quinta-feira, 31 de outubro de 2024

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (193)


JOSÉ GENOÍNO PASSOU RAPIDAMENTE POR BAURU E FUI VÊ-LO, OUVIR O QUE TEM PRA NOS DIZER
JOSÉ GENOÍNO é um dos raros políticos autênticos, pelos quais ainda coloco a mão no fogo. O danado não se desviou de seus princípios e continua como dantes, honesto e perseguindo seu ideal, o de que um outro mundo ainda nos é possível. Esteve em Bauru à convite do curso de Jornalismo da Unesp Bauru. Numa quarta, 30/10, 9h da manhã, sala cheia, ele foi convidado a falar sobre os efeitos do Golpe de 64 e de todos os demais sob os costados dos brasileiros, enfim, "Cicatrizes do Golpe sob o olhar de um sobrevivente". Estiveram na universidade bauruense sob coordenação dos professores Tarcila Lima e Jefferson Goulart. Por quase uma hora falou e para surpresa geral, principalmente junto aos estudantes presentes, estes se mantiveram longe dos celulares e atentos. Ou seja, existe como prender a atenção destes e poucos ainda conseguem fazê-lo. Vi Genoíno conseguindo e de tudo o que ouvi e anotei, repasso algo, além de um áudio com a parte final de sua fala:

"A memória interfere no presente. Não posso desvincular o golpe de 64 com o ocorrido no 8 de janeiro. O Brasil possui encruzilhadas históricas, começando em 30, sendo quase sempre resolvidas de forma autoritária. Uma saída autoritária sufocada pela história da invisibilidade. Toda vez que tentaram uma ruptura democrática, o golpe se impôs, sempre pela força. A dominação política sempre foi violenta. Ou a esquerda se domesticava ou era eliminada, esse o dilema. Daí a importância da memória, ela é subversiva.Nela, o passado estará sempre presente.

Um país que busca resgatar sua identidade precisa estarsempre atento. Na minha geração, a juventude viveu intensamente o processo revolucionário. Tínhamos três opções, nenhuma outra. Era ir para casa e aguardar ser preso, ir para o exílio ou resistir e lutar. O movimento onde estive inserido, primeiro clandestinamente e depois anistiado, esse meu caminho, meu destino é o de lutar por uma sociedade libertária. Caminhei no fio da navalha, junto de minha geração. Chegamos ao poder com Lula, fizemos muito, porém nos esquecemos de conquistar a cabeça das pessoas. Pagamos o preço.

Com a classe dominante brasileira não tem papo, ela nos rejeita, nos conhece e não quer que façamos nada pelo povo. O capitalismo não foi feito para salvar o povo, mas o capital, os bancos, os especuladores. O processo histórico é crucial para vermos como caminhamos. O PT é uma experiência histórica de 40 anos e daí, a pergunta, por que o PT é rejeitado? Simplesmente por defender os de baixo. Aqui as mudanças são para que nada mude. O Governo Lula vive um dilema, numa luta contra o credo neoliberal. Hoje, a classe trabalhadora fundadora do PT não existe mais. O futuro está interditado, era lindo, mas hoje é uma sombra escura. A História é o instrumento para a luta pela transformação, essa que luto e lutaremos uma vida inteira".

Eis a gravação, feita por mim, do final dessa fala: https://www.facebook.com/100000600555767/videos/487036704385950/

Após a fala, começam as perguntas. Não as anotei, mas sim, as respostas dadas por ele. Os assuntos e temas variam, se alternam, nada prejudicando o entendimento: 

"Toda vez que a esquerda namorou com a toga, batina ou farda, não se deu bem. Eu acato, aceito, confirmo algumas decisões dos de toga, mas sei muito bem o que fizeram contra Lula. (...) Não está tudo bem com o PT. Para enfrentar esse porão se faz necessário uma luta de reconcientização, renovar as experiências de raize se unir. Onde o PT enfrentou o poder constituído ele foi para o 2º Turno e onde se omitiu, perdeu feio. Há uma potência ainda não explorada, temos que trabalhar melhor o mundo. Meu papel hoje é vijar o país inteiro, sou um militante. (...) O sistema quer que pensemos como ele, sempre pelo consentimento. E precisamos do contrário, do enfrentamento. A mídia corporativa é dominada pelo sistema corporativo. A religião deeve ser a lei da consciência, não a do dinheiro, da dominação. Estamos vivendo um risco muito grande. Estamos pisando num solo quente. Temos que enfrentar e não recuar, se omitir ou se aliar com quem sabemos é contra o Brasil livre.

Nosso sistema eleitoral é oligárquico, controla o poder, a mente das pessoas. O Lula devia dar mais importância ao BRICs do que o G20. Se você não tem sua região controlada, sem conteciosos, um problema. Integração é passo importante. O mundo caminha para um conflito em escala mundial, com emergência climática, fome, pandemia e guerras. Ou a esquerda luta e combate ou morre junto, pois o sistema está podre. A esquerda não pode ficar quieta. Querer ganhar votos cedendo é um erro. Eles todos sabem quem somos e de nada adiantará pegar leve. A esquerda tem que ser protagonista, porque temos história e essa nos autoriza a lutar de cabeça erguida. 

Lula tem que dar certo. Se ele der errado, sai de baixo. Não temos, não existe outro caminho. Não proponho reformas, luto por marcar posição e enfrentar. (...) Educação e direitos essenciais não podem ser submetidos ao lucro. Você só conserta o que ocorre na Educação se dialogar com quem nela se encontra. A extrema-direita veio para ficar, ela é encubada na crise do neoliberalismo. A esquerda não pode se afastar dos deserdados da terra e do emprego. Para ganhar a nova classe trabalhadora precisa elaborar novo discurso, fazer fóruns permanentes em comum. O neoliberalismo só aprofunda a crise e as cidades são o pqalco da tragédia social. Impossível governar uma cidade só com prefeito e vereadores. Ganhar a sujetividade das pessoas, a esquerda precisa caminhar junto das pessoas, fazer um discuso com nova nomenclatura.(...) A felicidade individual não muda nada, pois é a negação de qualquer perspectiva. O outro é que é fundamental. Os jovens são educados cada vez mais para competir entre si. O PT abriu mão da formação política, criar um ambiente saudável para que as ideias floresçam. Destronando a política, criminalizando a sociedade, isso faz o cidadão se afastar cada vez mais da política. Quando o cidadão nega, ele se abstém de tudo. 

Defendo a política enquanto autonomia do sujeito. Fazer política é a maneira de viver na sociedade. O mesmo que se abstém hoje da política, pode muito bem, amanhã apoiar um golpe. A não política leva as pessoas a acreditar numa enganação. Votar, participar e sugerir, eis o que devemos fazer. A formação política deve ser algo bem amplo, com experiências programadas. Hoje somos assaltados pela informação e não pelo conhecimento. Tento em cada oportunidade, trazer otimismo para as pessoas. E a universidade deve sempre, ir além da sala de aula". 

Anotei tudo o que consegui e aqui, só agora, um dia depois, consigo sentar e decupar, passar aqui no formato de publicação, passando adiante algo que, acredito, possa interessar a muita gente. De Genoíno, algo mais. Ele na chegada foi abordado pelo Amantini, na TV Preve com solicitação de entrevista. Pergunta para o jornalista em qual ógão trabalha, se era algum hegemônico. Com a resposta de ser imprensa regional, amplo espaço para o outro lado das questões, dá a entrevista. Todos os sensatos deveriam agir assim, não mais falar com quem mente nos apunhala a todo instante. 

Encerro com um "lutar é preciso".

e pra não dizer que não falei das flores
A CABEÇA DO POVO QUE MORA NO MAIOR E MAIS POPULOSO ESTADO DA FEDERAÇÃO

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (177)


TUDO SÓ PELA CABEÇA DA REELEITA
A dita e vista por mim, pelo conjunto da obra, como incomPrefeita, numa denominação muito adequada, pois não vejo nenhum plano concreto de trabalho e sim, a cada nova atitude, algo vindo de sua cabeça, sem nenhuma discussão com a cidade. Pensando nisto e após o ocorrido com o chafariz da praça Rui Barbosa, quando numa manhã todos são surpreendidos com tratores o colocando abaixo.

Guardião, o super-herói bauruense, prevê ações dessa natureza, como naturais dentro do modus operandi da alcaide e assim sendo, emite sua opinião sobre os acontecimentos: "Dela, a alcaide que não ouve ninguém, a não ser os seus, os que nada ou pouco entendem da cidade, decide de forma isolada eliminar o chafariz da praça, como fez tempos atrás com tudo o mais lá pelos lados da praça Machado de Mello. Lá na outra praça, só não derrubou tudo, pois alguns imóveis ainda são tombados pelo CODEPAC, porém, na Rui Barbosa, mesmo com todo cuidado que se deve ter com um obra, já discutível, de um conceituado arquiteto, já falecido, derruba tudo e apresenta um projeto, não se sabe de quem e o mínimo é uma previsão macabra de suas intenções", começa desta forma sua fala.

"Tudo faz parte de um triste roteiro, algo que sempre termina com uma bola nas costas da cidade, uma jogada sem nenhuma articulação, para atender não se sabe a que intenções. Desconheço quem foi ouvido para ela ter tomado tal decisão. Agora que tudo já está colocado abaixo, ela diz ter um projeto, fala a respeito, porém nem o nome do dito cujo arquiteto que se sujeitou a colocar seu nome em algo tão descabido é do conhecimento público. De imediato, a primeira impressão é a de que, ela fez tudo isso para encurralar mais os moradores em situação de rua, fazendo dali seu habitat. Segundo se diz pela rádio Peão, ela se sentia incomodada com o trânsito liberado destes no lugar e assim, desce a marreta, remove seus destroços e no lugar, diz ter um projeto, mas oficialmente, já pensando no final do ano com o terrão ali exposto, planta grama. Seria hilário, não fosse trágico", diz.

Essa fala de Guardião é feita em cima de um importante dado comparativo, o da alcaide já ter, como se diz no jargão policial, não possuir bons antecedentes no quesito realizações públicas. Guardião explica mais detalhadamente essa provável hipótese: "Lembram-se quando ela comprou aqueles imóveis todos, pagando os olhos da cara, nenhum com planificação de utilização séria? Pois bem, comprou, pagou e a maioria está até hoje jogado às traças. Isso até hoje está envolto em névoas inexplicáveis. Fez o mesmo lá na Machado de Mello. Alguém sabe a destinação que ela imagina fazer com a edificação, por exemplo, do Hotel Imperial? O que se vê, passado mais de um ano da desmedida demolição, foi a colocação de pedriscos no local, facilitando a vida de fiéis numa igreja neopentecostal, que a utiliza como gratuito estacionamento. Agora, na Rui Barbosa, algo idêntico, após operação espetaculosa, com promessa jogada para o futuro e grama no lugar do chafariz", continua.

Guardião é bom de memória e tem recordação de algo ocorrido recentemente em Ourinhos, quando numa administração passada, colocam também abaixo um chafariz e instalam um modernoso no lugar: "Eu me lembro bem, a justificativa foi também a higienização do local, daí uma obra grandiosa, com água subindo aos céus de forma sincronizada, lindo de ver. Depois de umas três utilizações pomposas, com aparaço midiático, nunca mais foi ligado e hoje está esquecido, jogado as traças e tudo lá juntando poeira. Gastos desnecessários, feitos sem convincente explicação. A previsão, já pelo ocorrido em outros locais em Bauru, durante administração Suéllen Rosim, é que aqui se repita o mesmo. Talvez ela até conclua a faraônica obra, pois gosta de gastar, sendo inaugurada com muita pompa e depois, o esquecimento e seu pensamento voltado para uma nova obra, um novo gasto e tudo sem nenhum sério planejamento. Assim se dá o desGoverno e a administração de Suéllen", encerra sua fala de forma apoteótica o intrépido super-herói bauruense.

OBS.: Guardião é obra do inconfundível traço do artista Leandro Gonçález, com pitacos escrevinhados deste mafuento HPA.

DUAS IMAGENS DIZENDO MAIS QUE MIL PALAVRAS
Na mais central praça da cidade, a Rui Barbosa, existia um histórico chafariz, barbaramente destruído. Em seu lugar promessas e em substituição, grama - faltou a vaquinha pastando -, ficando do lado de fora, apartados, os moradores em situação de rua, impedidos também do acesso à água. A incomPrefeita se supera.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

RELATOS PORTENHOS /LATINOS (136)


DESCOBRINDO COMO O MUNDO SE MOVE HOJE EM DIA, ATRAVÉS DE UMA CONVERSA SOBRE APLICATIVOS COM CRISTIANO ZANARDI
Estive no último sábado, 26/10, no SESC Bauru e lá reencontrei velho amigo, o fotógrafo CRISTIANO ZANARDI. Meu velho conhecido, de uma boa experiência jornalística na cidade, a com o diário impresso Bom Dia. Ele foi um dos fotógrafos do jornal e nessa função, desbravou o interior - e o exterior também - desta insólita Bauru. Registros memoráveis o imortalizaram como um dos expoentes no ofício. A partir dali o vi deslanchar mais e mais na carreira.

O Bom Dia se foi e Cristiano Zanardi ficou. Por um bom tempo deu aulas de Fotografia, sua especialidade, disciplina dominada pela sua excelência e prática, na unidade local da UNIP e outras escolas e universidades. Seguiu assim até a chegada da pandemia e a partir daí, todas as revoravoltas já conhecidas. Ficou cada dia mais difícil viver do ofício fotográfico, ainda mais quando as aulas rarearam e todos, com um celular nas mãos, se acham hoje fotógrafos.

Zanardi passou a frequentar eventos variados e fazer o que a maioria dos profissionais faz para ir se safando em bicudos tempos: ia aos eventos, onde existissem, desde shows, jogos de futebol, apresentações variadas, espetáculos idem e tudo o mais que lhe aparecida pela frente. Fotografava tudo e tentava vender suas fotos. Verdadeiro trabalho de formiguinha, incessante, cansativo, muitos obstáculos e lentos resultados.

Abro aqui um parenteses para tentar demonstrar a quantas andam os atuais empregos nestes tempos, enfim, o que aqui me trás. O tal do aplicativo veio mesmo para ficar. Com o UBER foi assim, engolindo os táxis e também na forma como o trabalho era até então tocado, com carteira assinada e leis trabalhistas de proteção ao trabalhador. Depois vieram outras formas do exercício do tal do aplicativo, como o AIRBNB, simplificando o procedimentos dos aluguéis para imóveis em pequenas temporadas, tirando ganho certo de muitos hotéis. Depois, com algo além, outros aplicativos e com estes, preços mais convidativos para compras por este intermédio. 

Olho para os lados e vejo empregos cada vez mais precarizados, tudo fazendo parte dessa tal de necessária modernização, engolindo como um tsunami tudo o que até então estava consolidado. A grande novidade destes tempos é que a maioria dos negócios hoje são fechados através destes aplicativos. Enxergo detrás de tudo, um grande capitalista, monopolizando tudo, cobrando um percetual e tendo lucros alvissareiros. Um só dominando todo o mercado. No Mercado Livre vejo isso bem latente. Eu mesmo, preciso comprar pneus novos para o carro, procurei na cidade e os acho por R$ 1 mil reais cada. Através do Mercado livre, o mesmo pneu por R$ 600 reais e ninguém na cidade consegue cobrir este preço. Ou seja, o Mercado Livre, nada mais é do que um grande aplicativo. E, no segmento da fotografia não podia ser mesmo diferente.

Zanardi se dobrou, entrou na onda e não se arrepende. Desde que, descobriu os tais aplicativos no seu segmento, se juntou a estes e viu sua renda alavancar. Continua indo a variados eventos, tira as fotos e deixa seu cartão com todos interessados, como pais de garotos em escolinhas de futebol. Estes entram no aplicativo e lá, direcionados para seu nome, encontram as fotos com tarja de marca d''água, só removível após o pagamento. Escolha feita, pagamento efetuado, é descontado o percetual do aplicativo e o restante cai em sua conta e na do cliente a foto sem a marca d'água. Explicava que, quando num evento com milhares de fotos, o cliente ao ingressar para procurar as suas fotos, não precisa vasciulhar todas, mas é logo direcionado para vê-las através de reconhecimento facial.

Ou seja, quando conseguiria fazer isso sózinho? O aplicativo facilitou seu negócio e vê isso se espalhando por todos os segmentos. Segundo ele e também a minha percepção, ninguém vai escapar disso. Este o emprego como conseguido hoje. Pergunto se ele recolhe ainda junto ao INSS e me diz, que só o faz, por ter MEI, obrigação de uma ampresa onde atua através de contrato. A grande maioria acaba abolindo e daí, diante de tudo o que ouvi, me vejo diante de algo incontornável. Como escaparemos disso? Na verdade já estamos dentro deste sistema e sem muitas chances de escapar. Ele nos envolve, muitos tentáculos e como existem boas perspectivas de ir tocando a vida assim e poucas dentro do antigo sistema, creio que, como resposta, dou a que me deu um taxista em Buenos Aires, viagem feita em julho deste ano, quando lhe perguntei, vendo ser taxista e atendendo pelo UBER. "No Brasil, ainda um conflito e aqui, como resolveram?", perguntei. E ele: "Meu caro, não tem como enfrentar um gigante desses. Continuo com o táxi e com o aplicativo do UBER, os dois juntos e agora permitidos. Quem não pode com o poderoso, acaba ser aliando ao seu sistema".

NO QUARTO LIVRO LIDO NO MÊS, UMA TEMÁTICA DAS MAIS INTERESSANTES

Clique em cima e terás a imagem ampliada.
Durante bom tempo, recortei e colecionei manchetes de jornais e revistas, tudo com o mesmo intuíto do gaúcho Moacyr Scliar, que gosto muito e já tendo lido vários de seus livros. Devo ter muitos destes espalhados aqui pelo Mafuá. 

A intenção era exatamente essa mesma, a de escrevinhar algo diferente do destino da matéria publicada. Ou seja, uma manchete pode te levar, dependendo da tua imaginação, para caminhos nunca dantes navegado. Tudo poderia - e até deveria - ter desfechos diferentes. 

Despretensioso, e ao mesmo tempo, saboroso, diria mesmo, instigante. Quando leio as histórias do Scliar, todas sacadas de crônicas publicadas nos seus tempos de Folha de São Paulo, 54 no total, recheadas de muito bom humor, picardia necessária, boa destinação para tanta coisa publicada de forma controversa, conteúdo dúbio, pouco atrativo. Daí, ele viaja na maionese e torna tudo mais palatável. 

De cada texto, meus recortes aqui que o digam, sempre se pode extrair outros conteúdos, além da mente viajar, sem o uso de alucinógenos, galgando descaminhos fantásticos. Faço isso constantemente e neste livro, o fiz guiado pelo guia (deundância) escrito por este mestre da escrita. Enfim, podemos produzir textos extremamente reveladores da condição humana, pelo menos quem os reescreve. Foi uma delícia...

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

CENA BAURUENSE (257)


O OLHAR MAFUENTO SOBRE O QUE ROLA NA CIDADE DO SANDUÍCHE
01.) Publicado em 17.09.2024: Basta a temperatura esfriar bocadinho, pra olhar com mais atenção para tudo, todas e todos em situação de rua e suas imprivisadas moradas. Debaixo das marquises, principalmente de todos nossos viadutos se acumulam muitos destes, como neste, o João Simonetti, alça desembocando para a Nuno de Assis - ainda interditada.

02.) Publicado em 18.09.2024: Diante de uma fila, o dia inteiro, gente aos borbotões defronte uma casa comercial oferecendo salgadinhos feitos no lugar, nada como ir conferir e depois, constatando, divulgar. É o que faço com a Salgaderia da Mamy's, na quadra 8 da rua Gaudêncio Piolla, coração da vila São Paulo, um dos lugares mais frequentados do bairro, atraindo desde agora, mais um de outras paragens - eu, no caso -, influenciado pelo que vi e senti pessoalmente. São estes os tais lugares, que conquistam o coração das pessoas, não tanto pelo propaganda ou pelo letreiro bonito, mas pelo que está por detrás da porta da entrada.

03.) Publicado em 20.09.2024: No estacionamento do Tauste da rua Rio Branco, me deparo com um veículo todo etiquetado com dinossauros e daí, inevitável comparação. Essa uma espécime em evidente extinção, um veículo genuinamente brasileiro, o hoje raridade ainda pelas ruas, um Gurgel. Este, resistindo ao tempo, todo restaurado e digno representante de algo que, foi possível, testado e aprovado, mas não teve solução de continuidade e hoje, vive-se na lembrança e recordações, como essa preciosidade ainda persistindo pelas ruas, como em permanente exposição.

04.) Publicado em 22.09.2024: Quem disse que o oferecido aos interessados por quinquilharias de estimado valor, essas são somente encontradas em Bauru, aos domingos e na Feira do Rolo, está redondamente enganado. Aqui, bem juntinho ao Fortunato Rocha Lima, numa esquina da avenida pastor Eduardo Alves Leite, margeando a Bauru/Marília, eis o exposto por morador do local.

05.) Publicado em 24.09.2024: Algo me chamou a atenção na pichação da caixa d'água, aos fundos do Atacado Spani, ao lado de onde um dia funcionou a Faculdade Anhanguera, na avenida Moussa Tobias. Bolsonaro sendo lembrado pela sua nefasta e pervertida atuação.

06.) Publicado em 16.09.2024: Eles ainda não desapareceram de vez do cenário de nossas cidades. Em Bauru, duas espécimes continuam enfincadas no coração da cidade, em sua mais movimentada rua, a do Calçadão da Batista. Os orelhões resistem, enfim, quem ainda faz uso deles e em quais condiçôes ou são meras peças de enfeite?

07.) Publicado em 27.10.2024: Se você não vai ao amolador, o amolador pode ir até você. É o sugerido pelo profissional, ao volante de sua bicicleta, aguardando ser acionado e num pit stop na Praça Rui Barbosa.

08.) Publicado em 28.09.2024: Rua Cuba, vila Independência, quarteirão inteiro com casinhas todas iguais e assim se mantendo ao longo do tempo.

09.) Publicado em 29.09.2024: Numa esquina bem atrás do Distrital do Jardim Bela Vista, o Horácio Alves Cunha, está a sede de um dos clubes amadores mais tradicionais do futebol amador de Bauru, o São Francisco e numa faixa fixada no gradil frontal, algo desse enraizamento com o bairro: "Família Bela Vista".

10.) Publicado em 01.10.2024: Nos altos do jardim Bela Vista, bem atrás da loja Pires Materiais de Construção, quadra 4 da rua Eurico Ayres Prado, um imenso muro é tranformado num mural, com variadas manifestações de diferentes artistas. Impossível passar pelo quarteirão e não ficar apreciando da utilização de tantas cores juntas.

11.) Publicado em 04.10.2024: Andando pelas ruas da periferia de Bauru, como faço nos últimos dias de campanha eleitoral, cada detalhe me é importante e os vou registrando como posso. Quando observei as duas redes de um campinho de futebol, uma de cada lado da praça, um verdadeiro terrão no bairro Rossevelt, entre as ruas cabo José Ribeiro Ferreira e a Alameda Sócrates, ambas remendadas e sendo assim mesmo estufadas, furadas a cada chute, a real percepção de onde estou e como a coisa se dá nas entranhas deste mundo onde vivemos.

12.) Publicado em 05.10.2024: Na convivência com os trabalhadores do Calçadão da Batista, dias intensos de campanha política, observo quem sua a camisa na beirada das calçadas e uma delas, quase ao nosso lado, na famosa esquina da Treze com o Calçadão é essa senhora loira, a do trailer de garapa e água de côco. Simpatia por todos os poros e hoje, na despedida, me pede para ficar olhando seu carrinho, pois precisa ir buscar quadras abaixo seu material de trabalho. Fico ali por uns dez minutos e daí a vejo atravessando a rua, carregando um montão de cana de açucar. Ela chega sorrindo, pois sabe que, em dias de começo de mês, o movimento nas ruas é maior e o consumo de seus produtos aumenta. Ela é mais que merecedora de uma longa história, desde o pulso aberto, de tanto abrir e girar a peça metálica para furar o côco, até sua saga, vindo de onde vem para ali atuar diariamente. História contagiante de vida.

13.) Publicado em 07.10.2024: No largo onde se realiza a Feira do Rolo, tarde quente de segunda, uma fila de alguns veículos aguardam pacientemente o bonito lagarto, provavelmente saído do mato junto aos trilhos férreos, desfilar e descobrir o caminho a seguir. Parei tudo o que fazia, enquanto ele decidia que rumo tomar. Outro tanto fizeram o mesmo.

14.) Publicado em 08.10.2024: Linda foto de Ricardo Frontera, amante do mundo ferroviário e numa postagem em sua página do Facebook, sem legenda, provavelmente sua mãe, fazendo algo cada vez mais raro nos tempos atuais - que diria no futuro! -, lendo, ou melhor, devorando a leitura de um diário, um jornal impresso. Cenas assim me dão aquele impacto necessário para, brecar tudo e ficar admirando a belezura do captado/capturado, enfim, algo que ainda prezo muito, a leitura, seja a feita de toda e qualquer forma possível. Sendo num jornal, objeto de minha estima e adoração, pelo passado glorioso e pomposo, me faz ter reflexões variadas e múltiplas sobre para onde caminhamos para a obtenção de informação.

COMENDO PELAS BEIRADAS (153)


a pergunta que não quer calar
ONDE A ESQUERDA PODE MUDAR, SE É QUE DEVE MUDAR, SEM FERIR SEUS MÍNIMOS E BASILARES PRINCÍPIOS?
Queria fazer uma discussão, ou melhor, reflexão por aqui. Sou de esquerda, assim me considero e com muito orgulho. Faço parte da ala petista atuando dentro dos preceitos da esquerda. Dela não nos desviamos e talvez por não termos nos adequado, feito o contorcionismo necessário, entendendo o tal do novo momentoi político brasileiro, demos com os burros n'água nessa última eleição. Isso um fato.

O que mais leio neste dias por aí é algo assim: "É preciso compreender que existe uma mudança na sociedade. Não dá mais para você falar com os mesmos slogans, fazer a mesma política de décadas atrás. Agora, a situação é outra, os eleitores são outros. Precisa mudar a maneira de interagir com a sociedade, de pensar numa comunicação mais efetiva. Porque a dominância nesse campo é da extrema-direita ou da direita. A forma que elas se comunicam é mais fácil, elas detectam os problemas e vão explorando de uma forma que prende os eleitores. Falta à esquerda compreender que o mundo mudou, a política mudou, a maneira de se comunicar se alterou também", disse Vera Chiaia, cientista política e professora da PUC São Paulo, para a revista Carta Capital.

Enfim, essa a discussão e este o melhor momento para fazê-la, agora. Erramos tanto assim? Defender o que defendemos ficou difícil? As bandeiras de ontem, as que levávamos para as ruas se alteraram tanto assim? Onde poderíamos nos adequar aos tais novos tempos sem violar nossa linha de conduta e ação? Enfim, mudar ou não? Não quero, não devo e não vou usar de um discurso moderninho, me esquecendo dos motivos que me levaram para a luta uma vida inteira, daí, onde posso mudar sem provocar um choque tão grande dentro de mim mesmo e contribuir para não nos alijarmos ainda mais das decisões e disputas políticas?

quem joga uma garrafa ao mar, está sujeito a receber respostas de todo tipo...
1.) "Henrique esse é o grande drama e encruzilhada das esquerdas. Negar todo um passado de lutas, feito com muito sacrifício e tolerar os modismos atuais que preferem a esquerda domesticada. Ou seguir em frente fazendo um ligeiro "mea culpa" onde erramos e podemos mudar sem abrir mão de nossos princípios. Nossas lideranças não foram devidamente renovadas ao longo dos últimos anos e, penso, que a culpa disso deve ser debitada a Lula, que não quer sombras. Está faltando muito um "convencimento nas ruas". Mas para ir às ruas será preciso apetrechamento ideológico, para que sejamos ouvidos e respeitados. No mundo animal isto seria dito como "estar na muda". Uma séria revisão de nossas crenças e valores também precisa ser realizada. Agora, assumir as teses da direita ou da dita centro-direita para ganhar eleições me parece canalhice", advogado Marco Antônio Souza.
2.) "A esquerda por ser mais intelectualizada não se mistura, não sai da bolha, dos papos acadêmicos que muita gente nem entende. Precisa sentar pra falar a mesma lingua, misturar se. Nenhuma estratégia planejada em escritório de comitê dará certo se não estiver constantemente com povo. Só em dia de discurso falando meia dúzia de palavrório bonito. Se a esquerda é intangível, a igreja não. A igreja sabe que um microfone aberto da vila gera empoderamento pra dona de casa. Lá ela é líder do louvor, ou seja lá do que for. Lá ela é vista, ouvida, recebe cesta e mata fome que não espera o dia do discurso dos camisas vermelhas que comem orgânico e criticam quem come salsicha", escritora das quebradas, bacharel em Direito e diarista Amanda Helena
3.) "Caro Henrique, tudo está acelerado e muitas alterações foram ocorrendo. O pesadelo nazista não foi suficiente. A ilusão com a promessa de um futuro de respeito à dignidade humana e aos demais limites democráticos durou pouco. Vieram os golpes, guerra híbrida, geopolítica internacional, neoliberalismo extremo, etc. os detentores do poder econômico e o projeto capitalista de ampliação ilimitada do capital recusam limites que os impeçam de lucrar, acumular e aumentar seus rendimentos, as custas da desinformação, privatizações (acabaram com a educação). Não existe limites para os sionistas, imperialistas, golpistas etc. Vc sabe que o detentor do poder político, na medida em que é também o detentor do poder econômico, quando eleito em razão das patologias de sistemas políticos como o nosso e o norte-americano não guarda qualquer relação com os interesses da população. desaparece a mediação, desapareceu o papel central dos sindicatos, etc. etc. Toda pessoa foi levada a pensar como um player do mercado, um empresário de si, nem vou adentrar o campo religioso (amém jesus). a tensão entre democracia e liberdade neoliberal é inconciliável. por vezes nos arrastamos em debates , mas o que sei é que no nosso país, inicialmente de maneira mais tímida, e de anos para cá, tudo sem pudor, direitos e garantias fundamentais passaram a ser relativizados, e aceito sem resistência. O silêncio de grande parcela da sociedade. que tem como tradição autoritária, etc. somado a ausência de limites ao exercício do poder, ainda vivemos mundo online, sem limites, impondo os diversos modo de ser no mundo da vida, a pessoa escravizada, tratadas como objetos, foi se perdendo a perspectiva crítica, infelizmente costumo dizer: onde ficou a esquerda no mundo? o grau de controle que exercem atualmente, o número de super ricos que essencialmente compram o poder político é o poder dos plutocratas. Vivemos a era do hipercapitalismo: fomos além da industrialização e do valor agregado até ao ponto em que as regras são escritas por financistas; poder-se-ia dizer que o setor financeiro passou a concentrar o maior poder político da história, uma vez que alguém realmente produza algo. A conivência de governos e empresas para conseguir o controle da terra e dos recursos naturais das comunidades para gerar lucros para estrangeiros privilegiados. O fracasso dos governos na criação de leis que protejam os trabalhadores de abusos que vão desde o seu tráfico, passando por salários miseráveis, até condições de trabalho que representam um risco inaceitável, nas quais as mulheres sofrem maior precariedade, magros salários e tarefas desumanas. etc. etc. te pergunto - qual partido de esquerda existe para impedir esse avanço? A conivência entre governos e companhias, para mudar as leis de proteção ao consumidor e comerciais para que as empresas estrangeiras possam dominar os mercados, o uso da coerção, incluída a violência, por parte das elites poderosas de empresas privadas. etc. etc. etc. etc. Onde está sendo debatido isso? Na periferia? É a plutocracia contra a democracia. Eu só sei que as pessoas não podem continuar a ser tratadas como coisas diante de uma plateia que tudo assiste e que as vezes chega aplaudir o arbítrio e a própria violação dos seus direitos. etc. etc.", advogada Maria Cristina Zanin. 
4.) "Boa tarde, Henrique! Eleição é o meio e não a finalidade da política, você sabe bem. Penso que afinar discurso e falar manso não seja o caminho. Precisamos ser vicerais mostrando que pouco importa quem está no poder, mas sim a consciência política elevada promovendo debates e agindo através de todos os ativismos possíveis.", comerciante e militante do PT em Jaú, Thiago Ignácio Collato.
5.) "É preciso perder o radicalismo, solucionar os conflitos e disputas internas, priorizar alianças e esquecer o discurso ideológico radical e ultrapassado. Mais que tudo precisa repensar o marketing e substituir a velha guarda "COMPANHEIRA" que atrasan o partido. É preciso conversar com a juventude e trocar 100% da acessória no congresso Padilha é um morto e Jaques Wagner vive num sono profundo, não se comunicam e não sabem conversar com a oposição sem ceder espaço. Temos outros da velha Guarda que ainda estão falando de Cuba Fidel Castro, Venezuela, ditador Pinochet .... etc. O PT não consegue organizar uma manifestação no 7 de setembro "será que isso explica a desorganização e a deficiência de falta de comunicação com a militância"?", autônomo das ruas bauruenses, Montinegro Monti.
6.) "Falarmos em "o problema da esquerda" é pouco... Os problemas da esquerda são vários e antecedem à propria idéia de esquerda... Mas falar nos dilemas do ser humano é retroagir à uma discussão sem fim.... Então vamos ao básico do básico: a esquerda vem se perdendo (em especial o PT) ao se tornar hermética ao novo.... Ao centralizar sua existência a um nome (ou alguns nomes) forte(s) que dominam os partidos de esquerda... Alijada da cosntrução partidária, a militância que dialogava diretamente com a população se enconlheu e hoje vive de saudosismo fazendo discurso de si para si... Percebemos o problema mas não temos ânimo de prosseguir nessa queda de braço em que o braço mais forte (dos figurões do partido) sempre vencem... Muitos pularam fora e foram buscar outros ares em partidos mais arejados e menos engessados.... Outros constiunam sonhando em ressuscitar o PT de outrora... Enquanto isso, a direita dá ao povo o que ele quer: uma voz paternalista autoritária que pune mas ao mesmo tempo promete resolver seus problemas... E a prova de que o povo não quer pensar mas alguém que faça isso por ele, é matemática: se Lula encerrou seu período com 80% de aprovação e na última votação passou aperto é pq muita gente que votou nele no passado escolheu outro "paizão" outro mito em que acreditar.... Mas hoje a grande questão é: se estamos como estamos, quem será o candidato em 2026? Que chances tem a esquerda? Esperar que Lula seja eterno e vá fazendo mudancinhas aqui e acolá para arrefecer os animos? O PT não se renova, não se dispõe a ser carona e apoiar algum outro nome (Dino ou seja lá quem fosse)... Então vamos sentar e assistir uma tragédia política (com um novo mito de ocasião - mais palátável para alguns)... Estamos vivenciando o livreo de Gabriel Garcia Marques "Cronica de Uma Morte Anunciada", comerciante em Piratininga benedito Falcão.
7.) "Putz! Aí está um problema bastante difícil de ser solucionado. Ao mesmo tempo que é preciso criticar a atuação da esquerda, especialmente do PT, a fim de identificar as falhas e encontrar possíveis soluções, também é importante compreender as alterações da sociedade que levaram pessoas a optar pela direita. A falta de ética de partidos que se utilizam de mentiras para obter engajamento também é uma realidade que ainda precisa ser compreendida, isto é, como conseguem atrair a simpatia de eleitores ao se valerem da comunicação por aplicativos de mensagens? Essa questão precisa ser enfrentada do mesmo modo como (em minha opinião) seria necessário dialogar com pessoas que externem sua preferência pela direita, bem como expressem sua motivação de rejeitar a esquerda, a fim de compreender, em primeiro lugar, a escolha por propostas que chegam até a ser contrárias aos interesses ou mesmo prejudiquem as vidas desses eleitores.É importante ressaltar ainda que as ideias e preferências não são absolutas. Ao passo que alguma pessoa possa considerar um absurdo o acúmulo de riquezas, alegando que isso é prejudicial à comunidade, outro pode defender a ideia de que o mérito deve ser considerado na acumulação de riquezas, achando que também um dia, talvez, possa ocorrer com ele. O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, professor de Ética, publicou hoje um artigo bem interessante. Creio que pode ajudar nesse debate: https://noticias.uol.com.br/.../a-esquerda-depois-da...", tradutor Murilo Coelho.

domingo, 27 de outubro de 2024

BEIRA DE ESTRADA (186)


PERIFERIA VAI ÀS RUAS CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL
Como foi o ato no Vitória Régia e passeata na Nações Unidas nas fotos por mim tiradas.
Movimento cresce a cada novo dia.
Revolta geral.
Não quero escrevinhar quase nada sobre essa belezura de organização, nascendo e pulsando, explodindo e se mostrando presente, mas com as fotos, peço uma reflexão para a cidade que temos e a que queremos, enfim, pelo que se observa, a periferia, tudo nela ainda enxergado sob os olhos de que ali, pode-se fazer de tudo, inclusive de mal. Enquanto estiver apartada da cidade real, continuarão fazendo dela o que quiserem, como neste extremado caso de violência urbana, onde os assassinatos de jovens se repetem, se amontoam e é como se nada estivesse a acontecer, sempre com uma esfarrapada desculpa.
Bauru não pode mais aceitar a repetição dos assassinatos promovidos pelo BAEP.
Lembram-se daquilo, "o povo unido jamais será vencido". Pois é, organização é tudo.
As fotos dizem tudo. Aqui SETE bem representativas do que vi, presenciei e quero ver ampliado, ganhando mais corpo, ocupando mais as ruas e mudando o atual estados de coisas.



sábado, 26 de outubro de 2024

COMENTÁRIO QUALQUER (254)


o antes
POR CORRESPONDÊNCIA
Uma das formas mais antigas de comunicação, a quase hoje abolida, por cartas, volta à tona nesta noite de sábado, 15/10, com o lançamento de um livro da escritora das coisas da periferia da cidade Amanda Helena e o inusitado defensor público Alandeson de Jesus Vidal, o POESIAS RECICLÁVEIS. Explico. Antigamente, personalidades variadas trocavam correspondência entre si e cada carta demorava um certo tempo para chegar ao seu destino, daí, depois de lida, retornava com a resposta. Isso quando juntadas motivou livros e mais livros, alguns antológicos, imperdíveis, com temas sérios e também, muita generalização, o que também propicia a amplitude da conversa e até o maior interesse por quem está predisposto a essa leitura.

Tenho muitos destes livros aqui e vez ou outra, me vejo com vontade de iniciar uma coluna pelos canais atuais, com troca de conteúdo com alguém com vontade de escrevinhar abobrinhas e juntando escritos, pensamentos, façamos fluir ideias. De minha parte, confesso, tudo ficou no campo das ideias. Já na de Amanda e no do Alandeson Vidal, algo proposto por ele vingou e hoje está vindo à tona com o lançamento do livro. Que bela ideia. Pelo que sei, ambos trocam conversações faz tempo e ele, pela riqueza do material conseguido, propõe a Amanda que tudo se transforme num livro.

E agora tudo se materializa, quando banca o projeto e dessa forma se pode ver a que ponto chegaram as trocas de cartas entre ambos. Antes, tudo muito lento, dependendo dos Correios e Telégráfos e hoje, tudo muito rápido, feito instantaneamente pelo modal celular e internet. Perdeu-se o efeito de até meses para a resposta, mas tudo continua muito válido. Amanda já me adianta algo do que escreve e em certo momento diz ter sido provocada para escrever de algo e o faz, mas depois, divaga e segue por outras vertentes e assuntos, o que deixa tudo mais instigante e provocante.

Eu ainda não li sequer uma linha do livro - e o farei logo mais à noite -, mas já sinto estar diante de algo, pelo qual, devo começar e não querer mais parar. A prosa deve ser boa e não ter se findado com a publicação do livro. Este POESIAS RECICLÁVEIS chega numa boa hora, onde as conversações estão um tanto estressadas e truncadas, sendo assim, sinal de que precisamos retomar algo perdido. Gosto disso, de divagações em torno de algo salutar, palatável e sei, vindo de Amanda, tudo é possível, já do Alanderson, quero me surpreender, pois ainda não o conheço, mas afirmo, a expectativa é grande, pois só por ter se juntado com a escritora das quebradas bauruenses, sei estar associado a alguém pulsante e cheia de gás.
O livro promete e desta forma, convido tudo, todas e todas para um bate papo hoje, sábado, 26/10, 19h, lá no que sobrou (sic)do Centro Cultural, junto ao Teatro Municipal de Bauru, enfim, escrever e ver algo seu publicado é sempre muito nobre. E depois, ouço que Amanda lerá algo com sua pulsante verve, dessas coisas para estremecer e abalar estruturas e também dará voz para duas mães de jovens assassinados em Bauru. Juntando tudo, noite imperdível.

o depois
AMANDA E ALANDESON UNIDOS NUM LIVRO E NUM EVENTO DENUNCIANDO A VIOLÊNCIA E A GUERRA URBANA EM CURSO EM BAURU

Acabo de voltar de um evento muito marcante para Bauru, no momento vivido, não só pela cidade, mas algo consistente dentro da violência urbana em curso. Um livro a retratar algo disso, duas pessoas pulsantes e entrelaçando sua vivência, em algo escrito para chocar e nos fazer refletir. Cada qual escreve ao seu modo e maneira, porém esgrimando contra isso tudo que enxergam acontecendo do lado de fora de suas janelas. Resolvem escrever um livro juntos e o fazem de uma forma divinal, cada qual escreve algo e envia ao outro, este lê e responde. A pegada é forte, envolvente e certeira, pois quando reunidos os textos, uma só certeza, eles estão aí exatamente para colocar o dedo na ferida, nos fazer pensar e desta forma, dizer a que vieram e onde estão situados no contexto da vida.

E o livro aconteceu, vingou e hoje uma festa no hall de entrada do Centro Cultural, andar de baixo do ainda fechado Teatro Municipal de Bauru. Eu fui convidado, lá estive e como sempre, fotografei tudo e todos. Os registros aqui compaertilhados mostram isso, as pessoas ali reunidas, numa noite de sábado após uma baita de uma chuva e todos, saindo assim mesmo de suaqs casas, pois tinham em mente participar, não só do lançamento do tal livro deles, mas também ouví-los, tomar conhecimento do que tinham a dizer. Implícito em tudo, embutido no convite, quem os conhece, sabia de antemão que, estariam também num ato político e isso foi o que aconteceu.

Eu nem sabia que usaria a palavra. Sou chamado ao microfone e de improviso falo do que acho de um livro assim, uma troca de correspondência e falei algo mais dos dois autores, algo com pessoas ali presentes. Do Alandeson, conversei antes com o Cláudio, camelô na Feira do Rolo, uma pessoa que gosto muito e pergunto por qual motivo estava ali. Ele me diz ser amigo do Alandeson há vinte anos e de Feira de Santana, se reencontrando em Bauru, cada qual seguindo por um caminho e desembocando aqui. Quer maravilha melhor que essa? Quer baita reencontro. E depois, falando de Amanda, digo da presença de dona Maria Aparecida, mãe do Luizinho, assassinado semana passada em Bauru e relembro quando estivemos juntos em sua casa. Tento falar de como precisamos se aperoximar mais da periferia, entender de fato o que ser passa por lá e se estes são mais frágeis, nos unirmos mais, para impedir a continuação do que anda acontecendo no quesito violência urbana.

A fala de ambas eu gravei. Leram trechos do que está publicado e cada qual com uma interpretação bem própria. Belo demais ouvilos e mais que isso, estar presente num ato muito mais que simbólico, pois este livro representa um ato de coragem mútua. Essa coragem que tanto precisamos, quando unidos, podemos enfrentar tudo o mais com maior facilidade. Esse POESIA RECICLÁVEL, conta a história de uma cadeira, encontrada numa rua de Bauru e levada por Amanda para sua casa, onde a reciclou e dela faz uso. O nome foi escolhido por causa desse recolhimento e de como se deu, pelas mãos da Amanda o seu retorno para uma vida útil.

Tudo o que foi ali visto na nboite só foi possibilitado por causa de uma outra pessoa, Rose Barrenha que, convidada, trouxe um pouco de sua Casa da Frida para o local. Sim, ela transportou sua casa para lá e mesmo com a chuva caindo, chegou a tempo, deixando tudo pronto para que, todos os presentes, pudessem ter uma noite especial, sentido como as coisas acontecem lá no seu dia a dia. Ela fez um estandarte representando as mães, cujos filhos estão sendo assassinados na periferia, pelas mãos de policiais. E, Regina Ramos, a apresentadora, foi lendo poesias e convidando as pessoas para falarem e muitos estiveram ali na frente de todos, deixando belos recados. Todos contundentes e marcantes, mas nada igual ao Brunão, alguém hoje sofrendo muito quando vê a violência urbana, expressada por ele na forma como estão ocorrendo esses assassinatos na periferia da cidade . Ele pressentia isso lá atrás e, corajosamente, falou disso, algo também dito pelos dois autores do livro e também escrito com todas as letras no texto do que estão publicando.

Foi uma noite e tanto, um lançamento de um livro como o deles dois não poderia ser um mero evento. Tinha que ser exatamente algo como tudo foi possibilitado e por fim, conseguiram seu intento, o de botar a boca no trombone. Foi uma noite onde isso aconteceu e todos os presentes tiveram a oportunidade de presenciar algo único, diferente e com a cara de quem escreve em defesa destes seres humanos vivenciando a vida do outro lado, o dentro de nossas periferias. Saio de lá fortalecido para continuar na lida e luta, pois se eles conseguiram reunir algo tão valioso num livro e com o lançamento da obra, propuseram essa reflexão coletiva, eu tenho que também sair da posição cômoda onde me encontro e fazer o mesmo. O recado dado foi este, não nos aquietarmos. O livro tem essa pegada, a cadeira reciclada tem essa pegada e muitos dos convidados fazem já há bastante tempo algo bem parecido do que os dois conseguiram construir em conjunto. Agora, vou ler o livro e só devo parar quando devorá-lo por inteiro, pois ele e tudo o que vi acontecer no entorno de seu lançamento, me fizeram sair do estado de letargia.

SABEM O QUE VEM A SER ISTO? É UM ESTANDARTE CONFECCIONADO PELA ROSE BARRENHA, NA CASA DA FRIDA E HOMENAGEANDO AS MÃES, CUJOS FILHOS FORAM BARBARAMENTE ASSASSINADAS PELO BAEP DA POLÍCIA MILITAR BAURUENSE


e mais um livro lido
JÁ É O TERCEIRO NO MÊS, AGORA UM DELEITE, ALGO SOBRE JOÃO UBALDO RIBEIRO
Essa coleção, a "Perfis do Rio", editada pela carioca Relume Dumará é mais que um deleite, diria mesmo, uma afronta, pois nos propicioualgo único. Não existe amante da boa escrita e, principalmente quem ama o Rio de Janeiro - pelo menos o antigo Rio -, que não tenha alguns e deles não se separe por nada neste mundo. Tenho uma meia dúzia e sigo procurando o restante pelos sebos da vida. Dias atrás encontrei este e paguei o preço na hora, a bagatela de meros R$ 10 reais. Em todos, a editora convidou gente famosa para escrevinhar de algum carioca - ou como no caso do Ubaldo, um que chegou e se imortalizou por ali - e os resultados são jóias raras. Penso um dia tentar fazer algo assim aqui em Bauru.

Neste aqui, o jornalista Wilson Coutinho, amigo do Ubaldo escreve dele, mas não o faz como numa biografia e sim, vai juntando trechos de seus livros e de outros com dizeres próximos ao que o baiano escreveu, para depois intercalar com alguma escrita. Ficou algo que, sentava pra ler e não acreditava, parava tudo e lia novamente. Orgasmo total. Ubaldo por si só é uó do brogodó. Desde sua Itaparica, onde reinava de chinelos nos dedos e nos tempos quando podia beber em botequins, para o dia em que, para fazer os filhos estudar num grande centro, caiu de boca no Leblon e ganhou a Cidade Maravilhosa, essa aos seu pés. Tenho quase tudo dele, mas não li tudo. Vou lendo na medida do possível. Com o livro, relembro quando ele, numa atitude inesperada para a maioria dos pobres mortais, se diz contra tudo o que representava o príncipe FHC. Sua carta, em forma de crônica é histórica, sendo recusada sua publicação pelo Estadão, que na semana seguinte, não só a publica como pede desculpas para o autor. Hoje, quando vejo o que acontece em Bauru com as mortes que o BAEP promove na periferia da cidade, relembro do seu livro mais famoso, Sargento Getúlio, este um homem bronco, cumprindo violentas ordens sem pestanejar. Daria um belo texto, quem sabe. Enfim, chego ao fim do livro e triste fico, pois a escrita do Coutinho é de um sabor indescritível, tal como a tal carne seca propagada pelo Ubaldo. Ultimamento me delicio é com livros assim, onde junto o prazer da leitura com algo mais, um sabor a mais, ou seja, escolho a dedos. e assim sigo, tendo mais uns três para tentar finalizar ainda neste mês. Se existe horas vagas em minha vida, tenham certeza, antes passava fornicando por aí, hoje as passo, a maior parte do tempo lendo.