domingo, 5 de março de 2023

MEMÓRIA ORAL (290)


DUAS HISTÓRIAS ESPANHOLAS
01.) GARÇONS COM TARIMBA, MAIS DE 40 ANOS NO MESMO RESTAURANTE
Aqui em Códoba, Espanha, ontem foi um dia de correria, pouco tempo no hotel e a maioria conhecendo a parte histórica da cidade, principalmente a grande mesquita, construção mais do que imensa e abrigando mais de 40 mil pessoas, mil anos atrás. Cansados, pedimos uma sugestão para o guia que nos levou para diferentes lugares por aqui e ele nos indicou um restaurante onde o ponto forte não são os turistas, mas os da cidade. Chegamos tipo 21h, lugar cheio e três grupos de pessoas na nossa frente.

Eu como bom observador, comecei desde a chegada a me identificar com os garçons do lugar. Eram três e em poucos minutos, puxei conversa e quando vagou a mesa, gritou no meio do restaurante, o Los Romerillos, meu nome e assim fomos ocupar o lugar, eu e Ana. A comida é ótima, chega rapidamente e o melhor de tudo é permanecer, como fiz, atento à movimentação do trio. Na maioria dos lugares, jovens servem a mesa e nem uniformizados estão. Atendem bem, são práticos, rápidos, mas nada é igual ao que vi neste lugar.

Eles parecem jogar uma partida de futebol, entrosadissímos e batendo um bolão. Um facilita a vida do outro, conhecem a maioria dos clientes pelo nome, se achegam na mesa e conversam. Parecem bailarinos deslizando por entre as mesas. Como sabia estaria ali somente por uma vez na vida, me aproximei ao máximo, conversando o máximo possível. São do tipo que trabalhariam de olhos fechados, mas o fazem de olhos bem abertos, atentos a tudo, amplo domínio sobre a situação, o quadrilátero onde atuam.

Quando a maioria dos lugares por onde circulo hoje, tanto em Bauru como por aqui, já não privilegiam estes, renovando o quadro, eu fiquei de queixo caído com a eficiência do que vi por aqui. Teria muita coisa para contar deles, do ouvido enuanto circulavam pelas mesas, mas o corre-corre vivenciado por Ana e eu, não permite escrevinhar textos longos. Com as fotos e este curto texto, uma justa homenagem para estes profissionais na acepção da palavra.


02.) ALGO A NOS FAZER CANCELAR ANDANÇAS...
VIRGINIA VILLALOBOS é de Madri e está na região de Córdova, após finalizar um trabalho profissional. É curadora de um artista holândes e quando encerrou suas atividades, decide estender a estadia por mais alguns dias naregião. A conhecemos numa tour pela cidade. Ao término do passeio, na famosa Praça Maior, também conhecida como das Corredeiras (por causa das corridas de touros), cada um seguiu seu caminho. Eu e Ana procurávamos um lugar em restaurante indicado pelo guia. O lugar estava lotado e quando íamos procurar por outro, vemos ao fundo alguém nos acenando. Era Virginia, que rápida, havia conseguido lugar e só na mesa, nos oferecia para sentarmos ao seu lado.

Começamos uma conversa um tanto tímida, mas pouco a pouco o gelo foi sendo quebrado e a conversa se ampliou. Falamos de tudo, desde música até política. Tudo regado a vinho e cerveja. A bebida nos fazia rir e assim passamos boa parte da tarde, esquecendo de tudo o mais. Passeios haviam sido agendados, mas a conversa estava tão boa, aliada ao sol do meio da tarde (aqui as manhãs e noites são frias e a tarde, quente, sol forte), mais a bebida, que tudo foi adiado. Parecíamos os três velhos amigos, cada um confessando particularidades nunca antes dita. Isso me fez dizer a ela: "Tem monentos que nos abrimos mais para desconhecidos, do que para parentes e amigos". Rimos muito.

Ela sabe quase nada do Brasil, mas diz que seu sobrenome é de uma famoso compositor brasileiro. Sim, lhe digo do "Trem Caipira" e na hora localizamos a música cantada pelo Miltona Nascimento. Ela também tinha opinião distorcida de Lula, pois sabia ele ter sido condenado e hoje voltou a ser presidente. Fui didático a lhe explicar dos detalhes de uma trama de um juiz e um conluio contra ele, mas tudo já desmascarado pela Justiça. Quando falamos de música, digo gostar muito de um cantor espanhol, Joaquín Sabina, principoalmente num CD junto com o argentino Fito Paez, "Inimigo Íntimo". Achamos algumas músicas e colocamos pra rodar na mesa do bar. A tarde rolou dessa forma e jeito, numa mesa de bar na Praça Maior. Quando nos demos conta já era final da tarde, ela num hotel ali por perto e eu e Ana, em busca de um táxi para nos levar para nosso local de desmaio. Assim foi feito. Dentre os artistas brasileiros conhecidos dela está o baiano Carlinhos Brown.

DEZ ANOS SEM O COMANDANTE HUGO CHÁVEZ
Tudo bem, Maduro não é Chavez. A revolução proposta e colocada em prática por Chávez foi inigualável em seu país, a Venezuela. Falem o que quiserem, mas aceitem, pois enquanto permaneceu no poder fez de tudo e mais um pouco pela libertação de seu povo, em detrimento da perversidade imposta pelos "donos do poder" daquele país. Usou os lucros da empresa petrolífera em ações concretas, visando sempre estender para toda população o conceito de atendimento para todos e não só favorecendo uns poucos, como até então vinha sendo feito. Uma lição histórica quando lhe derrubaram num golpe de estado e após alguns dias detido e isolado, os próprios militares o libertaram e o reconduziram ao poder. Inflexível, porém fraterno, não engulo a forma tão rápida como morreu. Quase certeza ter sido envenenado, como de certa forma, sempre o seremos quando se tenta algo libertador na América Latina. Chávez sempre soube o papel que lhe cabe na história, tornando-se grande vulto, dentre os mais destacados. Saudade, grande líder, conduzia a Venezuela para caminhos inolvidáveis, sem amarras capitalistas.

ESSES MILITARES, HEM!
"Eram militares os intermediários na tentativa de venda de vacinas inexistentes para o Ministério da Saúde.
Eram militares com atuação na Amazônia os sujeitos que permitiam, por omissão ou cumplicidade, as atividades de garimpeiros nas terras dos Yanomamis.
Era militar o sujeito usado como mula pelo ministro Bento Albuquerque para trazer, na mochila, as joias de R$ 16,5 milhões da Arábia Saudita.
Era militar o sujeito enviado por Bolsonaro ao aeroporto de Guarulhos e que também seria usado como mula, se conseguisse levar as joias de São Paulo para Brasília.
Bolsonaro transformou os militares em seus serviçais para atividades ilícitas."
Do Moisés Mendes

"Concordo mas dá a impressão de que os ilícitos foram de que os ilícitos sāo apenas do parasita Jair Bolsonaro e de que militares foram usados. Sāo cúmplices por aceitaram a canga, porque se beneficiaram", jornalista Ricardo Santana.

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