Noutro dia, entro num bar em Madri e pela fisionomia pergunto ser ela latina. Responde ser boliviana. Foi quando disse gostar muito de Evo Morales. Ela fecha a cara e me diz: "Eu não". E não quiz mais conversa. Por outros papos com gente oriundo da América Latina, não só o taxista e a atendente de lanchonete, percebo alto percentual destes ser contrários a qualquer ideal de esquerda. Em 2019, quando estive nos Estados Unidos, vi isso bem nítido. Não encontrei um só latino, principalmente os da América Central favoráveis a qualquer coisa resvalando com esquerda ou socialismo. Cubanos então, todos abomináveis na defesa do modus operandi de vida a apartar os abastafos de todos os demais. Foi só conseguirem um pouquinho e já se achavam capitalistas com grande poder. Assustador a dificuldade de me deparar com alguém com mente mais arejada. Eles existem, mas se faz necessário garimpar muito.
AINDA O ENCANTO DE BANCA DE JORNAIS E REVISTAS NAS RUAS
No Brasil definha a olhos vistos o movimento das bancas de jornais e revistas. Desconheço alguma que, continue funcionando só com esses produtos e não tenha capitulado e colocado outros produtos juntos, estes assumindo a posição de carro-chefe. Ou seja, no Brasil já é escancarado a falência das antigas bancas. Experimente passear pela avenida Paulista em Sampa e verão se existe uma só vendendo só jornais e revistas. Se o fizessem decretariam falência na certa. Meu amigo Cláudio, que já teve umas quatro bancas em Bauru, hoje tem só duas, uma diante do Confiança Falcão e outra dentro do Confiança Nações. Essa última sua loja de maior movimento, já transformada em tabacaria, hoje seu point de vendas.
No Brasil definha a olhos vistos o movimento das bancas de jornais e revistas. Desconheço alguma que, continue funcionando só com esses produtos e não tenha capitulado e colocado outros produtos juntos, estes assumindo a posição de carro-chefe. Ou seja, no Brasil já é escancarado a falência das antigas bancas. Experimente passear pela avenida Paulista em Sampa e verão se existe uma só vendendo só jornais e revistas. Se o fizessem decretariam falência na certa. Meu amigo Cláudio, que já teve umas quatro bancas em Bauru, hoje tem só duas, uma diante do Confiança Falcão e outra dentro do Confiança Nações. Essa última sua loja de maior movimento, já transformada em tabacaria, hoje seu point de vendas.
Em Madri me postei diante de uma bem em frente o hotel onde ficamos e fiquei por quase meia hora vendo os títulos ainda sendo publicados pela Europa. Uma senhora de meia idade por detrás do balcão e um funcionário a lhe ajudar. Ela continua basicamente ainda somente atuando no modal antigo. Puxo conversa e ela me diz o que já esperava ouvir. "Não pense que também por aqui a coisa está fácil. Quem continua lendo papel são os mais velhos, pois os jovens já aderiram para fazer tudo pelos seus celulares. Não sei quanto tempo isso ainda vai durar, mas sei que estou num ramo com os dias contados", me diz. Eu sei disso, acompanho o quanto lia até alguns anos, quantas publicações e quantos continuo lendo hoje. Compro a Piauí na Banca da Ilda, no Aeroporto e assino a Crta Capital e o Jornal da Cidade. Mais nada. Perdi o gosto pelos jornalões brasileiros, pois a linha editorial está mais do que deteriorada. Estes se padecem com a crise do papel, perderam muito da credibilidade praticando um jornalismo bem parcial. O negócio é que sou de um tempo onde se cultuava o modal papel e não posso ver uma banca, entro e fico a curtir o inigualável cheiro do papel impresso. Não resisti a tentação...
A viagem alongada deste casal de brasileiros foi planejada nos seus mínimos detalhes por Ana Bia. Ela se debruçou sobre todos os detalhes e quando ia querendo me introduzir no que tinha em mente e já estava executando, eu, sempre correndo, lhe dava pouca atenção. Só agora, quando vivencio a viagem e a cada dia, ingressos de museus todos comprados, os passeios idem, percebo o quanto foi eficaz e, no mínimo, deixamos de enfrentar filas. Ela contou com a ajuda de uma eficiente agente de viagens de Bauru, que lhe indicou os hotéis, mas tudo saiu de sua cabeça. Começamos por PARIS, depois BARCELONA, MADRI, TOLEDO, MADRI novamente e agora amanhecendo em GRANADA. Dias e mais dias de intensa atividade, tudo praticamente preenchido e nas horas vagas um reencontro conosco mesmo. Até nisso ela pensou, no tempo livre. Viagem quando tudo é planejado na pauleira, a canseira bate logo e quando, como agora, não se chegou nem na metade, o corpo já está combalido. Estamos mesclando, tentando não se cansar muito, não caindo de boca em tudo e assim, flanando, vamos conhecendo tudo. Ela revendo alguns lugares, me apresentando outros, tomando conhecimento de vários pela primeira vez e ampliando conhecimentos. O tempo urge e os escritos ocorrem de forma improvisada, pois desde o início, escrevo pelas brechas e assim continuarei, tentando manter um elo externo, até dia 19 de março, dia de nosso regresso ao Brasil. A gente vai se vendo e se falando por aqui, dentro dessas possibilidades. Eu fotografo tudo o que vejo e algumas dessas fotos publico aqui, outras guardo só para nós dois. Sem programação feita por Ana, confesso, estaríamos num "mato sem cachorro". Seguimos adiante...
ALHAMBRA DE GRANADAComplexo de jardins, palácios e fortalezas, resultado de cobstruções erguidas ao longo dos séculos pelos árabes e reis cristãos. Faz parte da lista do Patrimônio Mundial da!Humanidade elaborada pela Unesco. Inevitável, diante de toda suntuosidade vista nas mais diferentes edificações já visitadas, imaginar o contexto de quando e como foram levantadas. Quem as fizeram de fato e em que condições. Nada disso seria possível sem a força motriz do trabalhador, nestes casos, escravidão mais do que explícita. Enxergo bem isso por detrás de tudo que vejo com meus olhos. Tem muito "sangue, suor e lágrimas" junto de toda beleza aqui vislumbrada, isso por todos os lugares, Europa, quiçá, mundo inteiro. O papel destes milhões de invisíveis é o que mais me toca.
Bater perna pelas ruelas estreitas dessa cidade, meio católica, meio moura é extasiante. Num certo momento, diante de emaranhado, quase labirinto, disse pra Ana Bia Andrade, qual a diferença entre o que estávamos tendo com um passeio pelos corredores da Rocinha ou mesmo do morro da Gamboa, ambos no Rio. Ela me responde: "As do Rio são ladeiras, todas incrustradas nos morros, aqui tudo mais plano e sem a violência hoje permeando por lá. No Rio não dá mais pra fazer um tour pelas suas entranhas". Sonho com isso. Se em Meddelin, na Colômbia foi possível, sonho com algo assim no Rio, ou mais que isso, todos morando em lugares com outras condições. Granada é instigante e esses dois lados da mesma moeda, o mouro e o católico produz um baque na cabeça de quem pensa em entender qual dos dois lados propôs ao povo uma melhoria social com tanta suntuosidade? Olhando por este prisma a beleza se esvai no vão dos dedos. Mas que Granada é linda, disso não tenho a menor dúvida.
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