quarta-feira, 30 de julho de 2025

COMENTÁRIO QUALQUER (263)


MINHA CONVERSA COM UM UBER E A MESMA COISA COM FREI BETO
Pego um uber em Bauru na tarde de terça, 29/07 e uma conversa é iniciada. Sempre é bom estabelecer um diálogo nessas viagens. Em algumas, algo auspicioso, noutras nem tanto. De cara percebo, o cara é bolsonarista e me diz, da preocupação que o país deve ter com a provável prisão do Seu jair (em minúscula mesmo). Trato tudo de forma irônica e digo que, não devemos ter assim tanta preocupação, pois o ex-presidente cometeu inúmeras irregularidades, crimes consumados e como quem assim age, precisa ser punido. Jogo para ele uma pergunta: "Se alguém comete um crime, acha que tem ou não ser punido? E se ele cometeu, por que deve ser isentado?". O cara tentou responder dentro dos parâmetros normais, mas ao tentar isentar ou desqualificar as condenações de seu mentor, caiu em contradições. Tive que enumerar onde Bolsonaro, não só pisou no tomate, como merece a punição, com a consequente prisão. E disse mais, quase ao final da viagem. "Se algum ato irregular voltar a ocorrer, como naquele dia 8 de janeiro e depois com a tentativa de golpe, mais punições. Precisamos normalizar o país e para isso ocorrer, punir seria consequência natural". A viagem termina num clima melancólico, pois ele esperava ter alguém como passageiro e a concordar com o que propagava, encontrando justamente o contrário.

A conversa me fez lembrar de uma entrevista do frei Beto, o frade dominicando, para o jornalista Chico Pinheiro (clique a seguir para assistir a entrevista por inteiro: https://www.youtube.com/watch?v=t1-X4cME3VY ). Nela ouvi algo sobre o mesmo assunto e acho muito pertinente, não só relembrar, como usá-la para explicitar algo em curso. Pra começo de conversa, nessa entrevista frei Beto relembra uma famosa frase do educador Paulo Freire sobre como é processado na cabeça das pessoas o massacre de informações, muitas delas desencontradas e muitos só processando as de tendências próximas ao que pensa: "A CABEÇA DO OPRIMIDO É O HOTEL DO OPRESSOR". É mais ou menos isso, o sujeito é totalmente oprimido, mas acaba pensando pela cabeça do seu opressor. Isso de muitos não enxergarem e não conseguirem digerir, muito menos entender o que de fato ocorre, merece ter transcrito na íntegra:

"O motorista do uber me disse que os ricos são necessários, afirmando que o pobre não teria emprego não existindo ricos. Respondo a ele que o que não deveria existir é o pobre. Não existe o pobre, existe o empobrecido. Só existe o pobre porque alguém acumulou a riqueza, por isso existe o rico. Nós temos que criar uma sociedade onde existe relativa igualdade. A riqueza tem que ser partilhada, tem que ser distribuida. Você ouve falar de super milionários no Brasil, ouve falar deles também nos Estados Unidos, mas não ouve falar de super milionários na Noruega, na Dinamarca e em toda Escandinávia, porque lá ocorre uma distribuição maior de renda. Aqui os ricos reclamam porque o Governo quer cobrar impostos de uma minoria. Dos 203 milhões de habitantes do país, os ricos não chegam a 200 mil pessoas e estes não querem pagar impostos. A ganância destes é muito, muito forte. (...) Vivemos dentro de uma cultura, no qual somos formados e quer nos incutir a ideia de que o sujeito é pobre porque é preguiçoso e o rico é rico porque trabalhou, se esforçou e tem um mérito. As pessoas não sabem como se configura a divisão de classes sociais. Tudo isso vem de uma cultura de deseducação política".

Não é nada fácil tratar deste temas nas ruas e embates diários. Posso simplesmente explodir e me contrapor de forma violenta, mas ao fazê-lo me afasto ainda mais de buscar que o outro se informe mais, busque mais informações e complemente seu pensamento. Continuo tentando dialogar. Convencer o outro só se faz com argumentos fortes, quebrando a linha de entendimento que o oponente opera. Tentar até quando? Vale a pena? Quem já tem a cabeça feita, que tipo de lavagem cerebral precisa ocorrer para mudar de ideia? Isso tudo é muito mais amplo do que possa imaginar minha vã filosofia.

e algo do assunto do momento
TRUMP ATACA ALEXANDRE DE MORAIS PARA DESVIAR ATENÇÃO QUANDO DEIXOU DE TAXAR QUASE 700 PRODUTOS BRASILEIROS - LULA SEGUE ALTANEIRO
1.) Vitória do Brasil Soberano. Trump Recuou
No mesmo dia que Trump Sanciona s pessoa física do ministro Alexandre de Moraes, ele recua na aplicação das taxas nos produtos que mais interessam ao Brasil, numa grande vitória do governo Lula e nossa diplomacia, cuja execução foi adiada pra 6 de agosto.
Embraer (aviões, helicópteros e peças), veículos, máquinas (ar condicionado, compressores, etc) e peças industriais, suco de laranja, aço, alumínio, ferro, cobre e outros minérios, fertilizantes, madeira, sisal e similar, petróleo e derivados, gás, vários produtos eletrônicos, máquinas e motores ficaram de fora da taxa de 50% .
Grande Vitória!!!
Viva o Brasil de Lula!!!

2.) O tarifaço de Donald Trump, inspirado pelo clã Bolsonaro, aos produtos brasileiros, que veio em uma versão meia bomba com o decreto assinado nesta quarta (30), pode acabar sendo um presente para o presidente Lula.
Suco, celulose, petróleo e aviões, entre outros, ficaram de fora da sanção, o que reduz o impacto sobre empregos e empresas no Brasil. Mas café e carne serão sobretaxados em 50%. Parte da produção que não for para os EUA será absorvida por outros mercados, mas parte pelo mercado interno, o que fará com que o preço desses alimentos, atuais vilões da inflação, abaixem.
E tempo era o que o governo Lula tentava ganhar nos últimos meses após o pico inflacionário da comida ajudar a corroer a popularidade do petista. Quem acompanha esse espaço sabe que venho repetindo que, para se reeleger, ele precisará entregar picanha e cerveja, mas também arroz e feijão, a um patamar menor do que hoje. Poder de compra é qualidade de vida, e qualidade de vida é voto.
Claro que ninguém aqui está festejando essa desgraça de tarifaço, que ainda vai trazer dor de cabeça, perda de postos de trabalho, diminuição de renda, perda de divisas, além, é claro, mais declarações abjetas do bolsonarismo apoiando a traição do próprio povo para colocar a pátria (EUA), a família (a própria) e a liberdade (de Jair) acima de tudo. E medidas para compensar a perda de mercado terão que ser aplicadas pelo governo, o que pode significar grana do contribuinte.
Mas o pacote de Trump veio, por enquanto, mais suave do que se imaginava, o suficiente para o governo federal fazer do limão uma (meia) limonada. E aqui cabe a análise do impacto político.
O Tio Sam baixou o porrete no Brasil, usando Jair Bolsonaro como justificativa, mas também tentando pressionar o país a garantir condições especiais para as suas big techs e forçar a redução de tarifas. Sim, eles ganham muito conosco e querem ganhar ainda mais.
Mas abriu uma lista longa de exceções a fim de reduzir o risco de inflação para o seu consumidor e de ira por parte de empresários importadores norte-americanos. Tem gente que não quer ser vista como traidor do próprio povo, e gente que não se importa (íntegra no UOL)
Leonardo Sakamoto

3.) TUDO SERIA MAIS SIMPLES SE ESTÍVESSEMOS UNIDOS E A DEFENDER O BRASIL - PITACO DESTE HPA
Porém, como se vê, nem tudo é e será fácil. Os brasileiros que defendem de fato o Brasil não podem concordar com a petulância norte-americana em querer impor sanções ao país pelo simples fato de queremos agir livremente e na defesa dos nossos interesses. Essas sanções, como a hoje pessoalmente contra o ministro Alexandre de Moraes é fácil de ser entendida. Os EUA agem assim, sempre o fizeram, tudo pelos seus interesses e nada a favor de quem se opõe a eles. O Brasil não necessariamente se opõe aos interesses norte-americanos, mas quer simplesmente procurar caminhos melhores dos até então trilhados quando totalmente alinhados do Império. Para os EUA nã oexiste a possibilidade de um aliado querer se tornar independente. Trump age assim, pois sabe do poderia de perda dos EUa diante do tabuleiro internacional de negócios. Se mantém pelo poderio bélico, esse incontornável. Se estívessemos unidos, na real defesa do Brasil, seria até fácil sair dessa, mas estamos diante de vendilhões por todos os lados e agindo escancaradamente ao lado dos interesses dos EUA. Lula sabe negociar, está em posição de vantagem, pois o mundo está ciente da bestialidade de Trump. Essa crise contra o governo brasileiro é para vergá-lo do Brics, de sua soberania e abrindo mão de seus minérios, tudo para favorecer os EUA. Seria trágico um recuo de Lula. Por isso, creio eu, o mundo está olhando para o Brasil e esse abuso de autoridade, de quem quer mandar no mundo, precisa ser contido. Sózinho o Brasil talvez não tenha forças para uma reação adequada, mas não pode também se render. Dependendo de como os demais países do planeta reagem a isso, talvez uma reação em conjunto e assim reverter o autoritarismo.

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