SABE DE QUEM MAIS RECEBO FOTOS DA DISTANTE BAURU? DELE, MEU CÃO CHARLESEstou fora da cidade desde 19 de fevereiro e só volto no próximo 19 de março. Meu guardião do Mafuá do HPA continua por lá, agora sem minhas visitas diárias, duas ao dia. Sinto demais a falta dele, enfim está comigo há dez anos, desde que fui buscá-lo em Avaí. Meu pai o nominou e assim foi feito. Participou de tudo que por ali aconteceu, desde reuniões, festas, encontros e tudo o mais. Meu cúmplice de tudo. Ficar longe dele por 30 dias não é fácil e para tanto foi criado uma cadeia de pessoas a lhe dar atenção. Amadja De Souza Melo e Luciano Lopes Dos Santos ficaram encarregados dos cuidados diários. Esse casal o conhece muito bem. Foram meus inquilinos de casa ao lado e o conhecem muito bem. Vão lá duas vezes ao dia e além de tudo, mantém o lugar limpo. O poeta Fábio Fabio Vieira DE Alencar mora numa casa ao lado e convive também diariamente com o danado. Depois, a Cleonice Prado Cavalhieri, que não o abandona e semore está pelo portão a lhe fazer carinhos e trazer mimos. Muitos vizinhos também auxiliam na tarefa de cuidados para com meu cão. Enfim, uma rede, ele longe de mim é muito bem tratado e ao ver, quase diariamente, as fotos de Charles enviada, mesmo com baita saudade, tenho a certeza dele ter muito carinho e atenção. Falam que ele fica mais triste sem minha diária presença. Eu também, mas dia 19 está logo ali e não vejo a hora de reencontrá-lo. Ele faz uma festa ao me ver e eu idem. Iremos correr um atrás do outro como bons e fiéis amigos que somos. Viva CHARLES!
Obs.: Quando muitos me perguntam, "e o Charles?", eis a resposta.
OS TRABALHADORES NAS CALLES DA ANDALUZIAPor aqui não encontrei camelôs pelas ruas - guardador de carros apenas um. Não encontrei ninguém com bancas espalhadas pelas ruas. Vejo miseráveis perambulando, invisíveis para a maioria das pessoas e um garçon me diz: "Aqui na Espanha, eles pedem dinheiro por vício. O Governo paga a todos estes um valor mínimo mensal de 1200 euros. Todos recebem". Essa a bolsa família espanhola. A miserabilidade é combatida deste modo e jeito. Ouvimos o mesmo quando, anos atrás, na Alemanha. Ter olhos para estes algo elementar, básico, muito necessário. Quando fascistas, como agora no Brasil afirmam de provável "vagabundagem", demonstram a insensibilidade para os tantos em situação de desvantagem social. Essa uma situaçao, outra a de muitos atuando em atividades de pouco rendimento, como a vendedora de bilhetes de lotetia. Muitos destes, todos bons conversadores e além da simplicidade, algo único, o diálogo franco e cordial. Obtenho muita informação, até de meu direcionamento com estes. São mais que generosos e correspondem à altura com todos os que os enxegam. Para os que passam reto, sem sequer notar sua existência, fazer o que, algo repugnante no mundo atual. Parece algo a atravessar mundos e tribos, quanto mais simples, mais compreensão humana.
O reconhecimento das redondezas e no começo da noite, Teatro Flamenco Triana, 60 minutos de puro êxtase, quase ao lado do rio Guadalquivir.
Na saída, caminhamos pelo bairro boêmio ate encontrar lugar com a nossa cara.
Amanhã a correria começa cedo e hoje, pela TV, direto daqui, o time local, o Real Betis enfrenta o Real Madrid (o jogo terminou 0 x 0). Nem cogitei ida ao campo, pois na última hora os preços disparam.
Tomando vinho e vendo futebol.
SEGUNDA, A CAMINHO DE VISITA AGENDADA, PERDIDOS PELAS ESTREITAS CALLES SEVILHANAS - Se perder é uma delícia...
Eu e Ana Bia Andrade não se importando e não fazendo questão nenhuma de achar o caminho. Isso aqui é um delicioso labirinto.
" Foi o maior show de Chico Buarque que assisti, com a participação majestosa de Mônica Salmaso.
Foi um reencontro amoroso com o Brasil, através da seleção de composições de várias fases de Chico, cada qual impregnando a história de um público sedento de Brasil, que lotou o teatro.
Eram milhares de pessoas, órfãs não propriamente de Chico, mas de Brasil, que reagiam
entusiasticamente a cada música, como para espantar os demônios que já apossaram do país conspurcando o verde e amarelo com suas caras de zumbis abobados, saindo dos porões do inferno.
Passou pelo show grande parte do repertório intemporal de Chico. Mas o momento mais intenso foi quando Chico e Mônica interpretara “Maninha”, a música que melhor antecipou o que se passaria com o Brasil.
A letra narra a história de dois irmãos, após o abusador ter entrado em suas vidas, a saudade da vida perdida, a esperança de um dia ela ir embora.
Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
Pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinho
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar
Estava ali, o Brasil que começou a ser ensaiado a partir do “mensalão”, que se consolidou com a Lava Jato, o país do ódio, da destruição do adversário, tratado como inimigo. Até que o abusador tomou conta de tudo, as milícias conquistaram o poder, exterminando doentes, índios e abandonando crianças, destruindo sistemas de ensino, redes de proteção social.
A música aumentou em vários graus a emoção que já cobria a plateia. Não foi necessária nenhuma explicação, nenhum grito de guerra, mas apenas a solidariedade barulhenta de irmãos que se vêem libertados do abusador. E, na saída, a dura realidade batendo de volta.
Se um dia ele vai embora, prá nunca mais voltar, não será por agora. O abusador não é a figura caricata, pornográfica de Bolsonaro e seus filhos, da fada madrinha Michele, com suas maçãs envenenadas de manipulações religiosas, nem a bruxa Damares medindo o dedo de curumins enjaulados.
O abusador, agora, está em cada esquina, depois que uma campanha odiosa de mídia abriu as portas dos túmulos, permitindo que os zumbis escapassem das profundezas e invadissem definitivamente a vida brasileira.
É pior que nos tempos da ditadura.
No início da ditadura você encontrava alguns delatores no seu entorno, mas era como se os porões fossem segregados da sociedade, permitindo a honestos pais de família fingir que não ouviam os gritos dos torturados pelos amigos próximos de Bolsonaro.
Agora, não. O espectro do abusador entrou na cabeça da velhinha rezadeira, do ruralista alucinado, normalizou a atuação dos assassinos reunidos em Clubes de Atiradores e Caçadores, transformou jornalistas em delatores – alguns deles, agora, tentando refazer o caminho de volta à civilização. Fez com que a sobrinha pia, que ia todos os domingos na missa, passasse a desejar a morte de esquerdistas, petistas, comunistas ou qualquer ista injetado em sua cabeça. Jogou no mesmo ambiente médicos imbecilizados, arruaceiros de periferia, vocações assassinas esperando a primeira oportunidade para cumprir a sua sina.
Definitivamente, o abusador não foi embora. Será um árduo trabalho empurrá-los de volta ao túmulo, porque não tem cara, não tem RG, é um sentimento amargo, pútrido, plantado por anos na cabeça do país, como um ectoplasma de Freddy Krueger.
Será uma dura caminhada, mas, pelo menos, sabemos o caminho. E as migalhas de pão jogadas pela estrada, para encontrar o caminho da volta, são as canções de Chico, Milton, Caetano, Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Angelino de Oliveira, Adoniran.
Afinal, um país que construiu a mais bela música do planeta, haverá de encontrar forças para recuperar as lembranças da fogueiras, dos balões, dos luares dos sertões, e, em um ponto qualquer do futuro, voltar a ter orgulho de si. "
Eu e Ana Bia Andrade não se importando e não fazendo questão nenhuma de achar o caminho. Isso aqui é um delicioso labirinto.
O QUANTO CHICO BUARQUE É DEMAIS DE IMPORTANTE PARA TODOS NÓS
Sobre a estréia do show de Chico Buarque ontem em São Paulo. Por Luís Nassif" Foi o maior show de Chico Buarque que assisti, com a participação majestosa de Mônica Salmaso.
Foi um reencontro amoroso com o Brasil, através da seleção de composições de várias fases de Chico, cada qual impregnando a história de um público sedento de Brasil, que lotou o teatro.
Eram milhares de pessoas, órfãs não propriamente de Chico, mas de Brasil, que reagiam
entusiasticamente a cada música, como para espantar os demônios que já apossaram do país conspurcando o verde e amarelo com suas caras de zumbis abobados, saindo dos porões do inferno.
Passou pelo show grande parte do repertório intemporal de Chico. Mas o momento mais intenso foi quando Chico e Mônica interpretara “Maninha”, a música que melhor antecipou o que se passaria com o Brasil.
A letra narra a história de dois irmãos, após o abusador ter entrado em suas vidas, a saudade da vida perdida, a esperança de um dia ela ir embora.
Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
Pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinho
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar
Estava ali, o Brasil que começou a ser ensaiado a partir do “mensalão”, que se consolidou com a Lava Jato, o país do ódio, da destruição do adversário, tratado como inimigo. Até que o abusador tomou conta de tudo, as milícias conquistaram o poder, exterminando doentes, índios e abandonando crianças, destruindo sistemas de ensino, redes de proteção social.
A música aumentou em vários graus a emoção que já cobria a plateia. Não foi necessária nenhuma explicação, nenhum grito de guerra, mas apenas a solidariedade barulhenta de irmãos que se vêem libertados do abusador. E, na saída, a dura realidade batendo de volta.
Se um dia ele vai embora, prá nunca mais voltar, não será por agora. O abusador não é a figura caricata, pornográfica de Bolsonaro e seus filhos, da fada madrinha Michele, com suas maçãs envenenadas de manipulações religiosas, nem a bruxa Damares medindo o dedo de curumins enjaulados.
O abusador, agora, está em cada esquina, depois que uma campanha odiosa de mídia abriu as portas dos túmulos, permitindo que os zumbis escapassem das profundezas e invadissem definitivamente a vida brasileira.
É pior que nos tempos da ditadura.
No início da ditadura você encontrava alguns delatores no seu entorno, mas era como se os porões fossem segregados da sociedade, permitindo a honestos pais de família fingir que não ouviam os gritos dos torturados pelos amigos próximos de Bolsonaro.
Agora, não. O espectro do abusador entrou na cabeça da velhinha rezadeira, do ruralista alucinado, normalizou a atuação dos assassinos reunidos em Clubes de Atiradores e Caçadores, transformou jornalistas em delatores – alguns deles, agora, tentando refazer o caminho de volta à civilização. Fez com que a sobrinha pia, que ia todos os domingos na missa, passasse a desejar a morte de esquerdistas, petistas, comunistas ou qualquer ista injetado em sua cabeça. Jogou no mesmo ambiente médicos imbecilizados, arruaceiros de periferia, vocações assassinas esperando a primeira oportunidade para cumprir a sua sina.
Definitivamente, o abusador não foi embora. Será um árduo trabalho empurrá-los de volta ao túmulo, porque não tem cara, não tem RG, é um sentimento amargo, pútrido, plantado por anos na cabeça do país, como um ectoplasma de Freddy Krueger.
Será uma dura caminhada, mas, pelo menos, sabemos o caminho. E as migalhas de pão jogadas pela estrada, para encontrar o caminho da volta, são as canções de Chico, Milton, Caetano, Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Angelino de Oliveira, Adoniran.
Afinal, um país que construiu a mais bela música do planeta, haverá de encontrar forças para recuperar as lembranças da fogueiras, dos balões, dos luares dos sertões, e, em um ponto qualquer do futuro, voltar a ter orgulho de si. "
Nenhum comentário:
Postar um comentário