DIÁRIO DE CUBA (21)
MANHÃ NA IMENSA PRAÇA DO MONUMENTO AO CHE
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Chegamos ao sétimo dia em Cuba, 14/03/2008, sexta-feira, dia claro, céu limpo. Amanhecemos em Santa Clara, a
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primeira cidade a conhecermos após seis dias em Havana. Da janela do hotel (pagamos duas diárias - 70 pesos) olhávamos frestas da cidade. Grande expectativa para o café da manhã, feito no 10º andar, com ampla vista panorâmica da cidade toda, por todos os seus ângulos. Não tenho certeza, mas acho ser esse o único prédio da cidade. Certeza eu tenho de ser o mais alto. Comemos como lordes, mesmo sendo socialistas. Variedade mais abundante que o de Vedado. Omelete feito na hora, muitas frituras,
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com destaque para um feito com salsicha, bem crocante.
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Pança mais do que cheia, voltamos rapidamente para o 5º andar em busca de uns poucos pertences para irmos à rua. Não víamos a hora de conhecer dois locais turísticos da cidade, o famoso monumento ao Che e o museu ao ar livre, levantado no local onde o mesmo Che havia descarrilhado uma composição férrea do ditador Batista, durante a luta pela libertação da ilha. No interior, os funcionários são um pouco mais fechados do que os da capital, mas aos poucos vamos ganhando a confiança de todos. A chave para abrir portas é falar do Brasil. E isso fazemos muito bem.
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“Conjunto Escultórico Ernesto Che Guevara”, localizado no máximo há umas dez quadras do hotel. Disseram-nos ser longe, que o melhor seria ir de táxi. No nosso caso, nem pensar. Queremos sempre caminhar, oportunidade ótima para contatar pessoas. E nada comparado ao que já havíamos andado em Havana. Casas mais simples, antigas, mas todas de ótimo aspecto. Povo simples, sem luxo nenhum, mas com o necessário. Ao chegar ao local, um amplo espaço, talvez com o mesmo tamanho do da Praça da Revolução, tendo no centro um imponente monumento com o Che vestido com o
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fardamento de batalha, com fuzil e tudo. Circulamos pelos quatro cantos, mesmo com o sol a pino. Entramos no Museu e depois no Memorial, tendo que, em ambos
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deixar a máquina fotográfica e filmadora num guarda-volumes, pois em sinal de respeito a Che não são permitidos no seu interior nem fotos, muito menos filmagens. Muitas peças históricas lá dentro, como roupas e armas usadas pelos revolucionários.
Parecíamos crianças brincando numa imensa praça. Não havia muita gente naquela manhã por
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lá. Somente ônibus de turistas, na sua maioria de europeus. Tiramos fotos de todos os ângulos e Marcos filma algo inusitado para nós. Uma pequena solenidade que acontece aos pés do
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monumento, com autoridades locais presentes. Em Santa Clara muitas conduções puxadas pela tração animal, tendo na sua parte traseira, uma carroceria coberta, onde devem caber de 10 a 15 pessoas. Passam a todo instante, quase sempre lotadas, levando os cubanos de um lugar para outro. Passamos a manhã toda no entorno da praça, curtindo aquele raro momento em nossas vidas. Marcos, mais do que ninguém,
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estava em estado de transe, extasiado e foi a coisa mais difícil tirá-lo de lá por volta do meio dia. Com fome, caminhamos até o hotel,
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conversando muito sobre como o cubano trata seus heróis e como nós, brasileiros tratamos os nossos. Qual papel possuem os heróis deles e os nossos para cada povo? Quais dos nossos possuem realmente uma identificação popular e não foram criados pela classe dominante. Conversa animada, quando notamos estávamos diante de um restaurante. Almoço feito, descanso de curta duração e nova saída, dessa vez para ver o Museu do Trem Brindado.
Essa emoção fica para o próximo relato.
Um comentário:
Os diarios estão bons, mas esse foi o mais lindo de todos e que fotos lindas. Imagino a alegria com que viveram estes momentos.
Nicolas
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