ANDAM SE REPETINDO OCORRÊNCIAS INCONCEBÍVEIS PELAS RUAS DE BAURU, CASOS NECESSITANDO DE UMA AMPLA AVERIGUAÇÃO, VERSÕES A SEREM CONFRONTADAS
Mais uma notícia divulgada assim pela mídia local: “Bauru – Homem investe contra PM, tenta tirar arma dele e é morto”: https://sampi.net.br/.../bauru-homem-investe-contra-pm...
Num relato da cabeleireira Bia Bassan, moradora nas imediações do ocorrido, este como comentário num dos posts que fiz pelo Facebook nesta manhã, algo sobre o morador em situação de rua e de como tocava sua vida e era visto por quem o conhecia:
“Ontem a polícia matou um morador de rua aqui do lado de casa. Disseram TB que ele "atacou" os políciais. Só que o morador de rua mal andava pq tava com as duas pernas com trombose. Eu o conhecia. Um homem que mal anda direito bater no policial e tirar a sua arma acho bem duvidoso. (...)Mais um: https://sampi.net.br/.../bauru-homem-investe-contra-pm... (...) Ontem a polícia matou um senhor . Ele era inofensivo. Um morador de rua, educado, e cuidava dos animais abandonados aqui no vitória régia. Morava embaixo do viaduto há um ano. Todo mundo aqui o conhecia. A um mês atrás a polícia tinha ido até lá com um papel assinado pela prefeita para eles saírem de lá. Passei por lá e vi ele chorando. Ele tava desesperado pq não tinha pra onde ir. Na mesma semana tacaram fogo lá . Quase matou os cachorros. Muito triste . Só fico me perguntando quem vai cuidar dos cachorrinhos dele... a polícia falou em confronto, que ele bateu no policial e que tomou a arma . Kkkkk só que ele mal andava! Era alcoólatra, e tinha trombose nas duas pernas, que inclusive semana passada levei uma pomada para ele passar pq estava tudo preto e com feridas os pés dele. Impossível que isso tenha acontecido. Me pergunto como essa pessoas conseguem dormir à noite sabendo que executaram a sangue frio outro ser humano”.
Num outro post, comentando o fato com uma amiga, repete o que havia escrito: “Pois eu conheci ele. Ele mora embaixo do viaduto aqui. Ele foi o cara que salvou duas mulheres que foram assaltadas no ponto de ônibus. E foi o cara que atearam fogo no barraco dele embaixo do viaduto esses dias. E TB o cara que mandaram sair de lá pq estava atrapalhando a vista de Bauru. Ele morava embaixo do viaduto. Era um cara gente boa. Bebia. Era alcoolista. Isso tem dedo de coisa errada viu gente. A 40 dias mandaram o oficial de justiça lá entregar uma carta pra ele sair de lá. (...)Mas cuidava de vários cachorros. Eu o ajudava com ração... Ele jamais iria pra cima da polícia. Ele tinha trombose nas duas pernas. Andava de muletas. Os pés dele estava tudo preto. Semana passada eu vi ele. Muito educado. Sempre qd íamos ao mercado passávamos ali e ele vinha com os cachorrinhos conversar com a gente. (...) Ele é o que a polícia matou. Um sem teto, que morava ali embaixo do viaduto com seus cachorros. Eles não mexiam com ninguém. Já saiu até no jornal. Pq duas mulheres foram assaltada ali no ponto de ônibus e ele e o outro cara conseguiu pegar o assaltante. Na época a perna dele tava boa ainda. Salvaram a mulher. Eu só tô pensando nos cachorrinhos dele agora. Ele não iria bater no policial e tomar a arma. Tudo abandonado ali meu deus. Vão morrer atropelado”.
São fatos, evidências necessitando de apuração imediata. Aproveitando a estada hoje do Ouvidor da PM, creio deveria chegar até ele as duas versões também desta ocorrência, com desfecho fatal.
Algo de produtivo está em curso e agindo para modificar o estado de coisas, dentro do que está habitualmente ocorrendo dentro da ação policial junto às comunidades periféricas de Bauru. As mortes ocasionadas pela ação direta do BAEP, na sua quase totalidade com jovens da periferia da cidade é algo que, se a princípio, pareciam casos esporádicos, com o assassinato de dois jovens na última quinta, 16/10, algo se modificou neste cenário.
O lema “tem males que vem para o bem” é macabro, porém, realmente algo diferente está em curso desde o assassinato dos dois jovens e depois, algo mais catastrófico, a invasão de policiais no velório de ambos. Uma nova consciência e movimentação se iniciou desde então e tudo culminando com estes dois acontecimentos no dia de hoje.
Marcado para acontecer a partir das 17h, defronte a Câmara Municipal, o “Chega de Matança nas Periferias! Basta de Violência Policial! Justiça a todas as vítimas da violência policial!”, abrigou e deu voz para mães e familiares de jovens assassinados pela PM, mais precisamente pelo BAEP. O ato aconteceu e foi bem representativo, contando com a presença de muitos ativistas das causas sociais da cidade e, o mais importante, a presença de mães e muitos familiares destes jovens. A princípio e a primeira impressão, a que sempre fica, é da existência de um número muito grande de histórias similares e em todas o mesmo modus operandis da PM, se dizendo vítima de uma ação com revólveres, sendo estes atacados, quando em todos os relatos, exatamente o oposto. Da boca dessas mães e de familiares, histórias que precisam ser ouvidas e levadas adiante.
“Meu filho foi brutalmente assassinado e desde então, não fui ouvida. Falei para as paredes. Não vi até agora, em nenhum momento, quem estivesse interessado em ouvir a minha história, a minha versão do que de fato ocorreu. Tem o relato da polícia, constando do Boletim de Ocorrência e nada mais. Ninguém me procurou, ninguém quis saber de minha história e a verdade é bem outra do que está contada”, contava uma delas, ainda sensibilizada, mesmo seu caso já tendo ocorrido há quase um ano.
De tudo, algo de realmente positivo é essa corrente, onde nomes e mais nomes pipocam e a lista de assassinatos só cresce. Em todas, a mesma história se repetindo, “a polícia deveria ter levado meu menino para prestar depoimento e não eliminá-lo, numa ação, onde não teve como de se defender e sua história está sendo esquecida, sem importância”. Um dos participantes do ato, falava num grupo, que achava terem sido uns 15 assassinatos, porém, ao ouvir e se deparar com os relatos, ia anotando mais e mais casos e hoje, acha que, este número deve ultrapassar o dobro de pessoas.
A chuva interrompeu o ato, que poderia ter tido muito maior repercussão. Ela não desanimou quem dele participou, pois o sentimento coletivo foi de que, puxando o fio dessa meada, algo terá que mudar na relação do BAEP com as comunidades da periferia da cidade. E para tanto, um novo ato, ou muitos deles deverão acontecer em breve.
Ao mesmo tempo, na sede da OAB, ocorria o encontro do Ouvidor da PM, Claudio Silva, deslocado da capital até a cidade, após a repercussão do caso na imprensa nacional. O avanço foi as duas mães dos jovens, Maria Aparecida e Nilcéia terem sido convidadas a estar hoje à tarde na OAB, quando foram ouvidas em todos seus questionamentos. Foi-lhes dado voz e Claudio, se comprometeu a, não só responder, como acompanhar mais de perto o desenrolar dos acontecimentos. Pelo divulgado, a PM/BAEP continuam confirmando o uso do confronto com armas e as mães demonstrando essa impossibilidade. Elas de mostram confiantes que algo está mudando nos procedimentos, pois foi-lhes aconselhado de, em caso de haver algum tipo de tentativa de intimidação, o Ouvidor seja comunicado de imediato, para tanto, deixando seu fone pessoal com ambas.
Não é pouca coisa a movimentação ocorrida hoje. É o início de algo ocorrendo, para que em Bauru, o procedimento adotado pelo BAEP seja revisto. De tudo, a certeza de que, sem movimentação e pressão nada ocorrerá. E assim sendo, este assunto continuará na pauta do dia.
Obs.: Ao final, além de minhas fotos no ato defronte a Câmara, cinco vídeos, gravações feitas pelas próprias mães, elas mesmo optando por ter registros próprios do Ouvidor da PM, logo após serem por ele ouvidas.
obs final: falem o que e como quiserem, mas de algo existe absoluta certeza, em Cuba tem disso não!
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