INTERVENÇÕES DO SUPER HERÓI BAURUENSE (63)

SAÚDE MUNICIPAL – QUANDO TUDO É TRATADO COMO MIXARIA...

O problema da SAÚDE em Bauru tem se mostrado algo sem solução, pelos menos nas apresentadas pelos poderes constituídos. “Uma inabilidade a toda prova para direcionar a questão”, esse o resumo do Guardião, o super-herói bauruense, em pouquíssimas palavras e após uma semana recheada de acontecimentos surrealistas renovando-se dia após dia com a fala de alguns personagens envolvidos na questão. “Ou a direção municipal no setor está mais perdida que cego em tiroteio, ou é mesmo inábil e não possui nenhuma condição de enfrentar o problema a unha e resolvê-lo. Todos sabem que os médicos lotados no serviço público não cumprem a jornada de trabalho e ninguém conseguem enquadrá-los. Eles continuam impondo as condições em que querem trabalhar e assim atuam. Nenhuma outra categoria profissional faz isso sem a devida punição aos seus”, essa outra da lavra do mesmo personagem (criação do desenhista Leandro Gonçalez e com pitacos desse mafuento HPA).

A confusão ocorre não só nas hostes de direção, mas também dentre os que poderiam dar alguma luz à questão, os vereadores. “Três deles são médicos e querendo ou não agem dentro do espírito certo corporativista reinante entre eles. Um deles, Raul Gonçalves de Paula - PV, demonstrando sua inabilidade disse que ‘médico brasileiro não se sujeita a mixarias. Médico cubano que faz isso’. Novamente infeliz, pois deixa claro na declaração que tudo se resume a dinheiro, grana, bufunfa no bolso e bem acima da média nacional. Menospreza o médico que atende voltando seus olhos para a questão social e enaltece o que o faz para receber altos soldos. Se esse é o pensamento dominante entre a classe, só existe mesmo uma solução: está tudo errado e tudo precisa ser urgentemente refeito”, apregoa Guardião. Mais estarrecido ficou ao ler no JC declarações da médica Marli Faria, esposa do vereador Faria Neto PMDB sobre o salário ideal para a categoria e a defesa dos 16 atendimentos diários e não das 4 horas reguladas na contratação desses: http://www.jcnet.com.br/Politica/2013/11/medicos-nao-fazem-jornada-completa.html.

Enquanto isso a população continua sendo humilhada quando em busca do atendimento. “Tudo é tratado como se fosse uma mera mercadoria sendo comercializada nos postos de saúde. Os médicos simplesmente encurralam o Executivo, impõem suas regras e amedrontam a todos sinalizando que se contrariados podem pedir demissão em massa. Fui bater um papo com um munícipe, o Tião Camargo que já foi de Núcleo Gestor de Saúde e me contou uma experiência pessoal dele no Posto do Jardim Europa", conta. “Fui lá e me disseram que não tinha vaga, teria que ir na segunda, madrugada e ficar numa fila ao relento na calçada para conseguir uma das 80 vagas semanais. Dessa forma eles distribuem todas as vagas da semana. Recusei-me e ao ameaçar chamar a polícia me deram um número. Fui lá no dia marcado e percebi que os 16 tem o mesmo horário, não espaçam por exemplo, de 15 em 15 minutos, tudo num bolo só. Cheguei ao meio dia, hora marcada e lá fiquei até 15h sem comer nada, esperando. São insensíveis, resolveram o problema para os médicos, mas não o de quem necessita do atendimento. E naquele dia o médico chegou uma hora atrasado. Essa é só a ponta de um iceberg de proporções inimagináveis. A atendente vendo que tinha plano de saúde particular ainda fui chamado de elitista, mas na verdade queria mesmo é ser atendido decentemente. Falei disso pessoalmente ao prefeito, mas nada foi resolvido. Cansei”, são suas palavras.

Para finalizar, ainda do JC, Guardião não se conforma com a conclusão que o representante do CREMESP - Conselho Estadual de Medicina deu a tudo o que está acontecendo: “Na rede privada isso não acontece porque há um patrão que exige o cumprimento da jornada contratada. (...) No âmbito público prevalece a lógica de que o contratante finge que paga e o contratado finge que trabalha”. Simples assim. E depois, como o médico vereador, o Raul textualmente disse e Guardião faz questão de relembrar para que ninguém esqueça jamais disso: “Médico cubano é que trabalha por mixaria”. “Gente assim, alguns privilegiados tratam os demais como se vivessem num outro mundo, acima de tudo e de todos. Se a classe médica não se pronunciar e rebater isso, fica subtendido como se todos comungassem da mesma linha de pensamento”, conclui Guardião.