BAURU POR AÍ (185)

DA ELEIÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA BAURUENSE

O NÃO CONSEGUIR SE MANTER QUIETO...

Ocorreu ontem aqui em Bauru a posse dos eleitos, tanto o Executivo, Suéllen e seu vice, secretários, como os vereadores. Estes últimos elegeram também a nova mesa que dirigirá os trabalhos pelos próximos dois anos. Os eleitos foram Ricardo Cabelo (mandato sob judice) para presidente, Markinho Souza para vice e os secretários, ambos pastores evangélicos, Bira e Edson Miguel. “Que grande conchavo: Prefeita Suellen, Ex-Prefeito Gazzeta, PT, Baixo Clero, Valle, PTB, PP, Republicanos e PMDB... como previsto e avisado, nada mudou... os donos continuam os mesmos...”, escreveu ontem nas redes sociais Vitor Gustavo Fazzio.

Tudo dentro da normalidade, enfim, acordos são feitos, reuniões ocorrem e do grupo que sai e do que entra, aqui as demonstrações de força, enfim, coisas do gênero, sem nenhuma novidade. O senão negativo, no meu entender está no meio do acordo para eleição de Cabelo, digno representante do fundamentalismo na cidade, a única representante do PT e das esquerdas dentre os eleitos. O grupo que se reunia antes da posse já havia batido o martelo, tinham maioria e indicariam o nome a dirigir a casa. Dão a impressão de constituírem algo denominado como Baixo Clero, mas na verdade, sendo maioria hoje, se um dia o foram, agora deixam de ser e podem ser denominados daqui por diante como o atual Alto Clero. A situação foi invertida e quem podia ser considerado Alto, hoje é o Baixo, minoria estabelecida.

O inusitado foi a representante do PT (não o PT num todo) participar desse conluio de siglas a dominar o poder e numa clara e evidente demonstração de força da composição política no entorno da prefeita. Mais do que estranho o PT participar deste conluio e votar favoravelmente. Como primeiro ato, lamentável. Enfim, entendo que, o PT sofreu e continua sofrendo ataques violentos e desleais por parte de integrantes destes outros partidos, todos leais ao que representa o bolsonarismo no poder e aos golpistas que derrubaram injustamente Dilma Rousseff em 2016. Injustificável votar junto destes. Leio que, seria ruim a eleita já de cara se mostrar isolada e se não aliada com um grupo, seria com outro. Ledo engano.

Melhor demonstrar isolamento, o que de fato seria o natural dentro da atual composição da Câmara, do que ter participado de encontros e como primeiro ato já deixar claro como vai se dar a oposição do mandato a tudo o que estamos vendo nascer em Bauru, um Executivo fundamentalista. Seria ótimo ter alguém se posicionando como oposição a isso tudo. Seria respeitada desde o início, mas preferiu ficar de bem com os demais e, pelo visto, lhufas de oposição. Enfim, a prefeita Suéllen, como se vê, não é tão desarticulada assim como se pensava.
OBS.: A foto é da assessoria da Câmara e arte da tabela votação do jornalista Ricardo Santana .

OS SINAIS DE RECONHECIMENTO E CHAMAMENTO

Eu, como sabem e percebem os que acompanham algo do que aqui escrevo, gosto demais de contar histórias das pessoas. Isso me move. Vejo algo ocorrendo e já quero parar e retratar aquilo, passar adiante, transmitir para muito mais gente, ajudar no que for possível. Faço isso desinteressadamente. Certa feita entrei numa pequena padaria produzindo um serviço diferenciado só para lancheiros e me interessei em contar a história daquele lugar. Seu proprietário desconfiado disse não querer e vendo minha insistência me disse: "Isso vai me custar quanto?". Quando lhe disse que não iria custar nada, que eu escrevo por que quero ajudar, primeiro ele abriu olhos ainda mais desconfiados, depois ficamos amigos e o texto que ali produzi foi grandioso, com a visão que tinha do que fazia. Esse meu jeito.

Hoje recebo via reservado do facebook recados e mais recados de alguém buscando contato. "Obg por aceitar. Pra mim é uma honra ter um profissional como vc em meu face. Te admiro muito. Acho vc lindo. Um ser humano do bem e um homem maravilhoso. Me sinto honrado. Admiro seu trabalho como jornalista . Tenho uma banca de pão caseiro junto com meus pais ao lado do restaurante Miranda' s na praça Rui Barbosa, do lado da rua Antonio Alves, faz 4 anos", dizia.

É gostoso receber chamamentos deste tipo. Para mim não se tratam de convites, mas de convocações, como aquilo das garrafas jogadas ao mar em busca de alguém que as encontre e faça algo pelos lá na ilha no meio do oceano. Só não entendi direito o "lindo", pois aqui em casa tem bastante espelhos e neles não me enxergo dessa maneira, mas do restante o instiguei mais, já querendo saber mais detalhes. "Lá na rua nós vemos diversas cenas e tipos de pessoas diariamente. Adoraria se vc pudesse divulgar isso no seu face. E quem sabe te conhecer um dia, pois eu admiro o que você faz em prol da sociedade", continuou.

Digo a ele que sempre vi algumas pessoas vendendo pães ali numa pequena mesa e encostados na parede depois do bar, perto de uma loja de consertos eletrodomésticos. Peço se teria fotos para mim divulgar, mas percebo que seria melhor ir lá mesmo, pois faltam palavras para ele descrever escrevendo: "Estamos ali desde 2017. O meu maior sonho e conseguir um emprego registrado pra tirar meus pais de lá. Corremos risco diariamente com os moradores de rua e viciados que querem nos roubar. Pare qualquer dia pra conversar conosco quando puder", conclui. Peço fotos, ele me diz que ainda não tem, mas pode tirar e me envia uma dos pães, creio eu, na mesa lá na rua. Encerro já dizendo, como faço com a maioria dos chamados que recebo neste sentido: "Vou escrever algo hoje e passo lá quando ver seus pais por lá, pois quero muito ajudá-los contando algo, onde moram, como fazem os pães, enfim, a história de vida que os levaram até ali".

Algo assim é mais do que normal aqui comigo, pois ao escrever de um, outros tantos, talvez em situação até pior que o retratado, também querem ter algo divulgado. Como me furtar e passar batido por algo assim? Impossível. Hoje, o máximo que consigo foi escrevinhar esse texto, ainda sem grandes detalhes e agora, com a cidade, o estado e o país se fechando novamente diante da necessidade de nos mantermos longe do contágio, talvez demore um pouco mais. Escrevo isso somente para reforçar o quanto gostaria de publicar muitos textos contando como as pessoas estão fazendo para driblar as dificuldades todas destes tempos e sei, faço pouco, pois saio pouco - muito menos do que poderia. Das poucas saídas, corro meus riscos e algo tem sido aqui publicado. Escapando dessa, espero lá na frente, me dedicar com mais afinco nessa tarefa de conhecer pessoas, contar algo mais de suas histórias e ajudar no que for possível. Vocês não imaginam o quanto me sinto bem escrevendo essas histórias de vida, elas me movem, me recarregam, me movem para a frente. E quando ocorrem chamamentos com este aqui citado, daí me derreto todo e já quero ir lá já, mas sou contido pelos impedimentos atuais. Um dia a gente voltará a bater asas como dantes, assim espero.

O GRAFITE NO TAPUME DA EDIFICAÇÃO RUINDO NA AVENIDA
Um tapume na região mais degradada do centro velho de Bauru, a das proximidades de onde saiu sua fonte de progresso atual, a estação ferroviária, hoje quase toda depauperada, abandonada e nele uma inscrição que, além de fazer pensar, expõe a chaga do abandono de tantas edificações histórias, como essa, antigo hotel, propriedade da Beneficência Portuguesa, quadra 2 da avenida Rodrigues Alves, tombada pelo patrimônio histórico municipal, mas nada além disso, pois continua ali ao "deus dará", enfrentando sol e chuva, raios e tempestades, tudo vindo abaixo, a demonstrar o pouco caso e a inércia dos que deveria de fato ser cuidado, evitando que algo assim, inimaginável em países sérios, não pudesse acontecer. Parabéns pelo senso crítico, preciso, cirúrgico do grafiteiro, que diante de cena tão horripilante foi lá e cravou a melhor frase do ano, devendo servir não só para esse prédio em ruínas, mas para uma cidade se esvaindo entre os dedos e dando o mote para tudo o mais nesse começo de ano novo (sic).
Em tempo: A foto não é minha, foi gileteada do facebook e não consegui identificar sua autoria. 

FOTO DE ONTEM E SUA ATUALIZAÇÃO HOJE

A roda gira mais rápido do que possa imaginar nossa vã mente, no meu caso lenta, quase parando, querendo travar, mas ainda pegando no tranco. Postei ontem uma foto que achei linda como mensagem de Ano Novo, nela um grafite no tapume defronte a edificação desmoronando de um antigo hotel bauruense, quadra dois da avenida Rodrigues Alves. Digo que a roda gira, pois depois da foto publicada, uma enxurrada de novas informações e todas alvissareiras, merecendo o retoque, ou seja, este adendo.

Aquela foto de ontem não é atual e som, antiga, de quando o tapume foi ali colocado. Percebi o furo ao passar lá e verificar que o estado físico da edificação, que já era péssimo, piorou, demonstrando o desinteresse de seu proprietário em algo pela sua recuperação, muito menos do poder público na aplicação de medidas pela efetiva preservação de imóvel tombado pelo patrimônio cultural. Publico foto atual, onde o estado é simplemente calamitoso, assim como de vários outros imóveis na região, outrora boca de entrada do progresso nesta cidade.

A maior supresa foi tomar conhecimento do autor do grafite, Vini ViraLata Nick, que imediatamente acabei me tornando amigo facebookiano e logo mais, quando puder voltar a sair de casa, pessoalmente. Ouvir suas histórias de vida, suas andanças merece um bate papo mais que alvissareiro, demorado e talvez, se ele topar, num dos próximos depoimentos aqui no Lado B. Pessoas como ele, conhecedores de todos os meandros da rua me interessam muito mais do que, por exemplo, tomar conhecimento do currículo de alguns dos novos vereadores e secretários do mandato da atual prefeita. Me abstenho desses, mas me instigo a conhecer algo mais das entranhas de Bauru e ditas a mim, se assim conseguir, por quem dela é personagem mais que atuante. Muito me falaram dele desde que a publicação saiu no Facebook e conhecê-lo será uma das, prioridades para 2021, tanto que ele mesmo posta lá comentário merecedor de divulgação: "Gratos amigos...eu só uso a linguagem do graffit pra gritar o que não podemos falar".

O gostoso de quando se publica algo por aqui é a repercussão. Quando nada ocorre, algo deste elo não deu lá muito certo. O negócio é fazer barulho, onda, mexer com as estruturas, cutucar e ser cutucado, ou seja, não deixar que as coisas continuem caminhando de forma insonsa, inodora e insipida. Meu post de ontem surtiu efeito e pela repercussão, feliz da vida, passo lá hoje, fotografo a casa no estado presente e digo que, com tudo isto, além dos comentários de incentivo, ganhei mais um amigo. A vida tem muito sentido quando essas coisas vão se somando na vida da gente. Sinal de ter começado bem o ano, este que pelas previsões será dos mais complicados e quantos mais ao nosso lado, melhor para atravessar esse período de intempéries. Vamos que vamos...