terça-feira, 18 de março de 2025

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (238)


O TEJO E O BAURU, RIOS CORTANDO ALDEIAS PELA AÍ
O rio que corta minha cidade não é o Tejo e muito menos estamos em Lisboa, Portugal. No caso, estou retornando para Bauru na manhã de mais uma semana, madrugada de segunda e a primeira imagem que tenho de minha aldeia é a de seu ribeirão, antes muito poluído e bostento, hoje dizem menos e até com alguma possibilidade de pesca, como já se vê em fotos e registros outros. Observo o rio Bauru pouco antes de adentrar o terminal rodoviário de Bauru e a imagem que fica é de ir observando o descaso para com seu importante habitante. A ETE - Estação de Tratamento de Esgoto, inconclusa por estas bandas, é o primeiro objetivo a ser conquistado para salvar o rio, porém, mesmo quando dizem não mais ser despejado dejetos humanos em seu leito, a dúvida perdura, persiste e insiste em martelar mentes, pois se a estação não funciona para onde estarão despejando nossas fezes? Observo aqui da janela alguma água realmente límpida, transparente aqui de longe, porém, creio eu, bem longe de ser potável. Nosso rio Bauru é cartão de visitas de Bauru, com muito mato no seu entorno e lixo no seu leito. Essa imagem é o que primeiro se vê, vista por todos chegando de ônibus na cidade e não será contornada com nenhum tipo de maquiagem, pois não existe como passar uma borracha ou querer encobrir o que existe de mal feito - ou malfeito? -, inconcluso e a demonstrar irresponsabilidade e incompetência. Pouca coisa mudou ao longo do tempo, depois de tantas administrações que ousaram querer resolver o problema deste esgoto a céu aberto. Resolver mesmo, mesmo com muito dinheiro em caixa, nenhum até agora conseguiu e pelo visto, não será a atual administradora da cidade nossa redentora.

EU INSISTO, CONTINUO TENTANDO
Conto algo de uma dessas tentativas. Me aproximei de uma pessoa que nada lê. Ou melhor, tudo o que lê é pelas vias de seu celular. Já leu algo, forçado, nos seus tempos de escola, segundo grau concluídos. Depois, nada mais. O celular é seu único meio informativo. Conversa vai, conversa vem e lhe apresento algumas obras literárias para iniciar o interesse. Comentamos da história do Pequeno Princípe e lhe levo um. Com Pollyana a mesma coisa. Diz ter gostado do começo, mas pelo que sei não conseguiu avançar. Insisto nos reencontros e lhe pergunto algo mais. Estava empacado. Vez ou outra, no meio de tanta gente, desponta este tema e lhe instigo mais um bocadinho. Falmos de Fernão Capelo Gaivota. Levo também. Depois fico sabendo que junto de outros que lhe dei, estão todos em sua sala, numa estante e junto de tantos outros objetos, estes de decoração. Dias atrás voltamos ao assunto dos livros e quando disse do desejo de lhe levar mais alguns, diz para esperar, pois na tal estante não existe mais lugar. Tudo está já congestionado e segundo sua interpretação, faltaria espaço para outros mais. Fiquei com os pés para trás, mas não desisti. Espero só mais uma brecha para continuar tentando. Não desisto fácil e sei, mais dias menos dias, conseguirei que termine a leitura de um livro. Este dia chegará e depois, outro virá, mais outro. Luto contra uma força incrível na contracorrente, enfim, eu mesmo, nada sei até agora disso de montar um mero videozinho para este tal de Tik Tok e, recebo instruções de como proceder justamente dessa pessoa. Eu sei que tudo na vida é assim mesmo, uns sabem umas coisas e outros outras, ninguém sabe tudo. Cada um é direcionado para o que melhor lhe apetece. Eu tento lhe ensinar algo e tentam me ensinar o que ainda não entra na minha cachola. Essa a vida. Eu tento o tempo inteiro e confesso, assim como, também sou tentado a todo instante. Vida de tentações. Numa a gente embarca, noutras fica em dúvida e tem aquelas irresistíveis. O livro é minha tentação maior e por ele sigo com minhas experimentações. Nem sei se este é o termo mais correto para o que venho tentando fazer, mas isso já é outra história.


ELE ME CHAMOU TANTO A ATENÇÃO...
Eu e duas Anas passeávamos por Paris - veja o luxo disso -, quando na nossa frente uma velha banca com um senhor, dentro de velhas vestes e este vendendo antigas máquinas fotográficas, dessas que quase ninguém mais usa. Na banca várias delas e muitas fotos, tipo cartões postais com reprodução de fotos de cenas envolvendo Paris. Tinha também alguns poucos livros e revistas, todos antigas, cores já desbotadas. Tudo cheirando a antigo. As fiz parar lá na frente, pois andava atrás delas duas. Ficaram me esperando e sem saber falar francês, fiquei admirando o que tinha na minha frente. Aquilo para mim era a própria perdição. Mostrei meu celular ao senhor e pedi num gesto se podia fotografar. Ele assentiu com a cabeça. Tirei quatro fotos e queria mais. Na verdade, o formigamento era para parar e tentar uma conversação. O senhor estava lá no interior de sua banca de rua, enrolado em muitos panos, enfim, estava frio e pelo que observei, tinha certa idade, ou seja, estava por ali e fazendo - talvez insistindo - num ofício cada vez menos difundido. Paris está cheio de lugares modernosos, todos vendendo souvenniers. Eu já havia desistido de visitar os tais bouquinistes, os vendedores ambulantes de livros antigos e usados que se instalam em caixas verdes ao longo do Rio Sena. As bancas continuam por lá, mas hoje só vendendo quinquilharias para turistas, mais nenhum livro. Foi o reaproveitamento para não desinstalar as bancas das barrancas do famoso rio parisiense. Este senhor, pelo que senti no ar, sem ninguém me dizer nada, resiste, persiste e insiste, pelo menos enquanto viver a continuar nas ruas, a demonstrar que nem tudo está devidamente perdido. Segue seu ritmo, demonstrando com sua persistência, que algo deve mesmo resistir ao tempo. Foi um verdadeiro achado. Queria ter feito mais do que as meras quatro fotos. Não consegui, elas me puxaram para continuar gastando sola de sapatos pelas ruas. Fui com elas, pois sem poder conversar, já tendo tirado as fotos, nada mais me restaria a fazer por ali. Registro a historieta como demonstração do que muito me comove nas viagens que ainda faço. É isso, são estes locais, essas pessoas, estes temas e estes embaraços. Sou levado e também embalado por estes. Passa um longo filme pela minha cabeça nestes momentos.

ÁRVORES QUE CAEM PELA AÍ
Em foto do site Mterópolis, algo ocorrido no último sábado, 15/03 em Bauru, quando muitas árvores vieram ao chão, após forte tempestade. O fato coincide com a troca de secretários do Meio Ambiente na cidade. "A recente nomeação de Cilene Chabuh Bordezan para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bauru acendeu um debate necessário. Com histórico na DuPont – multinacional que atua no setor de água e saneamento por meio da DuPont Water Solutions (DWS) –, a nova secretária assume em um momento em que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) acelera a privatização de serviços públicos essenciais. Em Bauru, a prefeita Suéllen Rosim (Patriota), alinhada a Gilberto Kassab (PSD), parece seguir o mesmo roteiro: o Departamento de Água e Esgoto (DAE) e a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) estão na mira da gestão privada", escreve Fernando Redondo. Eu poderia seguir na mesma linha, enfim, a certeza da perdição estar à vista. Trocam de postos dentro dessa administração da, segundo a denomino, inconPrefeita Suéllen Rosin, como mães trocam fraldas de bebês, estes sujos de merda. Cair árvores numa forte tempestade são acidentes de percurso, muitos também contornáveis, porém, algo mais ocorre em Bauru, com corte desmedido de árvores cidade afora, como mera ação higienista, sem controle. Cito várias em meus textos, porém, algo além disso está em curso e muito mais perigoso e perverso do que o crime de árvores ceifadas por essa administração e sem explicação convincente. Existe um plano sórdido para o meio ambiente e isto tudo é pernicioso para a vida humana, daí as tais tempestades devastadoras continuarão mais e mais, porém, enquanto tudo for simplesmente administrado como um negócio, a tendência é tão devastadora quanto ao vento forte. Quando teremos conciência disto?

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