sábado, 2 de maio de 2009

COLUNAS NO JORNAL BOM DIA (18 E 19)

CANELLA E A CRISE - texto publicado na edição de 25/04/2009
José Hermínio Canella foi figura de destaque como estudante e na agitação cultural e política em Bauru. Cursou Engenharia Mecânica na UNESP, conseguindo viabilizar um sonho. Junto com dois sócios, um de Jaú e outro da Barra Bonita, montou na vizinha Pederneiras, uma grande indústria no setor de peças pesadas para usinas açucareiras. Penou, mas hoje, com sucesso, vende para o Brasil todo. Ótimo exemplo de pessoa bem sucedida. Por outro lado, não perdeu o jeitão jovial e extrovertido. Sabe muito bem conciliar trabalho e lazer. Mantém um relacionamento dos mais cordiais e francos com a centena de funcionários, isso fruto de sua formação e entendimento dos problemas do mundo. Fui conhecer sua fábrica. Fez questão de mostrar todos os detalhes. Numa das conversas, falando sobre a atual crise me deu uma aula sobre a situação brasileira: "A crise existe, mas continuo vendendo como antes. Não dispensei ninguém e os negócios proliferam. A explicação é que vendo para o mercado interno, para as nossas usinas. Olhe para o prédio do meu vizinho, maior que o meu. Está com problemas mil. O motivo, seu negócio é basicamente para o mercado externo. As vendas pararam e ele não passa por um bom momento". Foi de arrepiar ouvir isso dele. A crise está aí, mas o Brasil sobrevive bem a ela. Continua girando e gerando negócios. Por fim, ouço dele uma defesa dos anos com Lula presidente, um reconhecimento pelo tanto que fez e uma inquietação quanto ao futuro com outra cabeça no comando. Canella continua antenadíssimo.

DINHEIRO EVAPORANDO - texto publicado na edição de 02/05/2009
Semana passada escrevi sobre o industrial que acredita no país e vai conseguindo superar a crise. Nessa, mostro o oposto. Um médio comerciante, com firma estabelecida na região de Bauru e que apostou todas suas fichas nos fundos de investimento. Dizia-se cansado de trabalhar, pagar impostos e ao descobrir o novo filão, entrou nele de corpo e alma. Dirigiu todo seu negócio para esse arriscado segmento na obtenção de dinheiro fácil. Envolveu amigos, fazendo com que os mesmos investissem suas economias em promessas de lucro rápido. Ele mesmo vendeu sua empresa e colocou tudo naquele redemoinho financeiro. Assegurava a todos altos lucros. “Pra que ficar com uma empresa com muitos funcionários e dores de cabeça contínuas? Aqui se ganha muito, sem nenhuma dor de cabeça, sobrando muito mais tempo para outras coisas. Não trabalho nunca mais”, dizia para todos, com o ânimo a mil. Envolveu muita gente e o negócio realmente funcionou, só que por pouquíssimo tempo. De uma hora para outra desponta no horizonte a crise financeira mundial e o dinheiro evaporou todo pelo ralo. Todos, inclusive ele, ficaram a ver navios. Cobranças mil, perturbações de toda ordem e ele encurralado, num beco sem saída. Sua situação não é nada boa, sem empresa, dinheiro e amigos, tendo que recomeçar tudo, da estaca zero e já passando dos 60 anos. Muitos exercendo uma pressão nada amistosa. Estresse total. É o que dar apostar suas fichas no neoliberalismo. É mais um neo-ex-rico.
Obs.: Ambos os textos são aqui publicados sem divisão de parágrafos, para ocuparem menos espaço.

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