sábado, 25 de agosto de 2012

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (189, 190 e 191)

QUANDO A ESTÓRIA SE PASSA POR HISTÓRIA – publicado na edição de 10/08/2012 Ainda um texto sobre algo presenciado em Buenos Aires. Ouço algo definitivo do muralista argentino Miguel Rep sobre sua cidade: “É altamente conservadora. Aqui a maior concentração de gente ligada ao que de mais retrógrado temos. Ainda bem que a cidade sozinha não decide mais eleições”. Constato o mesmo da nossa maior cidade e estado, São Paulo. Viver dentro de uma federação é salutar e oxigenante, lá e aqui. Ufa! Li jornais e revistas variadas por lá e dois temas em evidência. A revista Noticias, além dos jornais Clarín e La Nación estamparam de forma sensacionalista algo desmedido contra um periodista, Vitor Hugo, acusando-o de forma leviana de apoiar ações do regime militar.  Ocultaram o real motivo, a tentativa de destruir um dos profissionais mais respeitados no país, por não vergar-se aos seus interesses. Induziram os leitores a acreditarem numa farsa e isso em seguidas matérias. Durante toda semana que por lá passei, de 28/07 a 04/08, o jornal Clarín insistiu num tema esdrúxulo e criado no seio imaginativo de sua redação. Requentavam a cada nova edição diária manchetes sobre o uso da Lei da Educação nos Cárceres, afirmando que alguns presos saiam da prisão para participar de manifestações pró-Cristina, a presidenta. Dias e dias de doída ladainha contra o Governo, com o claro intuito de criarem fatos novos a cada dia para desgastar a imagem e a ação governamental. Lá os apenados saem regularmente, questão definida em lei e nada a ver com decisão presidencial, mas fizeram de tudo para juntar uma coisa com outra. Dias e dias ditando a pauta nacional de discussão, criada e manipulada pelos próceres do jornal. Meu arremate final: ocorre igualzinho aqui. Lembram-se do improvável diálogo entre Lula e Gilmar Mendes. A invencionice foi discutida como se verdade fosse. Lembram-se do grampo no gabinete do mesmo Gilmar. Mentirinha a alimentar muitas manchetes. A orquestração oligárquica é idêntica aqui e lá. Acredita quem quer ou quando seus interesses se coadunam com armações ilimitadas. Tempo de nefastas letrinhas.
TRATAMENTO DIFERENCIADO - publicado na edição de 17/08/2012.
Abro os dois jornais de Bauru na manhã de terça, 14/08 e em ambos manchetes muito parecidas: “Mensalão foi ordenado por Lula, diz advogado” e “Defesa de Jefferson acusa Lula de ser o mandante do mensalão”. Isso foi repetido, com maior ou menor ênfase, em toda imprensa nacional. Trata-se de uma mera acusação de defesa, talvez um argumento do advogado para tentar inocentar seu cliente. A imprensa não levou isso em consideração e aproveitou a deixa para desancar Lula. Cito isso e venho para algo bem local, aqui de nossa aldeia, Bauru, interior do estado comandado há quase 20 anos pelos tucanos do PSDB. A imprensa paulista não agiria da mesma forma com acusações sem prova definida e ainda mais quando no epicentro do vulcão estivesse algum figurão do tucanato. Exemplifico o que escrevo. O caso bauruense do escândalo que derriçou de vez a AHB – Associação Hospitalar de Bauru foi algo que, guardadas as devidas proporções, tem muito de semelhança com o mensalão. Dinheirama pública distribuída e gasta de forma mais do que ilegal e punições sendo julgadas em câmara lenta, talvez na espera de sua prescrição. Não preciso entrar em detalhes, o caso é do conhecimento até das pedras do reino mineral. Vamos ao que interessa, a relação de um fato com o outro. Falar de Lula e acusá-lo de tudo é muito fácil. Manchete em letras garrafais, ele lá longe, nós todos bem distantes. No caso AHB já ocorreu o mesmo, mas ninguém deu em manchete, nem em rodapé de página interna. Nosso deputado estadual, Pedro Tobias, hoje embaixador tucano e do atual governo estadual interior afora, foi quem escolheu, manteve e bancava toda a corrupta diretoria da AHB. Nada mais natural que quando do tsunami, seu nome fosse “servido aos leões” como o mais provável mandatário de tudo. Alguns sugeriram isso, mas a imprensa negou-se a repercutir um mínimo que fosse. Tudo sempre foi abafado. Minha conclusão: os dois casos são por demais semelhantes. A diferença é só uma, com Lula pode a denuncista precipitação e com Pedro Tobias não pode.

DETALHE NÃO PRESENCIADO – publicado na edição de hoje, 24/08/2012.
Parado no sinal de trânsito pego um folheto. Nele, a propaganda que uma instituição de ensino usa como forte argumento para atrair alunos (não seriam clientes?): “Você na faculdade a distância é só um detalhe”. Guardei. Não pensem possuir interesse em educação à distância. Longe disso, sou adepto do ensino à moda antiga e dele não abro mão. Não enxergo vantagens no aluno em casa e o interativo professor do outro lado. Tudo só é feito dessa forma por um único e simples motivo: aumento de lucratividade e redução de investimentos. Se a beleza do capitalismo é isso, vejo aí suas entranhas e a repudio. Educação de verdade é outra coisa. Hoje os donos de escolas privadas não choram mais por causa da evasão escolar, mas pela alta inadimplência e dos ardilosos meios que os pais encontram para manterem seus filhos estudando numa privada (sic) sem pagar. Dou sonoras risadas. Viver de aparência é algo inerente aos nossos tempos. Malefício sem fim é o filho da classe média estudar em colégios privados (se paga ou não é outra coisa) e universidades públicas. Formados não aceitam discutir do retorno no investimento feito neles. Pensam somente nos seus próprios botões e dane-se quem arcou com tudo. O vencer na vida (inserir-se o mais rapidamente no mercado) é mais importante que tudo. O aluno entra hoje na universidade pensando só nisso e a escola tem culpa disso. Aliás, incentiva. Professor atuando como um animador de auditório é uma coisa bem aos moldes das exigências consumistas do mercado. Para eles e para os que o colocam num altar, tudo não passa de um grande espetáculo, inclusive as aulas. A vítima será sempre o aprendizado. Se ao vivo isso é incentivado, imagina como deve ser via não presencial. Que modelo é esse? O último filme do Batman mostra bem que, caindo o lucro do capitalista, sua primeira providência é deixar de investir. Bruce Wayne viu tudo despencar quando seu investimento ruiu. Imagine a educação enfiada no meio desse imbróglio e uma caixa registradora comandando tudo. Tudo é um grande negócio.
OBS.: Todas as cinco fotos foram tiradas por mim na Festa na Barra Grande, Capela São Roque, onde mais de 500 pessoas prestigiaram o evento dominical em 19/08/2012. Essas festas rurais no entorno de Bauru são tudo de bom. Abaixo mais um vídeo do baterista Nino, revendo parte se sua história, exposta na parede de seu estúdio em Jaú.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá HP

Parabéns pelo texto Tratamento Diferenciado.

Um forte abraço,

João cARLOS Andrade - CUT Bauru