CASA DE JURANDYR BUENO FILHO É VENDIDA E SEU RICO ACERVO, APÓS AMPLA DISCUSSÃO É FINALMENTE ENCONTRADO DESTINAÇÃO E NÃO SE PERDERÁTodos em Bauru sabem quem foi JURANDYR BUENO FILHO, o famoso arquiteto, com seu nome em inúmeras construções e realizações na cidade e no entorno, além de ampla participação na vida política, social e também cultural. Jurandyr pode ter, por ter sempre estado ao lado dos poderosos de plantão, atraído para si algum descontentamento, porém, inegável reconhecer sua atuação e participação na vida bauruense. Histórias a seu respeito circulam por todos os lados e na maioria, abonadoras. Conheci pessoalmente Jurandyr, mas precisamente quando presidi o CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Municipal de Bauru e ele, convidado, esteve em muitas de nossas reuniões, sempre muito ativo e depois, quando restaurou um imenso mapa da cidade, feito no início do século passado, sendo o mesmo fixado por um tempo na entrada do prédio da Prefeitura na Praça das Cerejeiras. O mapa foi sacado e escondido tempos depois, hoje em local incerto e não sabido. Isso é outra história e o que conto a seguir, envolve o acervo do Jurandyr, falecido há mais de dez anos.
Tomo conhecimento de uma intensa movimentação na conhecida residência do Jurandyr, duas quadras do parque Vitória Régia. A casa ficou para quem ele a destinou em seu testamento. Sem problemas. O problema é hoje, pelo que sei, o imóvel após permanecer fechado por bom tempo, foi vendido e tudo o que se encontra lá dentro precisa receber outra destinação, ou seja, todo o acervo pertencente ao Jurandyr não mais ali poderá permanecer. Muita coisa de valor já deve ter sido removida e o que resta são as peças de interesse público, como fotos, diplomas, documentos e principalmente plantas de todas suas obras. Jurandyr soube guardar tudo o que fazia e o fez em sua casa, compartimentos cuidados com esmero enquanto viveu. Depois, tudo ali permaneceu, mas o tempo cuidou de dar aquele tom de abandono.
Muitas pessoas foram convidadas a lá comparecer e pensarem juntos o destino de tudo aquilo, enfim, o tempo urge. De todos os que por lá passaram, muitas ideias e nenhuma solução definitiva. Pelo que sei, até para os arquivos da Câmara Municipal e de nossos museus municipais, todos fechados, foi oferecido o acervo, porém, todos declinaram. Fracionar tudo seria algo impensável e se ocorresse seria lamentável, pois ter aquilo em vários locais, difícil pesquisa e localização para futuros estudos e consultas. Por fim, a Unisagrado, que também foi obra idelaizada pelo arquiteto Jurandyr, possuidora de amplo espaço, acabou decidindo ficar com o acervo e na falta de um espaço dentro de nossos museus, creio ter sido a melhor solução.
Vejo as fotos enviadas a mim por um dileto amigo que lá esteve e participou de várias visitas e conversas. Relata a mim, a tristeza pelo estado atual do acervo, porém, diz ter muita coisa, desde fotos de toda trajetória profissional, como também de sua constante participação na vida cultural, inclusive recebendo e hospedando ilustres visitantes, como nas festas realizadas no local, todas registradas. Isso tudo pode parecer pouco, mas faz parte de algo que não pode se perder, nem ser descartado. Tempos atrás, logo após o falecimento de Maurício Lima Verde, homem de peso no staff do mundo do café, tendo participado ativamente de reuniões mundo afora, vi e até comprei alguns livros provenientes de sua biblioteca, expostos na Banca do Carioca, na Feira do Rolo. Sei que, este é o destino de muitas bibliotecas e acervos. Entendo quando acontece, mas também sei do esforço que deve ser feito para algo ser mantido em algum lugar, sendo o acervo importante. Creio que, o de Jurandyr não precise necessariamente ser mantido integralmente, porém, existem peças de inegável valor, principalmente na constituição do que representaram para o dito progresso dessa cidade.
Tomara a Unisagrado realmente assuma este papel e consiga não só catalogar, como disponibilizar, num futuro breve, para consultas e até numa ampla exposição, quando a cidade poderá ver de perto o que foi e representou a passagem de Jurandyr Bueno Filho em Bauru e, quiça, no Brasil. Regionalmente, inegável sua importância. Dele ressalto algo mais, até para finalizar. Jurandyr diziam ser uma pessoa difícil, porém, o tenho como afável e dotado de uma papo dos mais amigáveis. Quem desfrutou de conversas com ele sabe do que falo. Por causa de estar na presidência do CODEPAC, tive o prazer de desfrutar de muitas dessas conversas e até ganhei um mimo dele, um livro guardado até hoje, com registros de nossa história. Guardo dele, um diálogo nunca esquecido, quando terminou meu mandato e o de Tuga Angerami, 2008, ele me envia por e-mail: "Fará muita falta não tê-lo mais na Cultura Municipal. Inesquecíveis nossas conversas". Agora, ao tomar conhecimento da destinação de seu acervo, gostaria imensamente de participar dessa catalogação, pois até o presente momento, ninguém se dignou a produzir um amplo trabalho de resgate de sua vida, talvez num livro de memórias e para tanto, consultar seus guardados é primordial. Quantas histórias embutidas em tudo o que vejo neste momento pelas fotos a mim enviadas.






Lamento profundamente



A população está cansada


Bauru merece mais respeito e transparência!


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