segunda-feira, 25 de novembro de 2013

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (96)


SEGUNDA CHUVOSA É ÓTIMA PARA NÃO SAIR DE CASA E PROMOVER MIL DIVAGAÇÃOES

Os compromissos me fariam pegar estrada no dia de hoje. Uma intermitente chuva me desacelera e fico vendo pela janela desmontarem um circo defronte minha casa. Esses sim possuem compromissos e sabem dos seus prazos. Molhados continuam na lida, estão prontos para baterem asas. Amanhã nenhum vestígio deles terei mais aqui pelo campo defronte minha janela e os quero-queros voltaram a zelar por suas ninhadas e pelos que trafegam por seu espaço. Eu divago, preguiçosamente e fico a recordar de alguns fatos desse último final de semana. Se tiverem saco continuem a leitura.

Na dominical feira encontro numa das vielas da do Rolo uma distinta senhora, circulando com um violão. Sorridente o oferecia por meros R$ 80 reais. Vi um senhor oferecendo R$ 50 e ela balançando, querendo regatear, mas indecisa. Percebi que o sorriso lhe sumiu da face e sai de perto, não quis presenciar o final da negociação, pois deu para perceber que estava se desfazendo de algo pelo qual gostava muito, vinha dedilhando o querido objeto entre a multidão. Tão triste e tão dos nossos tempos isso de alguém vendendo algo e o sujeito demonstrando um interesse vir desvalorizando, depreciando o produto, tudo para jogar o preço lá embaixo. Vejo isso acontecer com um amigo no aperto e querendo se desfazer de um carro batido no seu quintal e o que mais aprece são os que oferecem um preço perto do nada. Vi outro dia na mesma feira um senhor aposentado, alto salário, comprando LPs usados por meros R$ 2 a R$ 5 reais cada e ainda dizendo ao vendedor: “Levo e testando em casa, se algo não estiver de acordo, volto e quero meu dinheiro de volta”. Tenho que me segurar nesses momentos.

Ainda da feira dominical. Permaneci nela quase a manhã toda junto de um velho amigo, DANIEL CARBONE, ex-cinegrafista da TV Tem, professor de Química e morador por décadas da rua São Lourenço, comecinho do Bela Vista. Jogamos bola juntos nos campos do IBC, estudamos juntos na Escolinha da Rede e tínhamos uma intensa amizade até o dia em que resolveu bater asas com sua Maria e a então pequena filha Daniela para São Bernardo do Campo. Volta 30 anos depois para enterrar a esposa do irmão (velórios propiciam grandes reencontros) e no sábado à tarde aporta no portão de casa com sua trupe. Ontem, domingão circulamos pela feira, ele na esperança de rever algum velho conhecido. Nenhum diante de nossos olhos, mas belas recordações e papos sobre o passado, o presente e o futuro. Daniel continua, ele e sua Maria dando aulas na escola pública, em vias da aposentadoria e agora cuidando de um negócio próprio, um pet shop. Especialista em canários, vive rodeado dessas aves, algumas soltas pela casa. Ele e seu irmão, um bombeiro aposentado, gente carbonária, reviraram durante algumas horas algo do meu passado, que de vez em quando volta à tona e me emociona. Não sou saudosista, só gosto de reviver algo lá de trás e ver que tenho muita coisa de bom para relembrar. Eu sou daqueles que não deixo o bonde passar, subo nele e deixo a coisa rolar, pois como creio que não teremos outra vida é com essa que tenho que ir. E vou.

Na sexta à noite, após dar uma passada no velório do professor Muricy e tirar uma fotos do Niltão lá na portaria do Armazém Bar, resolvi, eu e Ana bebericar umas ouvindo o amigo Neto e Desirré cantar, no Bar d’Lemão, onde era o Saudosa Maloca. Foi muito bom rever Cida Conca e suas histórias de São Tomé das letras (escrevo dela hoje num Personagem sem Carimbo – O Lado B de Bauru). Minha gratificação, dessas que me fazem chorar é reencontrar pessoas pelas quais já escrevi algo, que demoro para reconhecer, mas me abraçam, me chamam pelo nome e ficam me elogiando em público. Fico todo derretido. Dessa vez foi o Carlos, um sujeito muito boa praça que conheci em 2009 no Bar e restaurante do Luso, num almoço onde Humberto Biazon cantava com seu grupo, o Álibi. Reveja a história aqui: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=humberto+biazon. Carlos primeiro me afronta com clássica pergunta: Lembra de mim? Digo que sim, que deve ser de algum bar, mas ele percebe que não me lembro de porra nenhuma. Daí explicita tudo e conta a história daquele dia para todos na mesa. Diz ter gravado até hoje o texto num pen-drive e o mostra para todos. Ana tira umas fotos de nós dois no colóquio amoroso e eu, que mal consigo me levantar da mesa (não por causa da bebida, viu! Tô controlado), percebo que por essas e outras não devo ser mesmo Xarope. Ou ser xarope é isso, sei lá!

Quer coisa mais feliz do que ver os amigos no desvio sendo reencaminhados. Neizinho, meu craque de bola da várzea, dos tempos que assistia amador in loco, depois de passar agruras mil, consegue com a ajuda de diletos amigos a tão almejada aposentadoria do INSS. Um salário mínimo, esse o valor exato que o tirará da miséria e da precária situação em que vivia. Hoje o vejo altaneiro e cheio de pompa pelas ruas da cidade. Neizinho deu a volta por cima e já sente outros ares bafejando sua face. E se ele está mais feliz que pinto no lixo, eu idem. Mais uma. Nem eu, muito menos a torcida do Flamengo morremos de amor pelo Marcelão, um personagem das ruas e bares de Bauru, neoliberal convicto e boquirroto de plantão, sempre colocando num altar os tucanos, mas o cumprimento e ele ciente de que estou em outra trincheira de luta, acabamos nos respeitando. Num bar, ele ostentando uma camiseta, peça de museu, com um 12 É TUGA, de um inesquecível campanha pela Prefeitura de Bauru. É certo que sai por aí para provocar incautos. Disse a ele que talvez essas sejam as duas últimas peças ainda existentes, nós dois os últimos possuidores dessa rarissima peça (quanto valeria no Mercado Livre?). A minha guardo para usar em momento oportuno, a dele ele a gasta pelos bares da cidade. Por fim vejam só o que o amigo Gilberto Maringoni produziu sobre uma entidade vicejando nos dias de hoje, a Associação dos Facebookers Anônimos. Tenham todos e todas uma boa semana.

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique
Então se deixarmos de fazer algo hoje, amanhã já poderá ser tarde, pois um meteoro pode acabar com tudo, inclusive com minha biblioteca e a tão querida coleção de borboletas que guardo com tanto carinho. Já que é assim, me aguardem.
O velho lobo vai sair do armário.
Tenho que me conter, pois voce deve se lembrar daquela música do Paulinho Moska que dfiz que o mundo ia acabar e daí ele fez coisas que não faria se isso não fosse ocorrer. Só que o mundo não acabou e ele está em papos de aranha.
Vou me segurara mais um pouco.
Do seu amigo Alvarenga

Anônimo disse...

Henrique

Esse Marcelão é pirado, mas não rasga nota de cem.

Túlio