segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

COMENDO PELAS BEIRADAS (12)


QUANDO A RELIGIÃO INCENTIVA O ERRO – O CASO DA ELEIÇÃO PARA CONSELHEIROS DO CONSELHO TUTELAR E UMA FRASE SINTETIZANDO TUDO



Numa simples eleição para renovar as cadeiras do Conselho Tutelar de Bauru algo denota os desvios do momento despontando na curva da esquina. Algo foi montado, verdadeiro aparato de força para conquista dessas vagas. Passar por cima do que rege as leis é mero detalhe, afinal, o que vale a pena é a conquista do espaço, a trincheira sendo arrebatada, custe o que custar. O que leva um segmento dentro de uma cidade a mover céu e terra, tentar enganar a tudo e todos, só para conquistar o troféu? Essa não mais necessidade de seguir as regras ditadas pelo bom senso, renegando a própria Constituição do país é mais do que perigosa. O agrupamento se achando acima do bem e do mal, cria sua estratégia, monta um esquema e o coloca em prática, nem ligando se existe ou não regras estabelecidas, formalizadas e a serem respeitadas e cumpridas. Isso é o que menos importa. Esse estar acima da lei já denota que o vale tudo está acima do bem e do mal. Fraudar, desrespeitar, tudo são meros detalhes, ainda mais quando se utiliza do nome de um ser superior como protetor para as ações. A religião como escora para passar a perna em tudo o mais.

Um certo segmento religioso deu mais uma demonstração de seu irracionalismo em Bauru no dia de ontem. Foi bestial. Mais um explícito exemplo de como agem, por conta própria, ocupando espaços e fazendo de tudo e mais um pouco para preenchê-los. Eu me indigno com isso e vejo que algo precisaria ser feito e já. Primeiro, a identificação dos autores da piada de péssimo gosto. Depois a punição rigorosa, severa, exemplar. Fatos como esse não podem se repetir. Ilegalidades desse naipe merecem execração pública, para que não se repitam. Permanecendo calados, como se fosse coisa pequena, a coisa tende a crescer e tomar proporções inimagináveis. A Promotoria Pública já ciente dos comprovados fatos precisa agir, ir a fundo na questão. Pela voz de Ailton Pereira Aguiar, um pouco da revolta que deveria ser coletiva: “Isto tudo é uma afronta com todos os moradores de Bauru, vendo descaradamente os que querem ganhar na força, isto não é luta de braços e sim uma quebra da democracia pelos direitos de nossos jovens e de nossas crianças, aquelas que tanto necessitam de um conselheiro para momento difícil de maus tratos, de um abuso e vocês Pastores, que tanto falam em Deus, que dizem pregar a palavra de Deus!!!!!! Vocês não estão vendo o lado social e do direito da criança e do adolescente e só querem posições estratégicas!!!!”.

Da parte das pessoas do lado de cá, as que observaram isso tudo e não concordam com a tática, o procedimento, o desmando, o algo a ser feito é muito simples. Se essas pessoas se organizam dessa forma e jeito e acreditam que será dessa forma que assumirão a maioria dos postos daqui para frente, organizadamente a sociedade precisa reagir e se preparar contra essa invasão. Ou ocorre uma organização contrária a isso, clara oposição, denunciando e brecando esse avanço retrógrado, principalmente contra os avanços sociais, procurando por abaixo tudo o que foi duramente conquistado ou num curto espaço de tempo eles estarão tomando conta de nossas vidas e daí será tarde demais. O Intermezzo de Bertold Brecht/Maiakovski (de quem enfim?) cai como uma luva para o que se passa: "Primeiro levaram os negros/ Mas não me importei com isso/ Eu não era negro./ Em seguida levaram alguns operários/ Mas não me importei com isso/ Eu também não era operário./ Depois prenderam os miseráveis/ Mas não me importei com isso/ Porque eu não sou miserável./ Depois agarraram uns desempregados/ Mas como tenho meu emprego/ Também não me importei./ Agora estão me levando/ Mas já é tarde./ Como eu não me importei com ninguém/ Ninguém se importa comigo.”.

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