O CIRCO DEFRONTE MINHA CASA
Convivo com isso desde que me conheço por gente. Meus pais moram defronte um terrenão, às margens do rio Bauru, av. Nuno de Assis. Isso há mais de quarenta anos. Tive o privilégio de ir a todos que por lá já aportaram, não só os circos, como os parques. Peguei gosto pela coisa. Hoje, beirando os 50 não perco o prazer e a oportunidade de sentar numa arquibancada, ouvir aquele som característico e adentrar um verdadeiro mundo de fantasia.
Foram tantos e em cada um, uma história diferente. Já vi circo sendo arrastado pelas enchentes de beira de rio. Já entrei de graça em muitos, principalmente nos de antigamente, os circo-teatros, quando emprestávamos móveis para compor o cenário e em troca ganhávamos ingressos. Era uma festa. E na adolescência, quando as artistas vinham tomar banho em casa. Fazia estripulias mil para para vê-las no banho e depois no palco. Aprendi a descer em pé no tobogã (já desaprendi) e certa vez vi uma cadeira de um gira-gira soltar-se do cabo e parar dentro do rio. Muitos tornaram-se verdadeiros amigos pela freqüência com que retornavam, como a família Vitinho. Outros nos visitavam com frequência em passagem pela cidade.
Hoje, o Circo Giglio aporta no local, espantando uma família de corujas, moradoras de fato e de direito do terreno, instalando sua colorida lona defronte minha casa. Ouvido mais do que atento, a música deles invade tudo, o alto-falante martela as maravilhas que estarão em cena e uma novidade. Nesse não existem as arquibancadas e sim, cadeiras, com um picadeiro mais elevado em formato de palco. Família de italianos da gema, mesclado com latinos, principalmente chilenos. Tudo se transforma por algumas semanas. Ninguém resiste e a família toda acaba indo assistir o espetáculo. Nada melhor do que terminar o ano com um circo. Nada melhor do que começar o ano com um circo. A arte circense me encanta e rir de palhaços de verdade, os que só nos proporcionam alegria e contentamento é infinitamente melhor do que os que promovem atrocidades mundo afora, vide guerras, tramóias, conchavos, negociatas e uma série de malvadesas e malversações (vide o cenário atual, ANO NOVO, GUERRA NOVA). Parafraseando Luis Melodia: "Quanto mais longe do circo, mais em encontro palhaços". Dos palhaços do circo eu adoro.
PS: Carta enviada para a Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade - Bauru SP.
Um comentário:
c comentou sobre o circo giglio em bauru, gostaria de saber se vc sabe onde ele se encontra atualmente pois ha anos estou desesperada a procura dele, pois hj tb estou beirando os 50 anos e na decada de 60 meu pai levava toda a familia nesse circo. Obrigada, Silvana
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