terça-feira, 31 de agosto de 2021

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (95)


A TRAGÉDIA DE LENÇÓIS PAULISTA E O MANIFESTO DO AGRONEGÓCIO, DEFENDIDO PELO JORNAL DA CIDADE EM SUA PRIMEIRA PÁGINA
"MEU PAI, COMERCIANTE DA CIDADE DE LENÇÓIS PAULISTA FOI UMA DAS VÍTIMAS DESTA DEVASTADORA ENCHENTE PROVOCADA POR USINEIROS DESSE MALDITO AGRONEGÓCIO,REALMENTE ATÉ OS DIAS DE HOJE NÃO HOUVE INDENIZAÇÃO ALGUMA PELOS PREJUÍZOS CAUSADOS POR ESSE BANDO DE EMPRESÁRIOS INCONSEQUENTES E EGOÍSTAS, NEM NUNCA VÃO ARCAR COM OS PREJUÍZOS, POIS SÃO ESCRAVISTAS E DONOS DA CIDADE. " OS CORONÉIS ".
ESSES QUE REPRESAM A ÁGUA DA CHUVA E TEMPOS DEPOIS COM GRANDE VOLUME DE CHUVA, 16 REPRESAS SÃO ROMPIDAS E UM CENTRO COMERCIAL E BAIRROS DE LENÇÓIS PAULISTAS FICAM SUBMERSOS DE UMA HORA PARA A OUTRA.
APROVEITO A POSTAGEM E AGRADEÇO A LEMBRANÇA AO Henrique Perazzi de Aquino PARA AQUI COMPARTILHAR FOTOS (NOS COMENTÁRIOS)DE UM DIA MUITO TRISTE NA VIDA DE UM REGIS COMERCIANTE INJUSTIÇADO....", Nath Ferreira Lima e Elisabeth Paiva Ferreira, de Lençóis Paulista.

Com essa mensagem duas moradores da vizinha Lençóis Paulista confirmaram o que havia escrito dias atrás sobre a forma como atua o tal do agronegócio no quesito relação com a natureza e tudo o mais. A liberdade que eles querem é a de continuar devastando tudo, sem limites e com um único intuito, auferir mais e mais lucros. São perversos e desumanos até a medula. As fotos do resultado da ação destes pode ser vista nestas aqui postadas, recebidas por mim após minha publicação domingo passado e demonstram algo do único resultado obtido após liberar para o agro fazer com “liberdade” (sic) tudo o que desejam.

E agora, amanhecemos na terça com uma manchete de primeira página do Jornal da Cidade, onde ali está demonstrado o apoio do jornal para um Manifesto do Agronegócio, onde a nível nacional, reafirmam o apoio ao presidente capiroto, exatamente por ele deixá-los ir tocando o barco e fazendo tudo o que querem ao bel prazer, sem impedimentos, restrições e seguir essa besteira de legislação existente. O Estado Democrático de Direito para estes é isso, ninguém impedi-los de “passar a boiada”. A “liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista”, na visão destes e referendada pelo jornal, sem em nenhum momento ocorrer algum tipo de contestação, não tem nada a ver com democracia ou algo parecido, mas com o favorecimento do ideal destrutivo destes. Como vemos vingando esse ideal país afora dentro da linha de pensamento e ação bolsonarista, o resultado, como se verá espalhado por todos os lugares é a degradação do meio ambiente e o caos instalado e reverberando em forma de transformação climática. Decididamente, o Agro não é nada POP.

DONOS DO PODER: DO JORNAL DA CIDADE PARA A VELHA KLAN – SERÁ?
Bauru viveu décadas de subordinação ao poder de mando de um algo proveniente de dentro do Jornal da Cidade. Estes mandavam e desmandavam em tudo. Ditavam as regras e poucos ousaram não segui-las, pois o fazendo eram execrados sem dó e piedade nas páginas do jornal. Eram implacáveis com os que deixavam de rezar na cartilha. Muitos prefeitos só conseguiram administrar a cidade após se submeterem a estes maiorais, verdadeiros e originais “Donos do Poder” locais, também criadores de um outro termo, até bem pouco tempo muito utilizado para designar o grupo que comandava a cidade: “Forças Vivas”.

O jornal perdeu poder e hoje, comandado por outro dirigente, que já estava em seu staff, mas não dava as cartas, aliado a todos os problemas provenientes das dificuldades porque passa o modal jornal impresso, é sabido que Erico Braga não possui a mesma habilidade que seus antecessores, daí, tudo hoje rola de forma diferente. Aquilo dos políticos passarem pelo jornal de forma obrigatória, fazer o benza mão de forma habitual e de tempos em tempos, praticamente não existe mais. Tem uma turba hoje ignorando o jornal e a órbita gravitacional em torno do todo poderoso, hoje resume-se em conseguir se manter como o único e talvez o último jornal impresso diário na cidade.

Após a queda abrupta de poder, alguém tenta a todo custo se fixar como o novo polo gravitacional de poder na cidade. Trata-se do jornalismo da Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan, capitaneado pelo sujeito mais odiado nas hostes jornalísticas desta cidade, Alexandre Pittolli. Ele tenta e usa de toda ramificação que o grupo Pan possui no momento. Essa rádio foi chegando chegando e ocupou um espaço antes ocupado pela Jovem Auri-Verde, porém, com um diferencial, ela hoje representa a ultradireita nacional, o bolsonarismo mais arcaico, retrógrado, defensora do genocídio e das transformações que estão a destruir com o país. Possui algo ainda não devidamente explicado. A sua fonte financeira é mais do que suspeita e já causa boa investigação. A mesma fonte que a financia é a que pretende conduzir o país ao atraso e Pittolli comanda algo neste sentido, junto de outros na mesma linhagem.
Algo bem nítido, se antes o Jornal da Cidade era cruel e insano em suas atitudes, o que está por detrás da Velha Klan é infinitamente pior e mais danoso, pois propõe o terra arrasada. Na verdade, essa rádio se dá uma importância que não possui. Sua influência se dá até o momento em que as pessoas a ouvem. Não a ouvindo, perdem o sentido, falarão para o vazio, para o nada. Bem que tentam fazer tudo o que acontece na cidade passar por eles, mas não possuem cabedal para tanto. Tudo tem limites. Irônico ouvi-los a cada derrota política, num espernear como se fossem eles os libelos da moralidade e da retidão. São boçais, pérfidos e a cada novo acontecimento, algo a mais na perda da credibilidade. Terão vida não tão longa, como o desGoverno do Senhor Inominável, defendidos por estes com unhas e dentes.

Tenho um livro de cabeceira aqui sempre do meu lado e nele a explicação para isso tudo, as transformações e mudanças deste mundo, hoje infelizmente de ruins para muito piores: “Os donos do poder”, Raimundo Faoro. Não tem nada de novo em tudo o que nos acontece. A perversidade quando encontra espaço para ir preenchendo o faz rapidamente, trata logo de ocupa-los e é o que está em curso em Bauru. Alguém perdeu o poder e outros se movimentam para tentar ocupar o mesmo espaço. De tudo, algo bem simples, nenhum Dono do Poder ou mesmo Força Viva pensa em resolver assuntos de interesse popular, pois o negócio deles é bem outro. Estes hoje com pretensões de serem os tais, não possuem qualificação para nada, pois o telhado de vidro sob suas cabeças é dos mais finos. Quebrá-lo é questão de tempo, diria mesmo, pouco tempo.

ALGO SOBRE O SETE DE SETEMBRO
"A OPOSIÇÃO NÃO DEVE ACEITAR A AGENDA DE BOLSONARO.
NÃO VALE A PENA IR ÀS RUAS EM 7 DE SETEMBRO
Bolsonaro está criando um clima de terror para o 7 de setembro. Mobiliza suas bases, recomenda a compra de fuzis e insufla de forma nada velada as Polícias Militares estaduais a tomarem posição por um motim generalizado. Membros dessas corporações repercutem em suas redes a ideia de que ali começa o enfrentamento armado com o STF e o Congresso.

Ou seja, diante do isolamento crescente e - tudo indica - irreversível, Bolsonaro busca dar a volta por cima tentando embaralhar novamente a agenda nacional.

DISPUTA DE AGENDA - OU AGENDA SETTING - é um termo criado por dois pesquisadores da área de Comunicação, nos Estados Unidos, Maxwell McCombs e Donald Shaw. Ao analisarem a campanha vitoriosa do republicano Richard Nixon, em 1968, eles perceberam que mais importante do que convencer o eleitor de uma ideia era arrastar o debate para um terreno favorável a uma das partes. A disputa se tornaria muito mais eficiente com esse deslocamento.

Bolsonaro - provavelmente instruído pelos bate-paus de Steve Bannon nas redes - age exatamente assim. Diante da hecatombe social e econômica e da derrota quase certa ano que vem, ele literalmente muda de assunto. Ao fazer isso, busca definir as prioridades do país.

ASSIM, A MORTE DE 570 MIL BRASILEIROS, a majoração de 50% em um ano nos preços médios da carne, do arroz e do feijão, o botijão de gás a R$ 130, a gasolina a R$ 7, o fato de mais de 30 milhões de brasileiros estarem desempregados, subocupados ou desalentados, a fome e a fila do osso se alastrarem sao coisas corriqueiras. O que atrapalha a vida é a falta de voto impresso, a CPI do genocídio e a suprema corte. Esse é o tabuleiro de disputa que busca impor. Entrar nessa vibe pode ser fatal aos setores progressistas e democráticos.

A agenda bolsonarista é alardeada como "demonstração de força" a ser exibida no Dia da Pátria, em tom de desafio. Aceitar esse pretenso repto não significa assumir a ofensiva diante de Bolsonaro, mas se render à sua agenda. Significa aceitar seus termos e o seu terreno de combate. Subordinar-se à lógica do inimigo, qualquer manual bélico ensina, coloca de saída o oponente em desvantagem.

BOLSONARO LOTARÁ RUAS E PRAÇAS DE SÃO PAULO E BRASÍLIA? Não se sabe. Pode ser. Tem grana, tem caneta e conta com a escória do agronegócio, pastores picaretas e o lumpesinato do grande capital para isso. Pode dar certo, como pode dar chabú. Ele montará ali sua provocação armada, sequioso de sangue e caos. Ou seja, o cenário ideal para embaralhar o jogo democrático.

Se as principais organizações, partidos, agrupamentos e entidades de oposição mantiverem seus protestos no mesmo dia em que o genocida planeja sua mazorca, o preço pode ser alto. Não se trata de demonstrar medo do enfrentamento e bater em retirada. Trata-se de evitar servir de alvo fácil aos assassinos que arregimenta e tentar passar à ofensiva, com a pauta que importa às maiorias.

É algo fácil de se fazer? Claro que não. Demanda ousadia e capacidade de negociação com a miríade de organizações que - de forma competente e solidária - faz um exemplar trabalho de base para resistir à situação terrível em que nos encontramos. Não se trata de abandonar as ruas, mas seu oposto. Fazer um recuo para avançar e conquistar os espaços públicos de forma consistente, nos dias seguintes. Significa não dar ao miliciano o que ele quer e desinflar o sentido de sua ação.

BOLSONARO É UM MAU MILITAR. Não conhece tática e estratégia. Assim agem também os desocupados fantasiados de generais que compõem sua pandilha. Não avança, provoca. Não conquista terreno, grita e faz espalhafato para ocultar o beco em que se meteu.
A decisão de recuar no dia 7 deve ser uma operação casada com o planejamento de fortes mobilizações logo em seguida", texto do professor GILBERTO MARINGONI, para a necessária discussão destes dias.

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