domingo, 21 de dezembro de 2014

DICAS (130)


ANDREZA VAI TER ESSE FILHO NO MEIO DA RUA – ELA VIVE NAS CALÇADAS AQUI PERTO DE CASA - ESCRITOS NATALINOS DO HPA
Todos que me conhecem sabem que moro no quadrilátero mais valorizado dentro da metrópole bauruense, uma área onde a especulação imobiliária promove horrores para incrementar o seu avassalador negócio. Brincadeiras a parte, aqui nas barrancas do rio Bauru, proximidades de grande parte dos problemas urbanos dessa cidade, a terminal rodoviário, o albergue noturno, os trilhos quase abandonados da ferrovia e o centro velho e mal iluminado. Por aqui dá de tudo um pouco e do pouco um muito. Convivo com tudo e sem reclamar, pois sei fazer parte dessa imensa fauna denominada por muitos de “concentração de problemas”, mas vista por mim como um “cadinho de possibilidades”. No meu portão dá de tudo um pouco, desde mendigos, nóias, pedintes variados e quando tudo junto e misturado com os moradores, circulando no meio disso tudo sabemos muito bem como tratar com esse e aquele. Com uns paramos para o papo, somos amigos de longa data, com outros guardamos certa reserva e com aqueles outros o melhor mesmo é manter reservada distância.

Essa introdução toda para escrever de uma pessoa, dessas que você vai acompanhando sua deterioração dia após dia. Uma moça, antes charmosa, quando recém chegada às ruas, ainda meio respondona, coisa de uns cinco anos atrás, sabia ser diferente, bonita e se impunha aos outros moradores. Durante certo tempo foi uma espécie de miss entre eles, paparicada e rodeada. Presenciei brigas entre eles por causa da moça. Ela pedia de tudo no portão de casa e chegou a dormir debaixo da árvore aqui na frente por várias vezes. Certa vez estava chapada e pediu algo no meu portão, eu viajando, não lhe deram nada, pegou pedras e quebrou a vidraça da frente. Quando a questionei, disse que nunca faria isso com o "tio". A fotografei e foi matéria no blog e até no Jornal da Cidade. Vejam os textos da ANDREZA DE OLIVEIRA CAETANO, esse seu nome, clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…. A crônica “Um corpo estendido na calçada” saiu publicado pouco antes do Natal de 2011 no JC e lá muitas fotos dela:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search….

Volto a reencontrá-la por esses dias e ela sempre me chamando desse jeito peculiar, “tio”. Vem sempre pedir algo, mas dessa vez o barrigão é de quase nove meses. Já passou pela triagem da SEBES, já sabe que vai ter o filho na Maternidade, mas não quer sair das ruas. Como a havia visto nas ruas com um sujeito meio conhecido no pedaço, pergunto se ele não seria o pai. Ela ria e me diz: "Não, esse é só amigo. Até quer ficar comigo, mas o pai é outro, um que não quero mais saber dele”. Nem lhe falo nada dos outros filhos, pois assim como os outros, esse também deverá ter um paradeiro incerto e não sabido. Noite passada chegando 7h para a casa do pai a vejo dormindo com a barrigão para cima, numa cena nada natalina, debaixo da marquise do Bettio Vidros, na Antonio Alves. Bato fotos. Hoje cedo passou aqui com um saco cheio de pães, presente de uma padaria e me pede para passar manteiga. Ela vai e volta e a barriga só que cresce. Na feira hoje pela manhã, estava rodeada de outros, dentre eles talvez o pai. De lá os vi caminharem no caminho dos trilhos, talvez fosse consumir drogas. Essa sua rotina e sua cria na barriga segue junto. Nós, os moradores do pedaço vamos vendo isso tudo, ajudando aqui e ali sem nada poder fazer. Eu já quis dar conselhos, mas não faço mais isso, prefiro conversar, bater papo, convivendo meio que pacificamente com esse universo nas redondezas. A preocupação do momento entre todos por aqui é que a ANDREZA vai acabar parindo na rua.

2 comentários:

Anônimo disse...

Triste ver ela assim...conheço ela desde criança..ela morava com sua família na rua são paulo x alto puruz..bem em frente as quadras de futebol..todos os irmãos ja morreram envolvidos com drogas e crimes...andreza era linda..tem filhos lindos que moram com o pai...uma pena ve-la assim...


Era uma familia de 5 irmãos, Walace, travesti morreu assassinado na ezequiel ramos, os irmaõs victor e alex, forma presos varias vezes por roubo, morreram assassinados no antigo cadeião, a irma josy nao tive mais noticia, mas disseram que ta presa ou morta, o pai, se suicidou enforcado..trabalhava de frentista no posto da nuno x r aimores, a mãe, nunca mais ouvi falar...so sobrou a andreza q logo logo terá o mesmo fim dos irmaos....

KLEBER FELIPE

Anônimo disse...

HENRIQUE
Precisamos mais casas de apoio, de passagem. .. verba pra isso, os municípios têm direito. Em breve, o crack vai gerar mais um mercado de dinheiro: as clínicas de recuperação pagas pelo poder público


E é a única alternativa ... mas vejam só, quantos males .... não adianta para a ANDREZA , nem ter o mesmo sobrenome do bispo católico da cidade. Religiões só gostam de moradores de rua no dia de Natal mesmo, pra dar sopa pra eles e fotografar , e colocar no jornal no dia seguinte.

Graças a Deus já tenho em meu curriculum, um adicto de crack das ruas, tratei e hoje, ele trabalha fixo, tá casadinho e bem ... e com quase um ano sem usar. Morei na rua e fui como eles ... conheço os poucos Henriques que tbm conversavam comigo


Espero um dia ter um lugar e condições para ajudá-los todos. Afinal, arrisquei uma vez colocar na minha própria casa, mas nunca mais farei isso, eu acho. Foi sorte demais terem acontecido só as coisas leves. Poderia ter sido o inferno na terra. Por isso, cuidado a todos quando ajudarem. São pessoas absolutamente doentes, sem nenhum pensamento concreto de verdade, moral ou caráter. Tudo é derretido pelas pedras de crack. Tentem ajudar, mas tenham muito cuidado.

Paul Sampaio Chediak Alves