SABE POR QUE EU COMPAREÇO, IMPRETERIVELMENTE, TODO DOMINGO NA FEIRA DO ROLO AQUI EM BAURU?Essa resposta é longa e vou escrevendo aos poucos, em drops, vai tomar um certo tempo sua leitura, porém, aso final o esclarecimento final de como não é assim tão difícil ser feliz, ou ao menos tentar. Essa resposta começa com os encontros e reencontros possibilitados. Não tem coisa mais saborosa do que, na virada da esquina, você se deparar com alguérm querido, parar e trocar algumas palavrinhas.
Eu, com meus 65 anos, conheço um bocado de gente nessa cidade e desta forma, reencontrar gente é mais que um prazer, um conforto, um benfazejo, algo que faz um bem tão grande pra gente, melhor do que tomar qualquer remédio ou permanecer tranacdo dentro de casa, entre quatro paredes, resmungando e esperando a vida transcorrer, sem ter muito contato com o que se passa do lado de fora de sua janela.
A rua para mim é muito isso. Hoje mesmo eu fui na feira e não sai da Feira do Rolo, não consegui no pouco tempo que por ali passei, subir pela Gustavo Maciel e ir até a rua Primeiro de Agosto. Ou melhor, confesso, algo me atraiu, uma espécie de imã e não arredei pé daquele trecho, o largo na rua Julio Prestes, onde aos domingos, acontece a feira e ali torna-se o lugar mais democrático desta cidade. Cheguei, fui esbarrando em gente, conversando com um, assuntando o que ia acontecendo, sentindo o aroma do lugar e assim, quando me dei conta já estava lá na Banca do Carioca, onde sempre sou recebido com alguma surpresa. Na deste domingo, ele ao me ver, abriu um sorriso e disse ter um presente para mim. Um luxo isso. Ele havia aqcabado de ler um livro e quiz me dar de presente, pois disse ter a minha cara. Era o "Capa Preta e Ludinha - Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada", do historiador Israel Beloch (editora Record RJ, 1986).
Uma delícia você saber que por lá tem quem sabe que, por ali passarei e mais, ciente disso, já me prepara um surpresa. E daí passamos a conversar sobre o livro. Ele havia terminado a leitura dias atrás e nem colocou à venda. Como não buscar outros na sua banca e trazê-los para casa, diante de alguém tão carinhoso para contigo? Quando ainda estávamos falando sobre a "ludinha", a metranca do Tenório, eis que surge, cheio de pacotes o jornalista Aurélio Alonso. Pronto, sei que ele é conhecedor da história do Tenório e isso é só uma pequena amostra de como surgem os assuntos para as longas conversações que por ali acontecem. Percebi que o danado estava apressado no dia de hoje, mas conseguimos amarrá-lo por uma meia hora, quando CArioca chega com umas cervas geladas. Ainda não tinha gasto um centavo e já estava tomando uma loira gelada. Sim, ele traz algumas e as mantém geladas só para bebericar enquanto trabalha e também, o melhor da coisa, oferecer aos clientes e amigos.
E por ali vão circulando pessoas. Sentadinho ao fundo, encostado na parede da Associação dos Aposentados, fico junto de outros vendo a banda passar. O cortejo hoje é divinal, pois o dia está quente, fervilha gente e dentre todos que passam, muitos conhecidos. Alguns nos vêem ali e se aproximam, puxam conversa e assim, o tempo é distendido, prolongado e as horas voam. Não existe nada igual. Alguém vem vindo lá longe e ao te ver, abre um sorriso e se aproxima. Isso é de um sabor indescritível. Abracei tantos hoje, tomei uma só lata de cerveja ali e após escolher dois CDs, um reverenciando a Mangueira, outroNoite Ilustrada, cantando Ataupho Alves e além do livro do Tenório, trago mais quatro, dois de Julio verne, um de frases de famosos, o "Frases Mal Ditas" e por fim, como gosto muito de conhecer outras realidades aqui perto de Bauru, conheci pessoalmente o radialista de Ibitinga, Roque de Souza. Nada como mergulhar num livro onde ele conta histórias e com o título "...e parece que foi ontem!". Tudo por R$ 35,00. Sim, sou um feliz acumulador.
De lá, paro na esquina, ou melhor na encruzilhada das ruas Gustavo com a Julio Prestes, boca de entrada do rolo, local onde por muito tempo tremulou uma bandeira do Paraguai e só por isso, os que ali atuam, sabem muito bem como são considerados e assumiram isso até a bandeira se desgastar, se perder, mas nunca mais a esquecerei. O lugar é magnetizado e magnetizante. Tem uma turma que por ali finca estacas e não arreda pé, pois já perceberam dos fluidos positivos ali irmanados. De um deles, o advogado Marcos, com dois escritórios na cidade, vem ali todo domingo, vestimenta simples, garrafinha de cerveja nas maõs me diz: "Eu tenho uma vida muito tensa durante a semana e não fosse isso aqui, começaria a semana já com problemas. Quando não venho, sei que, a segunda será pesada. Vindo, tudo se transforma, me descarrego e também, é claro, me recerrego. Não tem igual. Conheço todos por aqui e essa convivência é inigualável". Sei muito bem o que ele quer dizer com tudo isso, pois sinto o mesmo. Dali, eu e ele vamos e voltamos pro Bar do Barba, o lugar mais simples do pedaço e o mais aconchegante.
Barba já mereceu muitos escritos de minha lavra. Recuperamos sua sanfona, perdida tempos atrás para dívidas. E ele, aos domingos, é o cara mais feliz do mundo, quando bebe algumas a mais e a tira da estante, tocando junto das vozes ali cantando no karaokê do seu bar. O bar mudou muito, está mais empobrecido, fruto dos tempos atuais, mas Barba resiste, conseguiu se aposentar e aos domingo, faz o mesmo que eu, tenta se divertir. No caso, ganha algum, seu dia de intenso movimento, mas une o útil ao agradável. Compro uma garrafinha de Brahma e puxo conversa. Ele hoje, pelos raios solares invadindo o local, está irradiando alegria e para tanto, me diz, "a gente precisa tão pouco, né!". Sim, aqui o exemplo mais contundente de como, para ser feliz não se faz necessário tanta coisa assim.
O telefone toca e era Ana Bia me lembrando ter prometido voltar pra casa a tempo de fazer almoço, ou seja, as horas passaram rápido demais. Tirei algumas fotos, não consegui falar de todos, mas pelo registro, saibam, com cada um daria paar escrevinhar algo tão comprido como este texto. São todos fotos de gente querida, gente que também vem pra feira dominical em busca de reencontros, de se deparar com a felicidade. Eu escrevo muito de coisas mais duras, elas nos rodeiam durante todo instante e para ir driblando os percalços, nada como ir de encontro com algo e um lugar onde, você sabe, encontrará algo diferenciado. Já se passaram tantos anos que por aqui venho, algumas décadas e aos domingos, podem me convidar para ir aos lugares mais rebuscados dessa cidade. Recusarei todos os convites, só aceitando algum irrecusável, pois tenho um compromisso com a minha felicidade particular e ela tem nome e endereço, Feira do Rolo, Banca do Carioca e Bar do Barba.
Tem quem venha aqui e ache tudo a coisa mais chata deste mundo. Isso pode ocorrer e não vejo problemas nisso. Cada um enxerga o outro e os lugares com seu peculiar olhar, este carregado com todas suas influências e anseios. Eu tenho os meus e eles se encaixam como uma luva aos deste lugar e destas pessoas. A maioria delas, confesso, não conheço, pois Bauru hoje é mais do que uma mera e pequenina aldeia, porém, dentro dessa babilônia, sei tem muita gente pela qual eu perderei tempo para trocar abraços e prosear um bocadinho. Cada lugar deste mundo deve ter um lugar assim, pelo qual o cara fica não só obcecado, como tem uma atração indissolúvel, dessas indestrutíveis e inquebrantáveis. E daí, não vai querer uma alcaide forasteira vir querer tirar os paralelepípedos do lugar ou como outro - depois ele reviu -, achar que ali não aocntecia nada de aproveitável. Ali, meus caros e caras, acontece de tudo e neste tudo, lá estará o hPA, enquanto ele tiver forças para sair dee casa e se juntar ao lugar, escolhido por ele, para rosetar aos domingos.
Em tempo: Em Bauru conheço outro lugar com o mesmo astral, a Banca da Ilda, lá na porta de entrada do Aeroclube. Por lá, além dela, uma personagem dessas raras dentro do universo destes tempos e conseguindo reunir junto de si e de seu local de trabalho, uma legião de abnegados seguidores e admiradores. Sempre que posso, estou a escrever, até de forma repetitiva, histórias vividas nestes dois lugares.
OBS.: Desculpe os errinhos, pois a escrevinhação me veio à mente assim num bate pronto e não estou com saco para corrigir nada. Publico como batuco no meu computador. Deixei de tirar a sesta depois do almoço dominical, tudo porque estava excitado, querendo colocar pra fora um escrito de como me senti hoje lá naquele sacrosanto lugar. Amanhã, se acordar com tempo, releio e corrijo erros, reescrevo algo mais. Hoje, me dou por satisfeito. Isso aqui vale mais do que um "orgasmo total", como diria, Arrigo Barnabé.
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Eu bebo sim, ops, nós bebemos sim, enfim, hoje é domingo. |
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