sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

MÚSICA (134)


NÃO GENERALIZE...
Sou abordado por um bestalhão na rua e ele já chega me dizendo coisas do PT. E daí, lhe pergunto, o que tenho a ver com isso? Vem querer me dizer de sacanagens com gastos públicos, essas aberrações que pouquíssimos partidos hoje escapam de estar enfurnados até o pescoço. Olho para os lados, pouca gente, me certifico da procedência nada alvissareira do cobrador, pois é gente das rebarbas tucanas (digo rebarbas porque existe uns que nada decidem por lá, tudo aceitam e ainda saem a defender a crueldade neoliberal) aqui na cidade e lhe tasco um “VÁ A MERDA”. O cara se espanta e digo se quer ir comigo até o Pereirão ali na esquina, pois lhe comprarei um espelho, desses de R$ 1 real a peça, tudo para que se veja nele e continue a repetir o que me diz para si mesmo. Devo ter ganho mais um desafeto, mas esses caras não tem desconfiômetro e se esperam ter em mim um paciente ouvinte, receptivo nessas intermináveis ladainhas, me verão sempre com uma pavio cada vez mais curto. Basta dessa baboseira.

No Carnaval do Sambódromo de Bauru, o Paulinho Pereira, que é meu amigo, homem tucano, comandou a Oficina Cultural na cidade, perdeu o emprego, mas não deixou de ser tucano, quis vir dar risada em alto e bom som, chegando cheio de pompa e a me dizer que o Lula é sim dono do tal sítio e até do duplex. E daí? Pra cima de mim vem querer rir e demonstrar que o lado que defende não faz pior. Faz e já começam por aqui com o Mensalão da AHB, depois o da Merenda Escolar e tantos outros, infindáveis citações. Telhadão mais que de vidro e querendo sacanear logo comigo. Nessa semana mais revelações dos descaminhos seguidos de um tal de FHC, Serra e mais de Aécio. Como um cara pode querer defender gente desse tipo e ainda vir rir de prováveis deslizes de outrem? Não mandei o Paulinho á merda, mas foi por pouco. Mudamos de assunto, pois não queria estragar minha noite logo no começo. Carnavalizamos e assim foi melhor para nós todos.

Estou envolvidíssimo em algo onde quero crer ainda possa existir uma real possibilidade de mudança de rumo. Estamos formatando e ampliando atuação de um Grupo de pessoas com o intuito de dar uma cara nova ao PT, aquela mesma de quando da sua criação e pela qual muitos militantes nunca abandonaram ideais, posturas e práticas de vida. Muitos seguem os preceitos de antanho e me posiciono junto a esses. Já que não existe alternativa plausível para mudanças, por que não tentar mudar o lugar onde você se encontra? É o que estamos tentando fazer. Se outros tantos fizerem o mesmo, a limpa será geral e sobrará os dentro de uma linha ideológica respeitável. Acredito nessa possibilidade e nos encontros já realizados, encontro cada vez mais gente com o mesmo propósito e vontade política. E mais que isso, fazer a defesa da verdade factual dos fatos contra esse mar de mediocridade que assola o país. Em breve mais novidades disso.

Quando do primeiro encontro desse grupo, ao voltar para o carro ligo o som e lá na rádio Unesp uma música sob medida do Celso Viáfora invade o ar. Era a “QUE NEM A GENTE”, com uma letra bem dentro do que precisava ouvir naquele exato momento. Eu sei estar fora de qualquer generalização sobre essas corruptelas e conchavos todos vicejando pela aí e daí, a letra das mais instigantes. Primeiro convido para colocarem esse vídeo no ar: https://www.youtube.com/watch?v=sjLG0TynjmE. Ela faz parte de um CD que tenho aqui no mafuá (esse a chuva não levou), O "Batuque de Tudo" e na letra isso do que mais falta nas relações de hoje em dia, essa tolerância tão necessária. O cara chega e já te mede de cima embaixo, te aponta o dedo e te condiciona como inimigo público número um, lado oposto do que ele pensa e daí, merecedor do pelourinho. Hoje é sexta, dia bom para entender essa letra tão bela, significativa, mesmo que muitos não estejam nem mais aí em entender nada, só esmerdalhar as relações humanas:

"Favelado não é tudo traficante/ Milionário não é tudo prepotente/ Maltrapilho não é tudo meliante/ Elegante não é, necessariamente,/ Tudo competente./ Ianque não é tudo imperialista/ Paulista não nasceu tudo na mooca/ Sambista não é tudo carioca/ Artista não é tudo comunista/ Maconheiro e indecente/ Todo mundo é meio assim que nem a gente:/ Tudo igual mas muito diferente./ Muçulmano não é tudo terrorista/ Imigrante não é tudo delinqüente/ Deputado não é tudo oportunista/ Retirante não é, necessariamente,/ Tudo indigente/ Baiano não é tudo irreverente/ Mineiro não é tudo come-quieto/ Batuque não é tudo o som do gueto/ Barbudo não é tudo comunista/ Militante ou presidente/ Todo mundo é meio assim que nem a gente:/ Tudo igual mas muito diferente./ Ser um branco não é ser tudo racista/ Ser um índio não é ser tudo indolente/ Cearense não é ser tudo humorista/ Cientista não é, necessariamente,/ Tudo inteligente/ Gaúcho não é tudo sangue quente/ Parente não é tudo nepotista/ Compositor não é tudo ruim da idéia./ A bomba da coréia/ Não é tudo mais que a bomba do ocidente/ Todo mundo é meio assim que nem a gente:/ Tudo igual mas muito diferente".

ALABÊ DE JERUSALÉM, NA VOZ E INTERPRETAÇÃO DE ALTAY VELOSO

Esse cara é lá de Alcântara, subúrbio de São Gonçalo, cidade do Grande Rio, dos lados de Niterói, uma voz dessas maravilhosas, que encanta quem a ouve. Tudo o que descubro dele trago para o mafuá e ouço sempre com grande júbilo. Altay Veloso seu nome, um negão de dois metros de altura e com uma voz aveludada, preciosa. Dias atrás recxebi uma dica para escutar algo novo dele. Veio de um amigão lá do Rio, o Pasqual Macariello, aposentado da Petrobras, morador da Tijuca e devorador de boa música. Veio com o seguinte conselho, logo acatado e agora distribuido por essa via: "Conheci o Altay Veloso no Amarelinho, meados da década de 80. Causou-me a melhor das impressões. Sustentava-se com aulas de violão para produzir com independência. Algum tempo depois tive o prazer de vê-lo apresentar o disco Sedução, no Teatro Ipanema. Por vezes, se fosse presentear um amigo, ofertava sem titubear este disco dele. Após décadas de esquecimento, num momento mais sentimental que Pierrot, casualmente deparei-me com uma preciosidade. Assisti pelo menos três vezes nesta semana e até agora não consegui encontrar uma palavra que pudesse expressar a grandiosidade desta ópera. Se você não conhece, assista e tente descobrir.
Abraço". Clique a seguir e ouça inteiro a belezura:
https://www.youtube.com/watch?v=4rpPqioVt5o

Precisava compartilhar isso com quem gosta de música boa, sem preconceito.Sou um ateu convicto, sem possibilidades de cura (sic), mas quando ouço uma peça musical dessa envergadura, parei e ouvi com a devida atenção. Altay e outros tantos, como Selma Reis , o vozeirão do José Tobias, deixei de fundo por aqui enquanto trabalho e ia parando. Gostei da ópera em si. Um clamor contra a intolerância... Por fim, vi também Silvio Cesar e até Bibi Ferreira, e também muita gente boa, como Leny, Lucinha Lins, Elba, Margareth Menezes, Lenine, José Vercilio, Sandra de Sá, Claudio Courtier, Isabel Fillardis, Claudio Zoli, Fafá, Wando, Cris Delano, Carlos Dafé, Lucinha lins, Talma de Freitas e sob a batuta séria de Paulo Cesar Feital.

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