terça-feira, 19 de outubro de 2010

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (42)

UM POUCO DO QUE PRESENCIEI A OLHO NU NO ENCONTRO FÉRREO
Quero compartilhar com meus diletos leitores algo vivido no III Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru. Foram dois dias, onde leio chegaram perto de dez mil pessoas na gare da estação. Não pude estar lá nos dois dias. O fiz somente na manhã de sábado, quando o evento foi aberto. Presenciei os estandes sendo montadas, o povo começando a chegar, ferroviários se aproximando com suas histórias (conheci um senhor da Sorocabana, de carteirinha na mão, querendo contar histórias, irresistível), ouvi a Orquestra Municipal, revi gente amiga e bati curtos papos com alguns, assisti toda a solenidade de abertura e sai às pressas para uma viagem previamente marcada.

Senti a aflição estampada na fisionomia de Ricardo Bagnato, um engenheiro que, abrindo mão do seu serviço durante toda uma semana, debruçou-se de corpo e alma, fazendo acontecer algo que move sua vida. Gosto de pessoas assim, que fazem além do que podem para realizar seus sonhos. Falo de aflição, pois confirmo aqui algo já escrito nesse blog dias atrás. Está faltando diálogo entre setores públicos municipais, está faltando sensibilidade em alguns, pois é meio que inadmissível notar claramente pessoas que deveriam estar engajadas até o último fio de cabelo, apostando no insucesso, torcendo contra. Eu não dou nome aos bois, acho desnecessário, futricas. Acho que essas pessoas deveriam refletir, parar para pensar e rever posicionamentos. Roque Ferreira me falou disso dias atrás: "A Cultura em Bauru não possui projeto, preomovem eventos, nada mais. Enquanto persistir os grupos cristalizados, com interesses antagônicos, nada avança". Enxergo nitidamente isso.

Achei abominável o Museu Ferroviário estar só com sua porta dianteira aberta e com o acesso e janelas internas cerradas. Ontem, conversando com um servidor, foi-me dito que duas pessoas foram detidas tentando levar peças férreas de carros estacionados ao longo do pátio férreo e vendo-os circulando pelo museu, tomaram tal atitude. Faltou diálogo em fazê-lo de comum acordo com a organização do evento, pois não ocorrendo dessa forma, entendia-se outra coisa. Senti pouco empenho do pessoal do Cine Clube em não dispor de ninguém, para uma única exibição, com o empréstimo de seu equipamento (OBS.: O Cine Clube é entidade sem ligação com a Prefeitura Municipal e todos lá atuam de forma voluntária, tudo estando sujeita à disponibilidade dos seus membros). A sala esteve montada, mas nada foi exibido. Tem que existir um respeito maior aos que vieram de longe, como Benedito, que com a família, deslocou-se de Botucatu e passaria o dia todo na estação. Mais ainda ao Vivaldo Pitta, que hospitalizado não pode receber sua homenagem, sendo representado pelo filho e neto. Vi dois funcionários públicos envolvidíssimos com o evento, o Alex Gimenes e Jesus, ambos dando um suor danado na composição férrea da Maria Fumaça e percebi o quanto amam o que fazem. Gosto de gente assim, que se entrega de corpo e alma ao que faz. Vejo isso neles.

Não gosto de criticar gratuitamente a atual administração, pois fiz parte da anterior e isso pode parecer despeito ou algo assim. Vi muita gente empenhada e atuando em conjunto. Esses fizeram com que o evento ocorresse e tivesse o sucesso constatado. Por outro lado, não existe como negar que falta ainda integração, pois nem todos possuem esse espírito. Uma pena. No mais, sei que Ricardo e todos da Associação Férrea estão contentes com o presenciado na gare. Como são unidos esses ferromodelistas, como são dinâmicos e aglutinadores. Com gente assim reunida eventos como esse sempre serão um sucesso. E viva o Museu do Trem, que está aí, despontando logo ali na curva da esquina, quer queira ou não alguns. O IV Encontro é algo a ser preparado desde já, para que tudo ocorra com muito mais gente envolvida, mais verba propiciando a vinda de mais atrações e não fazer com que os organizadores continuem colocando a mão no bolso na hora de fechar as contas. Tô com esse povo e não abro.

Obs.: Minha homenagem nesse encontro vai para um senhor que está prestes a completar 90 anos, é seu WALDOMIRO RETT, que de terno branco, vindo de Pederneiras, com um borrifador de matar formigas, encantou a todos. Conhecido de todos por causa das formigas, aposentou-se na Fepasa, após mais de 30 anos de ferrovia e numa conversa se apresentou como comunista, me dizendo: “Isso pode te desagradar, mas sou comunista”. Olhei bem para ele e lhe disse: “Não sabia disso, mas se antes já o admirava, a partir de agora, existe mais um motivo para gostar do senhor em dobro”. E lhe tasquei um forte abraço.

RAZÕES PARA VOTAR EM DILMA PRESIDENTE (08) - "Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; os ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; o funcionalismo público submetido a arrocho salarial e a uma total recusa ao diálogo em Minas Gerais. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser. As declarações de José Serra sobre, por exemplo, o MST, são profundamente preocupantes. É com paz e negociação que se resolvem os embates entre movimentos sociais e governo, não com porrada. Dilma é a garantia de que essa política continuará sendo seguida", extraído do blog O Biscoito Fino e as Massas.

3 comentários:

Anônimo disse...

HENRIQUE

Que foto é essa?
Achei essa foto do MST indo em direção a um outdoor com a palavra TERRA algo significativa?

Que bela reflexão em cima disso. A questão da terra sendo usada para favorecer o lado rico, em detrimento da imensa massa de desvalidos.

Gi.

Anônimo disse...

caro Henrique:

Li seus dois relatos sobre o evento na ferrovia. Senti a angústia vivida por vocês da organização do evento, eu estou do lado de cá sei de fato o que está ocorrendo. É um claro boicote.

Logo no começo da semana, o Ricardo da associação havia deixado certificados no museu para serem chancelados e fizeram pouco caso, disseram que não sabiam onde estava a chancela. Foram adiando, empurrando com a barriga. Mentira, ela está à vista de todos.

Uma reunião na terça, bem antes do evento já anunciou que haveria corpo mole, desinteresse, talvez por medo do crescimento do Museu do Trem. Qual o interesse em fechar a porta e janela do museu? A desculpa desse roubo não cola, pois no museu só ficaram sabendo disso no domingo já no finalzinho do dia. Todo mundo da direção participou da decisão de fechar as portas e janelas da parte interna e isso antes do evento começar. Por que isso? É richa, boicote mesmo, coisa feia.

Não queriam ver gente lá no encontro de voces porque não foram eles que organizaram e jogaram contra. Eles não fazem e não deixam fazer. O artesão que fez o trenzinho de madeira foi pedir para emprestarem o que o museu tem para as crianças andarem e nem isso deixaram. Preferiram ver as crianças chorando, mas não autorizaram o seu uso no patio lá da estação.

Ninguém tomou essas decisões de forma isolada, todos participaram, inclusive os chefes maiores. Não era para repassar informações sobre o encontro. Não deixaram filmar e nem fotografar dentro do museu. Quer mais absurdo do que isso. Alguma coisa precisa ser feita. Se o prefeito é favorável ao Museu do Trem, a maioria do povo do museu ferroviário não é. Fazem uma queda de braço. Onde vai dar isso. Estão todos unidos contra o tal do museu do trem e o pessoal dessa associação.

Vc pode me perguntar como sei disso tudo. Ninguém lá faz questão de esconder o que sentem por voces. Eles falam demais e acabam dando com a língua nos dentes. É fácil de alguém saber se tudo isso aqui é verdade ou mentira, basta averiguar. é só querer. Minha parte eu já estou fazendo.

Se declarar meu nome eu estou frito (a). Eu estou vendo tudo.

Mafuá do HPA disse...

Quero justificar uma alteração no texto, reprozida posteriormente à primeira publicação e reproduzida também aqui:

"(OBS.: O Cine Clube é entidade sem ligação com a Prefeitura Municipal e todos lá atuam de forma voluntária, tudo estando sujeita à disponibilidade dos seus membros)".

Fiz a mesma a pedido do amigo PH e entendendo seus motivos. Sei de sua abnegação, como a do Silvio, com o Cine Clube. Queria eu poder participar e me dedicar com o empenho que eles possuem ao Cine Clube bauruense. Deixo claro com complementação, que tudo lá é feito de forma voluntária e está sujeita à disponibilidade de cada membro. No dia PH estava convocado para trabalhar no Museu e na feira Estação Arte e Silvio envolvido com sua empresa. Entendo os motivos de ambos e além de fazer a justa retificação, renova junto a eles a estima pelo tanto de trabalho já apresentado. Se hoje o Cine Clube está quase sem atividade, isso se deve aos fatos narrados e a necessidade de angariação de novos associados com maior disponibilidade de tempo.

E tenho dito.

Quanto ao Comentário anônimo, algumas coisas. Não sei se tudo ocorreu exatamente dessa forma. O texto é forte e gostaria de postar aqui a versão do pessoal do Museu, quase todos tendo trabalhado comigo nos meus quatro anos na frente da Divisão de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura. Eu senti uma certa indiferença para o evento dos ferromodelistas. Acredito que falta um pouco de diálogo entre as partes, pois ambos são imprencindíveis. Unidos a grandiosidade do Museu Ferroviário, do Encontro e do futuro Museu do Trem cresceria enormemente e todos ganhariam. Divididos e medindo forças, que talvez não seja o caso, tudo se torna mais difícil.



Henrique - direto do mafuá