quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

MEMÓRIA ORAL (264)


CRÔNICA DO MOTEL MC LOVE, REDUTO DE DESAFOGO SEXUAL BAURUENSE
Bauru já teve drive-in, hoje não mais. O mais famoso, o Biruta's funcionava defronte o antigo aeroporto, hoje chamado somente de Aeroclube. De lá para cá, outros existiram, mas todos feneceram. Creio que o último deles, estava bem na porta do estádio Alfredo de Castilho, entrada pela rua Benedito Eleutério. Lugar apertado, modesto, muito simples, onde o senhoriznho do atendimento morava também ali, num quartinho apertado, ele e sua família, todos prestativos no atendimento. Não sei dos motivos dos drive-ins não terem vingado em Bauru, mas em Jaú vejo um famoso, funcionamento de décadas ali ao lado da Javep, beirada da rodovia que vai para a Barra Bonita. Em Marília outros tantos. Por aqui, nenhum vingou para perpetuar a espécie.

Lembro deles, mas não para falar especificamente deles, mas dos motéis populares. Em Bauru existiram muitos hoteizinhos de alta rotatividade - esse o nome dado para o entra e sai -, muitos no centro da cidade e creio, alguns devem ainda servir para essa desafogo sexual, enfim, deve mesmo existir mercado para todas as finalidades. Conhecia um, hotel que antes foi de viajantes, depois virou nesse formato imediatista de livramento sexual. Hoje deve manter as portas abertas como hospedaria para aposentados. Fica ali na quadra 1 da Agenor Meira, num dos portões de entrada da antiga Estação da Cia Paulista. Um senhor que ali trabalha há décadas, já tentei entrevistá-lo, mas ele se esquiva, prefere se manter calado. Uma pena.

Mas também não é deste segmento que quero escrever. Queria mesmo lembrar de um motel, talvez o mais famoso, o que foi durante bom tempo o mais utilizado pelos muitos frequentadores e que se serviam do sexo, buscando parceiros nas ruas da cidade, tanto as do centro, como a Nações Unidas e imediações. Foi o mais frequentado por mulheres e travestis, pois o preço, pelo que se sabe, sempre foi o mais convidativo e acessível. Falo do Mc Love, cuja localização toda pessoa que já buscou serviços sexuais na cidade deve necessariamente ter já tido contato. A pessoa sobe a Nações, passa por debaixo do viaduto da rodovia Rondon e segue até lá embaixo, faz a curva a esquerda, adentrando aquele bairro em frente, perto da Servimed e ali, numa daquelas ruas, o motel. Mais precisamente na rua Nicanor Del Masso, Jardim Contorno.

Seu proprietário foi meu amigo de Escolinha da Rede, o tio Lino - assim sempre o chamamos, desde os tempos de cueiro. Pessoa discreta, dessas que até te conta histórias por lá já ocorridas, mas nunca o nome do santo. Esse é um dos cidadãos que mais sabe da vida íntima de parcela significativa de bauruenses, pois como seu negócio não era dos maiores, ele era coringa no que fazia, ou seja, batia escanteio e corria pra fazer gol. Atendia também como recepcionista na entrada e saída e daí, impossível não ver a cara do cidadão, muitas vezes amigo de outros lugares, mas ele ali impassível, fingindo-se de morto. Certa feita lhe perguntei sobre histórias e ele educadamente se esquivou, ria e dizia ser "a discrição a alma do seu negócio". Temo que tudo o que já viu com esses olhos que um dia a terra há de comer irá com ele como segredo para sua sepultura. Uma pena, pois pelo menos as histórias devem ser deliciosas, saborosas e divertidas, principalmente para quem não as viveu, pois muitas devem ter sido esfregas fantásticos.

Pois bem, toda a cidade sabe que, por ali já aconteceu de tudo e mais um pouco. Tudo dentro da normalidade da noite e de seus segredos, ocorrências muitas vezes inenarráveis. Passo por lá essa semana no meio de uma tarde - desacompanhado, viu! - e vejo tudo com um aspecto de abandono. Desço do carro e fotografo, registros feitos com a cabeça girando em 180º, enfim, o que terá acontecido com o Mc Love? Por onde andará Tio Lino? Terá sido ele mais uma vítima dos efeitos danosos da pandemia e não resistiu à queda do movimento? Sei lá, não tive ainda como checar esses dados, pois não tenho o fone do contato do meu amigo e quando voltar a vê-lo, vou propor uma conversa sobre essas histórias - a cerveja ficaria por minha conta.

Não tive certeza se o motel estava fechado ou estava funcionando meia boca, com pouco zelo, pois vi muito mato crescendo por todos os lados. Fico triste com a ideia do Mc Love fechado, pois vivemos tempos de grana curta e ali um dos lugares mais em conta para aqueles momentos. Se lá fechou, aqueles que hoje de lá se serviam, precisam gastar mais nos demais motéis da região, mais caros ou rodar mais em busca de outros a módicos preços, ou mesmo de um lugar tranquilo, sem muita movimentação, para executar o serviço proposto e combinado entre as partes. 

Pois bem, esse texto tem por finalidade uma só coisa: tomar conhecimento se o Mc Love fechou mesmo e do paradeiro do Tio Lino. Me ajudem, pois essas histórias muito me interessam. Não que queira saber da identidade dos frequentadores, longe disso, mas conhecer bocadinho mais da entranhas da noite bauruense, onde aquele lugar teve lugar de destaque por décadas, isso iria para os anais - ui! - da vida noturnica da "sem limites". Creio até que Tio Lino seja merecedor de um Título de Cidadão Bauruense e o Mc Love, Destaque Empresarial. Às avessas ou não, fazem parte da história noturna dessa Bauru ainda pouco descrita.


PREFIRO ESCREVER DO MC LOVE, DO CIRCO E DE SUA GENTE DO QUE VEJO DAS RELAÇÕES POLÍTICAS ATUAIS
Me instigam a escrever sobre os primeiros passos da prefeita e seu staff. Queria me abster, pois além de não ver nada de novo, seria chover no molhado, ficar aqui dizendo já ter visto esse filme ou coisas do gênero. O mundo político anda sofrível, sua imensa maioria se rendendo ao "deus mercado", suas implicações, regras e imposições, daí pouco fazem fora deste contexto e o que se vê é o mesmo do mesmo, sem nada de novo. Daí, falar do que? Não tenho nenhuma boa expectativa. Como alguém tendo um deputado como esse capitão Augusto como ajudante e mentor de emendas pode querer ter algo de diferente, ousado ou voltado para o atendimento dos anseios do populacho? Nunca. Serão sempre algo assim, oito vagas ali, algumas retiradas ali, outras colocadas acolá e sempre as regras sendo ditadas - e regiamente cumpridas - pelos tais "donos do poder", uns que não gostam muito de dar as caras, todos mundo sabe quem o são e sabem muito bem se impor. Sei serem apenas quatorze dias, mas até então, sem nenhuma novidade. Idas para São Paulo, como essa, quando a prefeita diz ter ido em cima da hora, ou seja, sem planejamento, de pires na mão, sem nenhuma proposta concreta na algibeira. Mendigaremos por dinheiro vindo dos governos estadual e federal, além das emendas dos parlamentares e quiçá, venham sem barganhas e conchavos. Não tenho mais nada para escrever do que vejo, reuniões chochas, sem grande motivação e nenhuma alvissareira novidade. Prefiro continuar escrevendo de minhas sórdidas histórias, principalmente as oriundas das quebradas do mundaréu, com muito mais mensagens positivas, todas com muita fibra, sangue nas veias, coragem, ousadia e diversão. Não vou deixar de escrevinhar destes políticos de hoje, pois pisando no tomate - ui! -, as estocadas serão devidamente dadas, mas como, agora estaremos mais fundamentalistas que antes, prevejo tempos sombrios, onde muito em breve teremos cultos religiosos sendo agendados lá no teatro Municipal e o Carnaval tendo cada vez mais problema para botar o bloco na rua. Toc toc toc...

O BAURU SEM TOMATE É MIXTO CONVOCA TODOS PARA O PONTAPÉ INICIAL NA CONTENDA DE 2021
Vamos começar o ano com as OPINIÕES variadas e múltiplas.
Queremos sugestões para os temas a serem tratados pela marchinha deste ano. Nos ajude, envie dicas, todas de ocorrências do ano passado, a da encalacrada pandemia.
Quem devemos homenagear com o Troféu do Prêmio Desatenção 2021?
E quem deve ser o Muso (a)?
Não teremos Carnaval na rua, mas manteremos a folia pelos meios virtuais e criando bastante problema para quem causou tanta dor de cabeça para Bauru no ano passado.
Contamos com tudo, todos e todos.
Enviem suas ideias, sugestões, bicudos, conselhos, provocações e até mesmo carícias para nós através de todos os meios possíveis.
ASSINADO: Desorganização do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco Bauru Sem Tomate é MiXto

Um comentário:

Unknown disse...

Eyyy, o Mc Love está sobre minha administração, adorei a crônica!
kkkkk
Vamos conversar, me mande um e-mail, vamos marcar....