segunda-feira, 20 de agosto de 2012

RETRATOS DE BAURU (126)
CARIOCA, O POPULAR E ECLÉTICO LIVREIRO DE RUA
Todos na Feira do Rolo o conhecem por Carioca, uns poucos o chamam por Chico e só os credores e cobradores o identificam pelo nome completo, Francisco Carlos Jaloto. O certo, como dois e dois são quatro (são mesmo?) é que sua atividade, a de livreiro de rua, pela forma como é praticada, com alegria, desenvoltura e uma troca contínua de experiências, é a forma mais adequada encontrada por esse quase cinquentão a tocar sua vida. Veio para Bauru há uns vinte e lá vai fumaça anos e já fez de tudo um pouco, desde vendedor de bingo e até com carteira assinada em fábricas locais (um luxo dentro do momento atual). Quando descobriu o gosto por conciliar o que gostava, a boa música e a boa leitura, foi trabalhar na rua, na feira dominical e passou a estocar tudo em sua casa e revender como pode e dá. Transformou-se numa pessoa ainda mais alegre e isso é constatado a cada reencontro, pois sempre está radiante com a vida e as possibilidades que ela lhe ofereceu e propicia. Vive disso, de revender livros, LPs, CDs, DVDs e alguns outros penduricalhos, agregados e a lhe propiciar ganha pão suado, mas cheio de contentamento. Ganhou fama e já faz parte do folclore da Feira do Rolo sua resposta no dia em que recebeu livros doados pelo técnico de basquete, Antonio Carlos Barbosa. Tinha contas a pagar e uma senhora quis levar dois, ali na hora, ele nem pensou muito para dar a resposta definitiva de como toca sua vida: “Não posso fazer isso hoje, pois ainda não li. Deixa-me curtir um pouco eles. Semana que vez, talvez”. Um filósofo, sempre a receber os mais assíduos do lado de traz do balcão, com uma cervejinha gelada ou até um vinho e sempre com uma novidade ao gosto do freguês. “Olha o que encontrei, não é a sua cara?:”, diz apresentando algo novo, seja um livro ou um disco. O local virou point de muito bate-papo e já está em andamento um algo mais, um espaço onde consiga agrupar e acolher esses admiradores todos nas manhãs dominicais e dali propagar ideias revolucionárias, ou seja, gente que lê e ouve boa música fazendo e acontecendo. Nesse último domingo, uma preocupação saída de sua rápida sacada após vários candidatos peregrinarem diante de sua agitada banca. “Nós daqui da feira temos um pouco de receio com mudanças, pois todas as vezes que muda governo, o novo já quer mudar tudo e tentam de tudo com essa aqui. Até acomodar tudo leva um tempão e as incertezas crescem”, conclui. Carioca e alguns outros daquele reduto democrático e fantástico (babilônico, diria) precisam ser é valorizados e reconhecidos como reais propagadores de cultura, entretenimento e alegria. Ele já ocupou o seu espaço, produz luz mais que própria, sendo hoje uma espécie de instituição, raridade, dessas em extinção , felizmente existem muitos preocupados com sua preservação. O jornalista Benedito Requena, um dos tais habituais frequentadores traduz tudo numa frase: “Quando não passo lá num domingo, a semana parece ter quatorze dias, demora a passar”.
OBS.: Aqui tudo o que já escrevinhei dele no blog - http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=banca+do+carioca  

Um comentário:

Anônimo disse...

SR.

A alegria da feira tem nome e endereço. CARIOCA e todo domingo está das 7 às 13h localizado com sua barraca defronte a Associação dos Aposentados. Ali a festa dominical acontece e quem gosta de bom papo e ir revendo pessoas conhecidas tem como obrigatório uma passadinha por ali. Descobrimos a mesma coisa e mostrar isso para mais pessoas é bom, mas vai superlotar o já apertado pouco espaço ali existente.

Ramos, da Ajax