quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

UM LUGAR POR AÍ (62)


A PENÚLTIMA SAPECADA DO ANO...

O pessoal aqui de casa resolveu hoje ter uma manhã mais do que diferente. O local encontrado para festar antes da passagem do ano (a última esbórnia do ano) foi um passeio lépido e fagueiro em RIBEIRÃO BONITO, um distrito da vizinha AREALVA, primeiro no Empório Ribeirão Bonito, administrado pelos irmãos NILTON e NILBERTO CARDOSO, depois pelo espaço junto ao rio, onde a família CARDOSO possui uma bonita área de lazer, administrada pela matriarca deles, LUZIA CARDOSO. O local estava vazio nessa manhã e as fotos para ilustrar de forma jocosa esse último dia do ano são das placas dentro do empório, um iluminado lugar, ponto de encontro de estradeiros variados e múltiplos. Um lugar no meio do mato, uma venda dessas que tem de tudo, encravada num cruzamento com sete caminhos e ali, além da venda, um campo de futebol e um igrejinha. O rio passa ali atrás e a FAMÍLIA CARDOSO participa do projeto Caminhos do Centro Oeste Paulista - Turismo Rural com a junção desse maravilhamento proporcionado pela ação deles ao longo dos anos. Aqui um bocadinho do que fazem o ano todo. Descobrimos até uns apartamentos a R$ 50 a diária para pernoitar na beirada do rio. O paraíso é tão perto da gente e tem momento que nem percebemos. Quem esteve conosco foi o amigo Aldo Wellicham, hoje residindo em Arealva, que depois nos levou apara um almoço num restaurante na cidade. Agora, a promessa de voltar, voltar e voltar e daí se recarregar, recarregar e recarregar. Esses nossos pedidos para 2015.



ANO NOVO, CARNAVAL E QUARTA FEIRA DE CINZAS - EMBOLADO EM 2015

Quando achei sem querer essa charge do imortal ZIRALDO, publicada na extinta revista Manchete de 15/02/1997, observei que a sacada ocorrida naquele ano está se repetindo no ano que se inicia amanhã. Vai ser tudo meio que embolado nesse começo de 2015, pois já estamos nem bem o ano acabou já traçando os planos de como vai ser o Carnaval. Uma loucura total na cabeça de quem é folião e está com o bloco na rua desde já. Imbuído desse espírito emanado pelo traço do Ziraldo desejo a todos que os embolamentos todos sejam proveitosos, graciosos, garbosos, charmosos, vistosos e recheados de muito calor humano. Esse os votos desse HPA para tudo e todos. A vida é dura, recheada de embates mil, mas também de congraçamento humano, como o que faço nessa noite, permanecendo na passagem do ano ao lado de pessoas que pensam e tocam suas vidas do mesmo modo que a minha. É assim que toco minha vida nos 365 dias do ano e hoje não poderia ser diferente. Nos vemos pela aí, lutando, carnavalescando, panfletando, agitando, esbravejando, atuando e sempre, sem medo de ser feliz e buscando a mesma ao seu modo e jeito. Vamos que vamos... HPA

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

MÚSICA (117)


“RIO, RUAS E RISOS”, LP DO ALDIR E MAURÍCIO TAPAJÓS, UM QUE SE FOI NOS APERTOS DA VIDA – DA SÉRIE DESABAFOS DE FINAL DE ANO
A história triste eu revivo aqui e sem maiores problemas. Coleciono MPB, desde os LPS aos CDs (as fitas cassetes abri mão). Já tive um acervo muito maior que o atual. Descuidei um pouco, estão empoeirados, os ouço pouco, sempre com promessa de instalar mais e mais aparelhos de som pelo mafuá e ir reverberando o som juntado, espalhar isso tudo pelas paredes do meu local de trabalho, casa do meus pais. Dia desses fui à busca de um velho LP, do maior compositor vivo, o imortal ALDIR BLANC e não o encontrei. Era o de uma das certeiras parcerias dele, com o MAURÍCIO TAPAJÓS, o “RIO, RUAS E RISOS” (Saci/Independente, 1984), uma belezura dos anos 80. Primeiro algo do Maurício, um barbudo bom de letra, com coisas lindas rodando pela aí e, infelizmente falecendo tão novo, na flor da verve criativa. Imagino as belezuras que não estariam sendo feitas até hoje com a sua pena. Na junção com o Aldir, preciosidades inimagináveis e inigualáveis. As juntadas nesse LP um bocadinho delas.

Pois bem, o LP desapareceu do meu acervo. Vou ao youtube e reencontro uma possibilidade de ouvi-lo inteiro, todas as faixas, 31 minutos e todas as músicas. Simples isso, daí me perco revivendo as canções todas. Compartilho isso com os que me lêem. Clicando a seguir essa possibilidade: https://www.youtube.com/watch?v=FFeMUjQevqU. Sintam a beleza dos títulos das canções e ao ouvi-las um maravilhamento sem fim, perdição para ouvidos moucos: Querelas do Brasil, Antonieta na gafieira, O Sandoval tá mudado, Santo Amaro, O bonde, Perder um amigo, Valquíri, Entre o torresmo e a moela, Valsa do Maracanã e Colcha de retalhos. Confesso, eu babo na fronha por todas elas.

A história triste é do LP não estar mais por aqui. Sei o que aconteceu e conto agora. Coisa de uns dez anos atrás estava duro, sem muita grana nos bolsos e daí não me lembro quem me indicou um senhor paulistano, dono de uma loja de discos raros, desses que sai em busca de peças raras, compra na bacia das almas e as revende. Ligo para ele e ao contar o que possuo, o interesse é imediato. Não demorou nem dois dias o cara veio de Sampa para Bauru só para ver o que tinha. Fuçou tudo. Fizemos um acordo bestial. Ele escolheria cinqüenta, nem olharia os títulos para não sofrer muito e por um preço estabelecido levaria o lote. Isso feito, contei os tais cinqüenta, sem tentar reparar no que estava sendo levado, peguei a grana e a gastei mais rápido do que possam imaginar. Vapt vupt e eu sem meus discos. De vez em quando vou em busca de um antigo e não o reencontrando sei o destino. O desse deve ter tido esse destino. Outro que sei foi na mesma leva foi o Clara Crocodilo, do Arrigo Barnabé.

O tempo passou, não tenho mais o contato do tal comprador. Devo ter jogado fora e também o que faria com o cartão depois de dez anos.? Não acharia mais nada lá com ele ou se achasse talvez o preço que vendi tudo pagaria no máximo uns cinco ou seis. Sei que o cara andou me ligando aqui umas duas vezes querendo levar mais alguns, mas segurei as barras. Assim como eu andei fazendo isso, sei de outro meu amigo, um que se apertou de vez e vendeu tudo o que tinha, ficando só com as peças mais raras. Imagino por mim a dor sentida. O ir juntando todas essas peças e depois ter que se desfazer. Os motivos de se abrir mão são muitos, um deles, a falta de espaço nas casas, outro a indisposição da cara metade com aquelas velharias (o que não ocorre comigo), mas o mais dolorido deles deve ser o que fiz, vender para pagar contas em atraso.

Ouvindo as canções desse disco aqui e agora pela via internética, não sei se dou risadas ou se choro. As letras me calam muito fundo, o ano se encerra, tantos planos pela frente. Queria muito poder escutar isso tudo que tenho aqui guardado, arrumar melhor esse meu cantinho, ler mais. Minha mana Helena publicou ontem no seu facebook a capa de mais um livro lido e respondi assim para ela: “Tenho por ti a boa inveja. Queria poder estar lendo como ti. Saudades tenho dos meus 5 a 7 livros lidos por mês, hoje quando um, muito. Planos para 2015? Sim, um deles é ler mais, livros e mais livros”. Minhas antigas agendas tinham um espaço para ir marcando os títulos dos livros lidos no mês e possuo até hoje um caderno aonde ia registrando as frases recolhidas dos livros lidos. Livros, ouvir mais música, se informar melhor das coisas, muitas fontes de informação e possuir um amplo, arejado espaço para agasalhar tudo isso. Meus preciosos papéis sendo guardados até um dia poder ser repassados para o filho. Dele uma incontida alegria. Quanta coisa já não me levou de livros, revistas, coleções feitas para que um dia ele se interessasse. E se interessou, levou para seu canto e isso sim me dá um contentamento sem fim. Quando vou até ele e revejo alguns dos meus livros bem guardados por ele, sei que parte de minha missão está se consolidando. E a Ana Bia, ela também possuidora do seu mafuá particular e quando juntarmos tudo, vamos precisar de um barracão amplo e espaçoso. Do contrário, nem sei do futuro disso tudo.

Não me penitencio por nada já feito. Talvez até tenha que fazer novamente o que fiz um dia. Sem neura de nenhuma espécie. O que fiz aqui é um mero registro. Claro que gostaria de ter ainda todo meu acervo completo, mas quando isso não é mais possível, toco meu barco. Continuo comprando muito, consumindo muito música. Hoje compro pouca coisa nova, isso por causa do preço. Frequento muito sebos e em cada lugar por onde passo, vou descobrindo lugares e cato novidades e antiguidades. Descobri lugares no Rio onde compro CDs por R$ 2 cada e me esbaldo a cada retorno. Me perco nesses lugares e se não leio muito, como dantes, pelo menos consumo muito mais música. Não tem ida à banca do Carioca na Feira do Rolo que não volte com dois ou três CDs e por um preço mais do que convidativo. E quem me diz que qualquer dia desses não reencontre o perdido “RIO, RUAS E RISOS”, talvez o meu próprio. Esse mundo dá muitas voltas e esse será somente uma delas. Perdido aqui na imensidão de possibilidades mafuentas dos meus guardados desejo a tudo e todos BOAS ENTRADAS E BOAS SAÍDAS PARA 2015...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (66)


CONVITE DE ÚLTIMA HORA E UMA RECUSA CHEIA DE MUITA DOR

O convite foi esse:

“Olá Henrique. Espero que esteja bem. Você está sabendo que está sendo organizada uma viagem para Brasília para a posse da Dilma? Tem interesse em participar? Vamos de ônibus, gastos reduzidos, hospedagem barata. Ida dia 31 e volta dia 1º. Passagem de ano na estrada com os companheiros... Resposta até amanhã. Sim = passar nome(s) e RG. Não = Valeu, abraços”.

O negócio coçou e tive perturbações, palpitações, tanto que adiei a resposta:

“Batendo aquela vontade louca de ir e enfrentar essa aventura pelas estradas e ver a posse de Dilma. Te respondo amanhã”.

Hoje pela manhã a cobrança pela definição:

“Olá Henrique. Não recebi sua resposta, imagino que não possa ir”.

A negativa, me doeu um bocado, pois essa seria uma rara oportunidade de estar na posse de um presidente da República e mais, talvez o mais saboroso, o viajar junto de pessoas entendendo esse momento como algo ainda cheio de esperança. Essa minha definitiva resposta:

“Queria muito ir, mas tenho que abdicar. Estou com visitas em casa, parentes hospedados em casa e até comentei com Ana da possibilidade, mas me indagou: "Vais me deixar sozinha cuidando deles?". Daí vou ter que ficar. Agradeço e recuso cheio de dor no coração, pois queria muito poder ir”.

Ela, ciente de que minha recusa só ocorreu por motivo de força maior, faz as despedidas com algo reconfortante:

“Compreendo, essa data realmente é especial. Como não estou esperando visitas e não há outros motivos que me impeçam, vou com meu filho e amigos. O marido ficará com nossos cachorros. Muitos companheiros e amigos que gostariam de ir também não poderão por situação semelhante a sua. Passei o convite a vocês porque imaginei uma viagem bem interessante com sua presença, todos teríamos horas para compartilhar desse convívio entre companheiros e, juntos, mostrar a legitimidade de nossa opção pela querida presidenta Dilma. Fique em paz e curta a passagem de ano com sua família e amigos, isso também é muito bom. Desejo-lhes um feliz Ano Novo, pleno de saúde, paz e amor. Abraços”.

Dessa forma perdi a rara e única oportunidade.

OBS.: As fotos são meramente ilustrativas e gileteadas da internet mostram pessoas que estão verdadeiramente indo para a citada posse.

domingo, 28 de dezembro de 2014

COMENDO PELAS BEIRADAS (02) -


AGORA TEM TAMBÉM SARDINHA ASSADA NA FEIRA DOMINICAL


As comidinhas de rua me atraem assim do nada, passo por elas, sinto aquele cheiro no ar, uma fumacinha subindo, tudo beirando a calçada, pronto, bate aquela irresistível vontade de parar, provar e daí por diante, além do acepipe diferenciado, um papo para lá da descontração. Comidinha popular só desce bem quando aprumada com um bom papo, daí o caldo entorna. Esse tipo de coisa se repete com uma freqüência até maior do que posso suportar, pois nem tudo que vejo posso provar, mas se não provo, vejo, sinto o cheiro e sigo o lema, “vejo com os olhos e lambo com a testa”. Na manhã de hoje, 28/12, vou à dominical feira da Gustavo Maciel, como sempre faço e dessa vez quem me faz companhia é Chu Arroyo, o intrépido jornalista, hoje manager do Pedra de Fogo, na vizinha Pederneiras.

Queria lhe apresentar a banca de livros do Carioca lá na Feira do Rolo, mas o gajo queria fumar e estava sem cigarros. Subimos a feira toda até achar um bar aberto, já na Primeira de Agosto, o de uma coreana e sua família (todos muito simpáticos). Na volta, adentramos novamente a feira e um cheiro de sardinha assada sobe pelas narinas e invade o cerebelo. Não deu outra, paramos. Uma banca de peixes, algo raro na feira bauruense, com freezers ladeados e numa placa uma lista imensa deles, desde pequenos a grandes. A novidade, por si só já me chama a atenção, mas o algo mais é o que me faz parar e assuntar com o dono: a sardinha assada. Conhecemos ali na hora o seu Rogério, pescador de quatro costados, com histórias e aventuras mil com peixes.

O peixeiro, como não podia deixar de ser é de descendência portuguesa e de cara pedimos sardinhas para levar. R$ 5 reais e quatro delas, bem sortidas, cheirosas foram enroladas num papel alumínio. Papeamos tanto que ganhamos outras, assadas só o filé, sem a carcaça. Rogério divinalmente trajando um avental e com duas portentosas churrasqueiras diz tentar dar conta do recado ali ao vivo e a cores. A idéia lhe veio dois meses atrás, após anos vendendo peixe, mas querendo incrementar seu negócio, adicionou o assado na grelha. Deu certo e agora, sente pela aproximação das pessoas como estão gostando do que foi sugerido. Muitos param, perguntam de tudo, desde o tempero, a procedência, se podem levar assada, cru, etc e tal. Ele não só vende, como bate muito papo, joga muita conversa fora e a manhã do domingo voa. Quando percebe o estoque já abaixou e a peixada já foi embora.

Eu e Chu queríamos levar as sardinhas, mas queríamos degustá-las quadras abaixo, ou melhor, bem no coração da feira do Rolo e para lá nos dirigimos. Chegando no ponto do livreiro Carioca, a cerveja já estava rolando e daí não parou mais. Assim de cabeça me lembro de alguns que por lá passaram, o jornalista Benedito Requena, o professor Manuel Rubira e o estudioso de espiritismo e esperanto Rubens Colacino. Foi bom demais, o tempo passou rápido, as conversações giraram em torno de tudo um pouco e as sardinhas foram aprovadas por todos os presentes e alguns outros que sentindo o cheiro, não desfrutaram da iguaria, mas foram devidamente informados de onde poderiam fazer a pajelança. De tudo, antes de terminar o escrito, lembro do Chu quando lá defronte seu Rogério, perguntou ao mesmo se além dos peixes todos ele tinha sereia para vender. O que rendeu de risadas o questionamento é o que vejo como combustível para essas comidinhas de rua, o prolongado papo.
Rogerio vende peixes em várias feiras bauruenses e atende pedidos pelo fone 14.99771.1055. Confiram e façam seus pedidos.

sábado, 27 de dezembro de 2014

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (82)


HENRIQUE DE PAVIO MUITO CURTO NUMA FESTA NA NOITE DE ONTEM
Essa história ocorreu ontem. O conheço de longa data, somos parentes. Em cada reencontro a mesma ladainha. Nem bem nos cumprimentamos e já vem com algo incisivo, como se me apontasse o dedo por todos os erros dos petistas:

- Viu a última. Agora os estrangeiros vão processar a Petrobras e já está pintando o terceiro. O problema para a Dilma virá de fora. O investidor botou grana pesada lá dentro e agora exige honestidade.

Dou risada e só não gargalho para não alvoroçar mais a prosopopéia, mas respondo dessa forma e jeito:

- Esses investidores internacionais são os mais sacanas do planeta. Vivem escarafunchando o planeta em busca dos lugares mais rentáveis para colocar a grana lá dele, que nem sabemos direito a procedência. Não são possuidores de argumento moral para exigirem nada. Aliás no capitalismo o que predomina é o não mais trabalho. Essa grana vem para comprar ações na certeza de receber os tubos, mas com corrupção ou não, a nossa Petrobras deve ser um dos melhores negócios do planeta. Isso, infelizmente, vai virar piada internacional.

Não sossegado, a nova investida é sobre Lula (sempre ele):

- Henrique, você é inocente demais. Só você pensa que o Lula e a Dilma não sabiam de nada das maracutaias todas? Claro que sabiam, né meu?

Eu dou mais risadas e tenho que sapecar algo do tipo:

- Meu caro, todos hoje o sabem. Sabe os caras que você defende, tipo o governador Alckmin. Usando a mesma premissa, você em sã consciência imagina que ele não sabia de nada do caso do escândalo do metrô e dos trens paulistanos? Vou mais perto, aqui em nossa aldeia, nesse escândalo da AHB – Associação Hospitalar de Bauru, você imagina que o cara do mais alto escalão na hierarquia do que foi feito não sabia de nada? Todos o sabem, meu caro e o que mais gostaria é de ver todos sendo instigados e perseguidos e não só a dupla citada por ti. Essa perseguição só aos dois, como se os demais, os aliados à sua linhagem política, por exemplos, fossem santinhos e não fizessem a mesmíssima coisa.

Não me respondeu, aliás, teve que concordar, mas soltou outra. Viu o ministério montado por ela, tem Cid Gomes, filho do Barbalho e até o Garotinho pode ocupar algo de destaque. Isso já é demais. Explique isso?

Eu tento explicar ao meu modo e jeito:

- E o secretariado do seu governador, o que você votou difere disso. Nesse sistema capitalista, tudo são acordos.

Se vocês tivessem ganho a eleição, esses que hoje estão com ela estariam contigo e compondo o ministério desse governo. Essa tal de governabilidade capitalista exige isso e sem tirar nem por toma conta de tudo. Se existe um diferencial entre esses governos todos, v ejo nos programas sociais implantados, todos eles, o que de melhor tivemos no país nos últimos tempos. Isso uma coisa, já a mão humana que implanta e que está por detrás de cada programa desses, essa um horror e colocando a perder a belezura do prescrito no papel.E a diferença ainda maior disso tudo é que hoje estamos vendo os processos andarem e tanto prisões como devoluções ocorrerem.

Continuamos mais um tempo, tudo no estilo bateu levou, dele para mim e de mim para ele. Quando cansamos, bebericamos alguma coisa juntos e nos demos uma trégua, afinal a comida estava sendo servida.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

UMA ALFINETADA (128)


ESCRITOS DESSE HPA DOS PRIMEIROS MESES DE 2002 LÁ N'O ALFINETE
Estou tentando na medida do possível ir reproduzindo aqui meus antigos escritos publicados n'O ALFINETE, o semanário de Pirajuí SP, um que tinha como slogan uma frase muito bem sacada pelo seu diretor de antanho, o Marcelo Pavanato. Era o "pica mas não fere". Vou publicando alguns, mês após mês, dando uma demonstração de como foi minha participação, ainda não totalmente encerrada naquela publicação. Nesse mês mais cinco, na sequência abaixo:
edição nº 163 - 13/04/2002 - Fatos realmente acontecidos
edição nº 164 - 20/04/2002 - não tive texto publicado
edição nº 165 - 27/04/2002 - Paz, Guerra e Religiões
edição nº 166 - 04/05/2002 - Algumas indicações de leituras
edição nº 167 - 11/05/2002 - O Segredo do velho "Almanaque"
edição nº 168 - 18/05/2002 - A Fábrica, o Chumbo e o Povo

Mês que vem tem mais alguns desses textos, revivendo algo que para mim foi de grande jubilo e contentamento.
Escritos do HPA

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

RETRATOS DE BAURU (167)


JULIO MIGUEL, SUA WOLVERINEANA BARBA REVOLUCIONÁRIA E ALGO DO DIA DE HOJE
Ontem, 24/12 e hoje, 25/12 são dias onde uma parte desse mundo onde vivemos reverencia os feitos de um homem barbudo. Um que, ao seu modo e jeito contestou os poderosos de sua época e por causa disso pagou bem caro, com a própria vida. Foi crucificado. Outros barbudos (hoje acordei com vontade de escrever deles), assim como Jesus Cristo, o reverenciado por esses dias, séculos atrás fazia, escrevo de um aqui de minha aldeia bauruense, também barbarizando, aprontando das suas e botando o bloco na rua. Muitos outros barbudos revolucionaram esse planeta, o reviraram do avesso. Cito dois mais do que históricos, Karl Marx e Che Guevara, ícones como Cristo no quesito transformações sociais. Aqui no Brasil, o primeiro que me vêem à mente e de tempos mais recentes é o dr Sócrates, o craque da bola, das idéias e de posicionamentos mais do que consistentes. Daí a motivação para procurar um barbudo em plena atuação na aldeia bauruense. Achei um que é uma figuraça, mais lado B impossível, mais inconformado idem. Os quatro citados também o eram. Exalto aqui num efusivo VIVA no dia de hoje aos inconformados desse mundo, pois sem eles, lhes pergunto, o que seria de nós?

JULIO MIGUEL possui o espírito revolucionário embutido na sua carcaça a circular pela aí. Jovem e na flor de sua vitalidade, a torcida é toda para que isso tudo permaneça ad eternum junto dele, pois não existe nada mais triste do que ver, com o passar dos anos, a pessoa abdicar da luta e justificar com algo do tipo: “aquilo foi um arroubo de minha juventude”. Esse aqui rema contra a maré, ou seja, resiste, persiste e insiste na luta por dias melhores, engajado num agrupamento sério de pessoas ideologicamente incansáveis nessa busca. Vejo isso encarnado em tudo o que faz, desde o desmedido amor pela HQ (História em Quadrinhos) e seus personagens, demonstrado fisicamente na personificação do personagem Wolverine, aliás, ele mesmo em pele e osso. Por outro lado, também no estilo musical escolhido para propagar sua verve artística, aliado aos trajes, posicionamento, postura e linguajar. Julio não é de muitas palavras. O vejo mais calado, atento observador, mas sacando muito bem tudo à sua volta. E nessa foto tirada por mim na 1ª Festa Bolivariana de Bauru, realizada em Bauru no final de novembro e nela a exatidão do que queria escrever e demonstrar. Julio não faz uma mera pose ao estilo do Che, ele é assim nas 24h do dia e da noite, algo natural. Querem sacar algo mais de sua linha de pensamento e ação? Leiam essa frase entre aspas e nela dos motivos de não esmorecer na luta: “Uma das coisas mais tristes é que a única coisa que um ser humano pode fazer durante oito horas, dia após dia, é trabalhar. Não se pode comer durante oito horas, nem beber oito horas, nem fazer amor por oito horas… A única coisa que se pode fazer durante oito horas é trabalhar (...)”. Gente assim dignifica a barbada cara e representa muito bem o segmento dos com pelo na fuça. Viva os barbudos!!!

OBS.: Inquietos revolucionários e os tentando encontrar esse caminho estarão sempre aqui. (Esse texto também está sendo publicado no facebook como mais um Personagens sem Carimbo - O Lado B de Bauru, o de número 573).

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

ALGO DA INTERNET (95)


NA QUALIDADE DE OUVINTE ASSÍDUO DOU MEUS PITACOS AO MOMENTO CONFLITANTE VIVIDO PELA RÁDIO AURI-VERDE:

Na manhã de hoje duas demissões, a dos jornalistas Nivaldo José e Chico Cardoso, esse sumariamente aposentado. Escrevo das duas coisas, de como vejo ir rolando as esses temas na rádio mais ouvida em Bauru e da nova administração de Alexandre Pittoli, um também competente radialista.


NIVALDO JOSÉ é para mim o último resquício daquilo que podemos denominar de jornalista de fato e de direito nas hostes da cambaleante (torço pelo seu restabelecimento, pelo bem do segmento rádio na cidade) e antes salutar Rádio Auri-Verde. Sua degradação é perceptível a quilometros de distância. Os motivos disso é a sucessão de fatos e ocorrências dos últimos tempos, feitas me parecem com o intuito da derrocada e não do alavancar algo de cunho profissional. Nivaldo gravitava dentro disso tudo praticando o bom jornalismo, a sadia forma de tentar ser imparcial dentro do permitido. Faz o que pode ser feito, sapiência de embutir nas arestas e brechas a informação ainda correta. Foram 20 anos de labuta e uma demissão às vésperas do Natal. Belo presente. Agora ele sabe, aliás sei que sempre soube, do que se referiam minhas constantes críticas. Vai fazer falta, pois não sei quem sobra. Rafael Antonio sózinho não vai dar conta do recado, muito menos o Pittoli ou o Jota Augusto (sózinho no antes saudoso Timão Esportivo, uma lástima). A tristeza é ver sua saída e Telma Gobbi continuar falando nas ondas do rádio. Será que serei obrigado a desligar e procurar outras ondas?

CHICO CARDOSO é para mim algo irreverente, que nunca soube se devia levar a sério ou não. Adoro suas sacadas brincalhonas no ar, uma demonstração de que sabe o que fazer com o microfone na mão. Mas meus elogios para ele cessam por aí. Ele sabe que minhas críticas são pela forma parcial como comenta as notícias, todas de forma jocosas, hilariantes, mas pendendo por elogiar desmedidamente um dos lados da questão e para criticar outros, como os movimentos sociais, a esquerda, Direitos Humanos, PT e tudo o mais nesse sentido. Possuia um espaço ampliado dentro da programação da rádio, até porque muitas peças foram sendo trocadas ao longo dos anos e pouca coisa renovada (o Rafa é a novidade, única). O segmento rádio fica mais pobre com a aposentadoria do Chico, mas vejo que pela forma como ocorreu seu desligamento ele deverá refletir melhor com o seu travesseiros como se dão essas coisas entre os poderosos de plantão e os seus subordinados. Ele, que tanto defendeu o lado patronal, o lado mais abastado desse país, hoje se vê do lado de cá e vai saber sacar muito bem o que estou querendo lhe dizer.

Da rádio, nem sei se posso dizer se torço por dias melhores, pois nada sei dos planos dos seus proprietários. Não sei o que foi passado para o Pittoli executar e a única coisa que me lembro no momento é o caso do chileno que veio para a USC e executou tudo o que as irmãs daqui não tiveram coragem de fazer com a universidade religiosa. Precisaram buscar alguém de fora para fazer isso. Que o Pittoli não cumpra esse triste papel e como ouvi, dia 19/01 será a data de remodelação da rádio, estarei aguardando por esse dia, pois o segmento rádio AM em Bauru está pela hora da morte e com as últimas ocorrências espero que não tenha sido a sua pá de cal. Uma Auri-Verde forte e atuante é o que todos queremos, mas voltada também para o bom jornalismo, isento e cheio de gás (toc toc toc). Vamos torcer. Era o que tinha a dizer dos meus considerados que hoje se despedem do microfone.

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (67)


UM CONTO REAL DE FIM DE ANO - CHEGA O NATAL AOS MUITOS “REGINALDOS”...*
*Henrique Perazzi de Aquino – Especial para o JC (publicado edição de hoje, 23/12/2014, na página 7, com fotos de Douglas Reis - na última foto junto com o Reginaldo e fotografado por mim, cruzamento da Nações com a Nuno).

A história do Reginaldo não difere muito da de tantos outros. Com a proximidade do Natal e da passagem de ano, estas afloram e são mais perceptíveis a todos. Reginaldo Campanholli da Silva, 43 anos, é mais um dos que diariamente suam muito para não descer um dos últimos degraus na escala social e ir morar nas ruas. Está andando na corda bamba. Sabe disso e redobra todas suas atenções para o que faz, numa insana tentativa de conseguir o mínimo para moradia com alguma dignidade. Sabe que de onde está para a rua é só um passo e o retorno algo muito mais doloroso. Outras histórias como essas fizeram parte do Caderno JC nos Bairros, “Sonhos pelo Caminho”, neste domingo.

O paulistano Reginaldo passa boa parte dos dias da semana vendendo algo nos sinais de trânsito de Bauru. E, conseguido um mínimo calculado pelas suas necessidades, é a certeza de ter onde dormir. Vende de tudo, menos drogas. Nos últimos tempos tem se concentrado em sonhos, água de coco e paçoquinha de amendoim. É a sua rotina. Precisa diariamente fazer o exato dinheiro para pagar a pensão onde mora. Fica na rua Nóbile de Piero, Centro da cidade, custando R$ 15,00 a diária. Precisa ainda das duas refeições do dia, R$ 5,00 cada, e também guardar o suficiente para comprar a mercadoria a ser revendida no dia seguinte.

Não conseguindo juntar o suficiente, como já ocorreu várias vezes, se vê diante de um baita problema. Primeiro tem que convencer a dona da pensão, onde deposita suas coisas durante o dia e a noite ocupa um das beliches, a dobrar a diária. No dia seguinte, se vê obrigado a conseguir tudo duplicado. O mesmo ocorre com seus fornecedores, o dos doces e demais mercadorias. “Até se consegue fazer fiado, mas por causa de uns que não pagam direito, todos pagam”, diz.

E, se não conseguiu o valor hoje, como fazer para conseguir ele dobrado amanhã? “Essa é minha vida. Não posso deixar de estar focado no hoje e cumprir minha meta”, conta.

Nos sinais
Por esses dias, ele marca presença em sinaleiras variadas. Começa o dia com algumas próximas de onde dorme, bem no Centro da cidade, depois vai descendo e aporta finalmente em seu antigo ponto, o do cruzamento das avenidas Nações Unidas com Nuno. Ali, o ex-palhaço (leia mais abaixo) vendeu muitas revistas tempos atrás e, nesses últimos tempos, vende o que aparece pela frente. Sua situação poderia ser melhor, se aquela imensidão de carros estivesse somente à sua mercê, mas a concorrência é grande. Na parada no sinal, os motoristas se deparam com entregadores de panfletos, listas telefônicas, lavadores de painéis, pedintes e até os de um algo mais. Reginaldo é somente mais um, e assim como tantos outros, possui uma meta a ser alcançada até o final do dia. Tudo para não dormir na rua.

Um drama de muitos
O drama de Reginaldo é o de muitos outros. “Hoje, consegui essa caixa de paçoca, mas não está fácil, o sol está muito forte e tem muita gente aqui”, desabafa.

Sai de banho tomado e um ralo café, sempre às pressas. E, dá-lhe labuta. Os carros param. Ele é audaz, precisa ser rápido, sabe cronometrar os minutos. Chega com um jeito meio tímido e com a caixa à frente, com todas as paçocas lacradas num plástico, vai de carro em carro. De um deles, alguém grita: “Oh, amigo, ainda nessa vida?”. Sim, muitos o reconhecem, sabe ser gente boa, mas ele também sabe, alguns o tentaram ajudar, mas, se nada partir dele mesmo, nunca sairá desse círculo vicioso.

Seu desabafo mais sentido, feito enquanto muitos lotam as ruas centrais em busca de presentes, outros quitando contas, bebericando, circulando de um lado para o outro, é feito num final de tarde. “Tenho que focar nisso que faço. Como posso pensar em família, em lazer, se nem me sustentar tenho conseguido? Eu não posso desistir e não me sobra mais tempo para mais nada. Eu queria mesmo é um emprego, queria poder trabalhar num lugar fixo, ter um salário no final do mês. Queria ter um dinheiro para um sorvete com alguém num final de tarde. É só essa a ajuda que eu quero. Depois deixem comigo, que sei fazer as coisas direito”.

Natal
Daí, voltamos ao começo deste texto. Deixo o Reginaldo lá na esquina onde mal pode conversar comigo, pois seu dia ainda não está ganho. Na esquina seguinte, vejo outros e mais outros em situações idênticas. A carregadora de papéis com um carrinho medindo três vezes o seu tamanho, o menino jogando bolinha pra cima em outro sinal, o cara que me aborda dizendo que falta tanto para completar sua passagem, a senhora que pede e apresenta uma receita médica, e assim por diante. O problema do Reginaldo pode ser resolvido. Assim deveria ser. Quem puder resolve um, outros resolverão mais alguns e assim por diante. Não faltarão os sensíveis, os que chorarão lendo isso, mas ao mesmo tempo, para solucionar isso tudo, esse conjunto de problemas sociais, o algo mais precisa vir de uma ação coletiva, conjunta, um princípio governamental com uma nova postura.

Além dessa ajuda humanitária e individual, os natais só serão mais alegres quando o pensar coletivo for realmente levado em consideração. Por enquanto, fico eu com a imagem do Reginaldo grudada na minha retina, me olhando com aquela carinha de que talvez eu possa fazer por ele algo diferente, o algo transformador de sua vida. Eu tento, mas são tantos os Reginaldos, que nem sei por onde devo começar. Esse aqui está por aí em alguns sinais, e até onde sei, talvez hoje, dormindo num beliche lá na Nóbile de Piero. O telefone dele, que, há anos só recebe ligações, é o (14) 9970-24432.

Roupa de palhaço e paixão por trens
Reginaldo voltou para Bauru há pouco menos de três meses, vindo de uma experiência nova para ele em Jaú. Está acostumado com as andanças, tentando a sorte aqui e ali. Acredita que ela vai chegar, tanto que faz questão de insistir em permanecer na cidade. Veio para cá cerca de seis anos atrás, chegando de São Paulo por causa de um sonho. Sempre gostou muito de trens, e com os problemas agravando-se junto aos familiares, veio tentar a sorte no “maior entroncamento férreo do Interior Paulista”. Sem nenhuma qualificação profissional, o que sempre fez é exatamente o que continua fazendo. Na época, conseguiu uma roupa de palhaço e ficava nos sinais vendendo álbuns e revistas infantis.

Obteve algum sucesso, participou como ajudante em alguns Encontros Ferroviários realizados na Estação da NOB, mas sua vida pouco se alterava. Levou até quando deu, dentro de um limite estabelecido por ele mesmo: o de fazer de tudo para não morar nas ruas. Conheceu uma mulher e, com ela, foi morar em Jaú. Viveu bem, mas, por ciúme dos filhos dela, largou tudo e voltou para Bauru, e para a antiga situação. Porém, algo bem perceptível é que isso do tempo ser inexorável serve para todos. Se antes enfrentava tudo com mais disposição, hoje nem tanto. O corpo reclama, dói, mas ele finge não ver nada disso, pois sabe que não pode esmorecer, muito menos parar. O medo de morar nas ruas suplanta tudo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (79)


A PRIVACIDADE DOS CONDOMÍNIOS FOI ULTRAJADA

Guardião, o super-herói bauruense, criação da verve do artista Leandro Gonçalez e com pitacos textuais do intrépido HPA atravessaram os últimos anos urubuservando atentamente essa cidade sob vários dos seus ângulos. E olha que essa cidade possui muitos a serem não só observados, como criticados, espezinhados e até injuriados. Uma das habilidades do nosso devoluto personagem é exatamente o fato de voar e nos enxergar lá do alto. Pois bem, ele passou o ano inteiro cutucando a onça com a vara curta e no último post do ano com sua participação, faz questão de mostrar também o seu lado voltado para o bom humor. Vejam só a descoberta, ou melhor, a revelação feita por ele.

“Véspera de Natal é momento propício para divagações, faço as minhas. Observei atentamente algo sendo levantado em área das mais nobres da cidade, três espigões, 25 andares cada e sem nenhum outro prédio num raio de quilômetros. Um colosso. A instalação deles é que deve ter causado o maior frisson entre a camada dos mais abastados na capital da Terra Branca. Abaixo deles e em todo seu entorno, cinco dos mais luxuosos condomínios da cidade. Imaginem os senhores a belezura que deve ser o sujeito morar num desses prédios e ter o privilégio de espeiar de camarote toda a intimidade do quintal e, principalmente das piscinas das residências mais luxuosas da aldeia? Um luxo só, o metro quadrado mais caro da cidade sendo filmado 24hs do dia”, revela sua descoberta, Guardião, um que antes via tudo sozinho, hoje não mais.

O problema não reside só no fato da urubuservância alheia. Daí o início da problemática entre os investidores das valorizadas terras “villageanas”. “Primeiro, o gajo do prédio fica a observar a intimidade das esposas dos que mais investiram, provendo suas residências de benesses nunca dantes imaginadas pelos pobres mortais. A paz deixou de reinar no local. Percebo que, madame não pode mais nem ficar com os peitos de fora, pois teme ter registrado seus arroubos junto dos raios solares. Já vi muita confusão feia por causa de motivo tão fútil, próximas de peças vexatórias nos plantões policiais”, continua Guardião, cheio de ironia.

Imbuído do espírito natalino, que sempre deve prevalecer nesses momentos, Guardião deixa um dica para solucionar o imbróglio, evitando assim intermináveis brigas jurídicas. “É muito simples. Mesmo após a contestação dos que não queriam ali os tais prédios, já que os mesmos foram levantados, por que não os tais condôminos, todos muito cheios da grana, não decidirem levantar um tapume de igual tamanho, ou seja, 25 andares, bem na frente da vista privilegiada dos mesmos? Seria uma excelente solução e mais uma brilhante peça para fazer parte do já amplo anedotário sobre o modo de vida peculiar dos providos de muita bonança financeira. Já os donos dos apartamentos poderiam locar suas sacadas para visualizações de binóculo, aumentando assim sua renda mensal. Podem aproveitar minhas ideias a vontade. Informo desde já não ter intenção de cobrar royaltes, pois quero tão somente ajudar. E que tenham todos um excelente Natal”, conclui antes de levantar vôo e dar uma última espiada pela área em litígio, o super-herói mais bonachão da história bauruense.

OBS.: As fotos são meramente ilustrativas e não representam o lugar indicado no texto.

domingo, 21 de dezembro de 2014

DICAS (130)


ANDREZA VAI TER ESSE FILHO NO MEIO DA RUA – ELA VIVE NAS CALÇADAS AQUI PERTO DE CASA - ESCRITOS NATALINOS DO HPA
Todos que me conhecem sabem que moro no quadrilátero mais valorizado dentro da metrópole bauruense, uma área onde a especulação imobiliária promove horrores para incrementar o seu avassalador negócio. Brincadeiras a parte, aqui nas barrancas do rio Bauru, proximidades de grande parte dos problemas urbanos dessa cidade, a terminal rodoviário, o albergue noturno, os trilhos quase abandonados da ferrovia e o centro velho e mal iluminado. Por aqui dá de tudo um pouco e do pouco um muito. Convivo com tudo e sem reclamar, pois sei fazer parte dessa imensa fauna denominada por muitos de “concentração de problemas”, mas vista por mim como um “cadinho de possibilidades”. No meu portão dá de tudo um pouco, desde mendigos, nóias, pedintes variados e quando tudo junto e misturado com os moradores, circulando no meio disso tudo sabemos muito bem como tratar com esse e aquele. Com uns paramos para o papo, somos amigos de longa data, com outros guardamos certa reserva e com aqueles outros o melhor mesmo é manter reservada distância.

Essa introdução toda para escrever de uma pessoa, dessas que você vai acompanhando sua deterioração dia após dia. Uma moça, antes charmosa, quando recém chegada às ruas, ainda meio respondona, coisa de uns cinco anos atrás, sabia ser diferente, bonita e se impunha aos outros moradores. Durante certo tempo foi uma espécie de miss entre eles, paparicada e rodeada. Presenciei brigas entre eles por causa da moça. Ela pedia de tudo no portão de casa e chegou a dormir debaixo da árvore aqui na frente por várias vezes. Certa vez estava chapada e pediu algo no meu portão, eu viajando, não lhe deram nada, pegou pedras e quebrou a vidraça da frente. Quando a questionei, disse que nunca faria isso com o "tio". A fotografei e foi matéria no blog e até no Jornal da Cidade. Vejam os textos da ANDREZA DE OLIVEIRA CAETANO, esse seu nome, clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…. A crônica “Um corpo estendido na calçada” saiu publicado pouco antes do Natal de 2011 no JC e lá muitas fotos dela:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search….

Volto a reencontrá-la por esses dias e ela sempre me chamando desse jeito peculiar, “tio”. Vem sempre pedir algo, mas dessa vez o barrigão é de quase nove meses. Já passou pela triagem da SEBES, já sabe que vai ter o filho na Maternidade, mas não quer sair das ruas. Como a havia visto nas ruas com um sujeito meio conhecido no pedaço, pergunto se ele não seria o pai. Ela ria e me diz: "Não, esse é só amigo. Até quer ficar comigo, mas o pai é outro, um que não quero mais saber dele”. Nem lhe falo nada dos outros filhos, pois assim como os outros, esse também deverá ter um paradeiro incerto e não sabido. Noite passada chegando 7h para a casa do pai a vejo dormindo com a barrigão para cima, numa cena nada natalina, debaixo da marquise do Bettio Vidros, na Antonio Alves. Bato fotos. Hoje cedo passou aqui com um saco cheio de pães, presente de uma padaria e me pede para passar manteiga. Ela vai e volta e a barriga só que cresce. Na feira hoje pela manhã, estava rodeada de outros, dentre eles talvez o pai. De lá os vi caminharem no caminho dos trilhos, talvez fosse consumir drogas. Essa sua rotina e sua cria na barriga segue junto. Nós, os moradores do pedaço vamos vendo isso tudo, ajudando aqui e ali sem nada poder fazer. Eu já quis dar conselhos, mas não faço mais isso, prefiro conversar, bater papo, convivendo meio que pacificamente com esse universo nas redondezas. A preocupação do momento entre todos por aqui é que a ANDREZA vai acabar parindo na rua.