quinta-feira, 18 de setembro de 2025

FRASES (261)


LEIO LIVRO "COMO VIVER EM SÃO PAULO SEM CARRO" DENTRO DO METRÔ
Comprei este livrinho num sebo, meros R$ 5 reais. São depoimentos de gente que, com o passar dos anos, descobriu poder viver melhor sem estar dirigindo em carro dentro da cidade de São Paulo. O tema é mesmo instigante. No meu caso não queremos, nem eu nem Ana Bia, vir de carro pra Sampa. Foi o tempo. Não pago mais passagem do Prata, nem metrô, nem ônibus urbano. Ana paga, mas tem paúra de me ver dirigindo em Sampa. Tudo aqui se transforma num problemão tivesse vindo de carro. Estacionar aonde? Paganso quanto? Quantos pedágios pela estrada? Fora o transtorno de dirigir no meio da loucura deste eterno engavetamento. Eu vim aqui para me divertir, não para me estressar. Stress já me basta o causado por essa doentia classe política brasileira. Por aqui não sinto a menor falta. Em Bauru pode ser, aqui não.

O livrinho de 96 páginas eu li nas viagens de metrô por aqui. Vi muita gente lendo nos trens daqui. Fiquei até espantado. Um senhor chegou pra mim, querendo saber que livro era aquele. Disse ter lido o título e se interessado. Dei todas as dicas. Com certeza vai encontrar pela Estante Virtual. Edição lindinha, de 2013, idealizado pelo empresário Alexandre Lafer Frankel e o jornalista Leão Serva, editora Santa Clara Ideias SP, com lindas fotos e ilustrações. As opções para quem estiver disposto a aderir são variadas e vão desde ter um transporte urbano decente, a incentivo a caronas e uso cada vez maior de bicicletas. Morar perto do trabalgo é indispensável para quem pedala. O fato é ter gostado, não só da apresentação gráfica do livro, como entender sua justificativa maior, a do estrangulamento paulistano pelo excesso de veículos circulando ao mesmo tempo.

A questão é reta e direta, como mover-se com facilidade e inteligência por Sampa. Tudo se resume em dar ouvidos para gente não mais suportando o desperdício de tempo diário nos congestionamentos, daí deixaram de ver o automóvel como objeto de desejo, adotando a partir daí, formas alternativas de locomoção. Diante da impossibilidade da criação de novas vias para carros, nada melhor do que, entender que ter um carro passou a ser um mau negócio. Dezesseis depoimentos, com dicas de onde ir sem ter que chegar dirigindo. Gostei demais da conta. É a cara de São Paulo consciente. Um argumenro legal é o de que, dirigindo a pessoa não tem tempo de ver a cidade. "Andar a pé é uma espécie de meditação", disse um. "Passei a observar as texturas da cidade", disse outro.

"Amo São Paulo, mas para viver aqui decidi não deixar congestionamentos me sabotarem", concluiu outra, daí vaticinou outro, "O carro é um elemento de perda da inclusão social". O melhor de tudo, perceptível com o texto do livro, publicado em 2013, cidade então administrada pelo petista Fernando Haddad, incentivador do projeto. Depois deles, tudo piorou, hoje fundamentalistas comandam a cidade e o estado, daí até algo nessa linha de pensamento deixou de existir. E daí, sou obrigado a me perguntar: a direitona está lá preocupada com essas questões, quando seu negócio, como se sabe, são amealhar mais e mais dividendos pros seus bolsos? Porém, a metrópole está pela hora da morte.

CHURRASCO GREGO É DE GRANDE MOVIMENTO NA AVENIDA SENADOR QUEIRÓZ, BOCA ENTRADA PARA A 25 DE MARÇO
Quem nunca comeu ou provou na vida que levante o braço? Eu já o fiz, algumas décadas atrás e confesso, o danado é bom. Jô Soares adorava. Tirei as fotos do outro lado da rua, calçada do hotel, depois de acompanhar, dia após dia, o intenso movimento pelo tal do churrasquinho de grego. Pudera, o preço do lanche está lá na placa, meros R$ 4 reais.
Tempos atrás, algumas décadas, nas primeiras vindas para Sampa, havia ali na São João, quase esquina com a Ipiranga, alguns desses quiosques funcionando e com boa frequência e bem temperada. As carnes deviam ser variadas, muita gordura. Vinha acompanhada de um de público. Um dia a vontade passou dos limites e provei. Um churrasco no pão, carne fatiada suco, algo ralo, mas plenamente justiticável, diante do lanche. O preço sempre foi dos mais populares. Que me lembre minha experiência com o churrasco grego não passou disso. No mais, nenhum preconceito, enfim se o preço é barato e popular, nada melhor do que dele usufruir e degustar. Para mim, muito melhor que os tais MCs e BKs da vida.

Desta feita, acomodado num hotel numa das ruas de passagem para a rua 25 de Março, ida e vinda de comerciários e frequentadores, além de muitos motoboys. Nenhuma surpresa o pequeno comércio, uma simples fresta entre outros maiores imóveis, tivesse o maior movimento. Pudera, ali o preço do lanche é acessível. Diante dessa interminável aderência, me vi absorvido por ela e fui retratando como foi se dando essa movimentção. Fiz seis fotos do local. O interesse foi de mero registro. Algo que gosto de fazer e o faço com o intuito de resgatar algo mais fluindo das ruas. Este mais uma de minhas observâncias de como vou enxergando o que vejo por onde circulo. Na mais. Meu modo de olhar, de enxergar e transpor depois através de meus escritos, o meu sentimento pelas ruas.

EXPO "RE-SELVAGEM - NATUREZA INVENTADA, DA ARTISTA EVA JOSPIN, NA CASA BRADESCO, AO LADO DA CIDADE MATARAZZO, NA BELA VISTA
Eu achava conhecer razoavelmente São Paulo, porém, em cada retorno, algo novo diante de meus já cansados e desgastados olhos. Hoje a supreesa foi com essa tal de "Cidade Matarazzo", onde muito tempo atrás funcionou outra novidade para mim, o Hospital Matarazzo, que também não me recordo. Creio nunca ter ouvido falar. O hotel é pra gente doutro mundo, sei lá quantas estrelas. Luxo demais agride os olhos. Lindo foi ver tudo decorado por livros por todos os cantos. Tinha tantos, quase trouxe alguns. Achei que poderia estar sendo filmado e me aquietei, me encolhi. Ali do lado outro lugar por mim totalmente desconhecido, a Casa Bradesco, onde na entrada, a livraria Paisagem só com livrões de arte, desses valendo de 1 mil reais pra cima a unidade. Eu vendo isso tudo, justo quem compra livros de R$ 5 reais do outro lado do morro da Bela Vista, vasculados em sebos de calçada.

Ali a exposição de uma artista tecelã e trabalhando com papelão corrugado, num tamanho descomunal. Toda a imensa Casa só para abrigar sua criação. Gostamos demais. Eva Jospin e a "Re-Selvagem - Natureza Inventada" até então por mim desconhecida. Eu também, navegador de outros mares, conheço pouco destes príncipes das galerias e exposições chiques. Quando me deparo com algo como o visto hoje, me resigno a gostar e admirar. A Casa Matarazzo e a Casa Bradesco, num todo, são um acinte para meus olhos. Muita suntuosidade me assusta. Vewjo por lá que o hotel onde pisei os pés tem diárias de R$ 15 mil reais. Tivesse isso ao mês, como salário médio da nação, estaríamos vivendo outra situação. Junto de tudo, a Capela de Santa Luiza, a serviço da Opus Dei e reverenciado o Josemaria Escrivá, pérfido mentor da ultradireita religiosa católica. Passei rapidamente pelo local e me agarrei fortemente ao meu patuá no bolso da calça.

Conhecer estes lugares me é possível e não os recuso. São possíveis por todos os lugares. Em cada canto, existe os points nababescos, lugares preferidos da burguesia nativa. Vivo distante deles e as vezes os visito, como desta feita. Creio, poderiam ser utilizados de outra forma, porém, dentro do mundo capitalista, isso impossível. Frases que nem caberiam neste momento. Só as repito para saberem quem sou, o que faço, onde estou e de que lado estarei a vida inteira, enquanto viver. Vida que segue. Saio do lugar visitado na tarde de quinta e me volto para os lados do Brás, reduto popular, onde me sinto melhor.

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