domingo, 7 de junho de 2009

COLUNA DO JORNAL BOM DIA (24), MEU DOMINGO E UM FATO DE BAURU
Nesse domingo resolvi, com dores estomacais, ficar em casa e arrumar a bagunça desse mafuá. Será uma hercúlea tarefa. Não sei nem por onde começar, mas tenho que fazê-lo, pois está vergonhoso receber amigos (imagine os desconhecidos) por aqui. Achei uma velha foto de um dos quartos do escritor Aldir Blanc e notei as semelhanças. São muitos os mafuás espalhados por aí, mas preciso dar um jeito no meu. Como decidi ficar por aqui, nada como preparar uns comes e bebes para abreviar o sofrimento. Batatas em conserva, coisa de botequins imundos (adoro freqüentá-los) será meu cardápio. Sei que isso não abreviará meu sofrimento estomacal, mas medicado, tenho que beber pouco e como nada foi falado contra o comer, vamos ao trabalho e às comidinhas. Na vitrolinha hoje só ouvirei Nara Leão (morreu aos 47 anos), afinal hoje é o aniversário de 40 anos da morte dessa rainha da Bossa Nova, que descobriu a Zona Norte, a cultura advinda das favelas e se mostrou uma brava contra a ditadura militar. Voz de ouro, irradiando pelas paredes desse mafuá.

Começo com o texto saído ontem no BOM DIA, que certamente receberá uns paus de certos setores mais conservadores. É meu 24º texto para as edições de sábado do diário bauruense: CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO
Sou convidado para uma palestra sobre o tema do Criacionismo na semana passada. Prefiro não ir, pois percebo que lá não ocorreria debate e sim uma tentativa de convencimento dessa teoria sobre algo mais do que comprovado para mim, o Evolucionismo. Não dá para concordar com essa mistura de religião negando a ciência, procurando afastar o macaco do homem, como se fossemos todos hereges. A Teoria de Darwin precisa ser é entendida não tratada como um embuste. Eu não me iludo e nem me envolvo com nada que queira negar a ciência. Mas, convenhamos: acreditar em um criador é mais cômodo, o homem que crê sente-se mais amparado nos momentos difíceis da vida... Tenho certa inveja de quem consegue acreditar em Deus. Acho que Deus é a primeira e até hoje a melhor muleta psicológica criada pelo ser humano. Fica fácil, tudo advém dele e ponto final, não se faz necessário discutir mais nada. Evolução significa desenvolvimento progressivo. Em biologia, evolução se refere à transformação progressiva das espécies - os organismos vivos vão se modificando com o tempo para se adaptarem ao seu meio. Por que se deve fugir disso? Está tudo tão claro, como dois e dois são quatro. Na hipótese criacionista, tudo que existe é perfeito demais para ter sido criado pela natureza ou pelo acaso; teria, portanto, que existir um "ser inteligente" desenhando tudo isso (ou seja, Deus). Portanto, a disputa entre evolucionistas e criacionistas é não somente uma questão de fé, mas sim de acesso à informação.

MUDANDO DE ASSUNTO: Estive na última quarta, 03/06, no Museu Ferroviário Regional de Bauru, onde me encontrei, na qualidade de presidente da Associação dos Amigos do Museus, com uma comissão da Inventariança da Extinta-RFFSA e representante do IPHAN. Bauru possui uma rica e variada quantidade de bens ferroviários espalhados pela cidade. Discutir o destino disso tudo é algo que sempre esteve latente por quem está envolvido com essa questão. A Inventariança da Rede está sendo realizada a nível nacional e agora passa por Bauru. Pelo acompanhamento recebido e as informações prestadas, tanto pela equipe remanescente da extinta RFFSA, como o da equipe direcional dos museus bauruenses (na pessoa da Neli Viotto), a questão está muito bem encaminhada e a cidade só tem a ganhar. A importância dessa vinda é a definitiva regularização do acervo e dos imóveis, permanecendo sob o manto do poder público municipal. Como nas fotos recebidas (as duas murais, as demais são minhas), estava presente em uma delas, faço o registro aqui e publico uma carta de agradecimento, remetida pelo agente do IPHAN, pela receptividade recebida na cidade:

"Prezados, Gostaria de agradecer pessoalmente a todos pela receptividade e colaboração que tivemos em Bauru, onde estivemos acompanhando os trabalhos da Maria de Lourdes, Jane e Roceli, da Inventariança da RFFSA, com relação aos "bens móveis" depositados neste importante entroncamento ferroviário do estado de São Paulo. Para nós do IPHAN, a preservação do patrimônio ferroviário do Brasil, se constitui ainda, em um grande desafio a ser enfrentado com rigor e sabedoria, mas com novos conhecimentos que temos ainda que estudar e aprender. A colaboração e envolvimento entre técnicos de diferentes organismos envolvidos, como se estabeleceu entre nós durante esta primeira semana de trabalho conjunto, mesmo com visões as vezes diversas, conflitantes ou complementares, poderá, a meu ver, trazer benefícios a todos, e principalmente a cada parte no desempenho da sua função especifica da esfera governamental. Eu pessoalmente pelo IPHAN, aprendi muito e agradeço a todos pela grande colaboração prestada por cada um, durante essa viagem. Mando algumas fotografias de recordação desse nosso encontro. Abraço a todos, e me coloco a disposição de todos para novas colaborações". Mauro Bondi -IPHAN - da Regional de São Paulo em São Paulo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Afinal, acreditas ou não em Deus?

Ricardo

Mafuá do HPA disse...

caro Ricardo

Hoje quarta, manhã chuvosa e friorenta, carro na oficina, serviço acumulado viai nternet e você, que se esconde atrás de um simples nome de Ricardo me aparece com essa pergunta.

Respondo com algo que acabo de ler, extraído da verve de um Paulo Vanzolini, numa entrevista para a semanal Carta Capital:

"Algo distinguia os joven de antigamente com os jovens de hoje. Era a liberdade de pensamento".

Hoje o pensamento é único e não se pode mais pensar e agir diferente dele. Triste não?

Vanzolini continuou: "Nunca precisei ceder. Sempre pude me dar ao luxo de ser independente. Não faço negócio".

Ser o que se é da forma que quero ser. É assim que tento me posicionar aqui. Deu para entender?

Henrique, direto do mafuá