ADEUS CIENFUEGOS, RETORNO À SANTA CLARA E O KARAOKÊ NA PRAÇA
Quem nos chama para um prolongado bate-papo é o Sub-Diretor Comercial do Terminal, Pedro Avellanes Espinosa, professor de Física e Astronomia. De sua fala registrei o que achei mais interessante: "Che é o maior revolucionário da história do mundo. Fui professor de crianças durante dois anos e todos sabiam tudo sobre Fidel e Che. Sou dirigente do Partido Comunista aqui no terminal. Temos
muitos comunistas com intensa militância aqui. Cada grupo se reune com uma certa frequência, desde motoristas a funcionários de uma forma geral. Uma vez por mês a reunião é via de regra e
discutimos vários assuntos. Quando há necessidade nos reunimos mais vezes. Embora a figura de Fidel seja essencial e o Raul seja um pouco mais calado, a revolução está mais do que consolidada entre nós. Temos o controle da situação, todos participamos. Lula e Cuba são muito próximos, ele também é muito próximo de Fidel. Lula faz questão de ajudar muito Cuba e nós somos muito agradecidos a ele".
Finalmente chega o momento do embarque. São 17h e meio que
baleado pelo cansaço das
andanças feitas à tarde, desmaio quase toda a viagem. Pouco aproveito. Na chegada o tumulto de sempre e já acostumados, fomos diretos para um táxi oficial. Do terminal até o Hotel Santa Clara (dessa vez apartamento 405) são dois pesos. Ainda do tumulto na rodoviária rimos muito de um cubano diante do tamanho do Marcão e de sua camiseta com a foice e o martela: "É um russo. É um russo".
O palco é a própria escadaria da Biblioteca, ficando numa altura propícia, não necessitando nem de palanque. O locutor enfatiza a
todo momento: "Aqui música 100% cubana". É realmente impossível ficar parado. Procuro dançar e me juntar a eles do meu jeito peculiar, meio duro e sem molejo, mas parado não fico. O corpo automaticamente vai se movimentando. Espero uma parada no som e vou até o locutor, um rapaz de 23 anos, Yoandy Manzo, que junto de Olgarrosa Rodrigues, 37 anos, animam a festa todos os domingos. Me dizem trabalhar para a Cultura local. Ela me diz que "cantar karaokê para um pequeno público de um restaurante é uma
coisa bem diferente do que os jovens fazem aqui. Na praça lotada é muito mais contagiante". Yoandy pega o microfone e conclama: "Quem se atreve". A fila de interessados cresce a olhos vistos,
num lugar onde a palavra vergonha não existe. É de encher os olhos estar ali presente nesse verdadeiro congraçamento popular, num domingo à noite, numa pequena cidade no interior cubano. Vou dormir só quando os olhos insistem em fechar pelo cansaço. Aproveitamento total. Melhor não poderia ser. Naquela noite confirmaria, mais uma vez, essa ter sido a viagem de minha vida, com a constatação de que a felicidade é possível de uma forma bem simples, muitas vezes sem a utilização de recursos mirabolantes e uma grande parafernália. Cuba é feliz, muito mais do que a grande maioria do restante dos países do planeta.
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