DESMONTANDO A HISTÓRIA DO SANDUÍCHE DE MORTADELA
Ontem foi um dia de resistência e de muito enfrentamento. Depois da descoberta da sacanagem presidencial e do envolvimento pessoal do ilegítimo presidente, o golpista Michel Temer com falcatruas, irregularidades e procedimentos muito pra lá de protocolais com reús e gente do submundo da ilicitude tupiniquim, nada como o país estar clamando pela sua saída. Caravanas provenientes de todas as partes do país aportaram em Brasília e durante o dia todo protestaram, primeiro contra o Golpe, mais do que comprovado e agora pela deposição de Temer e finalizando com dois motivos: ou a volta de Dilma Rousseff para cumprir o que lhe resta de mandato ou eleições diretas já. Impossível mesmo é continuar o país sob o tacão do Temer.
Muitos ônibus sairiam da região. De Bauru, foram cinco e um deles em especial, tem a melhor história de todos. Todos já estão de volta, sãos e salvos, cheios de histórias da truculência desferida pela polícia, desviada de suas funções para agredir o povo. Foi o ponto negativo de um desgoverno que já acabou e resiste em renunciar, mais pelo medo do presidente, pois perde as imunidades e pode ser preso. Dos cinco ônibus, um deles saiu lotado com trabalhadores do MSLT – Movimento Social de Luta dos Trabalhadores, todos moradores do acampamento Morada da Lua e Cannã, esse mesmo que, só não foi desapropriado no último dia 23, devido a um acordo entre Prefeitura, os ditos proprietários da área e os próprios assentados.
A luta deles é simples. Clamam por um pedaço de terra para chamar de seu e ali residirem, terem um porto seguro, uma casinha e não mendigarem sem eira nem beira. Diante das atrocidades que o país atravessa, esses sempre mais sensíveis resolveram ir protestar in loco em Brasília. Sabe o que fizeram? Locaram um ônibus e conclamaram entre os 800 acampados quem poderia dentre as famílias contribuir com R$ 25 reais cada. A aceitação foi imediata e assim pra lá foram. Difícil deve ter sido a escolha das 45 pessoas a comporem a lotação máxima. Viagem de gente sem recursos é sempre com tudo contado e quando bem planejado, a certeza de sair sem percalços. Foi o que se sucedeu.
Conto agora o detalhe principal da viagem e o que foi uma espécie de tapa de luva de pelica na cara da mediocridade reinante hoje no país. Na maioria dessas viagens reina algo e é espalhado com o vento, a de tudo é pago por entidades sindicais e afins. Essa viagem não teve disso, pois foi custeada pelos próprios acampados. Repete-se também sobre a forma deles se alimentarem, que predomina a distribuição de um sanduíche de pão com mortadela entre todos. Isso viralizou e hoje está na boca de muitos dos insensatos país afora, os que não entendem o movimento, muito menos a luta pela terra no país. São os tais papagaios de pirata, reprodutores de tudo o que ouvem sem questionamentos.
Recepciono a chegada de alguns deles hoje e posto aqui uma só foto, a principal, a que mais sensibiliza. Além de todo o aparato para uma viagem de duas noites na estrada, uma para ir, outra para voltar, levaram no bagageiro um fogão, desses de cozinha industrial, botijão de gás e mantimentos, como arroz, feijão e legumes. Dentre os que voltaram ouço de dois deles, algo sobre a utilização do mesmo. A cozinha para eles merece atenção especial, com horários estabelecidos e organização na feitura, distribuição e limpeza. Levam até pratos de plástico e talheres já pensando em como vai ser a alimentação de todos. Tudo estrategicamente pensado e colocado em prática. O que não se viu foi a tal da mortadela, pois tinham arroz, feijão e cereais, muitos plantados por eles mesmos. Daí, cai por terra a baboseira do tal sanduba e prevalece a sabedoria dos que lutam e sabem como enfrentar cada situação. Cada uma é devidamente tratada dentro de cada momento. Acertam até nisso e deixam de queixo caído os sempre prontos para tudo criticarem, mesmo sem conhecimento de causa.
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