AMIGOS DO PEITO (85)

DUÍLIO DUKA E AS MARAVILHAS QUE SEU CUNHADO FEZ EM SEU COMPUTADOR

Quem passou ontem aqui pelo meu mafuento espaço foi o amigo DUÍLIO DUKA DE SOUZA, hoje um professor aposentado e cheio de planos para o futuro, morando uma temporada em Botucatu. Como hoje é sábado, feriado de Finados, conto uma para amenizar a pauleira do dia-a-dia. Quando me contou foram muitos risos. Seu computador andava lentão, cheio de textos que ia agregando dia após dia, todos mais do que úteis. Num dia seu cunhado, desses sempre muito prestativos aparece em sua casa e se diz expert em computador. Daí a esposa Rosana, levantando a bola do irmão diz da lentidão do computa do lar. Lá vai o cunhado ver o que estava ocorrendo. Problema encontrado, problema solucionado e a máquina fica radiante, mais rápida, perfeita. Rosana não vê a hora do marido chegar em casa e quando o avista vai lhe dar a boa nova já no portão. Diz da benfeitoria promovida pelo cunhado, que tudo fez sem cobrar um tostão. Duka meio desconfiado preferiu averiguar antes de cair nos elogios ao cunhado e quando liga o bichinho já dá pelo sumiço de uma pasta importante, a que continha seu antigo livro revisado e pronto para republicação, foi para outra, a com um novo livro de poemas e ele também desapareceu, na sequência uma terceira e outro só de crônicas e textos juntados ao longo dos anos. Foi ver e o cara havia deletado tudo, não havia mais pasta nenhuma, tudo zerado, daí a rapidez da máquina.

Desesperado tenta recuperar e nada consegue. Fica com medo de acionar o cunhado, pois ele pode piorar ainda mais as perdas. Foram meses parando em tudo quanto é loja de computação em busca de algum técnico para recuperar as pastas perdidas. Tudo em vão. Consegue um endereço de uma firma especializada na capital, leva o HD a eles e lhes fazem um orçamento de alto custo, mas só se conseguirem sucesso. Não conseguem e sugerem levar a peça para a matriz num país distante, pelo triplo do preço cobrado. Duílio ri para não chorar e quando lhe pergunto sobre o cunhado, me diz: “Não tenho visto mais ele, acredito que está com um certo receio de minha pessoa. Anda me evitando”. Esse é meu amigo de longa data, um que na noite de sexta, juntamente com a Ana e o Sivaldo Camargo tomamos umas brejas (eu mais os vi beberem que tomei, a tal da dieta diabética) lá no bar do Bode, no Redentor. Ser amigo de um mafuento escrevinhador é osso duro de roer, pois as histórias contadas numa mera mesa de bar acabam sendo repassadas para conhecimento de todos e todas. Não me levem a mal, essa eu não podia deixar passar. E desculpas peço também a Rosana, pelo mano, o tal do técnico em computação, que não cito o nome para que não perca a clientela.

UMA TIRA E UMA MODESTA OBSERVAÇÃO - Demorei um certo tempo para me posicionar por aqui a respeito do caso Animais Instituto Royal e o faço agora. Sempre me solidarizei muito com a causa animal, mas sem hipocrisia e excessos. Sou e sempre serei mais solidário com a causa humana, a degradação proporcionada pelo mundo e o que vejo de gente largada, abandonada, entregue a um mundo vegetativo, insano e cruel me dói de uma forma muito mais grandiosa. São tratos diferentes. Não aceito o que fazem com os animais, mas o que é feito com o ser humano dentro do sistema onde vivemos, o neoliberalismo é de doer a alma. Eu enxergo todos os invisíveis e me penalizo, quero estender minha mão e sei que o visto hoje é culpa do sistema político onde vivemos, um que privilegia o dinheiro e não o ser humano. Hoje, no diário argentino Página 12, o Miguel Rep publica uma tira, cujo tema já foi alvo de muitos outros desenhos e quando o vi no site do jornal, achei o momento oportuno de expor que precisamos dar uma atenção muito maior ao ser humano em condições adversas. E isso é possível. Quando Fidel Castro, lá na ilhota que muitos criticam afirma num outdoor na saída do aeroporto de Havana que "essa noite milhões de crianças dormiram nas ruas, porém nenhuma é cubana" leio ironias bestiais, mas é a mais pura verdade. Lá, quer queiram ou não alguns insensíveis, o trato com o ser humano é outro. Isso incomoda os que fazem desse mundo o paraíso do consumo fácil e perverso. É contra isso que luto. Quero cuidar tanto de um como de outro, de todos nossos problemas e lutar por um mundo mais justo em todos os sentidos. Esse é o HPA