e "UJC", siglas de um do maior partido do Brasil e outro de representantes de jovens de esquerda, não necessariamente petistas. Isso dá dimensão do que representa a nova-velha política, representada por candidaturas como ande Suéllen Rosin. Sem identidade política mas com compromissos bastante conhecido$. 1) Pode aglomeração promovida por ela na igreja Restaurar, na quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021. Num local fechado abarrotado de gente sem nenhum distanciamento. Sim todos usando máscara. Mas aglomerados em lugar fechado? 2) Pode aglomeração dela no sábado, dia 20 de fevereiro de 2021, em sua igreja? 3) E a micareta do coronavírus em que Suéllen Rosim, SEM MÁSCARA, discursou para dezenas de pessoas ao lado de Luciano Hang, igualmente sem máscara, Era sexta de carnaval, dia 12 de fevereiro. Pode? A principal autoridade do Poder Executivo de Bauru: que exemplo oferece? Agora vem criticar o quê?”, jornalista Ricardo Santana.
- “Trabalha você. Vê quantos estão morrendo. Botucatu conseguiu e Bauru nem com a USP”, jornalista Rita de Fátima Cornélio.
- “Eu não sei desenhar, mas vou explicar no nível básico: NUNCA - na história do mundo, partidos de direita se articularam em favor do povo, para minimizar suas dores e necessidades. A direita só trabalha para si e para os seus. Agora, os DIREITOS adquiridos por meio das lutas dos setores progressistas são usufruídos por todos. Inclusive por quem os critica. Será que a pessoa não sabe que o SUS, a escola pública, a eleição pra cargos administrativos, o voto fe-mi-ni-no, o direito livre de expressar o pensamento - mesmo que fale &$@@&$ foram direitos obtidos pela luta, na rua, pelos partidos de esquerda!???? Ahhh me economize, que direita desinformada é demais!”, Loriza Lacerda de Almeida.
- “Essa só não consegue ser mais ridícula que o presidente dela”, escritora Diva Fernandes.
- “Essa mulher é o fim! Tudo o q a gente não precisa”, cantora Luana Cortez.
A melhor resposta está no cartaz da manifestante, expressando dos motivos e da necessidade de todos estarmos nas ruas pelo fim do capirotismo.

3.) EU A CAMISETA
Depois do sucesso de ontem escancarei e circulei à tarde pela escapulida necessária da parte da tarde ostentando no peito camiseta feita pela griffe do filhão, direto de Araraquara para minha utilização. Presentão lindo do filho para este velho mafuento. Uso sempre que posso, tanto já estar até gasta. Ontem estava envergando a danada e na entrada do mercado sou abordado pelo moço que mede a temperatura: "O sr só vai poder entrar se me contar onde fez essa camiseta, pois quero uma igual". Prometi que iria fazer uma para ele, pois essa é peça única, feita especialmente para mim pelo sangue do meu sangue. Conversamos mais e ele então pede para lhe passar o fone e me adiciona no seu whatts, onde já começamos as tratativas. Entro, compro o motivo de ali estar e na saída peço para ele me fotografar com seu celular e me enviar. Ele o faz e aqui publico com a observação: Não é que fiquei ajeitado demais da conta. Por fim, a camiseta faz o maior sucesso, pois em mais dois lugares onde fui, me disseram algo positivo e num deles, um senhor inadvertidamente me toca nas costas, vou olhar e me diz assim de sopetão: "Tô contigo e não abro". Hoje nem lavo ela e pronto pra sair novamente, mas creio eu, sem chance, pois a tranca está na porta de casa e o impedimento é de restrição pras ruas quase absoluta. Daí, só me resta postar a foto e espalhar tudo via virtual.

4.) AQUI PODE TUDO...
Isso aqui está virando moda, parece a "Casa da Mãe Joana": uma igreja publica o número de uma conta, recebe valores e ali explícito a intenção de recuperar um bem público. O que pode parecer algo de boa intenção, pode também revelar algo perigoso. Primeiro porque o poder público é o responsável por essas reformas e tudo deve girar dentro de suas esferas, mais fáceis de serem fiscalizadas. Quando um particular se predispõe a fazê-lo existem muitas dúvidas e perguntas sem resposta. A intenção é mesmo a de somente recuperar o bem público? Diante do país hoje de pernas para o ar, tudo gera dúvidas. Uma campanha deste tipo e sem nenhum controle pode auferir uma dinheirama desmedida e muito além do valor necessário para a dita reforma. E daí, a pergunta que não quer calar: o que vai ser feito com a sobra, se acontecer? E outra do mesmo quilate: a intenção quando da abertura da campanha já não era justamente essa? E se não conseguir o intento, a reforma ficaria pela metade? E depois, existe um acompanhamento do poder público, com equipe de engenharia, com a indicação do que precisa e deve ser feito, a fiscalização de praxe? Ver uma peça de propaganda deste tipo circulando assim sem maiores explicações é mais do que problemático, creio até ilegal. Enfim, vivemos tempos onde a prefeita é também evangélica neopentecostal, como a igreja pretendendo fazer a campanha e a reforma, o que já se subentende é algo bem próximo de um acordo para essa finalidade. Vivemos tempos onde a fé pública é constantemente ludibriada e, mesmo que isso tudo tenha boa intenção, creio que, sem nenhuma discussão prévia ou algo parecido, me parece precipitado e estranho. Por fim, não vi, nem tomei conhecimento de nenhuma discussão dentro da Câmara de Vereadores de Bauru a respeito deste assunto. Ou seja, creio ter ocorrido algum atropelo, pois pelo que se percebe, algo já em curso. Quando você crê já ter visto tudo, eis que surge algo a mais para arrepiar os cabelos. Assim sendo, se a moda pega, não se faz mais necessário Prefeitura, prefeito e nem administração municipal. Se deixar, os neopentecostais querem assumir esse papel e já tomam a dianteira, se passando como grandes benfeitores públicos. 

5.) IMPOSSÍVEL COMPARAR O QUE OCORRE NA COLÔMBIA E O QUE OCORRE NO BRASIL
O ato brasileiro nas ruas FORA BOLSONARO do último sábado foi algo auspicioso, mas impossível como vi algumas pessoas, numa tentativa de traçar paralelo com o que ocorre hoje na Colômbia. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. São manifestações bem distintas. A Colômbia está fazendo greve geral, está em confronto direito nas ruas, ou seja, o país está paralisado. Confronto com a polícia, bombas nas ruas o dia inteiro, o país parou e nem jogo de Libertadores da América estão mais realizando depois da palhaçada de terem forçado os times jogarem com bombas explodindo dentro do estádio. Como é possível a gente pensar em derrubar um governo sem se utilizar do maior instrumento de luta, histórico isso, que é o movimento grevista. Não parando nada, iremos fazer como no sábado, iremos esporadicamente para as ruas, lotaremos os espaços, fotos lindas, manifestações grandiosas e depois todos voltando para suas casas e no dia seguinte tocando suas vidas, praticamente se esquecendo de que, no dia anterior estavam nas ruas. Na Colômbia hoje o povo não está saindo das ruas. Não existe isso de terminar o ato e acabou, esperando uma nova convocação, pois estão todos mobilizados, parados, em estado de greve e confronto. Quer queiramos ou não, por mais lindo que tenha sido, fazemos protesto no Brasil de final de semana, tudo mais ou menos domesticado.
Tudo bem, sei que o Brasil não possui isso de permanecer nas ruas, mas creio eu, não existe outra saída ou alternativa. É triste, mas no Brasil, quando vamos pras ruas, protestamos e depois, ao final do ato, enrolamos a bandeira e voltamos pra casa. Qual a efetividade disso? Ele não irá cair desse jeito, podem tirar o cavalinho da chuva. Eu me empolgo a cada novo ato, sou brasileiro, estou engajado, participo e tenho a mesma atitude da maioria, sei aqui tudo ser mais lento e se algo mais acontecer, muitos irão dizer, que já está sendo desvirtuado. Ao mesmo tempo em que me animo com o que vi nas ruas, tanta gente, fico também desanimado, pois hoje, domingo, todos já estamos em casa, bem guardadinhos, protegidos e novamente só cutucando, criticando pela via virtual. Diante disso tudo, não dá para comparar o que acontece na Colômbia com o que acontece no Brasil. Na comparação, o nosso presidente é pior que o deles, com maior perversidade, porém, a ação é diferente. Olho para a história brasileira e constato, somos bem diferentes de alguns irmãos latinos. Assim esse governo vai até o final do mandato, pois pelo visto, a maioria das pessoas pensam em só tirar o cara do poder em 2022 e pelo voto. Daí, muita água ainda passará por debaixo dessa ponte e talvez até a via eleitoral se complique. Pra acontecer algo mais agora, primeiro o país precisa estar em estado de greve, tem que paralisar transporte público, tem que fechar avenidas, estradas, bloqueios, tem tudo isso. O Brasil é pela paz, sem confronto e exatamente como ouvi em todos os meios de comunicação no dia de ontem, quando retrataram o que ocorreu: tudo pacífico, sem entreveros. Assim seguimos, lentamente, devagar e sempre.

sábado, 29 de maio de 2021

REGISTROS DO LADO B (47)


NO 47º LADO B, O CASAL PIRAJUIENSE, O ROCK E A MILITÂNCIA DE HELOÍSA E HELDER LEAL, AQUI JUNTOS E MISTURADOS, EM RELATOS PRA LÁ DE CONTAGIANTES
Num dia como hoje, quando parte significativa do país se levanta e vai pras ruas lutar pelo “Fora Bolsonaro”, nada melhor do que entrevistar aqui no projeto LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, um casal de militantes, destes que lutam juntos, irmanados pelo ideal de um país bem diferente deste que hoje temos. HELOÍSA ALVES FERREIRA LEAL e HELDER FERREIRA LEAL, vieram para Bauru, oriundos de Pirajuí, trabalharam até a aposentadoria juntos dentro do Fórum, num trabalho de atendimento ao público e paralelo a isso, enfrentando dragões e moinhos, nunca abandonaram a militância e uma vida de resistência. Contar a história de gente assim é dignificar a luta, apontar e mostrar caminhos, pois é com estes, valorosos, briosos e cheios de garra, a esperança na ponta dos cascos, que se faz a luta. Ambos nem são propriamente de Pirajuí, mas para lá chegaram bem cedo, ali se formaram e só saíram para exercer o trabalho a eles designado. Depois, quando a aposentadoria chegou, perceberam que Bauru estava enfronhada mais do que devia na vida deles e daí não voltaram para a aldeia de criação, mas por aqui permaneceram, filho criado e tudo o mais rolando. Enfim, histórias que não acabam mais.

A intenção nunca escondida destas conversas semanais é exatamente essa, a de contando e revendo histórias de vida, ir contribuindo, elucidando arestas e propondo algo transformador, caminhos desbravadores, galgados por quem escolheu o lado da luta e resistência para tocar sua existência. Considero ambos como originais, autênticos EMBAIXADORES DE PIRAJUÍ EM BAURU e dentro dessa constatação, nada melhor do que eles virem a público e revelar alguns dos segredos desta vida a dois, envolta em tanta história valendo a pena ser revivida. Conhecer um bocadinho das entranhas de uma típica cidade do interior paulista é algo mais que revelador deste tal conservadorismo, hoje tão latente e se mostrando com maior evidência por estes dias. Quer dizer, a conversa tem tudo para fluir em revelações pra lá de contundentes. Eu sei que ambos não irão desdizer da cidade de onde vieram, contando maravilhas do tempo quando fazia e aconteciam por lá. Saudosos, Helder conta que tocou muito rock por bares de lá e hoje, nenhum mais possibilita algo parecido e Heloísa, revela dos lugares por onde frequentou, com a saudade destes não mais existirem. Todos sabemos, os tempos são outros, tudo muda, não é possível viver só de saudade, mas reviver algo do já vivenciado e com olhos altaneiros, isso é mais do que possível.

Heloísa foi a primeira mulher candidata para cargo eletivo na cidade e justamente pelo PT, algo a ser lembrado, rememorado e contado em detalhes. Ela carrega consigo isso por onde ande, tanto que, brinco toda vez que a vejo ser ela a “futura prefeita de Pirajuí” e ele, Helder, ser o “rei do rock na cidade”. Ambos possuem histórias para contar e do registro, intercalando Bauru e Pirajuí, um tijolinho a mais nisto que me proponho a fazer, deixar registrado parte da história dos do Lado B, este que realmente conduz lugares, mas tem sua história menosprezada, quando muito contada em fragmentos ou nem contada. Resgatar isso é o que me move e ao vê-los reunidos para relembrar algo já feito, algo do que ainda está em construção, a certeza de estar contribuindo. Destes dois algo que não iremos encontrar é resignação e aceitação das injustiças e indiferença diante de tanta malversação hoje em curso. São corajosos, deste que colocam a cara a tapa, enfrentam tudo de peito aberto, possuem um lado e dele não se afastam. Ouvi-los neste momento é primordial e é o que faço a seguir, convidando tudo, todas e todos para seguir juntos, conhecendo um pouco mais de duas vidas entrelaçadas por tantos ideais transformadores. Imperdível.

AO FINAL DA CONVERSA:
Gente, confesso, eu saio de cada bate papo aqui revitalizado e energizado, pois só converso com pessoas a levantar meu astral, com vivência de luta, resistência e engajadas numa eterna luta por dias melhores para tudo, todas e todos. Como é bom demais ter amigos dessa laia. Eu não convido só amigos para participar dos meus bates papos, mas que culpa tenho, se todos meus amigos são gente desse quilate. Creio eu, que não sou só sortudo, é que estou engajado na luta pelo seu lado certo. Assim prossigo...

COMENTÁRIO FINAL:

Eu gosto de mais dessas conversas semanais e procuro a cada uma delas ir buscando temas e pessoas das mais interessantes e instigantes. Na dessa semana eu fui em busca de algo regional, algo ligando Bauru com uma cidade no seu entorno, Pirajuí, essa bem menor. Muitos vieram de lá para cá e estão aqui entre nós. Mas como era a vida lá décadas atrás. Que bom saber de uma efervescência e movimentação pulsante, lugares ponto de encontros de tantos que ali se encontravam para mostrar ser diferentes e assim se posicionarem, se mostrarem ao mundo. Ambos, tanto Hélder como Heloísa tiveram seus bons momentos neste ambiente e assim conseguiram se consolidar para o resto de suas vidas. Muito interessante o relato dela em como se deu suas influências, principalmente as que levaram para o campo político da esquerda. Uma militância que começou no período da ditadura militar e com pessoas que o combatiam. Assim se forjaram e nunca mais saíram das lutas. Ouvir os dois, juntos ou separados é ir conhecendo essa cidade, Pirajuí e o que cada um fez para conseguir ser o que são hoje. De lá, já cientes do que queriam da vida, vieram para Bauru e aqui se aposentaram. Daqui, dizem, que não mais saem. Mas também não se cansam de fazer o percurso de retorno, hoje mais para estar junto da mãe dela, doente, mas também para não abandonar de vez a cidade, a aldeia onde se criaram e possuem laços indissolúveis. Ambos se filiaram ao PT ainda na juventude, ela foi até candidata a prefeita por lá e aqui continuaram a militância se juntando com outros tantos que foram conhecendo por aqui. Por fim, falam sobre os novos tempos, este país onde a gente está dentro dele e ainda não acredita em tudo o que vemos acontecer. O que parece um sonho é a mais dura realidade e é assim que a gente tem de enfrentá-lo, até para saber como mudá-lo, fazendo-o, no mínimo, voltar a ser o que era. A história deles é de muita fibra e, confesso, foi uma bela conversa.

DESTE MATO NÃO SAI COELHO*
* Sai hoje publicado na edição semanal do jornal DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, o meu 15º artigo, escrito especialmente para publicação neste que é um dos melhores - se não o melhor - jornal impresso do interior brasileiro. Resistência e bom jornalismo é com eles mesmo.

"Tem lutas que o envolvimento é total, absoluto, pois existem reais esperanças de algo mudar, do sonho pelas conquistas se tornarem vitórias, algo consolidado e transformador. Nessas eu adentro de corpo e alma. Nem sempre se chega lá, mas só pela luta, aquilo dentro da gente mais do que arrebatador, vale muito a pena. Tantas vezes já quebrei a cara e tantas outras o farei, pois a vida é constituída exatamente disso, de lutas e causas pelas quais a gente se envolve e faz o possível e o impossível por elas. A causa sendo maior, tudo vale a pena.

Tem outras que a gente já se afasta só de tomar conhecimento em quem a conduz. Tem pessoas que só assinam e levam adiante certas causas para se autopromoverem e daí, embarcar nisso é o mesmo que levantar a bola pro cara ou algo pelo qual, de cara já se sabia não valer a pena. Cada pessoa tem um faro, um sexto sentido, algo que flameja dentro de si e mais do que perceptível vai percebendo quando tudo não passa de mais uma roubada. Nesses casos, o melhor mesmo é cair fora, manter distância e, se for o caso, até denunciar.

Escrevo estes dois parágrafos só para adentrar algo pelo qual, sei ser uma boa causa, mas conduzida por quem a arrebatou e dela faz seu palanque, melhor nem pensar em aderir. Rola aqui em Bauru uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito -, nos moldes da do Senado, investigando algo em relação à pandemia. No caso da ocorrendo em Brasília neste exato momento, por enquanto, apupos e rasgados elogios. Tomara consigam incriminar o miliciano que desdiz até hoje, não só da pandemia, como das vacinas e do bom senso. No caso da bauruense, um vereador declaradamente bolsonarista, Eduardo Borgo fez de tudo e mais um pouco para conquistar votos e ver algo parecido aberto, só que com intenções completamente diferentes.
Sendo bolsonarista, evidente que, nem resvalará em criminalizar o capiroto. Seu negócio é pegar no pé do ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta, quiçá também em João Dória. No caso da atual prefeita, escrevam isso, vai finalizar concluindo que, a novíssima (sic) não teve tempo suficiente para ser declarada culpada de alguma coisa, pois tem cinco meses de gestão, portanto, ainda se inteirando dos procedimentos. Até nos depoimentos já deu para perceber o embuste. Para com uns, os apaniguados, um tal de pegar leve e para os adversários e inimigos, a dureza do discurso fundamentalista tentando sangrar o calcanhar e fígado.

Para mim, pura perda de tempo. A conclusão é mais uma vez, dinheiro público jogado na lata do lixo e algo mais deste triste momento vivido por Bauru, quando a prefeita age seguindo os preceitos ditados pelo seu mentor. E os asseclas da destruição do país prosseguem no seu trajeto, sendo construído desde o golpe de 2016, primeiro destituindo Dilma Rousseff e depois, “com Supremo, com tudo”, aniquilaram um país e o tornaram essa boçalidade hoje vivenciada, onde sustentam a imoralidade com “um cabo e um soldado”. O único papel sensato neste momento é denunciar os que endeusam a perversidade e essa CPI bauruense é um exemplo evidente do enxugar gelo. O retrocesso tem nome e sobrenome por aqui e Suéllen Rosim e este vereador, Eduardo Borgo são próceres no assunto. Retrocedemos".
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

MIL PESSOAS NAS RUAS HOJE DE BAURU PELO "FORA BOLSONARO"
Bauru hoje pela manhã marca presença no FORA BOLSONARO nacional e sai paras as ruas, aqui demonstrado em foto de Evandro Baravieira, quando o protesto passava pela avenida Rodrigues Alves, em algo mais do que necessário e agora, num noutro momento, quando para vergar de fato a perversidade em curso, será preciso não somente um ato, mas não sairmos mais das ruas, lutas, embates e confrontos.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (91)


TRÊS POETAS NA ESTRADA, RUAS E SUANDO NA DIVULGAÇÃO DO QUE PRODUZEM – AMANDA, BLIMER E FÁBIO
Eu quando circulo pelas ruas da cidade vejo gente se virando em todas as esquinas e isso se dá hoje por todos os lugares. Cada um tentando, ao seu modo e jeito, um lugar ao sol. Nestes tempos mais que bicudos, piorados com a pandemia e o descaso de governantes ineptos e milicianos, o país ficou ao deus dará, cada um por si e mesmo assim, todos na intensa luta pela sobrevivência e encontrando tempo para escrever, produzir e poetar. Hoje ressalto algo de três destes, dois já conhecidos aqui por escritos anteriores e um, recém chegado. Histórias que se unem na adversidade ou no gosto pela escrita marginal, em forma de protesto, resistência e sobrevivência. Escrever destes e ao observá-los, um fio de esperança, enfim, não sei como ainda conseguem diante de tanta coisa jogando contra. Olho pra eles e imagino que, no passado, outros tantos já passaram por algo similar, muito parecido e numa comparação simplista, somente duas, os comparo com LIMA BARRETO e CHARLES BUKOWSKI. Ambos escreviam assim do mesmo jeito, entre “sangue, suor e lágrimas”. Um breve texto de cada um e assim a minha percepção destes tantos tirando leite de pedra.

1.) AMANDA HELENA é velha conhecida, mora bem atrás da Anhanguera, entre as avenidas Nações Norte e Moussa Tobias. Uma batalhadora e agora, com a crise mais do que instalada, tudo pela hora da morte a vejo escrevendo mais e mais. Acho até que, escreve melhor agora, numa pegada mais forte, de alguém cuspindo sangue ou fogo. Seus escritos ela vai repicando pela sua página nas redes sociais e após a leitura, é como ser socado no estomago. Ela não nocauteia, mas fere fundo. Eu sinto o baque e cada vez gosto mais. Ele pulsa a rua, sentimentos de quem padece, mas não entrega os pontos. Agora, tirou leite de pedra e está lançando um livro com seus textos, crônicas e poesias, algo que só ela mesmo sabe como conseguiu produzir. Muitos a ajudaram e ela, juntou seus escritos e ainda neste final de mês sai do forno sua mais nova cria, o “Cavalos Insones em Galopes Alados”. O título sugere mil coisas, tudo ao mesmo tempo e é assim, instigando e provocando, que ela despeja mais uma obra fumegando e balançando a roseira. Ela faz e acontece, consegue pagar a impressão e vende quase toda a tiragem de forma antecipada, entre amigos, conhecidos, admiradores. Para começar a seguir e admirar Amanda, basta ler algo dela, daí impossível deixar de segui-la. Comigo assim se deu. Eis algo do que encontro dela na sua página no facebook:

Pedra
Se o nóia fosse Drummond fumaria a pedra
Se Drummond fosse o nóia não estaria no caminho
estaria de quabradinha
Se Pedro fosse a pedra seria Pedra
a trans mais abusada da quebrada, deceparia mais cem orelhas
na navalha
Se a pedra fosse filosofal montaria uma empresa
de pedrarias para filósofos que não sabem ser ou não ser
em suas agonias
Se minha vesícula fosse esperta seria agro seria pop
tiraria leite de pedra
ganharia mais grana que os Stonnes
bussiness lactose
se a sua pedra fosse um coração
bombearia sangue
nessa minha helcose.

2.) CLÁUDIO DOMINGUES KNOP, o poeta FLOYD dos sinaleiros da Duque de Caxias, vendendo sua poesia impressa em xerox pelas esquinas, é também BLIMER, agora sua nomenclatura, escolhida para lançar o que faz em forma de livro. Seu livro está distribuído pelas ruas de Bauru, entregue de janela em janela, dentre as pessoas que compram suas folhas. Na junção daquilo tudo, eis mais do que um livro. Ele não produz somente o que distribui nas esquinas, pois tem muito mais a oferecer e o faz também pela página de sua rede social. Blimer se desdobrou para lançar seu livro, ou melhor, ainda se desdobra, pois junta forças e tenta vender seu livro de forma antecipada, reunindo amigos e admiradores. Divulga seu fone, 14.965843491 e assim espera conseguir pagar a impressão e espalhar por aí algo novo. Será seu primeiro livro, pronto e já na gráfica, contando com amigos para diagramar, a preparação de bastidores. Sua poesia é a do asfalto quente – diria, fervendo -, pulsante e assim, igual ao que escreve, toca sua vida, atribulada, intensa e pulsante. Só ele sabe as condições para escrever e produzir, mas é assim mesmo, entre trancos e barrancos, sua cria está sendo parida e “Memórias de Blimer”, o título deste pontapé inicial, estará nas ruas, esquinas e para quem não o conhece, eis algo retirado de sua página na internet, pois assim, já vão se inteirando das possibilidades do assumido estradeiro:

NAS TRIPAS DUM BOM EXU – 11/02/2014
Perdoa por eu jogar botão!
Perdoa por eu gostar de cão!
Perdoa por eu não saber
Ecoar nem o “si” e nem o “sol”!
Perdoa por eu me relaxar!
Perdoa por eu ser tão vulgar!
Perdoa por eu existir
Sem lugar nem ninguém!
Perdoa por eu me distrair!
Perdoa por eu me descobrir!
Perdoa por eu te fazer achar
Que eu me instalei nu
Nas tripas dum bom Exu!
Perdoa por eu pouco amar!
Perdoa por eu amar demais!
Perdoa por eu não saber
O que é, de fato, o amor!
Perdoa por eu beber o mel!
Perdoa por eu voar no céu!
Perdoa por eu te presentear
Quando carreguei a cruz
Nas tripas dum bom Exu!
Perdoa todas as minhas secretárias!
Perdoa todos os meus atletas de ironman!
Perdoa todos os meus seminários!
Perdoa todas as enciclopédias que não vou ler!
Perdoa por eu não ser tão bom!
Perdoa por eu errar o gol!
Perdoa por eu pisar na bola
No meio da competição!
Perdoa pelo que me traduz!
Perdoa por ter perdido a luz!
Perdoa por eu me organizar
Quando quis ser o que não fui
Nas tripas dum bom Exu!

3.) FÁBIO VIEIRA DE ALENCAR é um poeta de Teresina PI e aqui aportou tempos atrás em busca de algo prometido, um trabalho na ferrovia. “Estou desempregado, fui desligado da empresa que estava trabalhando na sexta feira, fiquei apenas três meses, a experiência, eu estava trabalhando na manutenção da linha férrea aqui. Dos oito contratados ficaram apenas três”, filho de pedreiro e costureira, começou a escrever desde muito cedo e sua trajetória nós daqui, com sua chegada estamos ainda conhecendo aos drops, aos poucos. “Vim por convite de uma companheira de minha terra, o tal "lugar ao sol" é para os que tem berço, sobrenome e para bajuladores de políticos, raramente a competência era valorizada, fora outras coisas pessoais resolvi vir. Cheguei em janeiro e de lá para cá, já vi e percebi a diferença. Estou no grupo Expressão Poética , já fiquei classificado em um concurso de poesia e foi a primeira vez que ganhei dinheiro com poesia rsrsrs. Vou participar de uma antologia poética do grupo, onde fiz parceria com artista, desenhista daqui, poesia em forma de HQ. Já estou preparando um livro e só dei um freio por ter perdido o emprego. Tenho as poesias separadas, vai ser um livro subdividido em três - Cidade suicida (caso não saiba, Teresina é uma das cidades com o maior índice de suicídio no Brasil), cidade solidão e cidade boêmia. Já criei a capa e tudo. Tem uma poesia minha, que com umas parcerias que conheci no grupo, vai se tornar uma película, um curta, fizemos três reuniões, paramos por conta da pandemia”. Em tempo: Fábio vai ilustrar o livro do Blimer, o Cláudio dos semáforos. Ou seja, Bauru ganhou mais um poeta e precisamos conhece-lo, daí escolhi dentre tudo o que vi em sua página no facebook uma só para o pontapé inicial:

JÁ JAZ AO NASCER
Tudo já jaz ao nascer
toda fuga é fugaz
pois a morte amordaça
o ancião
o infante
e o jovem
a noite nada nota
ou se importa
a luz da lua
lambe o fraco e o forte
o nobre e o pobre
tudo já jaz ao nascer
o poeta perece
por cada palavra que escreve
inspiração
respiração
empíricas respostas
passos que o aproximam do abismo
o seol que seduz
sem ser percebido
tudo já jaz ao nascer
lícito
proibido
tudo tem o perfume perfeito
inferno e paraíso
... o cheiro do perecer.

Enfim, este HPA só se envolve com gente desta laia, a sua laia e assim, destes envolvimentos, saem meus escritos. Na próxima semana, Fábio quer me contar algo mais de sua trajetória, pois dos outros dois, já conheço algo. Sentaremos pra conversar, mas ele tem algo mais urgente antes de tudo. Precisa arrumar um emprego para se manter por aqui e aceita tudo o que vier pela frente. Poetas precisam comer...

PORQUE SE FAZ NECESSÁRIO IR PRAS RUAS AMANHÃ - OS JOVENS NOS LEVANDO PROS NECESSÁRIOS EMBATES
Os motivos do povo brasileiro ir pras ruas e colocar pra correr o mais rápido possível o seu Jair e toda sua thurma é mais do que conhecido de tudo, todas e todos. Amanhã, 29/05, sábado, em Bauru, como em muitas cidades brasileiras, ocorre um ato corajoso, ainda dentro deste período de pandemia, mas em alguns momentos se faz necessário a gente correr mais do que riscos, pois na continuidade do país como está, o caos será imensamente pior. Eu estarei envolvido nessa luta e tenho um motivo a mais além da luta pra deletar Bolsonaro.

Tem gente preocupada pela organização do ato, mas eu nem um pouco. Quando fiquei sabendo que a organização de tudo era da "molecada" bauruense, me empolguei ainda mais. Sabendo que estes são os organizadores, pensei comigo mesmo, "deixa a molecada fazer o que, nós, os com mais idade estamos deixando a desejar". Eu quero mais é comemorar deles estarem fazendo, propondo e nos empurrando para as ruas. Quero mais é ir junto, estar lá e me incluir, me ver dentro dessa e de quantas outras manifestações forem marcadas. No Chile e Peru a "molecada" também foi pras ruas e tratorou a pelegada, os que ficam só falando e pouco estão fazendo. Eu já imagino uns 50 "moleques" destes adentrando o PT e renovando tudo, bagunçando o coreto e impulsionando todos. Seria alvissareiro". Conhecido questiona: "A molecada é que marcou tudo, temos que fazer alguma coisa". Minha resposta: "Temos sim, urgente. Temos que ir junto deles, pois se não formos perderemos ainda mais o bonde da história. Feche os olhos, mergulhe de cabeça e desfrute, usufrua e façamos o que tem que ser feito. A molecada é ótima".

Isso tudo me faz lembrar de LEONEL DE MOURA BRIZOLA. Certa feita ele se pronunciou sobre isso dos jovens irem pras ruas e nós, os mais velhos, irmos à reboque, conduzidos por estes. "Tome o destino pelas próprias mãos, não confie nos políticos, façam vocês mesmos", disse ele e eu vou pras ruas para me juntar aos jovens, a dita aqui como "molecada", no sentido mais positivo possível, pois vigor e disposição não lhes faltam, não lhes faltaram em muitas outras oportunidades e que, agora e sempre, sigam embalando e nos conduzindo pra frente. Eis um link da fala de Brizola: https://www.youtube.com/watch?v=Vk_e8gVnDRw

Portanto, se tudo está no comando dos jovens e da "molecada", eis mais um motivo para estar nas ruas e lutas. Vamos juntos?

quinta-feira, 27 de maio de 2021

BAURU POR AÍ (190)


CANALHAS
Quanto mais eu abro os jornais, ligo a TV ou ouço rádios, a certeza de estarmos rodeados de CANALHAS. Como deixamos isso acontecer? Seríamos nós também um bando de CANALHAS? Eu até posso ter minhas canalhices, mas não exagero e nem sou da laia de gente como esses bolsonaristas, fundamentalistas, negacionistas, todos pregando o retrocesso, propondo agora até o fechamento de universidades públicas, como o faz neste momento, um desprezível e criminoso deputado carioca, que nem quero saber o nome, pois iria fazer um vodu bem forte contra sua pessoa. Enfim, parece que a razão perdeu a vez neste país, estado e cidade. Quem poderia imaginar que a cidade que um dia elegeu o velho Gasparini como prefeito, tendo depois um Tuga Angerami como prefeito, chegaria na sequência a ter uma Suéllen Rosim, digna representante do retrocesso e do atraso sentada na cadeira de chefe mor destas plagas? Quando a gente está rodeado de perversidade e na condição onde me encontro, beirando os 61, com pouca coisa a perder, o negócio é investir contra esses com as minhas disponíveis armas, que no caso se resume na escrita e nas ainda possíveis ações pelas ruas. Estou concentrado nisso e isso me move, pois está insuportável viver nesse sufocado e infeliz país, quiçá cidade. Como não sou "gado" sigo gritando contra a canalhice vigente.

A DANÇA DAS CADEIRAS ENTRE RÁDIOS BAURUENSES
Dias atrás levei um susto e ao ouvir o "Comentário Econômico" no InformaSom da rádio 94FM, programa matinal a reunir bate papo sobre assuntos diversos - a maioria com tonalidade conservadora -, eis minha grata surpresa, o indefectível e vulgo economista REINALDO CAFEO, que um dia chamei de CAMAFEU não estava mais por ali presente e o que se pronunciou de coisas relacionadas à Economia passaram a ter entendimento mais louvável, entendível, diria. Fiquei todo pimpão, achando que o cara havia sido defenestrado. E o foi mesmo, pois as informações que correm pela "Rádio Peão" dão conta de desentendimentos de alcova, no modo como se dão as falas e pronunciamentos. A 94 não vai mudar muita coisa sem o vetusto economista, só bocadinho mais arejada, mas para minha nada grata surpresa, corre comentários de que o gajo demitido já estaria se acertando com outra do mesmo tipo de modal conservador - não sabendo mensurar qual é a mais letal - e em breve estaria iniciando atividades radiofônicas pelas ondas da outrora rádio do Grupo Cidade, hoje pertencente a renomado médico local, a 96FM. A voz do representante da "Casa Grande", infelizmente, só vai mudar de endereço e continuará cuspindo barbaridades diárias nos nossos ouvidos. Essa a Bauru que segue altaneira pelos sons radiofônicos, ainda tendo a pérfida Jovem Auri-Verde, hoje emprestada para a Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan, divulgadora mor de fake-news por todos seus poros. Sintonizo a boa MPB, ainda possível pela Unesp FM e toco o barco. No mais, todas quando o quesito é Jornalismo, são farinha do mesmo saco. Seguem, neoliberais e até piores, indo além do direitismo pueril e mentiroso. Propagadoras de ódio e deste país que temos hoje.

A CPI DA PANDEMIA BORGUISTA DE BAURU É BOLSONARISTA
Meu dileto amigo, o capitão da reserva do Exército, o hoje inativo Darcy Rodrigues, 79 anos, não se segura nas calças e ao assistir os rumos dados pela CPI da Pandemia do Senado, esperando que o mesmo pudesse ocorrer por aqui, resolve propor para a similar CPI da pandemia algo parecido, sugerindo a imediata convocação do sr Walace Sampaio, o indefectível presidente do SinComércio para dar explicações dos motivos de agir totalmente contra os preceitos mínimos e básicos para se evitar contrair os vírus do momento.

Inquieto, liga para a Câmara para tentar ver se podia fazê-lo, mas ao saber que o propositor da referida CPI é o vereador Eduardo Borgo, bolsonarista e portanto, também concordando com todas as atitudes do sr Walace, vê que tudo o que iria propor seria mais do que infrutífero, pois se fosse convocado, iriam paparicá-lo, quando na verdade o correto seria inquiri-lo de forma dura, incisiva e quase como ocorreu com depoente mentiroso lá na CPI do Senado, com proposta de prisão pelo montante da obra.

Darcy revoltado relembra a mim do sr Frederico Trevisan, avô por parte de mãe do vereador Borgo, comunista de intensa atividade na cidade e também de seu tio, outro militante da esquerda e na comparação com a atuação do vereador bauruense na atualidade, só vergonha. "Henrique, como de geração pra geração, as pessoas saem totalmente diferentes uma das outras. Essa CPI da Pandemia de Bauru vai ser o oposto da de Brasília, pois aqui a intenção será levantar a bola para tudo o que Bolsonaro fez, inclusive escreva aí, devem enaltecer até a cloroquina". Sou obrigado a concordar com ele.

Enfim, como diante de quem está por detrás de cada investigação, tudo pode ter rumo completamente diferente um do outro. A CPI bauruense já começa desmoralizada e uma clara demonstração de como anda o país bolsonarista, caminhando para trás e sem investigar nada de relevante. Darcy, ficou mais do que incomodado com a esdrúxula situação e para dar mais uma demonstração de como tudo está desvirtuado e de cabeça para baixo aqui em Bauru, pede para que leia o que saiu hoje publicado na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade, carta do Walace, "Medida Inócua", que considera um acinte e a propositura da barbárie pandêmica, ou seja, Bauru mais do que fundamentalista e genocida. Eis o link da missiva deste no jornal para que todos sintam a quantas anda a perversidade pelas hostes bauruenses: https://www.jcnet.com.br/.../05/760950-medida-inocua.html

Daí, ainda me pergunta antes de desligar o telefon: "Será que Bauru ainda tem jeito?".

COMECEI ESCREVENDO DE RÁDIO E ASSIM TERMINO - A AURI-VERDE CONTINUA EXISTINDO E COM MESMO DONO
Hoje em Bauru uma rádio produz o que de pior existe no quesito Jornalismo Chapa Branca, quando produz descarada defesa de toda atrocidade e genocídio bolsonarista. Claro que, mesmo diante de outras perversas, a Jovem Pan, ops, a Velha Klan é insuperável. Está anos luz à frente das demais no quesito obscurantismo e seu diretor, Alexandre Pittolli, alguém a merecer desprezo e desconsideração por 99% de quem atua no meio jornalístico da cidade. Ele jocosamente chama a 94FM de Rádio Cafuné e a 96FM de Rádio Chamego, também o Jornal da Cidade de algo como fosse ele o único a defender escancaradamente os "donos do poder" local. O fato é que lá junto de onde Pittolli produz sua triste verborragia diária não deve ter espelho, pois não enxerga a própria face, nem se ruboriza na defesa dos preceitos da JP, um bolsonarismo doentio, escárnio para todos os a entender o que de fato se passa com o país.

Algo da Velha Klan. Poucos sabem, mas ela ainda se chama Jovem Auri-Verde e seu proprietário é a família do falecido Airton Daré. Quem a comanda por detrás dos bastidores é hoje o filho deste, que comunga das ideias propagadas pela rádio paulistana, daí ter aceito transferir a chancela para o movimento de ultra-direita que a conduz. Pittolli é capataz da empreitada, pois cai como uma luva no que a JP precisava. Esse jornalismo não goza de nenhum carinho por quase ninguém do meio jornalístico e os motivos são tantos. Cito um só para demostrar de quem se trata. Quando da transferência da Auri-Verde para nomenclatura JP, um dia ele marca reunião com todo o antigo quadro de funcionários para final de tarde e ali comunica, sem dó e piedade, que todos estariam desligados. Gente como João Costa, 40 anos de rádio e Barbosa Jr, outro tanto, nem puderam se despedir de seus fiéis ouvintes. Chico Cardoso já havia perdido o emprego pouco tempo antes e Rafael Antonio o faria pouco tempo depois. O ocorrido naquele fatídico dia foi um dos mais tenebrosos de toda história da rádio na cidade e ainda não foi devidamente esmiuçado e contado. Seus detalhes são escabrosos e revela bem quem é esse tal de Alexandre Pittolli. Se querem saber de detalhes converse com qualquer um dos desligados da Auri-Verde e pela mãos ainda sujas pelo dano causado para imortais figuras humanas e profissionais de renome na cidade.

O ritmo dessa rádio é esse, o dado por este senhor, assim ele age e assim a rádio prossegue conquistando incautos ouvintes. Para quem o conhece de fato, só repulsa. Imagine João Costa e tudo o que passou a seguir, bom tempo depressivo, por não ter conseguido nem se despedir de seus ouvintes. Tentem se colocar na pele de Barbosa Jr, Jorge Bongiovani, José Esmeraldi, Chico Cardoso e tantos outros. Assim se dá o ritmo de trabalho dentro da JP. Se tem quem aprove e goste, eu abomino e denuncio, pois isso passa longe de merecer elogios e apupos. Profissionalismo é outra coisa. Já ser Chapa Branca de Bolsonaro isso é com ele mesmo. Por fim, a família Daré é culpada disso tudo que aconteceu com a rádio e os seus mais de 60 anos de história em Bauru, pois aprovaram tudo e continuam aprovando. Se algo e alguém tem que ser cobrado, tudo deve ter início a quem hoje administra caladinho como se nada tivesse a ver com ele. Muita perversidade em curso.
Em tempo: Nunca devemos nos esquecer que, rádio no Brasil AINDA é concessão pública e sujeita a renovações de concessões e intempéries dos governantes no comando do país.

"É UM GRITO QUE SE ESPALHA, É UMA DOR CANALHA"
Quanto mais ligo a TV, mas um certeza, o que mais se espalha hoje e por todos os lados é um dor CANALHA. Esse o nome da canção com que WALTER FRANCO no Festival da TV Tupi, 1979, gritou bem alto, sem dó e piedade, esse lamento, hoje aqui repetido. é como se estivesse a gritar bem alto novamente, pois este país e cidade estão lotados de um bando de irrecuperáveis canalhas, gente da pior espécie conduzindo tudo e a todos para o precipício. Sigo cantando e gritando ao meu modo e jeito, contra esses Bozos, Walaces, cloroquinistas, Suéllistas e bando de conformistas, também fundamentalistas, todos no mesmo balaio da perversão. A estes todos o meu grito de "Canalhas". A canção está no álbum "Vela Aberta", 1980, que infelizmente tinha e perdi, levaram, emprestei, a enchente me fez jogar fora, mas a ouço via youtube.
Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=NZGXgnyGUW8
É uma dor canalha
Que te dilacera
É um grito que se espalha
Também pudera
Não tarda nem falha
Apenas te espera
Num campo de batalha
É um grito que se espalha
É uma dor
Canalha

quarta-feira, 26 de maio de 2021

CARTAS (228)


BAURU VIVE MUITO DO “QUASE” – E O PROJETO ESTAÇÃO EDUCAÇÃO, ONDE FOI ENFURNADO?
O ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta pode ser criticado por um monte de coisas, muitas pelas quais deixou de fazer, outras pela falta de empenho, noutras por não ter lutado a contento, em alguns casos por desinteresse em algumas questões e assim por diante. Eu mesmo já o critiquei inúmeras vezes por aqui e na maioria das vezes pelo seu envolvimento neoliberal, aliado dos tucanos, os quais sempre manteve relações próximas e, por fim, se filiou e com estes foi até o final do seu mandato. Críticas não faltaram, mas de algo não se pode negar, ele sempre esteve aberto ao diálogo. Ele podia não nos convencer e nem nós a eles, mas a conversa fluía. Muitos o anunciaram como um dos piores prefeitos da História de Bauru. Mensurar isso é difícil, discussão inócua e irrelevante. Hoje, passados uns 130 dias do desgoverno fundamentalista da novíssima (sic) prefeita Suéllen Rosim, já deu para se perceber que algo mudou no quesito relacionamento cidade/prefeito e para muito pior. Diria, imensamente pior. Diálogo é algo impensável, pois depois de três anos de mandato de Bolsonaro, ela sendo da mesma estipe e alinhamento político, o que se espera dela é o mesmo que dele, ou seja, NADA DE BOM.

Hoje mesmo vejo um deputado bolsonarista carioca apresentando projeto para extinguir uma universidade conceituada. As alegações são as mais bestiais e todas, uma por uma, se enquadram em como esse segmento miliciano, sectário de ultradireita enxerga tudo o que possa contribuir para educar e melhorar o discernimento da população. Manter tudo dentro de um padrão de emburrecimento é o natural, pois assim se prolongam no poder e ninguém fica sabendo de fato de como estão se dando o desenrolar dos acontecimentos. Aqui em Bauru, com a chegada deste pessoal ligado umbilicalmente ao Patriotas, a Bolsonaro e a ultradireita, tudo o que podia ter sido encaminhado e concretizado, tudo bem, ótimo. Agora, tudo o que ainda estava pelo caminho, muitas vezes até bem encaminhado, pode esquecer, pois ao passar pelo crivo dos novos administradores, visão estreita e tacanha diante das necessidades de desenvolvimento, tudo brecado, jogado na lata do lixo. A novíssima sentou na poltrona do poder, ou melhor sentou em cima de tudo o que estava encaminhado. Na área da Cultura todos tomaram conhecimento do corte, sem dó e piedade, nos projetos em andamento para fazer caminhar boa parte da classe artística.

Aqui conto outro e tenho que citar o ex-prefeito Gazzetta, pois ao menos o projeto existe, estava tentando ter tramitação normal. Trata-se de algo realmente revolucionário para Bauru, a “Estação Educação – Projeto de Reforma e Restauro da Antiga Estação Ferroviária da NOB”, ali junto da praça Machado de Mello. A grandiosidade do projeto envolvia não só a estação, mas todo o quarteirão do lado de cima da praça, quase todo deteriorado e, assim como a estação, chaga aberta no centro velho da cidade. Um baita estudo e projeto foram realizados e estavam em andamento, com a Secretaria da Educação tendo adquirido a área envolvendo o quarteirão entre a praça e a avenida Rodrigues Alves, possibilitando também o restauro de imóveis/hotéis tombados pela patrimônio histórico. Segundo Gazzetta, em depoimentos dados ano passado e também neste, “a coisa estava andando, tramites normais e lembrando que o dinheiro estava assegurado no QASE da Educação”. Havia um montante já disponibilizado e ele informa: “Deixei 23 milhões para essa finalidade”. Pelas fotos aqui apresentadas alguns dos 26 slides do projeto e grandiosidade da obra, o que seria contribuição primordial para revitalização do centro velho de Bauru.
Escrevo isso tudo e volto a dizer, projetos como esse estão acima de divergências políticas e não existindo possibilidades de desvio de função, superfaturamento, gastos desnecessários, desembolsos fora do combinado, aditivos despropositados, creio que, mesmo vindo de um adversário político, o mais sensato é sentar, conversar, debater e ajudar na viabilização. Penso desta forma e jeito. Olhei o projeto a fundo, vi como se daria o envolvimento do primo rico da Prefeitura, a Educação e achei tudo dentro de algo mais do que possível de acontecer. Bauru perdeu por preciosismo o restauro da Estação da Sorocabana e um conjunto de prédios residenciais no pátio junto da avenida Pedro de Toledo e agora, pelo que se percebe, está perdendo mais essa rica e única oportunidade. Se Gazzetta diz ter deixado reservado ou mesmo em caixa R$ 23 milhões para o pontapé inicial, devia existir no projeto o entendimento de como isso poderia se estender com mais recursos. 

E as perguntas que não querem calar agora, passados esses 130 dias de Suéllen são essas:
- por que não se fala mais neste projeto?
- ele vai ter solução de continuidade ou foi devidamente engavetado?
- e o que foi feito dos R$ 23 milhões a ele reservados?
Conclamo a Seplan, Obras, Jurídico, Finanças, Educação, setores de engenharia, arquitetura, ouvidoria, caladoria, “turma do amendoim”, faladores de plantão e tudo o mais para me ajudar a desvendar o que foi feito de tudo isso. Será perderemos mais essa chance de alavancar algo de louvável para Bauru? Não é possível. Sabemos por A + B que, com Suéllen a coisa precisa ser explicada didaticamente, convencimento para mastodontia, porém, diante dos fatos apresentados, até hoje não vi nenhuma justificativa, ou seja, não vi, li ou ouvi nada sobre esse projeto. Nem preciso dizer e me alongar nas possibilidades de tudo o que estava programado para ali acontecer, se de fato a coisa estivesse em curso, mas enfim, O QUE FOI FEITO DE DEVERA (De Vera)?

ADMIRAÇÃO PELO “CENTRO POP”
Nestes dias de angústia e onde estive devastando Bauru em busca do meu perdido cão, o Charles, felizmente já achado, vasculhei e revi muitos lugares. Conheci o CENTRO POP (Centro de Referência Especializado para população em situação de rua) quando estava na baixada da vila Falcão, naquela área que, infelizmente alaga, num amplo barracão, junto da rua Alfredo Maia. De todos os lugares da Prefeitura Municipal de Bauru este tem por mim uma admiração mais do que intensa e profunda. Tenho um especial carinho pela população vivendo em situação de rua. Dantes a gente denominava tudo e todos como “moradores de rua”, mas as nomenclaturas mudaram e hoje, dentro do politicamente correto, ficou acertado que o termo poderia denotar algo pejorativo e daí, os entendidos desses assuntos decidiram por “moradores em situação de rua”. Para mim tanto faz um ou outro nome, pois o que vale mesmo é a situação onde se encontram essas pessoas e a atenção a elas dispensadas.

Lembro aqui que mais de duas décadas atrás, um amigo que faz tempo não tenho mais notícia, certa feita me convidou para ser voluntário do Albergue Noturno. Fui com ele numa das noites e aquele universo me encantou, pois justamente naquele dia me deparei com um “viajante do tempo”. Foi para mim inesquecível aquela experiência. O cara já tinha viajado boa parte da América Latina e de passagem por Bauru, adorava contar histórias. Adoro os contadores de história e muitas vezes me deixo levar por estes, mesmo quando percebo estarem em engambelando, me levando na conversa. Sou “facinho” nisso de ser levado no bico. Na maioria das vezes até percebo, mas o interessante mesmo é ir deixando a coisa acontecer e ver onde vai dar. Naquela noite o cara contava histórias mais mirabolantes do que as tomei conhecimento o Che Guevara havia vivido nas andanças de motocicleta pelos descaminhos desta insólita América do Sul.

Eu sempre quis estar envolvido com esses estradeiros, esses tantos sem eira nem beira e conviver um pouco mais com estes todos. O tempo passou, creio já estava casado, tinha filho para criar, obrigação de trabalhar e sustentar família. O tempo passou e até hoje toda vez que passo diante do Albergue, ali na rua Inconfidência e vejo aquele amontoado de pessoas, fico a matutar comigo mesmo: como seria legal trabalhar num ambiente destes e não só me dedicar com afinco no entendimento da coisa, no trato para com este semelhante, mas também pela rica possibilidade de ouvi-los. Até hoje tudo isso continua no meu imaginário. Talvez um dia, quando adquirir mais coragem me inscrevo como voluntário e passe lá umas boas noites semanais. Se continuar dando tempo ao tempo, já nos meus quase 61 anos, talvez não mais consiga realizar o sonho, mas sei também que nunca é tarde para continuar pensando em como viabilizar a coisa.

O fato é que na semana passada, justamente quando estava na captura do meu cão fujão, passei pela casa de rações da Baixada do Silvino, onde compro rações, a do amigo Lúcio e ele, além de fixar cartaz por lá, me proporcionou o algo mais e dele escrevo. Fui com ele até a virada ali da esquina da Araújo Leite, já na Nuno de Assis, no novo endereço do CENTRO POP, que até então não conhecia. Fiquei maravilhado. Não sei quantificar se estão ou não num local adequado, se falta algo, se as instalações são suficientes, mas o que vi ali logo ao abrirem o portão e nos permitir o acesso foi para mim inesquecível. De cara um imenso pátio e ali muitos dos de rua descansando, tendo ali a possibilidade de lavar suas roupas e enquanto essas secam, descansam como podem, colchões e mantas espalhadas. Todos eles com cães. Percebi nestes dias que a coisa mais difícil nas ruas é se deparar com morador de rua sem a presença de um cão. E todos se dão maravilhosamente bem. São bem tratados. Desconheço um morador de rua que trate mal seu cão. Vi muito amor entre eles nesses dias de busca do meu perdido pelas ruas.

Lá no fundo do espaço, algumas salas e muitos circulando pela aí. Vi alguns com canecas, tomando café e comendo pães. Muitos atendimentos de várias espécies ocorrem por ali diariamente, encaminhamentos variados e mais do que uma “Ouvidoria”, pois pelo que se percebe, todos querem muito conversar, contar, pedir, gesticulam e estão ali muito em busca de um pouco de carinho e atenção. E de todos os funcionários envolvidos, pelo menos nos que vi, todos mais do que atenciosos. De algo tenho certeza, para trabalhar junto a estes, se faz necessário gostar, entender e ter disposição. Enquanto aguardava ser atendido, meus olhos correram por tudo e do que vi, só elogios. Gente valorosa, estes trabalhando ali. Muitos nos rodearam, pois como circulam pelas ruas, sabiam de antemão que, se tivessem notícias do perdido, ganhariam algum. Ao sair, vi vários em volta do cartaz ali fixado. Na parte da tarde do mesmo dia, passo do outro lado do rio e vejo duas veraneios da Polícia Civil ali estacionadas e uma pessoa sendo conduzida para a caçamba – ou porta-malas de um dos carros e isso não me assusta. Malandros existem em todos os lugares e ali não poderia ser diferente. Já me imaginei ouvindo as histórias deste que se foi. O que terá feito? Nada tão aviltante, mas como se sabe, pobre é desprovido de direitos e o lugar destes é na caçamba e nunca na garupa. Enfim, tudo são histórias e ali uma fonte inesgotável delas.

Passado uma semana do retorno do meu cão ao lar, hoje decido escrever do CENTRO POP e das lembranças do que presenciei, uma só certeza, a de estar mais do que disposto a lá voltar, talvez com uma espécie de salvo conduto, com liberdade para não só observar, mas conversar e escrever destes todos. Vou assuntar dessas possibilidades. Agora, meus caros, inevitável, toda vez que passo ali pela Nuno, torço o pescoço e até paro o carro por instantes e me ponho a olhar lá para dentro em busca de encontrar o elo perdido, as histórias que valem a pena sua descrição por inteiro. Desta vez que lá estive, estava me esquecendo, encontrei uma pessoa conhecida. Ela me reconheceu, se aproximou e perguntou: “Está me reconhecendo?”. Sim, estava e o disse de onde, garçom em alguns lugares da cidade. Eu já havia o visto na praça Rui Barbosa quando do último desfile do bloco do Tomate e sabia estava na rua. Infelizmente continua. Sua história deve ser das mais tristes e nem sei onde pernoita, se no albergue, debaixo de alguma ponte ou marquise. O que sei é que faz parte hoje das estatísticas dos que vivem nas ruas. Eles possuem muita disposição para contar suas histórias e pelo que me dizem, são tão poucos os dispostos a ouvi-los de fato. Creio que, já escrevendo sobre os do Lado B, como me disse outro dia a amiga Amanda Helena, "esses são o Lado C ou D, meu caro". Concordei e isso mais me estimula.

É TUDO OU NADA

terça-feira, 25 de maio de 2021

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (157)


PRA COMEÇAR O DIA
"O amigo revolucionário. O primo distante. A advogada habitacional. A jovem estudante. O irmão do meu amigo. A mãe da jovem estudante. A mãe do meu amigo. O pai do meu amigo. A Dona Benta. O Tio Barnabé. A Dona Hermínia. Os líderes indígenas. O primeiro beijo. O irmão de outro amigo. O colega de faculdade. O velho pediatra. O militante boêmio. O cirurgião genial. O ator boa praça. O cantor de baile. O Júnior, de Bauru. O ex-cunhado da minha amiga. O ex-sogro da minha amiga. O cantor reaça. O senador reaça. A jovem jornalista. O escritor. O dramaturgo. O Aldir Blanc. A especialista na linha de frente. O ex-cantor do Olodum. O ícone do soul brasileiro. O veterinário. O antigo flerte. 450 mil pessoas. O meu luto, a minha revolta", acordo e leio como primeiro texto do dia essa mensagem da amiga pirajuiense jornalista Cristina Camargo e ali tudo o que sinto depois de tudo o que passamos neste ano e meio. Vou ler os comentários e lá um de outra amiga, Tatiana Calmon, daí se completa tudo o que queria dizer e sinto: "Luto continuado... Estou me sentindo suspensa. Horrível. E cada vez que vejo alguém apoiando o monstro que patrocina tudo isso, me sinto ainda mais enlutada".
Obs.: Charge que aqui ilustra as duas citações, inspirada em Picasso, é do Aroeira.

O QUE FOI O 15 X 1
Muito se fala dessa expressiva votação ocorrida ontem na Câmara Municipal de Bauru, quando na maior movimentação do dia, união nada insólita e já esperada, foi barrada a Moção de Repúdio à iniciativa do Projeto de Lei nº 504/2020, aqui já explicada ontem em outra publicação. A vereadora Estela Almagro PT queria deixar expresso que, Bauru e sua classe política rejeitava algo criminalizando toda e qualquer pessoa ligada ao movimento LGBT, quando suas imagens forem veiculadas em propagandas. No projeto, inicialmente tentando vincular a propaganda infantil, mas na verdade, generalizando para tudo o mais, ou seja, só a menção de pertencer ao mundo LGBT um perigo, com punições mais que exageradas, diria mesmo, discriminatórias e bem ao estilo genocida.

A Alesp, adiou a votação, pois o projeto é escabroso e se aprovado, algo atentatório à liberdade num todo. Quer dizer, nem lá na origem do negócio, deve acontecer a votação favorável, mas aqui em Bauru, hoje reconhecido reduto fundamentalista, se deu um 15 x 1. Estela foi inocente, pois deu corda pra os boçais pegarem pesado, não só contra o projeto, desvirtuado nas falas do vereador Eduardo Borgo, como usar a tribuna para falar mal do PT, de Lula, do STF e tudo o mais. Ela falou por pouco mais de oito minutos e ficou reservado, um minuto e pouco para, se necessário, falar depois. Borgo veio e bagunçou o coreto, trocou as bolas e ao falar de crianças, enfatizou nisso e mesmo ciente do projeto ter outra conotação, engambelou a todos. Também falou por oito minutos e quando Estela voltou ao microfone, tinha pouco tempo e ainda, ao final teve que ouvir Borgo desfiar rosário de bestialidades sem poder reagir ao vivo.

Dizem que o pau quebrou nos bastidores, mas pouco sei disso. O que sei é que, outro vereador, o Meira, pede a palavra e sugere que Marcos Souza, vereador ligado ao movimento LGBT, diga o que acha do projeto. Só daí Marcos Fala, mas não o faz incisivo. Foi como se quisesse se desculpar e assim, deu mais gás para o massacre a seguir. Muitos outros ironizaram a iniciativa, como Chiara Ranieri. Deprimente, pois ocorreu ali algo constrangedor para os tais ditames democráticos. Deu para perceber que, se Estela, totalmente sozinha na Câmara, diante de tanto negacionismo ladeando-a, se não pensar melhor nas suas ações, perderá todas, pois assim eles já decidiram, isolar e estraçalhar.

Foi uma vergonha, bem com a cara do Brasil dos tempos atuais. Bauru tende a envergonhar cada vez mais as pessoas sensatas, decentes e entendendo de fato o que se passa. A maioria da Câmara hoje vai além do conservadorismo e diante deste 15 x 1 (o presidente, justamente Marcos Souza só votaria em caso de empate), algo mais do que evidente: Bauru retrocedeu muito, existem os conservadores, a direita e os ultradireitistas, todos unidos em prol de algo em comum. Muito tato para ir tratando de temas em prol da defesa de minorias, movimentos sociais, trabalhadores e batendo de frente com os interesses dos poderosos de plantão. Nesses cinco meses de Suéllen e dessa nova composição na vereança, creio que, com somente uma pessoa lá dentro propondo algo diferente, a estratégia daqui por diante terá que ser muito bem pensada, pois já se sabe, impossível ganhar algo, mas que ao menos fique demonstrado em cada nova sessão o quanto são ridículos, desprezíveis e pérfidos. Que ao menos se consiga, por quem se encontra isolada, ir mostrando a verdadeira face destes perfilados quinze vereadores a cada utilização da tribuna, pois do contrário, estará totalmente aniquilada. Sabe o "tudo dominado"? Pois é, plena vigência. Todos contra um e um contra todos.

DOS INESPERADOS REENCONTROS
Após o término do 46º Lado B - A Importância dos Desimportantes, meu bate papo semanal com personagens destas plagas, todos com boas histórias e relatos de vida pra contar, desta feita com um amigo conhecido pelas ruas e embates bauruenses, Montinegro Monti, violeiro e inquieto social, como também me entendo. Ao final da conversa, ele me envia outra mensagem e nela quase caio das pernas. Num áudio reproduz um recado que sua mãe, dona EMILIANA me envia. Primeiro ele me comunica, que sua mãe ao me ver na transmissão, diz que me conhece e conta de onde. Ela, creio que quando tinha lá pelos meus doze a quinze anos, mais ou menos, trabalhou em casa. A residência dos Perazzi de Aquino era onde é hoje o Mafuá, lugar onde cresci e vivi boa parte de minha vida, bem ao lado do rio Bauru.

Pois bem, dona Emiliana ia semanalmente em casa, residência de seis pessoas, pai ferroviário e professor, mãe professora, ambos num corre danado para criar os quatro filhos. Ela, dona Eni fazia muito, mas não dava conta de tudo e daí, algumas vezes vinham lhe ajudar nos afazeres domésticos. Uma dessas era dona Emiliana, de muita boa recordação, quando se deslocava lá da Santa Luzia - o mesmo lugar onde mora até hoje - e vinha em casa passar roupa. Quando via foto me passada pelo Montinegro, o sorriso de sua mãe me voltou à mente assim num estalo e com ele inevitáveis lembranças.

Reviver o passado desta forma e jeito é algo com pitada de inebriante prazer e contentamento. A cabeça de qualquer ser pensante pulsa delirantemente diante de lembranças dos seus tempos de antanho, ainda mais quando essas são mais do que agradáveis. Creio, que certa feita, não me lembro porque, fui conhecer a casa de dona Emiliana e a memória, mesmo cheia de falhas, guarda algo daquele dia. Não se a fomos levar depois de um dia com algum percalço, talvez chuva forte, mas o fato é que desde que seu filho me passou as fotos, aquele sorriso não me sai da memória. Com ele fui dormir ontem e com ele acordo hoje.

Ontem minha irmã me dizia não saber como se deu o fim das idas de dona Emiliana lá em casa. Eu muito menos me lembro. Seria muito para cabeça tão fervilhante e em polvorosa diante de tanta coisa a revolver lembranças, turbilhão de acontecimentos, mas sempre existe um lugar reservado para histórias como essas. Foi divinal ouvir da própria voz dela, no áudio a mim enviado, do quanto queria bem minha mãe, ou seja, tinham um relacionamento que ia pra além do serviço prestado. Não consigo me lembrar se ela algum dia levou algum dos filhos - sete ao todo - lá em casa durante seu horário de trabalho. Será que já tive contato com o Montinegro antes e não sabia? Talvez ela elucide isso quando por lá aportar, pois fui convidado, para junto dos irmãos ir lá na Santa Luzia. Iremos, mas não já, ainda não é o momento. Por enquanto, conversas pelo telefone e a voz a trazer lembranças mais que boas. Hoje paro tudo e batuco essas poucas linhas, pois precisava colocar pra fora algo do maravilhamento de certos reencontros, dessas possibilidades que a vida nos proporciona e só para demonstrar o quanto tem de bela.

UM DOS REIS MOMOS DE BAURU SE FOI HOJE, EDMAR BONACHÃO FUMACINHA DA SILVA - ENTRISTECIDOS, NÓS TOMATEIROS, GUARDAREMOS ESSA LEMBRANÇA DELE, NO DESFILE DO BLOCO PELO CALÇADÃO EM 2016
HPA - pelos tomateiros