sábado, 29 de maio de 2021

REGISTROS DO LADO B (47)


NO 47º LADO B, O CASAL PIRAJUIENSE, O ROCK E A MILITÂNCIA DE HELOÍSA E HELDER LEAL, AQUI JUNTOS E MISTURADOS, EM RELATOS PRA LÁ DE CONTAGIANTES
Num dia como hoje, quando parte significativa do país se levanta e vai pras ruas lutar pelo “Fora Bolsonaro”, nada melhor do que entrevistar aqui no projeto LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, um casal de militantes, destes que lutam juntos, irmanados pelo ideal de um país bem diferente deste que hoje temos. HELOÍSA ALVES FERREIRA LEAL e HELDER FERREIRA LEAL, vieram para Bauru, oriundos de Pirajuí, trabalharam até a aposentadoria juntos dentro do Fórum, num trabalho de atendimento ao público e paralelo a isso, enfrentando dragões e moinhos, nunca abandonaram a militância e uma vida de resistência. Contar a história de gente assim é dignificar a luta, apontar e mostrar caminhos, pois é com estes, valorosos, briosos e cheios de garra, a esperança na ponta dos cascos, que se faz a luta. Ambos nem são propriamente de Pirajuí, mas para lá chegaram bem cedo, ali se formaram e só saíram para exercer o trabalho a eles designado. Depois, quando a aposentadoria chegou, perceberam que Bauru estava enfronhada mais do que devia na vida deles e daí não voltaram para a aldeia de criação, mas por aqui permaneceram, filho criado e tudo o mais rolando. Enfim, histórias que não acabam mais.

A intenção nunca escondida destas conversas semanais é exatamente essa, a de contando e revendo histórias de vida, ir contribuindo, elucidando arestas e propondo algo transformador, caminhos desbravadores, galgados por quem escolheu o lado da luta e resistência para tocar sua existência. Considero ambos como originais, autênticos EMBAIXADORES DE PIRAJUÍ EM BAURU e dentro dessa constatação, nada melhor do que eles virem a público e revelar alguns dos segredos desta vida a dois, envolta em tanta história valendo a pena ser revivida. Conhecer um bocadinho das entranhas de uma típica cidade do interior paulista é algo mais que revelador deste tal conservadorismo, hoje tão latente e se mostrando com maior evidência por estes dias. Quer dizer, a conversa tem tudo para fluir em revelações pra lá de contundentes. Eu sei que ambos não irão desdizer da cidade de onde vieram, contando maravilhas do tempo quando fazia e aconteciam por lá. Saudosos, Helder conta que tocou muito rock por bares de lá e hoje, nenhum mais possibilita algo parecido e Heloísa, revela dos lugares por onde frequentou, com a saudade destes não mais existirem. Todos sabemos, os tempos são outros, tudo muda, não é possível viver só de saudade, mas reviver algo do já vivenciado e com olhos altaneiros, isso é mais do que possível.

Heloísa foi a primeira mulher candidata para cargo eletivo na cidade e justamente pelo PT, algo a ser lembrado, rememorado e contado em detalhes. Ela carrega consigo isso por onde ande, tanto que, brinco toda vez que a vejo ser ela a “futura prefeita de Pirajuí” e ele, Helder, ser o “rei do rock na cidade”. Ambos possuem histórias para contar e do registro, intercalando Bauru e Pirajuí, um tijolinho a mais nisto que me proponho a fazer, deixar registrado parte da história dos do Lado B, este que realmente conduz lugares, mas tem sua história menosprezada, quando muito contada em fragmentos ou nem contada. Resgatar isso é o que me move e ao vê-los reunidos para relembrar algo já feito, algo do que ainda está em construção, a certeza de estar contribuindo. Destes dois algo que não iremos encontrar é resignação e aceitação das injustiças e indiferença diante de tanta malversação hoje em curso. São corajosos, deste que colocam a cara a tapa, enfrentam tudo de peito aberto, possuem um lado e dele não se afastam. Ouvi-los neste momento é primordial e é o que faço a seguir, convidando tudo, todas e todos para seguir juntos, conhecendo um pouco mais de duas vidas entrelaçadas por tantos ideais transformadores. Imperdível.

AO FINAL DA CONVERSA:
Gente, confesso, eu saio de cada bate papo aqui revitalizado e energizado, pois só converso com pessoas a levantar meu astral, com vivência de luta, resistência e engajadas numa eterna luta por dias melhores para tudo, todas e todos. Como é bom demais ter amigos dessa laia. Eu não convido só amigos para participar dos meus bates papos, mas que culpa tenho, se todos meus amigos são gente desse quilate. Creio eu, que não sou só sortudo, é que estou engajado na luta pelo seu lado certo. Assim prossigo...

COMENTÁRIO FINAL:

Eu gosto de mais dessas conversas semanais e procuro a cada uma delas ir buscando temas e pessoas das mais interessantes e instigantes. Na dessa semana eu fui em busca de algo regional, algo ligando Bauru com uma cidade no seu entorno, Pirajuí, essa bem menor. Muitos vieram de lá para cá e estão aqui entre nós. Mas como era a vida lá décadas atrás. Que bom saber de uma efervescência e movimentação pulsante, lugares ponto de encontros de tantos que ali se encontravam para mostrar ser diferentes e assim se posicionarem, se mostrarem ao mundo. Ambos, tanto Hélder como Heloísa tiveram seus bons momentos neste ambiente e assim conseguiram se consolidar para o resto de suas vidas. Muito interessante o relato dela em como se deu suas influências, principalmente as que levaram para o campo político da esquerda. Uma militância que começou no período da ditadura militar e com pessoas que o combatiam. Assim se forjaram e nunca mais saíram das lutas. Ouvir os dois, juntos ou separados é ir conhecendo essa cidade, Pirajuí e o que cada um fez para conseguir ser o que são hoje. De lá, já cientes do que queriam da vida, vieram para Bauru e aqui se aposentaram. Daqui, dizem, que não mais saem. Mas também não se cansam de fazer o percurso de retorno, hoje mais para estar junto da mãe dela, doente, mas também para não abandonar de vez a cidade, a aldeia onde se criaram e possuem laços indissolúveis. Ambos se filiaram ao PT ainda na juventude, ela foi até candidata a prefeita por lá e aqui continuaram a militância se juntando com outros tantos que foram conhecendo por aqui. Por fim, falam sobre os novos tempos, este país onde a gente está dentro dele e ainda não acredita em tudo o que vemos acontecer. O que parece um sonho é a mais dura realidade e é assim que a gente tem de enfrentá-lo, até para saber como mudá-lo, fazendo-o, no mínimo, voltar a ser o que era. A história deles é de muita fibra e, confesso, foi uma bela conversa.

DESTE MATO NÃO SAI COELHO*
* Sai hoje publicado na edição semanal do jornal DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, o meu 15º artigo, escrito especialmente para publicação neste que é um dos melhores - se não o melhor - jornal impresso do interior brasileiro. Resistência e bom jornalismo é com eles mesmo.

"Tem lutas que o envolvimento é total, absoluto, pois existem reais esperanças de algo mudar, do sonho pelas conquistas se tornarem vitórias, algo consolidado e transformador. Nessas eu adentro de corpo e alma. Nem sempre se chega lá, mas só pela luta, aquilo dentro da gente mais do que arrebatador, vale muito a pena. Tantas vezes já quebrei a cara e tantas outras o farei, pois a vida é constituída exatamente disso, de lutas e causas pelas quais a gente se envolve e faz o possível e o impossível por elas. A causa sendo maior, tudo vale a pena.

Tem outras que a gente já se afasta só de tomar conhecimento em quem a conduz. Tem pessoas que só assinam e levam adiante certas causas para se autopromoverem e daí, embarcar nisso é o mesmo que levantar a bola pro cara ou algo pelo qual, de cara já se sabia não valer a pena. Cada pessoa tem um faro, um sexto sentido, algo que flameja dentro de si e mais do que perceptível vai percebendo quando tudo não passa de mais uma roubada. Nesses casos, o melhor mesmo é cair fora, manter distância e, se for o caso, até denunciar.

Escrevo estes dois parágrafos só para adentrar algo pelo qual, sei ser uma boa causa, mas conduzida por quem a arrebatou e dela faz seu palanque, melhor nem pensar em aderir. Rola aqui em Bauru uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito -, nos moldes da do Senado, investigando algo em relação à pandemia. No caso da ocorrendo em Brasília neste exato momento, por enquanto, apupos e rasgados elogios. Tomara consigam incriminar o miliciano que desdiz até hoje, não só da pandemia, como das vacinas e do bom senso. No caso da bauruense, um vereador declaradamente bolsonarista, Eduardo Borgo fez de tudo e mais um pouco para conquistar votos e ver algo parecido aberto, só que com intenções completamente diferentes.
Sendo bolsonarista, evidente que, nem resvalará em criminalizar o capiroto. Seu negócio é pegar no pé do ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta, quiçá também em João Dória. No caso da atual prefeita, escrevam isso, vai finalizar concluindo que, a novíssima (sic) não teve tempo suficiente para ser declarada culpada de alguma coisa, pois tem cinco meses de gestão, portanto, ainda se inteirando dos procedimentos. Até nos depoimentos já deu para perceber o embuste. Para com uns, os apaniguados, um tal de pegar leve e para os adversários e inimigos, a dureza do discurso fundamentalista tentando sangrar o calcanhar e fígado.

Para mim, pura perda de tempo. A conclusão é mais uma vez, dinheiro público jogado na lata do lixo e algo mais deste triste momento vivido por Bauru, quando a prefeita age seguindo os preceitos ditados pelo seu mentor. E os asseclas da destruição do país prosseguem no seu trajeto, sendo construído desde o golpe de 2016, primeiro destituindo Dilma Rousseff e depois, “com Supremo, com tudo”, aniquilaram um país e o tornaram essa boçalidade hoje vivenciada, onde sustentam a imoralidade com “um cabo e um soldado”. O único papel sensato neste momento é denunciar os que endeusam a perversidade e essa CPI bauruense é um exemplo evidente do enxugar gelo. O retrocesso tem nome e sobrenome por aqui e Suéllen Rosim e este vereador, Eduardo Borgo são próceres no assunto. Retrocedemos".
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

MIL PESSOAS NAS RUAS HOJE DE BAURU PELO "FORA BOLSONARO"
Bauru hoje pela manhã marca presença no FORA BOLSONARO nacional e sai paras as ruas, aqui demonstrado em foto de Evandro Baravieira, quando o protesto passava pela avenida Rodrigues Alves, em algo mais do que necessário e agora, num noutro momento, quando para vergar de fato a perversidade em curso, será preciso não somente um ato, mas não sairmos mais das ruas, lutas, embates e confrontos.

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