domingo, 3 de novembro de 2013

ALGO DA INTERNET (78)


SEGUI, MAS HOJE É IMPOSSÍVEL SEGUIR A FOLHA DE SP, COMO DITA SUA NOVA CAMPANHA PUBLICITÁRIA
Ontem vi na TV o novo anúncio publicitário do jornalão paulista Folha de SP, clamando por um “EU SIGO A FOLHA” (https://www.facebook.com/classificadosfolha/posts/640188596009278). Já fiz isso num remoto passado e acordei querendo escrever sobre minha antiga paixão e o que vejo hoje impresso por lá. Ou seja, fazer uma comparação. Matutava sobre como abordar o tema. Ligo o computador hoje pela manhã e o professor militante ALMIR RIBEIRO havia reproduzido um texto publicado no jornal de autoria de ANTONIO PRATA (filho do grande Mário Prata, aqui de Lins), o “Guinada à Direita” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/11/1366185-guinada-a-direita.shtml), publicado na edição de hoje. Almir sacou a frase principal do texto e destacou no seu facebook, o “Comunico minha adesão irrestrita – ‘...é preciso não ser apenas reacionário, mas sê-lo de modo grosseiro, raivoso e estridente’”. Leiam para entender bem o seu conteúdo e ali, bem explícita o pensamento vigente, como uma espécie de “nova ordem mundial” (vide Caetano), ou mantra do pensamento (neo)liberal predominante na dita grande imprensa brasileira, seus jornalões e também para alguns, o tal do PIG – Partido da Imprensa Golpista.

Não devo me assustar com mais nada, mas a guinada para a direita ocorreu de forma tão contundente, que nem querer mais ler os jornalões eu quero e o fazia com quase todos em décadas atrás. Comprava quase todos e cito especificamente o caso da Folha de SP (Estadão e JB, raramente O Globo e Zero Hora), o qual fui assinante, colecionador e contumaz divulgador. Comente i no facebook do Almir isso aqui: “O próprio jornal fez isso, guinou à direita e ainda tem o disparate de pedir na nova campanha publicitária: "EU SIGO A FOLHA". De que jeito? (...) Fui ler o texto depois de fazer o primeiro comentário. Confesso que deixei de ler a Folha SP já faz certo tempo, mas depois de ler esse texto, reconheço que para continuar publicando no jornalão é necessário obrigatoriamente comungar do fato de ser grosseiro, raivoso e estridente com tudo o que venha ter alguma denominação de esquerda. Gostaria só de saber o que pensa o pai, Mário Prata, sobre o papel atual do filho, Antonio Prata. Educo o meu, assim como você o seu Almir, eles já leem de tudo e sacam tudo, mas lá na frente vê-los dar uma grotesca guinada para a direita é o caos para qualquer pai. A Folha está cada vez mais triste, repugnante”.

Se algo assim chegar às mãos do Antonio Prata ele vai dizer que não entendi nada do que escreveu. Eu deixei de entender muita coisa há algum tempo, incrédulo e tentando resistir nas trincheiras ainda possíveis. Eu desconheço o “totalitarismo de esquerda” vivido pelos tempos atuais, explanado pelo Prata, o filho, portanto argumento pífio, tornando-se mais tosco ao citar como exemplo a lei de inclusão para justificar sua linha de pensamento. “Se não fosse pelos índios seríamos potência agrícola”, mostra bem de que lado está, o dos mesmos interesses do jornalão para o qual escreve. A Folha de hoje é isso, sem tirar nem por, só escreve em suas páginas quem pensa e age dessa forma igualzinha a explanada pelo Prata,o filho. O pai resiste e o vejo produzindo livros e textos que leio com orgulho, agora mesmo na revista Brasileiros, com entrevistas mensais com personagens da nossa história.

Dito isso, fico com minhas lembranças de antanho. Colecionei aos sábados o Folhetim nos anos 80 (tenho alguns até hoje). Recortava e guardava as tiras com os textos ao estilo tijolões do Drummond e adorava os escritos da página 2, principalmente os vindos do Rio, sempre com gente consagrada. Recortei e tenho aqui colado num caderno, como se fosse um livro todas as crônicas do Otto Lara Rezende (1991/1992). Inesquecível o período sob a direção do Cláudio Abramo e até o espaço dado para Tarso de Castro destilar sua fina e certeira ironia. Não quero citar nada do momento atual além do texto do Prata, filho, pois todos são mais ou menos parecidos. Como gostei desse jornal e hoje, como mesmo ímpeto que possuía antes afirmo tomado por certa mágoa, pelo triste papel que o vejo cumprindo hoje que, IMPOSSÍVEL SEGUIR A FOLHA. Ela se transformou num horroroso monstro de dela quero distância. Triste, mas nem para embrulhar peixe serve mais. Fede mais que um peixe podre.

6 comentários:

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Henrique, guardadas as devidas reservas quanto ao posicionamento político, o Antônio Prata é uma personificação da resistência da crônica nos jornais. A questão política vai mais no sentido da desilusão com o projeto PT para o Brasil que, convenhamos, esperava-se muito mais. Aí fica parecendo que o cara é reaça. Ele é só desiludido, o jornal aproveita-se dessa desilusão para vender o discurso como se fosse "de direita". Mas não é. abraços

Henrique disse...

BAZÓFIAS...
TUDO BEM, O PRATA FILHO NÃO O É, MAS SÓ DE ESCREVER PARA A FOLHA TORNA-SE MAIS DO QUE SUSPEITO E AINDA MAIS SE FAZENDO PASSAR.
HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ

Anônimo disse...

Henrique, fui eu quem deixou o comentário. abraços
Bruno Emmanuel Sanches

Anônimo disse...

Henrique, meu grande amigo de sempre, leia o texto novamente pelo amor filosófico rsrs. O Prata está sendo irônico com gente como o Reinaldo Azevedo, o Pondé, o Olavo e etc.

Não sou admirador do Antonio Prata, mas está explícito a ironia dele no texto. Gente o que está acontecendo?? Cadê a compreensão de texto?? Ao contrário do que acharam, ele está se posicionando ao lado do que muitos aí defendem.

Quanto a Folha ser um jornal burguês isso não é novidade, assim como as demais grandes mídias, inclusive nossos dois jornais aqui de Bauru que muitas vezes escondem informações. Combater sempre.

Camarada Insurgente Marcos Paulo

Henrique disse...

Gente
Revejo meu posicionamento, com certa reserva, pois tudo o mais que escrevi da Folha é mais do que pertinente, pura latrina jornalística. Quanto ao Antonio Prata, sei que assim como eu, muitos outros tiveram uma interpretação apressada e foram na onda, mas assim mesmo, percebe-se hoje que o jornalão ao abrir espaço para articulistas, não mais permitem total liberdade de expressão ou seja, todos possuem um limite e o exercem dentro de suas conveniências. A própria Folha se aproveita da confusão e o destaca exatamente por causa disso. Quando muitos tiverem o real entendimento e isso começar a entrar em choque com os demais, os tais citados pelo texto, ele terá terminado seu tempo por lá.
Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique

EU TAMBÉM DEIXEI DE ENTENDER MUITA COISA FAZ TEMPO.
Somos de uma geração onde quem escrevia numa publicação de direita era de direita, hoje não mais, o cara escreve lá e diz que é o contraponto do jornal, porém permitido pelo dono do jornal. Que nome é dado a isso? Que acordo é esse?

Tô contigo.

Paulo Lima

4 de novembro de 2013 03:25