segunda-feira, 18 de novembro de 2013

UMA MÚSICA (102)


JÁ NÃO SOMOS MAIS OS MESMOS – OLHA A SAPATADA
Não nos indignamos com mais nada. Outro dia li num dos comentários sobre a Estátua da Liberdade da Havan que se isso ocorresse tempos atrás já teríamos detonado com isso sem pestanejar. Fiquei quieto e hoje dou a minha demonstração de como já não somos mesmo os mesmos. Quem visita hoje Bauru é o Consul Geral dos Estados Unidos da América, mister DENNIS HANKIS, uma “ilustre autoridade internacional” (sic), que antes de aportar no Brasil havia atuado como membro do serviço diplomático daquele país em países africanos árabes e latinos. Vem dar uma palestra com o título de “As Relações Bilaterais Brasil/Estados Unidos”, mas algo que acredito ninguém terá coragem para perguntar é sobre o triste papel de espião do seu país mundo afora e se ele mesmo já não o fez em algumas de suas missões.
No mínimo em tempos já distantes algo já estava mais do que preparado para uma recepção decente, com faixas, cartazes, apitos e até sapatos (até no Iraque fazem isso, menos aqui). Já tinha separado um surrado sapatão velho para essa finalidade, podendo até fazer uso dos dois e voltar descalço para casa (ou para o xilindró). Penso em ir lá, mas um amigo me diz para não ser “caricato e não pagar esse mico”. Puxa, como gostaria de lá estar diante do anfiteatro da USC, com cartazes dobradinhos dentro dos meus cadernos, enfiados dentro da cueca (eu também enfio coisas em minhas cuecas) e prontinhos para passar pela fiscalização e uma vez lá dentro na hora certa fazer o alarde necessário. Só não irei e aos 53, não encontrei ninguém disposto a me acompanhar. Não sei se o “Bauru Acordou!” está acordado para isso, não sei se os militantes marxistas do PT, PCB, PC do B, PSOL e PSTU topariam uma ainda se passarem por caricatos. O fato é que tentei, mas acredito permanecerei mesmo vendo o Félix sendo destronado na novela das oito (que começa as nove) da TV Globo, demonstrando a decrepitude onde me encontro. Mas bem que ainda daria tempo de promover algo contra tudo o que tenho visto sendo feito de ruim pelo governo que esse senhor representa.
 
Melhor, na impossibilidade de encontrar alguém com coragem para perder os pares de sapato nessa noite, achei coisa muito melhor para fazer do que ver o Félix perder o posto de vilão na noturnica e modorrenta TV. Vou tirar na estante do mafuá um velho LP do Vitor Ramil, o “TANGO” (uma das raridades do mafuento acervo) e lá vou ouvir até gastar a velha agulha, uma sentimental canção, a “SAPATOS EM COPACABANA” (http://musica.com.br/artistas/vitor-ramil/m/sapatos-em-copacabana/letra.html). Sintam a letra, se não é melhor do que a embromação de um qualquer cônsul: “Caminharei os meus sapatos em Copacabana/ Atrás de livro algum pra ler no fim de semana/ Exercitar aquela velha ótica sartreana/ Vendo o maxixe falso da falsa loira falsa bacana/ O mendigo ensaia o passo lento um carro avança/ Sei que não tenho idade/ Sei que não tenho nome/ Só minha juventude/ O que não é nada mal/ (escreverei os meus sapatos na tua idéia/ escreverei os meus sapatos na tua postura/ escreverei os meus sapatos na tua cara/ escreverei os meus sapatos no teu verbo/ escreverei os meus sapatos nos teus/ Copacabana)/ Regressarei os meus sapatos por Copacabana/ Na mão direita o sangue de uma história italiana/ Escorregar um tango numa casca de banana/ Quando cair só vou lembrar da tua risada sacana/ O polícia esquece a mão suspensa um carro avança/ Sei que não tenho idade/ Sei que não tenho nome/ Só minha juventude/ O que não é nada mal/ (as negras pupilas do verso dilatam)/ (os automóveis jorram de um piano)/ (as negras pupilas do verso dilatam)/ (os automóveis jorram de um piano)”. Essa será minha sapatada...

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique permita-me algumas considerações já que fui eu quem lhe disse sobre a "esquerda caricata".

Você pegar uma pessoa e ir nesse encontro com o Consul norte-americano e questioná-lo na frente de todos sobre espionagem, política externa, sionismo na casa branca e deixá-lo contra a parede seria o máximo, a outra pessoa filmaria isso, e pode ter certeza que bombaria esse vídeo sobre o jornalista e historiador que calou o Consul americano, pessoas apoiariam, muitos confrontos de ideias seriam gerados a partir disso, foi a crítica ácida, pontual, com base sólida, totalmente dentro de um contexto histórico.

Agora imagina a parte caricata que nunca deu em nada, fanfarrões adentram o recinto com faixas, narizes de palhaços, coisas que nada tem no exemplo dos grandes comunistas, aí o meu querido amigo Henrique atira o sapato no Consul, vc estaria preso para o resto da vida sem ter dado ao menos algum significado, valor para sua prisão, e estaria sim nos noticiários de todo o Brasil, mas recebendo chacotas como o bobão que atirou o sapato e agora está em cana, logo estaria esquecido, alguém lembra do nome do cara que tacou o tamanco no Bush???

Pense nisso meu amigo, sei que vc dá um grande valor para o que falo, mas procuro ouvir um pouquinho mais ainda o seu amigo que se mantém no bom senso, longe das alienações das redes sociais, vc é o melhor cronista dessa região, já peguei muita coisa de seu estilo de escrita para textos meus, mas é necessário seguir em frente, amadurecer as ideias para não se auto destruir como crítico, como intelectual, como revolucionário.

Pense grande Henrique, tenha ambição boa para com a vida que podemos conquistar, vc e eu temos sim um grande talento, não queira apenas sobreviver nesse sistema, vamos procurar viver para transformá-lo, mesmo que não estejamos lá um dia, mas outros poderão fazer esse caminho, todos os grandes revolucionários um dia já foram anonimos e pensaram grande para alcançar a comunicação para massas, acredite mais em vc Henrique, seu potencial é raro.

Rompa com fanatismos, mergulhe novamente no mundo científico da literatura revolucionária para nunca cair diante de direitosos intelectuais e não caricatos como o Goffi por exemplo, nosso confronto é contra os grandes que pensam, reflita sobre isso, pergunte a si mesmo se não anda trancando seu talento, seu grande horizonte.

Olhe para nossos ídolos históricos, sempre foram muito bem fundamentados, nunca caíram no ridículo e nunca, mas nunca ridicularizaram um símbolo cultural de uma nação, vcs estão com o foco errado, temos que ser revolucionários e não mentalidade de adolescente rebelde sem consciência de causa.

Sempre criticamos muito os alienados, os que definham em receitas prontas, mas muitos não percebem que estão se igualando a isso.

Lembre sempre meu amigo, foco, e acredite mais em vc, podemos sim um dia estar lá em cima e o mainstream ser obrigado a nos engolir.

Um abraço sempre com todo fervor revolucionário do amigo

Camarada Insurgente Marcos Paulo

Anônimo disse...

Contenha-se Henrique ...você não tem mais idade e saúde para isso! Friagem nos pés dá pneumonia e pode até matar!
Antonio Carlos Pavanato