quinta-feira, 31 de julho de 2025

AMIGOS DO PEITO (242)


QUE DELÍCIA TER UM AMIGO COMO ADAUTO NASCIMENTO
Outro dia um gaiato me questionou dos motivos de um aí ter falecido e não ter escrito dele. Primeiro que, não escrevo só de mortos e depois, também só escrevo de pessoas da minha laia. Não me interesse escrevinhar de todos. Já faz um bom tempo que, procuro ser o mais criterioso possível com aqueles que aqui comparecem e são acarinhados com meus textos. Se eles possuem importância ou não, isso é outra coisa, mas ninguém pode negar ter sido bem seletivo e dentre os abordados, uma baita legião de gente na lida e luta, eternos batalhadores na busca deste tal de outro mundo possível.

E destes por quem nutro elevada consideração, deito falação, os tais textões com muitos parágrafos. E, venhamos, escrevinhar de alguém com o currículo de um ADAUTO NASCIMENTO é mais que luxo, melhor, um privilégio. Esse cara já rodou o mundo e sempre trabalhando, com uma câmera nas mãos ou nos ombros. TAmbém já atuou em tudo quanto é empresa jornalística de porte neste país e mais que tudo, sem se vergar e ganhando prêmios por onde passou. Possui um dos currículos mais respeitados dentro da história do jornalismo bauruense. Tem muita história pra contar e isso tudo já está demarcado no seu rosto, vincado pelas rugas, algo conquistado com a labuta do exercício destes seus 65 anos de estrada. Sim, Adauto é um estradeiro convicto e juramentado. A estrada está definida pelas marcas no seu rosto, algo que muito o deve orgulhar.

Pois bem, ele me liga ontem querendo me entrevistar para um projeto que está concluíndo e me diz, não poderia encerrar sem pegar meu depoimento. Maior orgulho que isso, ter ele aqui me coletando um depoimento. 35 anos atrás ele produziu um documentário fazendo história por essas plagas, o Bauruzão e agora, agraciado por uma dessas leis de incentivo, está produzindo outro contando como estão as coisas depois deste tempo todo. Marco com ele lá no meu modesto Mafuá e hoje, depois do almoço, nos encontramos e trocamos figurinhas, muitas delas, antes de propriramente sentarmos e gravarmos algo. A gravação em si foi rápida, mas o bate bapo que antecedeu e depois, o que finalizou o encontro foi algo, para mim, mais que arrebatador.

E depois, outra história, coisa de um ano atrás ele autografou um livro seu, o de memórias, intitulado "CAÇADOR DE IMAGENS - 50 ANOS DE ESTRADA" e deixcu aos cuidados do Pedrinho romualdo para me entregar. O Pedro esqueceu e hoje nem sabe direito onde deixou o livro. Adauto não tinha mais nenhum exemplar e me disse fez misérias para me trazer outro, devidamente autografado. Nele, sua longa trajetória, escrita do mesmo jeito que conversa com a gente, leitura saborosa, como um bom bate papo. Mal ele saiu peguei o livro e assim de cara já devorei perto de 100 páginas. Foi amor à primeira vista. Nele revi uma Bauru perdida hoje no tempo e no espaço, também nomes, lugares, instituições e situações por onde atuou. Só o fato dele ter estado pertinho de Lula naquela campanha contra o Collor, sendo um dos cinegrafistas da caminhada, é pra babar na fronha. Na verdade, eu não tenho muito o que falar pro Adauto e sim, o contrário, ele tem muito a falar, contar e relatar. Sua vida é pra um filme, longa metragem e com emoção do começo ao fim. Hoje mesmo, quando já viu e presenciou de tudo, o cara está querendo se aposentar, mas sabe, não deixará nunca o ofício. Tem sua produtora e nela, planos e propostas para revirar histórias e personagens. Eu, que de bobo não tenho nada, quero muito me aproximar dele e tentar ao menos produzir algo contundente sobre umas histórias aqui dentro da cachola.

Eu e ele temos exatos 65 anos. Ele pouco mais velho, de março de 1960 e eu de junho. Quem tem a oportunidade de se aproximar de alguém como o Adauto, logo de cara, se depara com um baita sujeito, desses que nas primeiras conversas, não tem como errar, ali está um sujeito sem amarras, sem cabresto e dos mais confiáveis. Já viu quase de tudo nessa vida, portanto não se deixa levar facilmente. Se envolve no que acha que bate com sua linha de pensamento e ação. Esse seu documentário é muito isso, revendo diletas pessoas e na junção, mostrar se avançamos ou regradimos e se ainda existe um jeito de trilharmos um salutar caminho. Ele sugere para reflexão, algo de como é a atuação para gente adentrando nossa idade, os idosos. O que existe de concreto em prol destes e como mostrando as deficiências, apontar caminhos onde tudo possa ocorrer mais amenos para quem tanto já fez. Em breve quero entrevistá-lo na retomada que tento fazer com o LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES. Ele, tenho certeza, em cada entrevista que fizerem com ele, terá assunto diferente para abordar e sempre atraindo mais a atenção. Ter ele aqui hoje na minha escrevinhação do dia foi mais que auspicioso. O cara é fera.

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