PAPAGAIO DE PIRATA - Esse texto saiu publicado lá na edição de 09/05/1009
Quando afirmo que nossa elite é cruel e insensível, alguns acham um exagero. Nada disso, ela sempre agiu olhando para o próprio umbigo. Pior do que a atuação dela é a dos seus lacaios. Existe uma turba, que nem faz parte dela, mas agem em seu nome. O discurso é o mesmo. Papagaios de pirata. Vivem de negócios meios que escusos. Não ralam, nem pegam no pesado. Ganham o seu de uma forma não muito bem esclarecida. Acham-se os tais, adoram tirar vantagem. Seus negócios são porcentagens, sempre altas e até desleais. Na verdade, riem da turba que rala. Criticam a corrupção alheia, mas não acham que o que fazem seja errado. Estudaram para isso, descobrir meios de obter vantagens e se ir se dando bem. Muitos se acham os novos ricos, possuindo um discurso onde criticam o deputado que levantou um castelo, só que moram nos novos castelos, os condomínios fechados, erigindo ali a vertigem delirante de seu alpinismo social. É irônico ouvir dessas bocas um discurso anticorrupção, sendo que tudo o que permeiam suas vidas não tem uma explicação lógica. O caixa nunca bate. Querem distância da pobreza. Apregoam abertamente o apartheit social. Vivem no isolamento, confinados na sua mediocridade. Imaturos por natureza. Diante da empáfia que os caracterizam, apregoam que pobre deve mesmo ficar restrito ao seu mundinho, isolados e se possível num cercado, sob vigilância e aí dos políticos que ousam atuarem voltados para o social. Com gente assim, o Brasil anda para trás.
OBS.: Sei que a carapuça serve direitinho para muitos que conheço. Isso foi para eles...
Um comentário:
Oi querido Henrique
Falávamos disso hoje, por coincidência:
Quem tem dinheiro prefere pagar uma escola do que tentar melhorar a qualidade da escola da sua comunidade. Aliás, como você bem disse, criam-se "feudos", fecham-se ruas, impedem o trânsito e o mundo parece maravilhoso dentro de seus condomínios fechados.
Ao invés de tratar melhor dos que têm menos, contrata-se seguranças maiores e mais perigosos, carros blindados, câmeras, luzes automáticas, etc.
Essa indústria biliardária deixa duas perguntas no ar: como o inocente "mauricinho" crescido em berço de ouro e superprotegido por seus pais conseguirá perceber a humanidade no preto e pobre? E como uma pessoa crescida sob o jugo da mais feroz pobreza e violência e discriminação conseguirá perceber a humanidade do "mauricinho"?
Sem contato, criam-se estrangeiros, e quando não se conhece, não se pode amar, tolerar...
Até quando quem tem não tiver dinheiro não conseguirá reter sequer sua honra? E o Gonzaguinha já dizia: a vida de um homem é seu trabalho, e "sem o seu trabalho um homem não tem honra, e sem a sua honra, se morre, se mata..."
Abração
W. Leite
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