UMA ALFINETADA (55)
VIVALDO PITTA E O MUSEU DE AVAÍ - publicado na edição nº 535, d'O Alfinete, de Pirajuí SP
Vivaldo Pitta é um memorialista dos mais conceituados na região. Faz um trabalho de ponta, com afinco e dedicação. Após sua aposentadoria na Noroeste do Brasil, onde trabalhou uma vida inteira, para não abandonar de vez à causa ferroviária, continuou pesquisando sobre o assunto. Juntou ao longo dos anos um acervo valioso. Como Bauru já possuía um imponente Museu Ferroviário foi em busca de um espaço para exercitar sua criatividade e conhecimentos, além de disponibilizar tudo para a comunidade. Criou, implantou e colocou em funcionamento o Museu Ferroviário de Avaí, que possui a sua cara. Foi muito além disso, pois com um bichinho dentro de si, daqueles a inquietar a pessoa, continuou inovando. Criou o primeiro e único jornal de um Museu Ferroviário no país, "O Avaiense", publicando ali não somente as notícias do museu, mas da história da cidade e os últimos acontecimentos, como inaugurações e visitas ilustres feitas em Avaí. Manteve o jornal até quando pode, colocando dinheiro do próprio bolso na manutenção do mesmo. Recebia uma quantia da Prefeitura, insuficiente para rodar a tiragem mensal. Abnegado, agia dessa forma por gostar do que fazia. E sempre fez bem feito. Nesse ano uma sucessão de fatos desagradáveis foram acontecendo. Primeiro foi obrigado a tirar de circulação o jornal. Imaginem o desgosto pessoal e dos seus cativos leitores. Logo a seguir, algo mais catastrófico. Numa decisão política, está perdendo o seu cargo em comissão e deixará o museu no final desse mês. Podem até alegar que a decisão foi do Departamento Jurídico, tendo a Prefeitura que acatar algo vindo de instância superior. Sabemos que a coisa não é bem assim. Parece é que não existia mais uma vontade política em manter Pitta na função e consequentemente, o museu em funcionamento. E o acervo do museu, o que será dele? Pitta tinha manifestado a intenção de deixar tudo para a cidade, isso no futuro, quando pudesse construir uma linha de ação mais sólida. Na forma como está saindo, a cidade sai perdendo e mais do que isso, uma importante via de turismo da cidade está em vias de cerrar as portas. Faltou empenho na busca de soluções. Reverter isso, só com uma grande manifestação de desagravo da população junto à Prefeitura e Câmara de Vereadores. Do contrário, finda-se um trabalho árduo, intenso e de grande valor. Faltam muitos esclarecimentos.
HPA, 48 anos, historiador, acreditando ser o caso do texto uma espécie de esfinge, necessitando ser melhor decifrado.
OS QUATRO MOSQUETEIROS
O texto que saiu hoje n'O Alfinete é esse destacado aí na parte superior. Aqui quero desdobrar algo sobre quatro ilustres bauruenses (ou seriam mosqueteiros?). VIVALDO PITTA faz parte de um seleto grupo de memorialistas, verdadeiras espécies em extinção, possuidores de amplo acervo histórico, coleções particulares. Não possuem diploma algum, mas conhecem da nossa história mais do que muito diplomado (dentre os quais, sem demérito, me incluo). Eles não só contam a história na ponta da língua, como guardam pessoalmente parte importante de acervo, peças valiosas. Não questiono como foram conseguidas (a maioria doadas), mas reafirmo a dificuldade que sempre manifestaram em manter isso sem grande apoio público. GABRIEL RUIZ PELEGRINA conseguiu reunir parte de seu acervo num espaço único, o Núcleo de Documentação da USC, que leva seu nome. Porém, nem tudo está lá. Uma outra metade continua em sua residência. LUCIANO DIAS PIRES manteve durante alguns anos algo parecido em parceria com a ITE. Hoje não mais, tendo que repatriar tudo e espalhar entre seu apartamento e um sítio. Reclama constantemente por um espaço e apoio. Hoje está anunciando a venda de algumas peças, oferecendo-a para instituições. PITTA devia ter tudo lá no Museu de Avaí. Talvez retire muita coisa de lá com sua saída. Algumas peças já foram oferecidas aos museus bauruenses. O quarto mosqueteiro é IRINEU AZEVEDO BASTOS, além de tudo um grande escritor, com obras importantes publicadas. Seu acervo deve ser constituído mais de livros e recortes de jornais, porém com a mesma importância e qualidade dos anteriores. Coleções particulares sempre existiram e o destino que será dado a cada uma delas é algo que só passa pela cabeça de seus proprietários com a chegada de uma certa idade. A mais famosa brasileira é a do mecenas José Midlin, 94 anos, com 100 mil livros raros. A USP está digitalizando tudo, num intenso trabalho, com programação de término somente em 2012 (amostra disponibilizada no endereço digital: http://brasiliana.usp.br/). Nem sempre a solução encontrada passa por caminhos razoáveis, tanto que aqui em Bauru, esse tema está a merecer uma melhor abordagem, pois são quatro ricas coleções, espalhadas e ainda com alguns destinos mais do que incertos.
sábado, 13 de junho de 2009
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6 comentários:
Não existe ninguém igual ao Vivaldo Pitta...
Vou entrar em contato com ele.
abs.
João Fco. Tidei Lima
Que bom q existem pessoas como os quatro mosqueteiros... a cultura patrimonial é inquantificável...
Parabéns pela matéria...
njs
Neli
Espero que a situação em Avaí se resolva o mais breve possível. O Vivaldo Pitta não merecia passar por isso após anos de dedicação plena de seu tempo e dinheiro ao projeto do Museu Ferroviário de Avaí.
Henrique, bom dia.
Fizemos nota para os 3 telejornais sobre a saída do Vivaldo do Museu de Avaí. A notícia muito nos entristeceu e não poderíamos nos calar.
A TV Preve é solidária a este cidadão dedicado, íntegro e guardião da história e documentos que contam importantes momentos da ferrovia e de seus árduos trabalhadores. Que sua voz e a nossa, ecoam na busca por justiça e reconhecimento deste inestimável cidadão.
Grande abraço,
Nádia de Oliveira
Prod.Jornalismo
TV Preve
Ao Henrique e a todos que se manifestaram a meu respeito:
Espero que a situação seja solucionada em Avaí, após a prefeitura atender-me no que já havia manifestado desde o início de minha contratação, que deveria ser como prestador de serviços e cessão do acervo, não na condição de cargo em comissão. Abraços a todos.
Vivaldo Pitta
Para complementar isso tudo, mais duas repercussões:
Edição de ontem do BOM DIA, coluna Bastidores, assinada pela amiga Cristina Camargo, em duas notas cita o caso.
DEMISSÃO: Amigos do ferroviário aposentado Vivaldo Pitta se mobilizam para tentar reverter a demissão dele da direção do Museu Ferroviário de Avaí, local em que reuniu rico acervo e criou o jornal "O Avaiense", que deixou de circular recentemente. Vivaldo é contratado pela Prefeitura em cargo de comissão.
DESAGRAVO: "E o acervo do museu, o que será dele?", pergunta um desses amigos, o também memorialista HPA. "Para reverter isso, só com uma grande manifestação de desagravo da população junto à Prefeitura de AQvaí e Câmara de Vereadores", defende. Outros amigos já se manifestaram.
Na edição de hoje do JORNAL DA CIDADE, capa do caderno JC Regional, a manchete com direito a foto é a seguinte: "Principal idealizador do museu de Avaí deve perder o cargo". No texto assinado por Rita de Cássia Cornélio, Pitta chega a afirmar que "eu quero saber como vai ficar, porque se não fizerem um contrato de prestação de serviço eu sou obriagdo a tirar minhas coisas de lá".
Henrique, direto do mafuá
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