sábado, 9 de outubro de 2010

RETRATOS DE BAURU (89)

VIVALDO PITTA É A PERSONIFICAÇÃO DA FERROVIA
Vivaldo Pitta é daqueles ferroviários inesquecíveis, uma espécie de memória ambulante da historiografia bauruense e, principalmente, de tudo o que diga respeito ao tema férreo. Esse amor vem de longe, de sua Avaí, desde o nascimento às margens dos trilhos, em 1938. Hoje, aos 72 anos está com a saúde um tanto debilitada, mas o que o faz buscar energias lá no fundo é esse permanente interesse por tudo o que se relaciona com o passado, presente e futuro de algo que foi o grande motivador de sua vida, trens e trilhos. Sua história toda vivida na Noroeste do Brasil, não se encerra com a aposentadoria, ocorrida em 1984, pois exatamente a partir daí surge o interesse de contar e reviver outra, não só a vivenciada, mas a da implantação e solidificação desse modal de transporte no interior paulista. E ele tem muito a contar, pois já aos 13 anos, em 1951 entra no que foi o único emprego de sua vida, o de ferroviário. Seu ciclo foi encerrado com a função de Inspetor de Estação, encarregado de apurar responsabilidades e fiscalizar o bom funcionamento das composições. Viajou muito, daqui até os confins de Corumbá e Ponta Porã. Muitos anos depois, idealizou e dirigiu até quando pode o Museu Ferroviário de Avaí e lá, criou algo inédito, o jornal O Avaiense, circulando de 2005 a 2008, o único jornal de um museu em toda a América Latina e feito somente por ele, da primeira a última página. É também, além do grande memorialista, reconhecido por todos, como um grande pintor, sendo que mais de 30 telas suas foram doadas recentemente para o Núcleo de Documentação da USC. Assim como a história contada de memória em suas conversas, nos mínimos detalhes, a dele precisa ser preservada. Textos seus publicados num semanário de Pirajuí serão em breve transformados em livro. Seu Pitta é peça rara, dessas que por mais que se procure, não existe outra de reposição no mercado. Ele é único. Esse o motivador dele estar recebendo a homenagem e o Diploma Honorífico João Evangelista de Souza - Barão de Mauá, outorga anual para os ferroviários que se destacam na preservação ferroviária, no Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru, no próximo dia 16 de outubro. DUAS HISTÓRIAS INÉDITAS CONTADAS ONTEM PELO PITTA, NA PRESENÇA DE RICARDO BAGNATO:
1) Essa poucos sabem. A denominação de algumas cidades da região, todas derivadas de estações ao longo dos trilhos foi dada pelo Chefe do Escritório da Paulista, lotado em Campinas, que fez algo interessante ao nominar as estações a serem inauguradas após Bauru seguindo a ordem alfabética e homenageando citações históricas, segundo sua concepção. Assim surgiram América (homenagem ao continente, depois denominada Alba), Brasília (homenagem ao país, hoje Brasília Paulista), Duarte (hoje Duartina, numa homenagem ao 2º governador Geral do Brasil, Duarte da Costa. A cidade de Duartina não aceita essa versão e por lá afirmam que o nome é oriundo do nome de um famoso bispo de Botucatu, também Duarte, mas o fato contado por Pitta é incontestável), Esmeralda (homenagem a pedra preciosa e hoje uma construção dentro de uma fazenda de Michel Temer), Fernão (homenagem ao bandeirante Fernão Dias, hoje cidade) e Gália (homenagem a região européia da Gália, origem de alguns engenheiros que atuaram na Noroeste por aqui, como Saint Martin e hoje a Capital da Seda). Da cabeça de uma pessoa sairam os nome de muitas cidades, perpetuando-se para sempre.
2) Essa tão polêmica quanto à origem do nome de Duartina. Pitta afirma que o Esporte Clube Noroeste não faz 100 anos junto com o Corinthians. A fundação correta do Noroeste, segundo ele é em 03/09/1911 e seu registro só se deu em 1922. Na hora do registro, alguém quiz associar o nome do clube daqui com o do time da capital, que começava a despontar e registrou como se tivesse sido fundado no mesmo dia. Acredito que pouquíssimos sabem dessa versão. Afirma isso baseado em pesquisa feita junto a jornais da época, todos no Museu Histórico Municipal de Bauru.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheço o seu Pita de longa data, sério e um grande memorialista. Seio do seu problema de saúde, que está se agravando. Justa a homenagem e mais justa as histórias que ele conta e que poucas delas estão registradas em livros e jornais. Gravar depoimentos com ele é algo para ser feito com urgência, pois parte dessa história e de suas pesquisas pode se perder e nunca mais serem resgatadas. Façam isso.

Regina e Maria Eduarda