sábado, 8 de março de 2025


COMEÇANDO VIAGEM DE VOLTA AO BRASIL, CARREGANDO NAS COSTAS, COM MUITO LOUVOR, O ORGULHO DO FILME COM FERNANDA
Foto supóstamente de Arnaldo Baptista, ex dos Mutantes, tirada em Sampa.

VOLTANDO PRA CASA E LENDO NA VIAGEM
Chegou o dia de voltar pra casa. A saga iniciada por Ana Bia e este HPA teve início num sábado 15/2 e hoje, também um sábado, 08/3 chega ao fim. Histórias incontáveis. Muito mais do que aqui tentei retratar. Algo único em nossas vidas. A ideia de conhecer um pouco mais do Leste Europeu partir da Ana, logo incorporada por mim. Ana possui o dom da viagem bem planejada e eu, sigo na sua vibe, ou seja, junto algo aqui e ali, assim formando este casal que, tenta ano após ano, sair pela aí em algo único. Sim, sabemos pertencer a um núcleo de privilegiados e só por causa disto, fazemos tudo sem pompa, mas fazendo questão de registrar, de fincar uma raiz naquilo feito. São realizações de uma vida inteira e concretizadas após muito planejamento. 

Passamos nesta longa viagem por seis países diferentes. Tudo teve início em Amsterdam, na Holanda e lá contando com a participação da amiga Márcia Nuriah e de seu marido. Ela em especial nos deu uma atenção e informações preciosas, dessas que um turista normal nunca teria condições de ter em tão poucos dias. De lá seguimos ainda de avião para Praga, na República Theca. A partir daí, iniciamos um outro trajeto, este feito de trem, conhecendo mais a fundo alguns dos ramais férreos europeus. A próxima parada foi Viena, na Áustria. Também de trem seguimos para Bratislava, a menor cidade onde estivemos, na Eslovênia, algo inimaginável até então. Na última viagem de trem, um para Budapeste, capital da Hungria e por fim, voltando a viajar de avião, encerrando o tour, Paris, na França. 

Com muitas fotos e pouco texto, tentei descrever a emoçãosentida e nosso roteiro, privilegiando conhecer algo dos lugares onde estivemos. Não somos turistas de consumo e sim de gadstar sola de sapato e ouvidos. Ouvimos muito, conversamos muito e tentamos sair dos lugares com algo mais acrescentado em nossas vidas. Creio ter conseguido atingir o objetivo. Tudo foi vivido intensamente e da melhor forma possível. No retorno, chegamos só com objetos considerados "quiquilharias" de viagem, apetrechos de cada lugar, algo marcante, além de, no meu caso, muito papel. Mesmo não lendo nada na língua do que reuni, são para mim as verdadeiras preciosidades desta viagem. Meus tesouros, que agora, pouco a pouco, irei garimpando sua tradução e melhor entendimento. Cada pedacinho do que trouxemos estará incrustrado no acervo que já possuo no meu Mafuá, hoje todo sendo recondicionado e ainda na fase de reorganização, com o novo espaço, saindo lá das barrancas do rio Bauru, onde perdia muita coisa, devido alagamentos e tudo sendo acondicionado dentro de uma quitinete.

Na viagem de volta, passa aquele filme diante de nós dois. Nosso retorno começou na madrugada deste sábado, 8/3, quando acordamos 5h da manhã, três malas já prontas e fechadas, dentro do peso permitido pelo vôo e uma para ser fechada na última hora, com nossas necessidades básicas. Saímos do hotel por volta das 6h da manhã, uma hora até o aeroporto Charles de Gaulle e depois os trâmites normais de embarque pela Air France. Eu sempre me embaralho um pouco nestes momentos relativos a embarque. Tudo resolvido e a espera junto ao guichê de embarque. No horário francês de 10h30, quatro horas mais no fuso brasileiro embarcamos. Daí por diante, até pela noite passada ontem, quando na despedida feita com um jantar a nós oferecido pela amiga de infância de Ana, a carioca e experiente agente de viagens Elaine e seu marido Christtophe, tivemos o prazer de experimentar o tal do "Raclette", com queijo derretido e muitos frios - algo parecido com o fundue, porém com pitada francesa - estávamos cansados e ansiosos.

Não tenho como ainda conseguir reunir tanta coisa acumulada dentro da cachola por estes dias. Foi, pela primeira vez, depois de 13 anos de existência do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é Mixto, que estive longe de alguma participação para sua descida no sábado de Carnaval. Doeu muito, mas como não tinha como adiar a viegem e sabe-se, em tudo nesta vida, nada pode ser considerado definitivo e imutável. Acompanhei à distância e vibrei coim uma descida vitopriosa, como todas as demais. Meu Carnaval este ano foi concebida e realizado dentro de outra metodologia e realização. Acompanhei, como tudo o mais recebido de informações da vida brasileira, à distância. Ganhamos um Oscar com o "Ainda Estou Aqui", Bolsonaro ainda não foi preso, o Noroeste permanece na 1ª divisão do futebol paulista, o papa continua resistindo num hospital, Milei ainda não foi destituído na Argentina, Trump no poder se mostra perverso, arrogante e voraz com tudo à sua volta, seguindo de perto pela insanidade dos bolsonaristas brasileiros. Mesmo longe, não tinha como deixar de escrever algo sobre o título de Cidadão Bauruense para o capiroto, quase preso e inelegível. São as tais aberrações produzidas em série pela Bauru "endireitada" (sic). E por fim, o Corinthians perde de 3 x 0 para um time equatoriano e se complica na Libertadores. 

A viagem de volta é longa e o tratamento dado aos que nela viajam é digno. Gostei muito. Dormi parte da viagem e outra li. Foram dois livros findos durante o vôo. O primeiro havia começado numa viagem entre Budapeste e Paris, o "De vagões e vagabundos - Memórias do Sumundo", coletânea de textos do norte-americano Jack London. Inimigo ferrenho do capitalismo, Jack London odiava a ganância que impulsionava o desenvolvimento da América. Sua infância sacrificada, a adolescência rebelde e a experiência na prisão deram-lhe profundas convições solialistas", escreve o historiador Ricardo Bueno no prefácio. Enfim, ele mesmo define sua vida em uma frase: "Fui sempre implacavelmente explorado. Até que escolhi o meu lado". O segundo livro lido na viagem foi "O Pavão Desiludido", memórias do jornalista capixaba, que li muito pelas páginas do Jornal do Brasil, Carlinhos de Oliveira. Este livro eu comprei em Paris, numa livraria brasileira no coração da Cidade Luz. Sua história da infância, desde suas primeiras recordações, até quando deixou Vitória ES, aos 16 anos é descrita sem dó e piedade. "Eu ia ser um grande artista, ia ser o maior escritor brasileiro, mas infelizmente não tenho berço... Sou cruza de assassino com carrasco... Ora, ora...", se define quase no final do livro. Ele vai até sua chegada ao Rio, quando passa fome, porém resiste, pois nem pensar em recuar, voltar. Duas boas leituras.

Ana se deliciou com dois filmes, um francês cheguei a espiar e outro, o do Máscara com a cantante Lady Gaga. Frequentei por três vezes o banheiro, pois a incontinência insiste em me persguir e antes da produção de algum estrago, melhor ir remediando, levantando e após o fechamento da viagem, a conclusão mais dentro das estatísticas somadas nestes 22 dias em circulação é de que o lugar maisa visitado não foram  os museus e sim, os sanitários. Os conheci de fato, desde os mais simples aos mais rebuscados. Gostaria de ter escrito até um arrazoado sobre o tema, pois ganhei experiência nos tais "toaletes" europeus. Em quase todos, estão localizado em porões, andares de baixo, havendo necessidade de subir e descer escadas. O fiz com maestria. Enfim, são tantos os temas pelos quais gostaria de ter escrito mais e dedicado mais de meinha escrita, mas em viagem, ainda mais como realizada, confesso, é muito difícil conseguir parar para fazê-lo. o que existe para ser feito é tão intenso e sequencial que, parar para escrever é uma perda de tempo, praticamente sem conseguir reposição na sequência. Precisei optar e os escritos sairam prejudicados, porém, tentei publicar quase tudo o que fotografei. Elas, as fotos, estão aí a registrar como se deu essa nossa viagem.

A chegada em Sampa ocorre por volta das 18h deste sábado e depois, um baita amigo estava à nossa espera, com nosso carro, na saída do aeroporto, nos trazendo de volta pela rodovia Castelo Branco - ouço que pode mudar de nome para Eunice Paiva. Paramos uma só vez e o gasto realizado é sempre alto nos postos nas rodovias brasileiras. Ana não me permitia fazer a conversão e conta do gasto que íamos realizado, pois disse não teria prazer na viagem. Assim o fiz, mas de algo tenho a certeza, mesmo com o preço convertido e sempre carto para mim, o gasto em lá chega perto ou se equipara com o cobrado pelos postos na Castelo. Diria mesmo, aviltantes, verdadeiro assalto a mão armada. Chegamos em casa por volta da meia noite e após sonecas no avião e no carro, mais o fuso horário ainda dentro da gente, desmontamos as malas e deitar mesmo, pegando no sono só por volta das 4h da manhã deste domingo. Histórias eu tenho tantas pela frente e as contarei dentro do possível. Em produzi um álbum pessoal de figurinhas, colando tudo o que via pela frente, até para manter tudo vivo na memória, que já demonstra falhas. O faço até para não me esquecer de nada. O trabalho recomeça na segunda e no domingo "morgo", tentando redirecionar o corpo, fazendo-o entender que voltamos pra casa.

CERTEZAS CAINDO POR TERRA
No caso brasileiro, diante do desmedido avanço do conservadorismo, neopentecostalismo e bolsonarismo retrogrado, vide a perseguição ocorrida a foliões no hoje atrasado e governado por dementes, Rio Grande do Sul, creio que até nossa maior festa popular corra muitos riscos.
HPA, já pisando em solo brasileiro, São Paulo SP, sábado, 08 de março de 2025.

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