segunda-feira, 3 de maio de 2021

MÚSICA (198)


MORRENDO DE VERGONHA DE UMA CERTA BAURU
Impossível os lúcidos, de olhos bem abertos atentos não sentirem vergonha de muita coisa na Bauru dos tempos atuais.

Ouvindo uma velha canção, “Eu não sou daqui”, da dupla Wilson Batista e Ataulfo Alves, reflito mais sobre isso da vergonha de ir vendo fatos lamentáveis, muitos se repetindo mais e mais, desavergonhadamente nestas plagas, ditas e vistas como “Cidade Sem Limites”. Esse slogan por si só revela muito de quem o criou e como foi entendido até bem pouco tempo. Pelo visto, seus idealizadores deram um breque, pararam de utilizá-lo e o deixando de lado, acataram que, isso de “sem limites” ser algo onde os tais dos “Forças Vivas” fizeram e aconteceram, mas depois de tanto descaramento, acharam por bem não mais dele se utilizarem, até para não dar muito na cara.

Quer vergonha maior que essa de continuarmos sendo vistos como terra “sem limites”?

Então, lá na música, ela começa assim:
“Eu não sou daqui/ Eu sou de Niterói/ Sinto muito, mas não posso/ Aceitar o seu amor/ Na terra de Araribóia/ É que eu tenho quem me quer”.

Assim como o malandro da letra, no caso renegando o Rio de Janeiro, muitos o fazem nesse momento aqui em Bauru. Os motivos são muito parecidos, diria, similares. A própria letra sugere que, a coisa vai muito além de mero caso de amor. Algo muito parecido com o que se vê agora, chegando ao cúmulo da vergonha de ter nascido, crescido e vivido numa terra tão cheia de fatos, pessoas e procedimentos inacreditáveis, todos abomináveis diante da guerra travada entre os lados oponentes.

A mesma vergonha que o Brasil passa mundo afora, Bauru possui os seus próceres e ela é do mesmo tamanho e envergadura. Ambas são irmãos univitelinas, carne e osso, farinha do mesmo saco.
Nessa manifestação ocorrida em Bauru no dia 1º de Maio, exatamente no Dia do Trabalhador, uma insanidade como não se esperava nesta cidade, com muita gente mais do que esclarecida, porém, mesmo diante de tudo o que Bolsonaro fez, faz e fará, continuam a lhe prestar cegamente apoio. Num país sério isso seria inconcebível, inaceitável. A repugnância para com este ser inominável é mundial. Dias atrás um casal de amigos morando em Portugal visitando casal de portugueses, ao chegar na casa destes foi recebido com: “Temos que te dizer algo, aqui temos vergonha do que esse seu presidente faz com o Brasil e se vocês o apoiarem ou pensarem igual a ele, não serão bem vindos nesta casa”. Ao deixarem claro serem oposição a tudo o que ele representa, as portas foram abertas. Isso se passa em igual teor mundo afora. Uma vergonha sem fim para tudo o que representa Bolsonaro.

Aqui em Bauru e parte do país, existe a minoria que o apoia. Fingem desconhecer os motivos dos pedidos para seu afastamento imediato e até para ter seu nome incluído como perigo mundial. Um apoio de gente que, por si só, pensar como ele e o defender, perversos de igual teor. Essa a grande vergonha: como estes ainda conseguem apoiar um criminoso miliciano com tanta maldade, perversidade e crimes nos costados? Só mesmo a surrealidade deste momento para explicar.

Creio não se fazer mais necessário citar a cada novo texto, item por item o montante destes crimes. Como a pandemia foi tratada no Brasil é de um agravante sem precedentes. Bolsonaro fez tudo para desdizer o que prega a Saúde, A OMS e seguindo algo ainda não bem explicado, clamou por medicamentos imprestáveis para a finalidade específica da Covid-19. Essas pessoas não enxergam isso? Enfim, como se trava um conversa com esses? Estariam todos acreditando mesmo que a pandemia é coisa de comunista?

Bauru está emburrecida muito além do que se pode imaginar. Aqui, como se sabe, 75% dos votos na última eleição recaíram na pessoa do capiroto. Disso subentende-se o grau de envolvimento que os fake-news tiveram e continuam tendo na mente dos desprovidos de capacidade de raciocínio lógico. Portanto, não é surpresa nenhuma observar uma manifestação ocorrendo em prol da bestialidade em curso. Reflete muito bem q quantas anda a mente do bauruense. Vergonha é para os de outras paragens, tendo Bauru no passado ter sido reduto de resistência, hoje vergada sob o manto de nascente fascismo.

Aqui, como se sabe, está sendo gestado o Ovo da Serpente, que primeiro tenta a todo custo enfraquecer e defenestrar o governador João Dória. Esse agrupamento de ultra-direita , o Reage SP, encabeçado aqui pelo prócer do SinComércio, Walace Zeca Diabo Sampaio é o baluarte do conservadorismo mais pueril e safado que se tem notícia nos dias de hoje. Além deste papel, o outro, bem explícito e alavancar Bolsonaro. Essa a mentalidade deste grupo, da mandante atual, a novíssima (sic) prefeita de Bauru, Suéllen Rosim, com envolvimento de parte significativa da mídia, Judiciário, Câmara Municipal e instituições classistas. Um conluio de ultra-direita já está botando as manguinhas de fora.
Disso tudo, algo perpassa todas essas ações: VERGONHA.

Impossível não associar o que se vê com a música aqui citada:
“Juro, tenho compromisso/ Seu moço, preste atenção/ Do outro lado da Baía/ Empenhei meu coração/ Vou embora até loguinho/ Por favor, não leve a mal/ Estou em cima da hora/ A barca deu o sinal”.

Muitos, dentre os quais me incluo, bem que gostariam de fazer isso. Envergonhadamente se dizer não bauruenses, mas não dá. Nasci, me criei e vivo aqui. Encaro a coisa de peito aberto, enfrento tudo isso aí formatado e tento ao meu modo e jeito ir colocando pedras no sapato destes. Uma aqui, outra acolá e se juntando a tantas outras, na somatória, tenho a mais absoluta certeza, venceremos essa ultradireita. Eles não são tantos assim e nós, os sensatos, os que posicionam a favor da vacina, contrários aos desmandos deste desgoverno tornando o país um pária mundial, conseguiremos reverter isso tudo. Eu creio, assim como o ex-capitão está por um fio, esse grupelho hoje a nos envergonhar, ficaram chupando o dedo num curto espaço de tempo. Vamos nos unir neste sentido e por pra correr a VERGONHA que hoje sentimos de Bauru e dessa parcela de bauruenses e brasileiros.

OBS.: Para ouvir essa canção, ela está no CD “Eu me transformo em outras”, Zélia Duncan, 2004, através do link: https://www.youtube.com/watch?v=TJN5xNI_bb8 . Já pensou neste HPA cantarolando “Eu não sou daqui, sou de Araraquara ou mesmo de Niterói”.

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