segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

UM LUGAR POR AÍ (199)


A HISTÓRIA DA VIRADA DE MESA, LOGO NA PARTIDA, OCORRIDA EM AGUDOS – OCTAVIANI’s PERDEM TAMBÉM MAIORIA NA CÂMARA DE VEREADORES
Tem histórias que precisam ficar registradas com maior número de detalhes possível, até para que a percepção do que de fato ocorreu fique mais transparente. Em Agudos, não é de hoje que a coisa é um tanto complicada politicamente. Até este HPA, um dia já foi processado pela família Octaviani, tendo ganho a ação. A dinastia da família prosseguiu e algum tempo depois, perderam eleição para prefeito, quando Altair Francisco da Silva governou a cidade (2017/2020), porém, processado, teve seu mandato cassado por ter contratado uma consultoria sem licitação. Isso sempre existiu e sempre existirá na política, o fato de quem não possui maioria, ser perseguido e quiçá, por um deslize qualquer, mesmo mínimo, lhe tiram do ar. Depois do Altair, a família Octaviani voltou ao poder. Áureo sempre como vereador e como Carlão, teve os direitos políticos cassados, sobrinhos foram eleitos.

E assim a vida correu em Agudos, com essa família atuando de forma a comandar os destinos da cidade. Não contavam com a chegada de alguém oriundo de Bauru, Rafael Lima Fernandes, demissionário como Chefe de Gabinete de Suéllen Rosin em Bauru, tudo para concorrer ao cargo de prefeito nesta última eleição e assim, ampliar o leque e os braços do poder de outro grupo conservador. Na verdade, ambos são conservadores, ligação umbilical com o segmento neopentecostal, porém, grupos distintos, famílias Octaviani e Rosin. Briga com disputa acirrada e por fim, o Octaviani da vez perde e Rafael ganha.

Algo incomodava os Octaviani desde o princípio, pois sabiam não estar tratando com alguém de formação simples como o Altair. Com Rafael tudo seria que ser feito de forma diferente. Do dia da eleição até o da posse, ocorrida em 01/01/2025, muita água rolou por debaixo dessa ponte. Dos 13 vereadores eleitos, a disputa para composição da Chapa 1, representando a agora oposição, encabeçada pelo grupo dos Octaviani’s e a Chapa 2, pela situação, na defesa do prefeito eleito.

Paralelo a isso tem a história de vida de um servidor de reconhecida competência, trabalhador de serviço pesado e pela popularidade adquirida, os Octaviani’s investiram nele, Lango Moreno. Conseguiu com apoio destes ser eleito vereador pelo MDB e para composição da Mesa da Câmara, era o candidato a vice-presidente da Chapa 1. Nos bastidores foi-lhe oferecido pelo prefeito eleito, Rafael, que votando na chapa 2, lhe seria dado uma Secretaria Municipal, provavelmente a de Obras. Lango balançou, procurou um dos Octaviani’s para se consultar e intenso trabalho foi feito para dissuadi-lo da ideia. Chegou o dia da posse, Rafael como prefeito e logo depois a eleição da Mesa Câmara. Tudo trancorrida normalmente até chegar a vez dele votar. Pois não é que, Lango anuncia que “pela democracia” estava votando na Chapa 2.

O bafafá estava armado. Foi difícil conter os ânimos, porém, a votação estava sacramentada, 7 x 6 para a Chapa 2. Ou seja, a maioria que a oposição supostamente contava estava desmontada. O grupo dos Octaviani’s perdeu o primeiro páreo e a partir daí, muitas outras histórias. Ameaças ocorreram descaradamente contra Lango, mas ele se manteve firme. Não assumiu a Obras, mas está no staff como secretário do novo Governo, pasta de Serviços Urbanos e Mobilidade. Nome bonito, ele fora da Câmara, pois um ex-colega, Xixo Danelon PL, até já havia feito ameaça em alto e bom som: “Você não vai ter vida fácil aqui comigo na Câmara”. Pelo que se sabe, quem assume no lugar de Xixo é favorável a Rafael, ou seja, o placar de 7 x 6 deve prosseguir ou até aumentar, pois segundo se ouve, continua intensa a movimentação nos bastidores das negociações de início de mandato.

Quem assumiu a Obras em Agudos foi o arquiteto Leandro Joaquim, que até então, atuou em várias secretárias e até na presidência do DAE em Bauru, administração da muito amiga de Rafael, Suéllen Rosin. Algo nítido, a consolidação de um forte grupo, ampliando sua participação regional e, por outro lado, se bobear, o enfraquecimento de outro grupo, o da família Octaviani. Nada impede que, até venham a se unir logo mais, mas deu para perceber o quanto Rafael chega chegando, bem diferente de como atuou o ex-prefeito Altair, que também não foi esquecido e está desde agora com cargo na Secretária de Saúde, sua especialidade.

A presidência da Câmara estará a cargo de Joster Melo, do Republicanos e como se sabe, a família Rosin, possui grande influência nos bastidores de mando deste partido, daí, algo facilitado para Rafael e sendo dificultado para a oposição. O quadro é este. De tudo, a única certeza existente na política é a de que, tudo pode acontecer, assim de uma hora para outra e o que até então estava consolidado, pode ruir como um castelo de cartas, num vapt-vupt. Nem o empenhado, combinado, praticamente sacramentado, com a pessoa fazendo parte da composição de uma chapa, o voto contrário pode ocorrer, tudo dependendo da hábil movimentação de bastidores. Foi o que ocorreu.

Neste jogo de xadrez não existe mocinho e bandido. Todos se conhecem muito bem e atuam no mesmo lado político. Em todos os nomes citados, nenhum de esquerda, todos do quadrante de Direita e dos desentendimentos existentes, algo também normal, o fato de que, quando a disputa é por poder e ambos não se acertam, não ocorre um acordo de cavalheiros, um vai ser alijado. E foi. Rafael começa vitorioso, mas sabe, não pode cantar de galo, como se o campeonato já estivesse no papo. Lembremos do Botafogo do ano passado, quando chegou a ter mais de 20 pontos na frente do segundo lugar e perdeu o campeonato. Isso, para mim é briga, não de cachorro grande, mas de algo muito triste sendo consolidado de forma fragorosa por todo o interior paulista, o da chegada de grupos de direita, quiçá de ultradireita ao poder. Sem organização consistente, o povo assiste, não de camarote, mas de mãos praticamente atadas. O fato é que, se o circo pegou fogo logo no dia da estreia, imagina o que virá pela frente.

Vejam essas duas matérias feitas por duas emissoras de TV, a Record e a Tem no dia da confusão:

1.) TV Record, Alexandre Colim sobre o entrevero quando da eleição da presidência da Câmara: https://www.youtube.com/watch?v=dGTQzp3-3VQ 

2.) TV Tem Globo, matéria bem detalhada, texto e imagem: https://g1.globo.com/.../votacao-da-mesa-diretora-e...

OBS final: E a pergunta que não quer calar e não sei a resposta. Existe hoje dentre os 13 vereadores eleitos, alguém que pode ser considerado esquerda e pensa diferente dos dois grupos em disputa pelo poder? Ao menos um.

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